29/07/2015

Temas para meditar - 505

Espírito Santo


Como o trabalho de santificação das almas é eminentemente um trabalho do amor divino (enquanto diferente das tarefas de poder ou de sabedoria), atribuímos a obra da santificação ao Espírito Santo. Afinal de contas, Ele é o Amor divino personificado.
Basicamente, quem nos santifica é Deus, a Santíssima Trindade. Mas apropriamos a acção da graça ao Espírito Santo.



(leo j. trese, A Fé Explicada, Edições Quadrante, S. Paulo, 4ª Ed., nr. 78)

NUNC COEPI o que pode ver em 29 Jul

O que pode ver em NUNC COEPI em Jul 29

São Josemaria – Textos

AMA - Reflexão - Ser servo e ser amigo

AMA - Comentários ao Evangelho Jo 11 19-27, Amigos de Deus (S. Josemaria), São Josemaria Escrivá

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 31- Art 6,São Tomás de Aquino

Defesa da vida, Quinto Mandamento


Agenda Quarta-Feira

Defesa da vida

O quinto mandamento do Decálogo

3. O respeito pela vida humana

3.3. A eutanásia

«Por eutanásia, em sentido verdadeiro e próprio, deve-se entender uma acção ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objectivo de eliminar o sofrimento (…).
A eutanásia é uma violação grave da Lei de Deus, enquanto morte deliberada moralmente inaceitável de uma pessoa humana (…).
A eutanásia comporta, segundo as circunstâncias, a malícia própria do suicídio ou do homicídio» [i].
Trata-se de uma das consequências, gravemente contrárias à dignidade humana, a que pode conduzir o hedonismo e a perda do sentido cristão da dor.

«A cessação de tratamentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionados aos resultados esperados, pode ser legítima.
É a rejeição do “encarniçamento terapêutico”.
Não que assim se pretenda dar a morte; simplesmente se aceita o facto de a não poder impedir» [ii], [iii].

Pelo contrário, «mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos» [iv], [v].
A alimentação e a hidratação artificiais são, em princípio, cuidados ordinários devidos a qualquer doente [vi].

(cont)



[i] João Paulo II, Enc. Evangelium Vitae , 25-III-95, 65
[ii] Catecismo, 2278
[iii] «As decisões devem ser tomadas pelo paciente, se para isso tiver competência e capacidade; de contrário, por quem para tal tenha direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente» (Catecismo, 2278).
[iv] Catecismo, 2279
[v] «O uso dos analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, mesmo correndo-se o risco de abreviar os seus dias, pode ser moralmente conforme com a dignidade humana, se a morte não for querida, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma excepcional da caridade desinteressada; a esse título, devem ser encorajados» (Catecismo, 2279).
[vi] Cf. João Paulo II, Discurso aos participantes no Congresso Internacional sobre “o tratamento de sostegno vitale e o estado vegetativo. Progressos científicos e dilemas éticos”, 20-III-2004, n. 4; cf. Também Conselho Pontifício da Pastoral para os Doentes Sanitários, Carta dos Agentes da Saúde, n. 120; Congregação para a Doutrina da Fé, Respostas a algumas perguntas da Conferência Episcopal dos Estados Unidos da América sobre a alimentação e hidratação artificiais, 1-VIII-2007.

Tratado da vida de Cristo 22

Questão 31: Da concepção do Salvador quanto à matéria de que o Seu corpo foi concebido

Art. 6 — Se uma parte determinada do corpo de Cristo existiu em Adão e nos outros patriarcas.

O sexto discute-se assim. — Parece que uma parte determinada do corpo de Cristo existiu em Adão e nos outros patriarcas.

1. — Pois, diz Agostinho, que a carne de Cristo existiu em Adão e em Abraão, pela sua substância corpórea. Ora, a substância corpórea é algo de determinado. Logo, a carne de Cristo existiu em Adão e em Abraão e nos demais patriarcas segundo uma parte determinada.

2. Demais. — O Apóstolo diz, que Cristo foi feito do sémen de Davi segundo a carne. Ora, o sémen de Davi era algo de determinado nele existente. Logo, Cristo existiu em David segundo algo de determinado e, pela mesma razão, nos outros patriarcas.

3. Demais. — Cristo tem afinidade com o género humano, pois, assumiu a carne do género humano. Ora, se essa carne de nenhum modo existiu determinadamente em Adão, parece que não tem nenhuma afinidade com o género humano, derivado de Adão; mas antes, com os demais seres de que foi tirada a matéria da sua carne. Logo, parece que a carne de Cristo existiu em Adão e nos outros patriarcas de uma determinada maneira.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Do meio pelo qual Cristo existiu em Adão e em Abraão e nos outros patriarcas, desse mesmo os outros homens neles existiram; mas não inversamente. Ora, os outros homens não existiram em Adão nem em Abraão por nenhuma determinada matéria, mas só pela origem, como se estabeleceu na Primeira Parte. Logo, nem Cristo existiu em Adão e em Abraão de nenhuma determinada maneira; e, pela mesma razão, nem nos outros patriarcas.

Como dissemos, a matéria do corpo de Cristo não foi a carne nem os ossos da Santa Virgem, nem nenhuma parte actual do corpo dela, mas o sangue, que é carne em potência. Ora, tudo o que a Santa Virgem recebeu de seus pais existia actualmente como parte do seu corpo. Logo, o que a Santa Virgem recebeu dos pais não foi matéria do corpo de Cristo. Donde devemos concluir, que o corpo de Cristo não existiu em Adão e nos outros patriarcas de nenhuma determinada maneira, de modo que alguma parte do corpo de Adão ou de algum outro pudesse ser designada determinadamente, a ponto de se dizer que determinadamente dessa matéria seria formado o corpo de Cristo; mas aí existiu só pela origem, como o corpo dos outros homens. Pois, o corpo de Cristo relaciona-se com o de Adão e dos outros patriarcas mediante o corpo de sua mãe. Donde, o corpo de Cristo não existiu de nenhum outro modo nos patriarcas, senão do que pelo qual ai existiu o corpo de sua mãe; e esse não existiu nos patriarcas com nenhuma determinada matéria como assim não existiram, os corpos dos outros homens, segundo se demonstrou na Primeira Parte.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A expressão – Cristo existiu em Adão pela sua substância corpórea — não significa que o corpo de Cristo fosse em Adão uma substância corpórea, mas que a substância corpórea do corpo de Cristo, isto é, a matéria que recebeu da virgem, existiu em Adão como no seu princípio activo, e não como um principio material. Porque a virtude geratriz de Adão e dos demais patriarcas descendentes de Adão, até a Santa Virgem, torna apta a referida matéria para a concepção do corpo de Cristo. Mas essa matéria não foi formada no corpo de Cristo por uma virtude derivada do sémen de Adão. Por isso se diz, que Cristo existiu em Adão originalmente, pela sua substância corpórea, mas não por via seminal.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Embora o corpo de Cristo não tivesse existido em Adão e nos outros patriarcas por via seminal, contudo o corpo da Santa Virgem, concebido do sémen masculino, existiu por via seminal em Adão e nos outros patriarcas. Por isso, mediante a Santa Virgem, Cristo é considerado, quanto à sua carne, descendente originariamente da raça de Davi.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Cristo tem afinidade com o género humano por semelhança específica. Ora, a semelhança específica não se tunda na matéria remota, mas na matéria próxima e num principio activo, que gera o seu semelhante específico. Assim, pois, a afinidade de Cristo com o género humano fica suficientemente salva por ter sido o corpo de Cristo formado do sangue da Virgem derivado originalmente de Adão e dos demais patriarcas. Nem importa a essa afinidade a matéria de que tal sangue foi formado, como não o importa à geração dos outros homens, como se disse na Primeira Parte.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Evangelho, comentário, L. Espiritual



Tempo comum XVII Semana

Santa Marta

Evangelho: Jo 11, 19-27

19 Muitos judeus tinham ido ter com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. 20 Marta, pois, logo que ouviu que vinha Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em casa.21 Marta disse então a Jesus: «Senhor, se estivesses cá, meu irmão não teria morrido. 22 Mas também sei agora que tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». 23 Jesus disse-lhe: «Teu irmão há-de ressuscitar». 24 Marta disse-Lhe: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». 25 Jesus disse-lhe: «Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; 26 e todo aquele que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Crês isto?». 27 Ela respondeu: «Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vieste a este mundo».

Comentário:

A figura de Marta talvez seja mais conhecida pelo episódio, que o Evangelho narra, pela sua actividade e empenho nas lides domésticas, na sua entrega ao serviço que compete a uma dona de casa.

Na verdade, Marta, é um exemplo de mulher forte e esclarecida que confia e acredita no seu amigo Jesus Cristo.

Faz parecer que, para ela, tudo está claro e evidente, o que Jesus disse é suficiente, portanto, de nada mais precisa, nem mesmo dos milagres que, sabe, o Senhor pode realizar.

(ama, comentário sobre Jo 11, 19-27, 2013,07.29)



Leitura espiritual



São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus

202
        
Aproxima-se da figueira: aproxima-se de ti e aproxima-se de mim.
Jesus tem fome e sede de almas.
Do alto da cruz clamou: sítio!, tenho sede.
Sede de nós, do nosso amor, das nossas almas e de todas as almas que lhe devemos levar pelo caminho da Cruz, que é o caminho da imortalidade e da glória do Céu.

Abeirou-se da figueira, mas não encontrou senão folhas.
É lamentável.
Não acontecerá assim também na nossa vida?
Não haverá nela, infelizmente, falta de fé e de vibração de humildade, ausência de sacrifícios e de obras?
Não será que apresentamos um cristianismo só de fachada e sem frutos?
É terrível, porque Jesus ordena: Nunca mais nasça fruto de ti. E, imediatamente, secou a figueira.
Entristece-nos esta passagem da Sagrada Escritura, ao mesmo tempo que, por outro lado, nos anima a avivar a fé, a viver conformes à fé, para que Cristo receba sempre algum lucro da nossa parte.

Não nos enganemos.
Nosso Senhor não depende nunca das nossas construções humanas. Os projectos mais ambiciosos são, para Ele, brincadeiras de crianças. Ele quer almas, quer amor.
Quer que todos venham gozar do seu Reino, por toda a eternidade. Temos de trabalhar muito na terra e temos de trabalhar bem, porque essa ocupação corrente é a que devemos santificar.
Mas nunca nos esqueçamos de a realizar por Deus.
Se trabalhássemos por nós mesmos, isto é, por orgulho, só conseguiríamos produzir folhas e nem Deus nem os homens poderiam saborear, numa árvore tão frondosa, a doçura dos frutos.

203
        
Então, ao olharem para a figueira seca, os discípulos admiraram-se, dizendo: como secou a figueira imediatamente?
Aqueles primeiros doze, que tinham presenciado tantos milagres de Cristo, ficam estupefactos mais uma vez, porque a sua fé ainda não era ardente.
Por isso o Senhor afirma: Na verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito a esta figueira, mas ainda se disserdes a este monte: sai daí e lança-te ao mar, assim se fará.
Jesus Cristo estabelece esta condição: que vivamos da fé, porque depois seremos capazes de remover montanhas.
E há tantas coisas a remover... no mundo e, antes de mais, no nosso coração.
Tantos obstáculos à graça!
Tenhamos, pois, fé. Fé com obras, fé com sacrifício, fé com humildade.
Na realidade, a fé converte-nos em criaturas omnipotentes: E tudo o que pedirdes com fé na oração o recebereis.

O homem de fé sabe julgar bem as questões terrenas, sabe que a vida terrena é, no dizer de Santa Teresa, uma má noite numa má pousada.
Renova a sua convicção de que a nossa existência na terra é tempo de trabalho e de luta, tempo de purificação para saldar a dívida para com a justiça divina, pelos nossos pecados.
Sabe também que os bens temporais são meios e usa-os generosamente, heroicamente.

204
         
A fé não serve só para ser pregada, mas especialmente para ser posta em prática.
Talvez nos faltem as forças com frequência.
Nesses momentos - e de novo nos socorremos do Santo Evangelho - comportai-vos como aquele pai do rapaz lunático.
Deseja a salvação do filho, espera que Cristo o cure, mas não acaba de acreditar em tamanha felicidade.
Por isso Jesus, que sempre pede fé, conhecendo as perplexidades daquela alma, antecipa-se: se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.
Tudo é possível: omnipotentes!
Mas com fé.
Aquele homem sente que a sua fé vacila, teme que essa escassez de confiança impeça que o seu filho recupere a saúde.
E chora.
Que não nos envergonhemos deste pranto: é fruto do amor de Deus, da oração contrita, da humildade.
E o pai do menino, banhado em lágrimas, exclamou: eu creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade .

Ao terminar agora esta nossa meditação, digamos-lhe com as mesmas palavras: Senhor, eu creio!
Eduquei-me na tua fé, decidi seguir-te de perto.
Ao longo da minha vida, implorei insistentemente a tua misericórdia. E, repetidas vezes também, pareceu-me impossível que pudesses fazer tantas maravilhas no coração dos teus filhos.
Senhor, creio!
Mas ajuda-me, para que eu creia mais e melhor!

Dirigimos igualmente uma súplica a Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, Mestra de fé: Bem-aventurada tu que creste, porque se hão-de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas.

205
        
Há já bastantes anos, com uma convicção que crescia de dia para dia, escrevi: Espera tudo de Jesus; tu nada tens, nada vales, nada podes. - Ele agirá, se n'Ele te abandonares.
Passou o tempo e aquela minha convicção tornou-se ainda mais forte, mais profunda.
Tenho visto, em muitas vidas, que a esperança em Deus acende maravilhosas fogueiras de amor, com um fogo que mantém palpitante o coração, sem desânimos, sem desfalecimentos, embora ao longo do caminho se sofra e, às vezes, se sofra deveras.

Enquanto lia o texto da Epístola da Missa, comovi-me e imagino que vos aconteceu o mesmo.
Compreendia que Deus nos ajudava, com as palavras do Apóstolo, a contemplar a teia divina das três virtudes teologais, que compõem o fundo sobre o qual se tece a existência autêntica do homem cristão, da mulher cristã.

Ouvi de novo S. Paulo: Justificados pela fé, tenhamos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem temos acesso pela fé a esta graça, na qual permanecemos firmes e nos gloriamos na esperança da glória dos filhos de Deus. Mas não nos gloriamos somente nisto; alegramo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação exercita a paciência, a paciência a prova e a prova a esperança; esperança que não engana, porque a caridade de Deus foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo.

206
         
Aqui, na presença de Deus, que nos está a presidir do sacrário - como fortalece esta proximidade real de Jesus! - vamos meditar hoje esse suave dom de Deus, a esperança, que enche de alegria as nossas almas, spe gaudentes, jubilosos, porque - se formos fiéis - nos aguarda o Amor infinito.

Não esqueçamos jamais que para todos - para cada um de nós, portanto - só há dois modos de estar no mundo: ou se vive vida divina, lutando para agradar a Deus, ou se vive vida animal, mais ou menos humanamente ilustrada, quando se prescinde d'Ele.
Nunca concedi demasiado peso aos santões que fazem alarde de não serem crentes: quero-lhes realmente muito, como a todos os homens, meus irmãos; admiro a sua boa vontade, que em determinados aspectos pode mostrar-se heróica, mas tenho pena deles, porque têm a enorme desgraça de lhes faltar a luz e o calor de Deus e a inefável alegria da esperança teologal.

Um cristão sincero, coerente com a sua fé, não actua senão com os olhos em Deus, com visão sobrenatural; trabalha neste mundo, que ama apaixonadamente, metido nos afãs da terra, com o olhar no Céu.
É S. Paulo quem o confirma: quæ sursum sunt quærite; buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; saboreai as coisas do Céu, não as da terra.
Porque estais mortos - para as coisas terrenas, pelo Baptismo - e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

207
         
Esperança terrena e esperança cristã

Com monótona cadência sai da boca de muitos o ritornello já tão vulgar, de que a esperança é a última coisa que se perde; como se a esperança fosse um apoio para continuarmos a deambular sem complicações, sem inquietações de consciência; ou como se fosse um expediente que permite adiar sine die a oportuna rectificação do procedimento, a luta para alcançar metas nobres e, sobretudo, o fim supremo de nos unirmos com Deus.

Eu diria que esse é o caminho para confundir a esperança com a comodidade.
No fundo, não há ânsias de conseguir um verdadeiro bem, nem espiritual, nem material legítimo; a mais alta pretensão de alguns reduz-se a evitar o que poderia alterar a tranquilidade - aparente - de uma existência medíocre.
Com uma alma tímida, acanhada, preguiçosa, a criatura enche-se de egoísmos subtis e conforma-se com o facto de os dias, os anos decorrerem sine spe nec metu, sem aspirações que exijam esforço, sem os perigos da peleja: o que importa é evitar o risco do desaire e das lágrimas.
Que longe se está de obter uma coisa, se se malogrou o desejo de a possuir, por temor das exigências que a sua conquista comporta!

Também não falta a atitude superficial dos que - inclusive com visos de afectada cultura ou de ciência - compõem poesia fácil com a esperança.
Incapazes de se enfrentarem sinceramente com a sua intimidade e de se decidirem pelo bem, limitam a esperança a uma ilusão, a um sonho utópico, ao simples consolo ante as angústias de uma vida difícil.
A esperança - falsa esperança! - transforma-se para estes numa frívola veleidade que a nada conduz.

(cont)



Pequena agenda do cristão



Quarta-Feira

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Reflectindo - 89

Ser servo e ser amigo



Há de facto uma diferença e vê-se bem qual é.

O amo pode ser amigo do seu servo, isto é sente amizade por ele porque faz o que lhe manda fazer, é diligente, não recalcitra, aceita de bom grado o trabalho que lhe encomenda, a sua liberdade para escolher outro servo está condicionada pela aptidão que esse outro possa ter para cumprir à tarefas que este cumpre a contento, mas mesmo querendo-lhe como amigo tratá-lo-á sempre como servo.

O inverso pode também ser verdadeiro, o servo pode ter amizade pelo seu senhor porque é justo, o trata com urbanidade, não lhe exige tarefas que vão além das suas capacidades, mas sempre o considerará como seu amo e não tem a liberdade de poder escolher outro.

Então a diferença está exactamente nisto: os amigos verdadeiros são-no em qualquer circunstância e não se exigem nada um ao outro pelo contrário gozam com as diferenças e idiossincrasias de cada um encontrando sempre pontos comuns ou que se completam.
São livres de ter outros amigos, diferentes interesses e objectivos.

Sim, de facto existem diferenças e de monta mas também existe algo que é comum e, esse algo, é exactamente o serviço.

Os amigos verdadeiros prestam-se serviços mútuos, pequenos ou grandes, de muita ou escassa importância. Serviço que começa na disponibilidade gratuita para suprir uma necessidade, ajudar a ultrapassar um momento menos bom, na partilha da alegria e da dor do outro, tudo como que balizado por um profundo respeito mútuo pela privacidade de cada um.

É esta a amizade à qual o Senhor se refere em Jo 15 12-17 e, de facto uma amizade assim pode conduzir à dádiva da própria vida pelo amigo.


(ama, Reflexões, 2015.05.08)