O diálogo de ontem à noite, foi, Senhor, muito construtivo. Depois de, pelas vinte horas, teres decidido chamar a Zeca, não conseguia afastar do pensamento esse mistério da Morte e da Vida! Por isso, tinha de falar conTigo.
_ Senhor, obrigado por teres dado por completo o merecimento da Zeca. Segundo me disse o Pedro, morreu em paz, tranquilamente. Fico-me a pensar em tantos que morrem aos gritos, revoltados contra tudo, contra todos e, pior ainda, revoltados contra Ti, como se a culpa do sofrimento e da Morte fosse Tua. Ah a Cruz! A Cruz de cada dia que é de cada um, mais pesada, mais leve, mas...Cruz, é, quase sempre, feita por nós. Como dizia São Filipe de Néri «os homens são frequentemente os carpinteiros das suas próprias cruzes».
_ Sim é verdade. O Meu querido Filipe sabia bem do que falava. Tantas horas passou nos confessionários...
_ Senhor, como é a Morte? Como é a Vida Eterna?
_ Que pergunta, meu filho! Quantas pessoas pensas tu que Me fazem a mesma pergunta!? Ora pensa bem...
_ Tens razão, Senhor...desculpa a minha tontice. Eu sei muito bem o que é a Morte:
È a porta para a Vida Eterna;
e também sei o que é a Vida Eterna.
A Vida Eterna é ver-Te face a face.
_ Vês como sabes. E, já que sabes, deves dizê-lo a outros, a todos os que puderes para que se preparem para esse encontro definitivo. Vê se dormes, agora, fica tranquilo.
E, finalmente adormeci com a invocação nos lábios: Vultum Tuum, Domine, requiram.