02/10/2019

Carta de um sacerdote católico ao New York Times

Caro irmão e irmã jornalista:


Sou um simples sacerdote católico.

Estou feliz e orgulhoso da minha vocação.

Há vinte anos que vivo em Angola como missionário.

Vejo em muitos meios de informação, sobretudo no vosso jornal, a ampliação do tema dos sacerdotes pedófilos, com investigações de forma mórbida sobre a vida de alguns sacerdotes.

Falam de um de uma cidade nos Estados Unidos dos anos '70, de outro na Austrália dos anos '80, e seguida de outros casos recentes...

Certamente isto deve ser condenado!

Vêem-se alguns artigos de jornal equilibrados, mas também outros cheios de preconceitos e até de ódio.

O facto que pessoas, que deveriam ser manifestação do amor de Deus, sejam como um punhal na vida de inocentes, provoca em mim uma imensa dor.

Não existem palavras para justificar tais ações. E não há dúvida que a Igreja não pode deixar de estar ao lado dos mais fracos e dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a proteção e a prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.

Todavia, cria curiosidade a desinformação e o desinteresse para milhares e milhares de sacerdotes que se gastam para milhões de crianças, para muitíssimos adolescentes e para os mais desvantajosos em todo o mundo!

Considero que, ao vosso meio de informação não interesse saber que, eu em 2002, passando por zonas cheias de minas, tenha devido transferir muitas crianças desnutridas de Cangumbe para Lwena (em Angola), porque nem o governo se importava, nem as ONG's estavam autorizadas. E penso que também não vos importa que eu tenha tido de sepultar dezenas de criancinhas, mortas na tentativa de fugir das zonas de guerra ou procurando regressar, nem que salvamos a vida a milhares de pessoas no México graças ao único posto médico em 90.000 Km2, e graças também à distribuição de alimentos e sementes.

Não vos interessa também saber que nos últimos dez anos demos a oportunidade de receber educação e instrução a mais de 110.000 crianças...

Não tem uma ressonância mediática o facto que, com outros sacerdotes, eu tive de fazer frente à crise humanitária de quase 15.000 pessoas guarnições da guerrilha, após a sua rendição, porque não chegavam alimentos nem do Governo, nem da ONU.

Nāo faz noticia que um sacerdote de 75 anos, Padre Roberto, todas as noites percorra a cidade de Luandae cuide dos meninos da rua, os leve para uma casa de acolhimento na tentativa de os desintoxicar da gasolina e que às centenas sejam alfabetizadas.

Não faz notícia que outros sacerdotes, como o Padre Stefano, se ocupem em acolher e dar proteção a crianças maltratadas e até violadas.

E nāo é de vosso interesse saber que Frade Maiato, não obstante os seus 80 anos, vá de casa em casa confortando pessoas doentes e sem esperança.

Não faz notícia que mais de 60.000, entre os 400.000 sacerdotes e religiosos, tenham deixado a própria pátria e a própria família para servir os seus irmãos num leprosário, nos hospitais, nos campos de refugiados, nos institutos para crianças acusadas de feitiçaria ou órfãs de pais mortos por SIDA, nas escolas para os mais pobres, nos centros de formação profissional, nos centros de assistência aos seropositivos... ou, sobretudo, nas paróquias e nas missões, encorajando as pessoas a viver e a amar.

Não faz notícia que o meu amigo, Padre Marco Aurelio, para salvar alguns jovens durante a guerra em Angola os tenha conduzido de Kalulo até Dondo e no caminho de regresso à sua missão foi cravado de balas; nāo interessa que frade Francesco e cinco  catequistas, para ir ajudar nas zonas rurais mais isoladas, tenham morrido na estrada num acidente; não importa a ninguém que dezenas de missionários em Angola sejam mortos por falta de assistência sanitária, por uma simples malária; que outros tenham morrido por causa de uma mina ao ir visitar a sua gente. No cemitério de  Kalulo encontramos os túmulos dos primeros sacerdotes que chegaram a esta região...nenhum deles chegou a completar os 40 anos!

Não faz notícia acompanhar a vida de um sacerdote “normal” na sua vida quotidiana, entre as suas alegrias e as suas dificuldades, enquanto gasta a própria vida, sem fazer ruído, a favor da comunidade pela qual está ao serviço.

Na verdade não procuramos fazer notícia, mas procuramos simplesmente levar a Boa Nova, aquela que sem ruído iniciou na noite de Páscoa.

Faz mais ruído uma árvore que cai do que uma floresta a crescer.

Não é minha intenção fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes.

O sacerdote não é nem um herói, nem um neurótico.

É um simples homem que, com a sua humanidade, procura seguir Jesus e servir os seus irmãos.

Nele existem misérias, pobreza e fragilidade como em cada ser humano; mas existem também beleza e bondade como em cada criatura...

Insistir de forma obsessiva e persecutória sobre um tema, perdendo a visão do inteiro, cria realmente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico e é disto que me sinto ofendido.

Jornalista: procure a Verdade, o Bem e a Beleza. Tudo isto  o fará nobre na sua profissão.

Amigo... peço-lhe apenas isto...

Em Cristo,

 Padre Martín Lasarte sdb

“O meu passado, Senhor, confio-o à tua Misericórdia; o meu presente ao teu Amor; o meu futuro à tua Providência”.




Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?








Evangelho e comentário


TEMPO COMUM

Evangelho 

Santos Anjos da Guarda

Evangelho: Mt 18, 1-5, 10

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos iam a caminho de Jerusalém, quando alguém Lhe disse: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».

Comentário:

A decisão de seguir Cristo não pode nem deve ser tomada de “ânimo leve” ou por um entusiasmo súbito.
Bem ao contrário, deve ser amadurecida e bem avaliada e, depois, uma vez feita a escolha, seguir sem hesitações nem demoras o caminho que Ele nos indica.
Todas as decisões que neste sentido tomarmos serão como que um vínculo, um compromisso pessoal com Nosso Senhor que não nos pressiona nem apressa, antes faz notar as dificuldades e obstáculos com que teremos de contar mas, também, a recompensa que nos espera e a promessa da Sua assistência constante e cuidada.

(AMA, comentário sobre Mt 18, 1-5 10 12-14, 12.07.2019)


Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA
AUGUSTISSIMAE VIRGINIS MARIAE
DE SUA SANTIDADE
PAPA LEÃO XIII
2 –

A Confraria do Rosário

5. O espírito de associação, fundado na própria índole da natureza humana, talvez nunca tenha sido tão vivo e universal como agora.
E certamente ninguém condenaria isto; se muitas vezes essa naturalíssima tendência natural não fosse orientada para o mal: isto é, se os ímpios, movidos por um mesmo intento, não se reunissem em sociedades de vário género, "contra o Senhor e o seu Messias" [1].

Por outro lado, entretanto, pode-se discernir, e certamente com grandíssima alegria, que, também entre os católicos cresce o amor às associações pias: associações bem compactas, que se tornam como que famílias, nas quais os membros estão de tal forma ligados entre si pelo vínculo da caridade cristã, a ponto de parecerem, antes, de serem verdadeiramente irmãos.
E, com efeito, se se elimina a caridade de Cristo, não pode haver fraternidade, como já energicamente demonstrava Tertuliano, dizendo:

"Somos vossos irmãos por direito de natureza, natureza que é mãe comum, se bem que sejais muito pouco homens, por serdes maus irmãos. Mas quão melhor convém o nome e a dignidade de irmãos àqueles que reconhecem por seu pai comum Deus, àqueles que se imbuíram do mesmo espírito de santidade, e que, embora nascidos do mesmo seio da comum ignorância, depois se nutriram da mesma luz de verdade!" [2].

A forma destas utilíssimas sociedades, constituídas entre os católicos, é a mais variada:

Círculos, caixas rurais, recreatórios festivos, patronatos para a protecção da juventude, irmandades, e muitíssimos outros, todos instituídos com nobilíssimos intentos.

Certamente, todas estas associações têm nomes, formas e fins próprios e imediatos modernos, mas são antiquíssimas na substância, pois se lhes podem distinguir os vestígios desde os inícios do cristianismo.
Mais tarde foram reforçadas com leis, distinguidas com divisas próprias, enriquecidas de privilégios, ordenadas ao culto divino nas igrejas, ou então destinadas ao bem das almas e ao alívio dos corpos, e designadas com nomes diversos, segundo os tempos.
E, com o correr do tempo, o seu número aumentou tanto, que, sobretudo na Itália, não há cidade, aldeia ou paróquia que não as tenhas muitas, ou ao menos uma.


[1] (Salmo 2, 2)
[2] Tertuliano, Apolog. c. 39

Está ali, com a sua Carne e com o seu Sangue


"Isto é o meu Corpo"... e Jesus imolou-se, ocultando-se sob as espécies de pão. Agora está ali, com a sua Carne e com o seu Sangue, com a sua Alma e com a sua Divindade: como no dia em que Tomé meteu os dedos nas suas Chagas gloriosas. E, no entanto, em tantas ocasiões, tu passas de largo, sem esboçares sequer uma breve saudação de simples cortesia, como fazes com qualquer pessoa conhecida que encontras ao passar! Tens bastante menos fé do que Tomé! (Sulco, 684)

O Criador se desfez em carinho pelas suas criaturas. Nosso Senhor Jesus Cristo, como se já não fossem suficientes todas as outras provas da sua misericórdia, institui a Eucaristia para que possamos tê-Lo sempre perto de nós e porque – tanto quanto nos é possível entender – movido pelo seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós. A Trindade apaixonou-se pelo homem, elevado à ordem da graça e feito à sua imagem e semelhança, redimiu-o do pecado – do pecado de Adão que se propagou a toda a sua descendência e dos pecados pessoais de cada um – e deseja vivamente morar na nossa alma, como diz o Evangelho: se alguém Me ama, guardará a minha palavra, e Meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele morada.
Esta corrente trinitária de amor pelos homens perpetua-se de maneira sublime na Eucaristia. Há já muitos anos, todos aprendemos no catecismo que a Sagrada Eucaristia pode ser considerada como Sacrifício e como Sacramento e que o sacramento se nos apresenta como Comunhão e como um tesouro no altar, mais concretamente, no Sacrário. (Cristo que passa, nn. 84–85)

Temas para reflectir e meditar

Positivismo


O positivismo é uma das muitas tentativas falhadas, para desterrar, definitivamente, do mundo, a influência de Deus, a ideia do sobrenatural, na Vida Humana, e o pensamento da imortalidade. 

Se lá se encontram outras coisas, ou são pura paisagem, ou meios ordenados ao fim que é, essencialmente, anti-teológico e principalmente, anticristão.


(a. veloso, In BROTÉRIA, Vol. LIV, Fasc. 1, pag 1-2)