AUGUSTISSIMAE
VIRGINIS MARIAE
DE SUA SANTIDADE
PAPA LEÃO XIII
2 –
A Confraria do Rosário
5.
O espírito de associação, fundado na própria índole da natureza humana, talvez
nunca tenha sido tão vivo e universal como agora.
E
certamente ninguém condenaria isto; se muitas vezes essa naturalíssima
tendência natural não fosse orientada para o mal: isto é, se os ímpios, movidos
por um mesmo intento, não se reunissem em sociedades de vário género, "contra o Senhor e o seu Messias" [1].
Por
outro lado, entretanto, pode-se discernir, e certamente com grandíssima
alegria, que, também entre os católicos cresce o amor às associações pias:
associações bem compactas, que se tornam como que famílias, nas quais os
membros estão de tal forma ligados entre si pelo vínculo da caridade cristã, a
ponto de parecerem, antes, de serem verdadeiramente irmãos.
E,
com efeito, se se elimina a caridade de Cristo, não pode haver fraternidade,
como já energicamente demonstrava Tertuliano, dizendo:
"Somos vossos irmãos por direito de natureza,
natureza que é mãe comum, se bem que sejais muito pouco homens, por serdes maus
irmãos. Mas quão melhor convém o nome e a dignidade de irmãos àqueles que
reconhecem por seu pai comum Deus, àqueles que se imbuíram do mesmo espírito de
santidade, e que, embora nascidos do mesmo seio da comum ignorância, depois se nutriram
da mesma luz de verdade!" [2].
A
forma destas utilíssimas sociedades, constituídas entre os católicos, é a mais
variada:
Círculos,
caixas rurais, recreatórios festivos, patronatos para a protecção da juventude,
irmandades, e muitíssimos outros, todos instituídos com nobilíssimos intentos.
Certamente,
todas estas associações têm nomes, formas e fins próprios e imediatos modernos,
mas são antiquíssimas na substância, pois se lhes podem distinguir os vestígios
desde os inícios do cristianismo.
Mais
tarde foram reforçadas com leis, distinguidas com divisas próprias,
enriquecidas de privilégios, ordenadas ao culto divino nas igrejas, ou então
destinadas ao bem das almas e ao alívio dos corpos, e designadas com nomes
diversos, segundo os tempos.
E,
com o correr do tempo, o seu número aumentou tanto, que, sobretudo na Itália,
não há cidade, aldeia ou paróquia que não as tenhas muitas, ou ao menos uma.
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