É
coerente com a fé cristã espalhar as cinzas do defunto na natureza?
Converteu-se
numa prática frequente. Não é acaso uma expressão panteísta? É a melhor maneira
de expressar a fé na ressurreição da carne?
Bento
XVI: "Fugi do culto aos ídolos, não deixeis de fazer o bem"
A
Conferencia Episcopal Italiana presentou a nova edição em língua italiana do
Rito das exéquias, publicada pela Librería
Editrice Vaticana, na qual considera que a cremação fica concluída quando
se deposita a urna no cemitério, e afirmam que a possibilidade em algumas
legislações de espalhar as cinzas produz "não poucas perplexidades sobre a
sua plena coerência com a fé cristã".
"Ainda
que algumas legislações permitam espalhar as cinzas na natureza ou conserva-las
em lugares diversos do cemitério, "estas práticas produzem não poucas perplexidades
sobre a sua plena coerência com a fé cristã, sobre todo quando remetem para concepções
panteístas o naturalistas", indica o novo ritual.
Mons.
Angelo Lameri, membro do Departamento Litúrgico nacional da Conferência
Episcopal Italiana, explicou que o tema da cremação se colocou num apêndice à
parte para sublinhar que a Igreja, "ainda que não se oponha à cremação dos
corpos, quando não se faz in odium fidei,
continua a considerar que a sepultura do corpo dos defuntos é a forma mais adequada
para expressar a fé na ressurreição da carne assim como para favorecer a lembrança
e a oração de sufrágio por parte de familiares e amigos".
Segundo
se indica neste capítulo, excepcionalmente, os ritos previstos na capela do cemitério
ou ante a tumba podem celebrar-se no próprio lugar da cremação e recomenda-se também
o acompanhamento do féretro ao dito lugar, segundo informou o Vaticano.
Partilhar
o luto
Esta
segunda edição do rito também se refere ao momento da visita à família, que não
se contemplava na edição anterior. Mons. Lameri explicou que "para um
sacerdote, é um momento para partilhar a dor, escutar aos familiares afectados
pelo luto, e conhecer alguns aspectos da vida da pessoa defunta com o fim de oferecer
um memorial correcto e personalizado durante a celebração das exéquias".
Também
se propõem novos textos para o momento de cerrar o ataúde, adequados a diversas
situações: para uma pessoa de idade, para uma pessoa jovem, para quem morreu
inesperadamente, etc., e acrescentou-se uma ampla proposta de formulários para a
oração dos fiéis.
Mons.
Alceste Catella, presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia, assinalou
que este livro "atesta a fé dos crentes e o valor do respeito para com os defuntos,
o respeito pelo corpo humano inclusive quando já não tem vida". "Testemunha
a forte exigência de cultivar a memória, de ter um lugar certo em que depositar
o cadáver ou as cinzas, com a certeza profunda de que isto é autêntica fé e humanismo
autêntico", concluiu.
Actualizado 3 Abril 2012
(Trad. AMA)