Ser servo e ser amigo
Há de facto uma diferença e vê-se bem qual é.
O amo pode ser amigo do seu servo, isto é sente amizade por ele porque faz o que lhe manda fazer, é diligente, não recalcitra, aceita de bom grado o trabalho que lhe encomenda, a sua liberdade para escolher outro servo está condicionada pela aptidão que esse outro possa ter para cumprir à tarefas que este cumpre a contento, mas mesmo querendo-lhe como amigo tratá-lo-á sempre como servo.
O inverso pode
também ser verdadeiro, o servo pode ter amizade pelo seu senhor porque é justo,
o trata com urbanidade, não lhe exige tarefas que vão além das suas capacidades,
mas sempre o considerará como seu amo e não tem a liberdade de poder escolher
outro.
Então a
diferença está exactamente nisto: os amigos verdadeiros são-no em qualquer
circunstância e não se exigem nada um ao outro pelo contrário gozam com as
diferenças e idiossincrasias de cada um encontrando sempre pontos comuns ou que
se completam.
São livres de ter outros amigos, diferentes interesses e objectivos.
São livres de ter outros amigos, diferentes interesses e objectivos.
Sim, de facto
existem diferenças e de monta mas também existe algo que é comum e, esse algo,
é exactamente o serviço.
Os amigos
verdadeiros prestam-se serviços mútuos, pequenos ou grandes, de muita ou
escassa importância. Serviço que começa na disponibilidade gratuita para suprir
uma necessidade, ajudar a ultrapassar um momento menos bom, na partilha da
alegria e da dor do outro, tudo como que balizado por um profundo respeito
mútuo pela privacidade de cada um.
É esta a
amizade à qual o Senhor se refere em Jo 15 12-17 e, de facto uma amizade assim
pode conduzir à dádiva da própria vida pelo amigo.
(ama, Reflexões, 2015.05.08)
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