Sábado
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
PLANO DE VIDA
Propósito: Honrar a
Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica
o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos
na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas
as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu
Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder
do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos
famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel
Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua
descendência para sempre.
Lembrar-me: Santíssima
Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje
queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo,
significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que
isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que
me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector,
guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Mc XII, 1-43
Parábola dos
vinhateiros homicidas
1 Jesus começou a falar-lhes
em parábolas: «Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um
lagar e construiu uma torre. Depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para
longe. 2 A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles parte
do fruto da vinha. 3Eles, porém, prenderam-no, bateram-lhe e mandaram-no embora
de mãos vazias. 4 Enviou-lhes, novamente, outro servo. Também a este partiram a
cabeça e cobriram de vexames. 5 Enviou outro, e a este mataram-no; mandou ainda
muitos outros, e bateram nuns e mataram outros. 6 Já só lhe restava um filho
muito amado. Enviou-o por último, pensando: 'Hão-de respeitar o meu filho'. 7 Mas
aqueles vinhateiros disseram uns aos outros: 'Este é o herdeiro. Vamos matá-lo
e a herança será nossa'. 8 Apoderaram-se dele, mataram-no e lançaram-no fora da
vinha. 9 Que fará o dono da vinha? Regressará e exterminará os vinhateiros e
entregará a vinha a outros. 10 Não lestes esta passagem da Escritura: A pedra
que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. 11 Tudo isto é obra do
Senhor e é admirável aos nossos olhos?» 12 Eles procuravam prendê-lo, mas
temiam a multidão; tinham percebido bem que a parábola era para eles. E deixando-o,
retiraram-se.
Tributo a César
13 Em seguida, enviaram-lhe
alguns fariseus e partidários de Herodes, a fim de o apanharem em alguma
palavra. 14 Aproximando-se, disseram-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero, que
não te deixas influenciar por ninguém, porque não olhas à condição das pessoas
mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade. Diz-nos, pois: é lícito ou
não pagar tributo a César? Devemos pagar ou não?» 15 Jesus, conhecendo-lhes a
hipocrisia, respondeu: «Porque me tentais? Trazei-me um denário para Eu ver.»
16 Trouxeram-lho e Ele perguntou: «De quem é esta imagem e a inscrição?»
Responderam: «De César.» 17 Jesus disse: «Dai a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus.» E ficaram admirados com Ele.
A ressurreição dos
mortos
18 Vieram ter com Ele os
saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: 19 Mestre, Moisés
prescreveu-nos que se morrer o irmão de alguém, deixando a mulher e não
deixando filhos, seu irmão terá de casar com a viúva para dar descendência ao
irmão. 20 Ora havia sete irmãos, e o primeiro casou e morreu sem deixar filhos.
21 O segundo casou com a viúva e morreu também sem deixar descendência, e o
mesmo aconteceu ao terceiro; 22 e todos os sete morreram sem deixar
descendência. Finalmente, morreu a mulher. 23 Na ressurreição, de qual deles
será ela mulher? Porque os sete a tiveram por mulher.» 24 Disse Jesus: «Não
andareis enganados por desconhecer as Escrituras e o poder de Deus? 25 Quando
ressuscitarem de entre os mortos, nem eles se casarão, nem elas serão dadas em
casamento, mas serão como anjos no Céu. 26 E acerca de os mortos ressuscitarem,
não lestes no livro de Moisés, no episódio da sarça, como Deus lhe falou,
dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? 27 Não é
um Deus de mortos, mas de vivos. Andais muito enganados.»
O mandamento do
amor
28 Aproximou-se dele um
escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus lhes tinha respondido
bem, perguntou-lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» 29 Jesus
respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor;
30 amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com
todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. 31 O segundo é este: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.» 32 O
escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e
não existe outro além dele; 33 e amá-lo com todo o coração, com todo o
entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais
do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.» 34 Vendo que ele
respondera com sabedoria, Jesus disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E
ninguém mais ousava interrogá-lo.
O Messias, Filho e
Senhor de David
35 Ensinando no templo,
Jesus tomou a palavra e perguntou: «Como dizem os doutores da Lei que o Messias
é filho de David? 36 O próprio David afirmou, inspirado pelo Espírito Santo:
Disse o Senhor ao meu Senhor: 'Senta-te à minha direita, até que ponha os teus
inimigos debaixo dos teus pés'. 37 O próprio David chama-lhe Senhor; como é Ele
seu filho?» E a numerosa multidão ouvia-o com agrado.
Condenação do
farisaísmo
38 Continuando o seu
ensinamento, Jesus dizia: «Tomai cuidado com os doutores da Lei, que gostam de
exibir longas vestes, de ser cumprimentados nas praças, 39 de ocupar os
primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes; 40eles devoram as casas das
viúvas a pretexto de longas orações. Esses receberão uma sentença mais severa.»
A oferta da viúva
pobre
41 Estando sentado em frente
do tesouro, observava como a multidão deitava moedas. Muitos ricos deitavam
muitas. 42 Mas veio uma viúva pobre e deitou duas moedinhas, uns tostões. 43 Chamando
os discípulos, disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou no
tesouro mais do que todos os outros; 44 porque todos deitaram do que lhes
sobrava, mas ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía, todo o seu
sustento.»
Comentário
Dar do que nos sobra é um
acto bom e meritório mas, para ter verdadeiro mérito que nos será levado em
conta, tem de ser algo que seja do que nos faz alguma falta.
É o espírito que conta no
que se dá e não o seu valor.
Ajudar alguém que precisa
pode não ser únicamente a dádiva de dinheiro, talvez uma palavra de conforto,
um gesto amável e solidário sejam o que mais nos convém fazer.
Em vez de só “abrir os
cordões à bolsa” abrir também as portas do coração dando de nós o que podemos
dar e que o nosso são critério aconselhar como mais conveniente nessa
circunstância.
Dar umas moedas pode ser um
acto frio, como que mecânico, sem alma; dar com ênfase o conforto de uma
palavra pode ser muito mais eficaz.
(AMA, 2021)
SANTÍSSIMA VIRGEM
O ano litúrgico aparece
engalanado de festas em honra de Santa Maria. O fundamento deste culto é a
Maternidade divina de Nossa Senhora, origem da plenitude dos dons naturais e da
graça com que a Santíssima Trindade a adornou. Demonstraria escassa formação cristã
- e muito pouco amor de filho - quem temesse que o culto da Santíssima Virgem
pudesse diminuir a adoração que se deve a Deus. A Nossa Mãe, modelo de
humildade, cantou: chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em
mim grandes coisas aquele que é Todo-poderoso, cujo nome é santo e cuja
misericórdia se estende de geração em geração, a todos os que o temem. Nas
festas de Nossa Senhora não regateemos as demonstrações de carinho; elevemos
com mais frequência o coração pedindo-lhe aquilo de que necessitamos,
agradecendo-lhe a sua solicitude maternal e constante, encomendando-lhe as
pessoas que estimamos. Mas, se pretendemos comportar-nos como filhos, todos os
dias serão ocasiões propícias de amor a Maria, como o são para os que se querem
deveras.
Talvez agora algum de vós
possa pensar que o dia ordinário, o habitual ir e vir da nossa vida, não se
presta muito a manter o coração numa criatura tão pura como Nossa Senhora.
Convidar-vos-ia a reflectir um pouco. Que procuramos sempre, mesmo sem especial
atenção, em tudo o que fazemos? Quando nos move o amor de Deus e trabalhamos
com rectidão de intenção, procuramos o que é bom, o que é limpo, o que dá paz à
consciência e felicidade à alma. Também cometemos muitos erros? Sim, mas
precisamente reconhecer esses erros é descobrir com maior clareza que a nossa
meta é esta: uma felicidade que não passe, profunda, serena, humana e
sobrenatural. Existe uma criatura que conseguiu nesta terra essa felicidade,
porque é a obra-prima de Deus: a Nossa Mãe Santíssima, Maria. Ela vive e
protege-nos; está junto do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em corpo e alma.
É Aquela mesma que nasceu na Palestina, que se entregou ao Senhor desde menina,
que recebeu a anunciação do Arcanjo Gabriel, que deu à luz o Nosso Salvador,
que esteve junto d'Ele ao pé da Cruz. N'Ela se tornam realidade todos os
ideais, mas não devemos concluir daí que a sua sublimidade e grandeza no-la
apresentem inacessível e distante. É a cheia de graça, a suma de todas as
perfeições; e é Mãe. Com o seu poder diante de Deus conseguirá o que lhe
pedirmos; como Mãe, quer conceder-no-lo. E, também como Mãe, entende e
compreende as nossas fraquezas, anima-nos, desculpa-nos, facilita o caminho,
tem sempre o remédio preparado, mesmo quando parece que já nada é possível.
Quanto cresceriam em nós as
virtudes sobrenaturais se conseguíssemos verdadeira devoção a Maria, que é
Nossa Mãe! Não nos importemos de lhe repetir durante todo o dia - com o
coração, sem necessidade de palavras - pequenas orações, jaculatórias. A
devoção cristã reuniu muitos desses elogios carinhosos na Ladainha que
acompanha o Santo Rosário. Mas cada um de nós tem a liberdade de os aumentar,
dirigindo-lhe novos louvores, dizendo-lhe o que - por um santo pudor que Ela
entende e aprova - não nos atreveríamos a pronunciar em voz alta.
Aconselho-te - para terminar
- que faças, se o não fizeste ainda, a tua experiência particular do amor
materno de Maria. Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la deste modo, falar
assim d'Ela. É tua Mãe e tu és seu filho; quer-te como se fosses o seu único
filho neste mundo. Trata-a de acordo com isso: conta-lhe tudo o que te
acontece, honra-a, ama-a. Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o
fizeres. Asseguro-te que, se empreenderes este caminho, encontrarás
imediatamente todo o amor de Cristo; e ver-te-ás metido na vida inefável de
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Conseguirás forças para cumprir bem
a Vontade de Deus, encher-te-ás de desejos de servir todos os homens. Serás o
cristão que às vezes sonhas ser: cheio de obras de caridade e de justiça,
alegre e forte, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo.
Este e não outro é o
carácter da nossa fé. Recorramos a Santa Maria, que Ela nos acompanhará com um
passo firme e constante.
SÃO JOSEMARIA – textos
Amor
verdadeiro é sair de si mesmo
A alegria cristã não é
fisiológica: o seu fundamento é sobrenatural, e está por cima da doença e da
contradição. Alegria não é alvoroço de guizos ou de baile popular. A verdadeira
alegria é algo mais íntimo: algo que nos faz estar serenos, transbordantes de
gozo, mesmo que, às vezes, o rosto permaneça grave. (Forja,
520)
Há quem viva amargurado todo
o dia. Tudo lhe causa desassossego. Dorme com uma obsessão física: a de que
essa única evasão possível lhe vai durar pouco. Acorda com a impressão hostil e
descorçoada de que já tem outra jornada pela frente... Muitos esqueceram-se de
que o Senhor nos colocou neste mundo de passagem para a felicidade eterna; e
não pensam que só podem alcançá-la os que caminharem na Terra com a alegria dos
filhos de Deus. (Sulco, 305)
Amor verdadeiro é sair de si
mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria que tem as
suas raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos
chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a
experiência do sacrifício, da dor. Uma dor de que se gosta, amável, fonte de
íntimo gozo, mas dor real, porque significa vencer o nosso egoísmo e tomar o
amor como regra de todas e cada uma das nossas acções (Cristo
que passa, 43).