21/09/2016

Um querer sem querer é o teu

Um querer sem querer é o teu, enquanto não afastares decididamente a ocasião. – Não te queiras iludir dizendo-me que és fraco. És... cobarde, o que não é o mesmo. (Caminho, 714)

O mundo, o Demónio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho dum prazer – que nada vale – lhes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no Sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade. (Caminho, 708)

Outra queda..., e que queda!... Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. – Um "miserere" e, coração ao alto!

– A começar de novo. (Caminho, 711)

Bem fundo caíste. – Começa os alicerces a partir daí. – Sê humilde. – "Cor contritum et humiliatum, Deus, non despicies". – Não desprezará Deus um coração contrito e humilhado. (Caminho, 712)

Tu não vais contra Deus. – As tuas quedas são de fragilidade. – Concordo. Mas são tão frequentes essas fragilidades (não sabes evitá-las), que, se não queres que te tenha por mau, hei-de ter-te por mau e tolo. (Caminho, 713)


Evangelho e comentário


Tempo Comum

São Mateus – Apóstolo e Evangelista [i]

Evangelho: Mt 9, 9-13

9 Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Ma­teus, que estava sentado na banca das cobranças, e disse-lhe: «Segue-Me». E ele, levantando-se, O seguiu. 10 Aconteceu que, estando Jesus sentado à mesa em casa deste homem, vieram muitos publicanos e pecadores, e se sentaram à mesa com Jesus e com os Seus discípu­los. 11 Vendo isto, os fariseus diziam aos Seus discípulos: Por que mo­tivo come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Jesus, ou­vindo isto, disse: «Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos .13 Ide, e aprendei o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecado­res».

Comentário:

«Quero misericórdia e não sacrifício»

Voltamos a focar este trecho do Evangelho porque estando em pleno Ano Jubilar da Misericórdia, o mesmo se aplica como uma luva à nossa mão sempre pronta a afastar, excluir, repudiar quem se aproxima de nós com o intuito de solicitar ajuda.

São muitas as “explicações”:

O Estado que trate do assunto;
Já contribuo para diversas obras de “caridade”;
Mal chega para mim quanto mais…;
Agora não é o momento apropriado;
Vá mas é trabalhar…

Que “explicações” são estas!

Não nos causam incómodo?

(ama, comentário sobre Mt 9, 9-13, 01.07.2016)











[i] São Mateus, Apóstolo e Evangelista, denominado Levi, que, chamado por Jesus para O seguir, deixou a sua função de publicano ou cobrador de impostos e, admitido entre os Apóstolos, escreveu um Evangelho, no qual se proclama especialmente que Jesus Cristo é filho de David, filho de Abraão, Aquele que levou à plenitude a promessa do Antigo Testamento.

Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá

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Uma única receita: santidade pessoal

O melhor caminho para nunca se perder a audácia apostólica, o afã eficaz de servir todos os homens, não é senão a plenitude da vida de fé, de esperança e de amor; numa palavra, a santidade.
Não conheço outra receita além desta: santidade pessoal.

Hoje, em união com a Igreja, celebramos o triunfo da Mãe, Filha e Esposa de Deus.
E assim como nos sentíamos contentes na Páscoa da Ressurreição do Senhor, três dias depois da sua morte, agora estamos alegres porque Maria, depois de acompanhar Jesus desde Belém até à Cruz, está junto dele em corpo e alma, gozando da sua glória por toda a eternidade.
Esta é a misteriosa economia divina: Nossa Senhora, participando plenamente na obra da nossa salvação, tinha de seguir de perto os passos de seu Filho - a pobreza de Belém, a vida oculta de trabalho ordinário em Nazaré, a manifestação da divindade em Caná da Galileia, as afrontas da Paixão, o Sacrifício divino da Cruz, e a bem-aventurança eterna do Paraíso.

Tudo isto nos afecta directamente, porque este itinerário sobrenatural há-de ser também o nosso caminho.
Maria mostra-nos que essa senda é factível, que é segura.
Ela precedeu-nos na via da imitação de Cristo e a glorificação da Nossa Mãe é a firme esperança da nossa salvarão.
Por isso lhe chamamos spes nostra e causa nostra laetitiae, esperança nossa e causa da nossa alegria.

Jamais podemos perder a esperança de chegar a ser santos, de aceitar os convites do Senhor, de ser perseverantes até ao final.
Deus, que em nós começou a obra da santificação, levá-la-á a cabo. Porque, se o Senhor é por nós, quem será contra nós?
Quem não poupou o seu próprio Filho, mas por nós todos O entregou à morte, como não nos dará também com Ele todas as coisas?

Nesta festa, tudo convida à alegria.
A firme esperança na nossa santificação pessoal é um dom de Deus, embora o homem não possa permanecer passivo.
Recordai as palavras de Cristo: se alguém quer vir após de mim, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz de cada dia e siga-me. Vedes?
A cruz de cada dia.
Nulla dies sine cruce, nenhum dia sem Cruz: nenhum dia que não carreguemos com a Cruz do Senhor, em que não aceitemos o seu jugo.
Eis porque não quis deixar de vos recordar também que a alegria da Ressurreição é consequência da dor da Cruz.

Não temais, contudo, porque o próprio Senhor nos diz: vinde a Mim todos, os que trabalhais e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve.
Vinde - glosa S. João Crisóstomo - não para prestar contas, mas para serdes livres dos vossos pecados; vinde, podeis procurar-me, pois eu não tenho necessidade da vossa glória, mas da vossa salvação...
Não temais ao ouvir falar de jugo, porque é suave: não temais se falo de peso, porque é leve.

O caminho da nossa santificarão pessoal passa, quotidianamente, pela Cruz: esse caminho não é desgraçado, porque o próprio Cristo nos ajuda e com Ele não há lugar para a tristeza.
In laetitia, nulla dies sine cruce!, gosto eu de repetir.
Com a alma trespassada de alegria, nenhum dia sem Cruz!

177  
        
A alegria cristã

Recolhamos de novo o tema que a Igreja nos propõe: Maria subiu aos céus em corpo e alma: os anjos rejubilam!
Penso também no júbilo de S. José, seu Esposo castíssimo, que a aguardava no paraíso.
Mas voltemos à Terra.
A fé confirma-nos que aqui em baixo, na vida presente, estamos em tempo de viagem, pelo que não faltarão os sacrifícios, a dor e as privações.
Todavia, a alegria há-de ser sempre o contraponto do caminho.

Servi ao Senhor com alegria.
Não há outro modo de servi-Lo, Deus ama quem dá com alegria, quem se entrega totalmente num sacrifício gostoso porque não há motivo algum que justifique o desânimo!

Talvez julgueis que este optimismo é excessivo, porque todos os homens conhecem as suas insuficiências e os seus fracassos, experimentam o sofrimento, o cansaço, a ingratidão, talvez até o ódio.
Nós, os cristãos, se somos iguais aos outros, como poderemos estar livres dessas constantes da condição humaniza?

Seria ingénuo negar a reiterada presença da dor e do desânimo, da tristeza e da solidão, durante a nossa peregrinação por esta terra. Aprendemos pela fé com segurança que tudo isso não é produto do acaso e que o destino da criatura não é caminhar para a aniquilação dos seus desejos de felicidade.
A fé ensina-nos que tudo tem um sentido divino, pois esta é uma característica intrínseca e própria do caminho que nos leva à casa do Pai. Esta maneira sobrenatural de compreender a existência terrena do cristão, não simplifica a complexidade humana, mas assegura ao homem que essa complexidade pode ser penetrada pelo nervo do amor de Deus, pelo cabo forte e indestrutível, que liga a vida na Terra com a vida definitiva na Pátria.

A festa da Assunção de Nossa Senhora apresenta-nos a realidade dessa feliz esperança.
Somos ainda peregrinos, mas a Nossa Mãe precedeu-nos e aponta-nos já o termo do caminho.
Repete-nos que é possível lá chegar e que, se formos fiéis, lá chegaremos, pois a Santíssima Virgem não é só nosso exemplo, mas também auxílio dos cristãos.
E perante a nossa petição - Monstra te esse Matrem mostra que és Mãe - não pode nem quer negar-se a cuidar dos seus filhos com solicitude maternal.

178  
        
A alegria é um bem cristão.
Só desaparece com a ofensa a Deus, porque o pecado é fruto do egoísmo e o egoísmo é a causa da tristeza.
Mesmo então, essa alegria permanece no fundo da alma, pois sabemos que Deus e a sua Mãe nunca se esquecem dos homens. Se nos arrependemos no santo sacramento da penitência, Deus vem ao nosso encontro e perdoa-nos.
E já não há tristeza.
Na verdade, é muito justo que haja regozijo, porque o teu irmão estava morto e ressuscitou; tinha-se perdido e foi encontrado.

Estas palavras são o final maravilhoso da parábola do filho pródigo, que jamais nos cansaremos de meditar: eis que o Pai vem ao teu encontro; inclinar-se-á sobre o teu ombro e dar-te-á um beijo, penhor de amor e de ternura; fará que te entreguem um vestido, um anel, o calçado.
Tu receias ainda uma repreensão, e ele devolve-te a tua dignidade; temes um castigo, e dá-te um beijo; tens medo duma palavra irada, e prepara para ti um banquete.

O amor de Deus é insondável.
Se procede assim com quem O ofendeu, o que não fará para honrar a sua Mãe, imaculada, Virgo fidelis, Virgem Santíssima, sempre fiel?

Se o amor de Deus se manifesta tão grande quando o acolhimento que lhe dá o coração humano - tantas vezes traidor - é tão pouco, como não será no coração de Maria, que nunca levantou o mínimo obstáculo à vontade de Deus?

Vede como a liturgia da festa faz eco da impossibilidade de compreender a misericórdia infinita do Senhor com raciocínios humanos; mais do que explicar, canta; fere a imaginação, a fim de que todos se entusiasmem no louvor, pois ficaremos sempre muito aquém do que é merecido: apareceu no céu um grande sinal.
Uma mulher vestida de sol, e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.
E o rei cobiçará a tua beleza. A filha do rei entra toda formosa; tecidos de ouro são os seus vestidos.

A liturgia acabará com algumas palavras de Maria, nas quais a maior humildade se conjuga com a maior glória: eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas aquele que é todo poderoso.

Cor Mariae Dulcissimum, iter para tutum: Coração Dulcíssimo de Maria, dá força e segurança ao nosso caminho na Terra.
Sê tu mesma o nosso caminho, porque tu conheces as vias e os atalhos certos que, através do teu amor, levam ao amor de Jesus Cristo.

179 
         
Acaba o ano litúrgico e no Santo Sacrifício do Altar renovamos ao Pai o oferecimento da Vitima, Cristo, Rei de santidade e de graça, rei de justiça, de amor e de paz, como leremos dentro de pouco tempo no Prefácio.
Todos sentis nas vossas almas uma alegria imensa, ao considerar a santa Humanidade de Nosso Senhor, por saberdes que se trata dum Rei com um coração de carne como o nosso, que é o autor do universo e de todas as criaturas e que não se impõe pelo domínio, mas mendigando um pouco de amor, ao mesmo tempo que nos mostra, em silêncio, as suas mãos chagadas.

Como é possível, então, que tantos O ignorem?
Porque se ouve ainda esse protesto cruel: nolumus hunc regnare super nos, não queremos que este reine sobre nós?
Na terra há milhões de homens que se enfrentam assim com Jesus Cristo, ou melhor, com a sombra de Jesus Cristo, porque não O conhecem, nem viram a beleza do seu rosto, nem se aperceberam da maravilha da sua doutrina.

Diante deste triste espectáculo, sinto-me movido a desagravar o Senhor. Ao ouvir o clamor que não cessa e que se constrói mais com obras pouco nobres do que com palavras, sinto a necessidade de gritar bem alto: oportet illum regnare!, convém que Ele reine.

(cont) 

Amizade

Quero, hoje, falar de amizade e, isto, principalmente, porque – desculpem-me a falácia - posso considerar-me um “perito” na matéria.

Tenho muitos amigos – toda agente tem, ou pensa que tem – e talvez fosse difícil escrever sem generalizar porque recebo inúmeras demonstrações, pequenas e não tão pequenas de pessoas que se interessam pela minha pessoa, o meu bem-estar, a minha vida diária.

Mas, verifico, que não é porque me basta individualizar:

Tenho um amigo que se chama Diogo.

Tem mais ou menos a minha idade, tem os problemas recorrentes da idade – a sua e a da sua mulher -, a família, etc.
Problemas e, também, - sei-o - alegrias e paz e satisfação interiores.

Pois o Diogo parece que tem pouco que fazer, ou melhor, lhe sobra muito tempo para me telefonar quase todos os dias.
Pequenas conversas, dois ou três minutos:

‘como estás? - que se passa hoje? - que aconteceu ontem? – e… amanhã… que vais fazer?’

O Diogo é um bisbilhoteiro que pretende controlar a minha vida?

Não!

O Diogo é um amigo que deseja ajudar-me a viver a minha vida.

Não me dá conselhos, alvitres ou sugestões.

Limita-se a dizer-me que VIVA, QUE VÁ EM FRENTE, QUE NÃO DEIXE QUE AS MEMÓRIAS ME CONDICIONEM!

É isto que o Diogo faz.

Porquê?

Porque é meu amigo!

Como “compensar” o Diogo, penso eu por vezes?

Não me ocorre outra coisa que:

Rezar por ele e pela sua família e que o Senhor lhe retribua como sempre faz:

Com uma medida cheia, bem calcada a abarrotar[1].

Não por meu merecimento… que não tenho, mas pelo dele que o tem em demasia.

(ama, reflexões, Vila Moura, 15.09.2016)




[1] Cfr.  Lc 6, 38

Doutrina – 202

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?



Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador é chamado a converter-se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são revelados os seus Mistérios.

Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?