2.
Relação entre a Igreja e o Estado 3
b)
A Igreja e o Estado diferenciam-se pela sua natureza e pelos seus fins
A Igreja recebeu de Cristo
o mandato apostólico: «ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19-20). Com a sua
doutrina e com a sua actividade apostólica, a Igreja contribui para a recta
ordenação das coisas temporais, de modo que sirvam ao homem para alcançar o seu
fim último e não o desviem dele.
Os meios que a Igreja
utiliza para levar a cabo a sua missão são, antes de mais, espirituais: a
pregação do Evangelho, a administração dos sacramentos, a oração. Também
necessita de utilizar meios materiais, adequados à natureza dos seus membros
que são pessoas humanas (cf. Act 4,32-37; 1 Tm 5,18); estes meios
hão-de estar sempre em conformidade com o Evangelho. Além disso, a Igreja
necessita de independência para realizar a sua missão no mundo, mas não de um
domínio de carácter político ou económico (cf. Catecismo, 2246; Compêndio,
426) 6.
O Estado é uma instituição
que deriva da natural sociabilidade humana, cuja finalidade é o bem comum
temporal da sociedade civil; este bem é não só material, mas também espiritual,
pois os membros da sociedade são pessoas com corpo e alma. Além disso, o
progresso social requer meios materiais e outros bens de carácter espiritual: a
paz, a ordem, a justiça, a liberdade, a segurança, etc. Estes bens só se podem
alcançar mediante o exercício das virtudes sociais, que o Estado deve promover
e tutelar (p. ex. a moralidade pública).
A diversidade entre o
âmbito religioso e o político implica que o Estado não goza de “sacralidade”,
nem deve dirigir as consciências, porque o fundamento moral da política se
encontra fora dela. Por outro lado, a Igreja não possui poder político
coercivo; enquanto ao facto de a ela se pertencer do ponto de vista civil, é
voluntária a sua potestade, é de carácter espiritual e não impõe uma única
solução política. Deste modo, o Estado e a Igreja remetem-se às suas próprias
funções, o que favorece a liberdade religiosa e social.
enrique
colom
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 2104-2109; 2244-2246; 2419-2425.
Concílio
Vaticano II, Const. Gaudium et spes, 74-76; e Decl. Dignitatis Humanae, 1-8;
13-14.
João
Paulo II, Ex. ap. Christifideles Laici, 30-XII-88, 36-44.
Leituras
recomendadas:
São
Josemaria, Homilia «Amar o mundo apaixonadamente», em Temas actuais do
Cristianismo, 113-123.
Congregação
para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao
compromisso e à conduta dos católicos na vida política, 24-XI-2002.
Compêndio
da Doutrina Social da Igreja, 49-55; 60-71; 189-191; 238-243; 377-427.
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
6
Cf. Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 76; Declar. Dignitatis
Humanae, 13.