Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
EVANGELHO - Lc X, 25-37
«Estava junto do mar, quando chega um
dos príncipes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, cai-lhe aos pés e
suplica-lhe instantemente, dizendo: A minha filhinha está em agonia, Vem
impor-lhe as mãos, para que se salve e viva! E foi com ele.» (Mc
V, 20-25)
Personagem
Presente no julgamento
Sem dúvida que o
porto é o seio de Deus, fim de todo o homem: A Eternidade! No cais desse porto,
Ele estará à minha espera com o grande livro nas mãos. Ao lado está presente o
Anjo que designou para ser o “meu Guarda”; ele sabe qual era a vontade do meu
Criador a meu respeito, o que desejava que fizesse para navegar no rumo que
tinha traçado para mim. Ao lado do Juiz, está atentíssimo ao folhear das
páginas, preparado para intervir, sempre em meu favor, nalguma passagem mais
crítica ou delicada, apressar-se-á a explicar que as circunstâncias, o mar
revolto, as ondas e os ventos, o ambiente, as debilidades pessoais, talvez
tenham contribuído para o meu navegar por vezes incerto, errático. Nesse livro
está toda a minha vida, desde que nasci até a esse derradeiro momento da minha
partida. É um registo fiel e rigoroso onde tudo, absolutamente, se descreve. Em
primeiro lugar deverá constar a “expectativa” do Criador a meu respeito: ‘Desde o início do mundo, pensei em ti e
criei-te para seres… Depois virá uma lista, rigorosa, completa de tudo
quanto me deu para conseguir corresponder a essas “expectativas”. É uma lista
longa, que, constato talvez com espanto, cobre todos os dias da minha vida.
Diariamente fui recebendo dons, graças, inspirações, sentimentos que se
destinaram a ajudar-me em cada momento a caminhar nesse sentido. Logo no
início, deverão descrever-se os talentos que recebi, que Ele, com Infinita
Bondade, inseriu na minha alma no momento em que fui concebido. Depois virá um
rol exaustivo das graças iniciais que me foram conce-didas: O ambiente cristão
em que nasci, a educação que os meus pais me proporcionaram, o exemplo que me
deram: Assim como que uma espécie de “handicap” que mefoi concedido em relação
a tantos – muitos – outros que não tiveram nada disso ou tiveram muito menos. Aqui sobressai a graça do Baptismo que me
integrou na Sua Santa Igreja e onde, perante o mundo, me foi dado o nome pelo
qual Ele próprio, me chamou desde o início da criação. Constará, decerto, a
primeira vez que me dirigi à Sua Santíssima Mãe, a primeira Ave-Maria que,
pacientemente, a minha mãe me ensinou a balbuciar.
Com cores muito vivas
estará patente o retracto da minha alma inocente, branca, pura, impecável na
festa do meu primeiro encontro com Ele, quando O recebi pela primeira vez.
Também consta o momento em que me tornei Seu “soldado” com a descrição das
graças que em mim infundiu o Espírito Santo. A partir destas páginas iniciais abre-se um
segundo capítulo que cobre toda a minha juventude. Minuciosamente passa em
revista, ponto por ponto, tudo o que se passou conmigo nesse período. Não nos
lembrava nem de uma pequena parte e, no entanto, está tudo ali cuidadosamente
registado. Talvez surja um “apontamento” referente a uma insinuação que me fez
acerca da minha vocação e, claro, a minha resposta. Esta referência há-de
aparecer mais vezes ao longo das páginas deste capítulo e, também, em cada
caso, a resposta que então demos: ‘Sim, aqui estou’! ‘Sim, mas…’; ‘Agora…
não’!; ‘Não! Nem pensar em tal coisa’! Fico muito admirado porque não me lembrava
de quantas vezes tínha ouvido a pergunta, escutado o desafio: ‘Vem comigo. Segue-me!’ E os entusiasmos
passageiros, os desejos de corresponder logo sufocados e os projectos de
mudança por concretizar… tantas oportunidades não aproveitadas e para sempre
perdidas! As mãos divinas folheiam agora o grande capítulo da minha vida
adulta. Desejaría que algumas passagens, talvez páginas inteiras, não
estivessem ali, mas… estão! Deve ser aqui que “o meu Guarda” mais intervém,
quase sempre para confirmar: ‘Mas… arrependeu-se,
pediu perdão’… ‘Sim – dirá Cristo – é verdade, foi perdoado e o
assunto esquecido, mas… consta aqui… quod
scripsi, scripsi’. E, o Senhor,
passa adiante... sinto como que um “aperto” no peito ao constatar os pequenos
traços vermelhos com que o Juiz vai sublinhando passagens do livro; às vezes
páginas inteiras. Traços vermelhos!
Não auguram nada de
bom!…
‘Morri’!!!
Sonhei com a minha morte e, de certa forma bizarra,
percebi que estava a ficar preocupado com algo que, sei, vai acontecer: o “interrogatório”
que o Senhor me fará! O que vou responder? Como vou responder? Penso que
poderia usar um pequeno (grande) “truque” e usar as palavras de Pedro: «Tu, Senhor, Tu sabes tudo! Porque me
interrogas?». Mas, talvez, Ele vá insistir em obter respostas concretas. Tenho
ali, a meu lado, o meu Anjo da Guarda e olho para ele num apelo mudo e um pouco
aflito. Inclina-se sobre o meu ombro e segreda-me: ‘Ne timeas…’ Assim, de repente, penso que isso é bem fácil de dizer,
mais a mais a um Anjo: Não temas! Grande coisa!!! Não tive tempo de lhe
explicar que não tenho medo, sim… na verdade, não tenho medo! Tenho a convicção
absoluta que este chamamento final, derradeiro, do Senhor se deve à Sua
Misericórdia. Muito provavelmente terá decidido fazê-lo pensando: ‘Chamemos este desgraçado antes que faça mais
disparates!!!’. Ou seja… provavelmente não estava “pronto”, quero dizer,
não tinha tudo em ordem, arrumado, muito certinho… seria só chegar ali e
mostrar-me, abrir o livro e… pronto… Mas… não! O livro é Ele Quem o tem
nas Suas mãos. Tem oitenta e tal páginas escritas em letra bem nítida e
compreensível. Consigo ver muitos pontos de exclamação e, isto, preocupa-me um
pouco porque não sei se se devem a uma apreciação positiva ou negativa.
Depois vejo a Senhora! Radiante, linda, sereníssima. Tem
um enorme marcador verde na mão direita e, debruçando-se sobre o livro começa a
sublinhar frases inteiras, às vezes, períodos extensos. Fico fascinado e
expectante enquanto a Senhora, tranquilamente, vai passando página após página
sempre sublinhando, sem qualquer hesitação palavras após palavras. De soslaio
olho para o meu Anjo que me sorri de volta: ‘Ne timeas…’. O Filho não diz nada, observa atentamente a “tarefa”
da Sua Mãe. Parece-me que já está habituado a estas coisas e, espera,
pacientemente, até que, nas Suas mãos, fica um livro cheio de marcas
verdes. Uma coisa inacreditável! Fico, também, calado, pois que hei-de eu
dizer? Finalmente, este maravilhoso interregno, acaba e, eu, fico à espera do
tal “interrogatório”. Mas… O Senhor, não diz nada.
Fecha o livro e entrega-o ao meu Anjo para que o
guarde na grande Estante dos Livros
da Vida dos Homens. Olha para mim uns brevíssimos momentos como se uma
pequena hesitação O assaltasse, mas, logo de imediato, estende-me a Sua Mão e
diz-me simplesmente: ‘Vem!’)
Apercebo-me sem dificuldade que faz todo o sentido a
presença da Mãe. De facto, ela tem muito a ver com tudo o que se passa com a
humanidade.
Afinal todos os homens – por vontade expressa do Filho
- somos seus filhos. Mas também tem muito a ver com o mar porque é Guia dos Navegantes; a Stela Maris; a segurança – iter para tuto …. Guia para um
caminho seguro. A sua vida depois que o Filho começou a ingente tarefa que
O trouxe ao mundo, foi passada entre pescadores, homens do mar, gente habituada
aos “altos e baixos” da profissão, das pescas abundantes e dos malogros das
redes vazias. Sabe do que falam, conhece o que desejam, consola-os e anima-os a
prosseguir. Tal como o Filho também ela lhes diz: «Duc in altum», fazei-vos ao largo onde a pesca será mais abundante
e compensadora do esforço dispendido. Não vai com eles nas barcas, mas fica em
terra, na praia, pensando neles, pedindo insistentemente ao Filho que os guie,
os proteja, que os ventos e as ondas não se tornem perigos insuperáveis. Mas,
se acaso, soçobram ou estão prestes a sucumbir porque ou perderam os remos ou
as velas e estão à deriva num mar desconhecido apressa-se a socorrê-los. Em
Dezembro de 2011 a embarcação “Virgem do Sameiro”, com seis pescadores a bordo,
naufragou. Os pescadores recolheram-se numa balsa e andaram sessenta horas à
deriva no mar, exaustos, sem comida nem água sem quaisquer meios disponíveis
para sobreviver, quando finalmente foram avistados por um helicóptero que os
resgatou e os trouxe para terra. Rodeado pelas televisões e jornalistas, o
Mestre da embarcação respondeu a uma jornalista que perguntava o que tinha a
dizer sobre o que se afirmava que teria sido milagre por intervenção de Nossa
Senhora: ‘Sim, estou convencido que foi um milagre! Não é por acaso que o nome
da embarcação é “Virgem do Sameiro” e que dentro da balsa tínhamos um Terço do
Rosário’». ([i])
É
bem conhecida a devoção das gentes do mar à Virgem Santíssima. Muitas das suas
embarcações têm nomes que a invocam. Fazem-se procissões em sua honra muito
concorridas com os barcos engalanados em ambiente de grande festa e alegria.
Algumas ostentam pinturas algumas de carácter bem ingénuo quase infantis,
outras mais elaboradas retratando cenas mais complexas em que a Senhora é
sempre a figura central. Desde sempre o mar atrai o ser humano talvez pelo que
encerra de mistério e desconhecido. Constitui um desafio que está ali,
poderosamente presente aguardando que alguém se aventure à descoberta do que
esconde. E o que é a minha vida senão um navegar num oceano desconhecido onde a
cada momento preciso acertar o rumo, corrigir a rota, guiando-me pela bússola
que me indica o porto onde quero chegar. Há muitíssimos portos que, aparentemente,
podem parecer-me atraentes, interessantes. Talvez, até, adequados àquilo que
costumo chamar “a minha maneira de ser”. Vou por ali, navegando como sei e posso,
determinado, umas vezes, outras, tergiversando, lutando contra os ventos e as
marés, as tempestades ou as faltas de vento que enfunem as velas da minha
esperança. Considero-me marinheiro experimentado, sabendo muito bem como fazer
para chegar ao porto? Tenho a certeza que os meios que uso são os mais
adequados, em cada momento e circunstância, para atingir o meu fim? Não seria muito melhor deixar nas mãos de
Cristo o leme da minha barca? Ele sabe como fazer – sempre – para levar essa
barca, que é a minha vida, pelas águas mais tranquilas, no rumo mais certeiro,
com os ventos mais favoráveis. Nas borrascas, estará firme no Seu posto, no
cansaço da luta não Se deixará vencer nem pela fadiga nem pelo desânimo. No fim
e ao cabo, Ele, é o Caminho! Cristo está junto ao mar porque quer ver como me
comporto na minha barca, na minha navegação. Ele sabe muito bem os perigos que
o mar desta vida tem, conhece profundamente e em detalhe as minhas
incapacidades e deficiências como “marinheiro”. Está ali, para “o que der e
vier”. Da praia, se me vir em perigo, aflito com a perda do rumo, acenar-me-á
para que vá ter com Ele.
É tão bom saber que
Cristo está na praia do meu mar! Que
confiança me dá o sabê-lo ali, disponível para o que for preciso! Mesmo quando
não me damos conta, ou pior, quando ignoro a Sua presença, Ele está lá, sempre,
solícito e pronto a acudir-me. Até se me considero importante, capaz,
instruído, sabedore, Ele não Se afasta, continua sempre disponível e expectante
à minha espera.
Foi na praia que Jesus
começou a fantástica história da salvação humana. [ii] Eram homens do mar os que, em primeiro
lugar, Jesus escolheu para concretizar a Sua Missão Salvadora. Muito
particularmente, estes três: Pedro, Tiago e João, acompanhá-Lo-ão, sempre de
perto desejando conquistar a Sua intimidade. Quantas longas horas deve ter
passado instruindo a sua pouca cultura, limando as rudezas do seu carácter,
cimentando a sua dedicação! Desejou tê-los consigo nos momentos mais marcantes,
que conhecemos, da Sua vida pública: Nos grandes milagres, como a ressurreição
de Lázaro como testemunhas particulares da Sua Divindade – na Transfiguração do
Tabor - nas horas dramáticas de Getsémani. A Pedro, impetuoso, decidido e…
cobarde, desculpar-lhe-á a traição, o abandono e confere-lhe a suprema honra de
ser o Seu primeiro representante na terra. Sabe que, apesar de tudo, pode
contar com ele. A sua maneira de ser é por vezes irreflectida, mas, quando o
Mestre o chama, mesmo sabendo que não lhe é possível caminhar sobre as águas
lança-se impetuosamente ao mar para ir ter com Ele. Depois, cai em si, encara a
situação e a sua confiança no Senhor, esmorece e como resultado começa a
afundar-se. Mas Cristo está ali a pouca distância, o Seu olhar tranquilo não se
despega do seu cheio de temor e grita: «Salva-me,
Senhor!» ([iii])
Jesus conversa com eles de forma que eles entendem bem: Fala-lhes do mar
e da faina da pesca. Diz-lhes que o que espera deles, a tarefa grandiosa,
extraordinária que lhes tem reservada. ([iv])
Talvez não tenham percebido completamente o que encerrava esta primeira lição,
mas não precisaram de mais para se decidirem. Na escolha feita por Jesus, o que
contou, de facto, foi a pronta decisão de O seguirem assim que os chamou. Certamente haveria, na Palestina, outros
homens de igual ou melhor carácter, com qualidades, talvez, mais marcantes,
muito provavelmente mais capazes de apreenderem com maior rapidez a missão que
lhes destinaria. Mas, no mar, sozinho entre o céu e a as águas profundas e
misteriosas, o homem sente-se mais entregue a si mesmo, percebe que a sua vida
depende da sua perícia, da sua aptidão, da sua capacidade de enfrentar as
dificuldades. Os pescadores estão habituados a trabalhar em equipa, a obedecer
a um chefe, o patrão da barca, a quem confiam as suas vidas. É ele quem dá as
ordens, quem destina o que se deve fazer em cada momento, quem escolhe o rumo,
quem melhor conhece os ventos e a força das ondas. Pedro, não só é, deles, o
que tem mais experiência, mas é quem sabe sempre o que fazer em todos os
momentos. Mantém a calma e a serenidade perante os perigos sempre à espreita,
sabe mandar e, muito importante, é capaz de substituir sempre quem, por este ou
aquele motivo, se encontre incapacitado para o trabalho que lhe compete. São
solidários uns com os outros, se um, por qualquer motivo, falha no que lhe está
cometido, é substituído sem demora e sem recriminações. Parece lógico que, a
Igreja, venha a ser confiada a homens assim. Mais tarde, é na margem do mar,
que Cristo Ressuscitado lhes aparece. Sabe onde os encontrar nas horas da
desilusão e atordoamento que se seguiram à Sua Paixão e Morte; «Disse-lhes então Jesus: Não temais. Ide dar
a notícia aos Meus irmãos, para que vão para a Galileia e lá Me verão». ([v])
Jesus e a Igreja
Ele sabe bem o que
espera os homens da Sua Igreja até ao final dos tempos. A agitação, os ventos
contrários, os naufrágios, as vagas alterosas, o velame que se rompe, os
mastros que quebram. Por isso, escolhe, sempre, um “patrão” para a Sua barca
que sabe guiá-la através de todas estas dificuldades, que será sempre fiel ao
rumo e que acabará sempre por alcançar bom porto. Esses homens que ao longo dos
séculos se têm sucedido no comando da barca de Cristo, da Sua Igreja, são
sempre as melhores escolhas porque, quem os escolhe, é Ele. Como não confiar
inteiramente naquele que foi escolhido para esse lugar? Sozinho, entre o mundo
e Cristo, o Papa encontra sempre o rumo certo para a Igreja, porque não confia
em si próprio, na sua sabedoria ou aptidões, mas, sim, em Cristo a quem obedece
fielmente nesse constante «duc in altum.»
Nem um “til”, nem um “jota” jamais será mudado ou alterado até ao final dos
tempos. Jesus afirma: «Sobre esta pedra
edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.»
([vi])
Estas palavras atestam a vontade de Jesus em edificar a Sua Igreja com uma
referência especial à missão e o poder específicos que Ele, por Sua vez,
conferirá a Simão. Jesus define Simão Pedro como cimento sobre o qual
construirá a Sua Igreja. A relação Cristo-Pedro reflecte-se, assim, na relação
Pedro-Igreja. Confere-lhe valor e clarifica o seu significado teológico e
espiritual, que objectiva e eclesialmente está na base do seu significado
jurídico. Jesus disse a Pedro: «O que
atares na terra ficará atado nos céus, e o que desatares na terra ficará
desatado nos céus.» ([vii])
Como não aceitar inteiramente como guia e chefe o que foi escolhido para esse
lugar?
A missão do Papa é
uma missão divina porque emana do próprio Jesus Cristo, com um mandato preciso
e claro. O que Jesus disse a Pedro não foram generalidades mais ou menos
abrangentes, algo vago, indefinido. Não! ([viii])
É, portanto, claro
que um cristão tem o dever de acatar as directrizes emanadas desde a Cátedra de
Pedro. Seja quem for o homem que a ocupe, ele é sempre o Vigário de Cristo na
terra e, a palavra “vigário” significa exactamente, aquele que substitui
alguém.
São José
São José, varão feliz, que tiveste a dita dever e
ouvir o próprio Deus, a Quem muitos reis quiseram ver e não viram, ouvir e não
ouviram; e não só ver e ouvir mas ainda mais: Trazê-Lo nos braços, beijá-Lo,
vesti-Lo, e guardá-Lo. Rogai por nós, Bem-Aventurado José, para que sejamos
dignos das promessas de Cristo. Amén.
Links
sugeridos:
Evangelho/Biblia
Santa Sé
[1] Estas declarações estão gravadas em vídeo. (http://expresso-virgem-do-sameiro-diz-que-o-mais-dificil-foi-suportar-o-frio-video=f692077)
[1] Cfr. Mt 4, 18-22
[1] Cfr. Mt 14, 28-31
[1] Cfr. Lc 5,1-11
[1]
Mt 28,10
[1] Mt 16,18.
[1] Mt 16,19.
[1]«Segundo
textos evangélicos, a missão pastoral do Romano Pontífice, sucessor de Pedro,
comporta uma missão doutrinal. Como pastor universal, o Papa tem a missão de
anunciar a doutrina revelada e de promover em toda a Igreja a verdadeira fé em
Cristo. Pedro é o primeiro daqueles Apóstolos aos quais Jesus disse: Como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a
vós (Jo 20,21; Cfr. 17,18). Como pastor universal, Pedro deve
actuar em nome de Cristo e em sintonia com Ele em toda a ampla área humana na
qual Jesus quis que se pregasse o Seu Evangelho e se anunciasse a verdade
salvífica: No mundo inteiro. Contudo, o Bispo de Roma, como cabeça do colégio
episcopal por vontade de Cristo, é o primeiro pregoeiro da fé, ao que
corresponde a tarefa de ensinar a verdade revelada e de mostrar as suas
aplicações no comportamento humano. Ele é o primeiro responsável pela difusão
da fé no mundo. O sucessor de Pedro cumpre esta missão doutrinal mediante uma
série contínua de intervenções orais e escritas que constituem o exercício ordinário
do magistério como ensinamento das verdades em que é preciso acreditar e
aplicar na vida (fidem et mores). Os
actos que expressam tal magistério podem ser mais ou menos frequentes e tomar
formas diferentes segundo as necessidades dos tempos, as exigências de
situações concretas, as possibilidades e meios disponíveis, os métodos e as
técnicas de comunicação. Mas, uma vez que derivam de uma intenção explícita ou
implícita de se pronunciar em matéria de fé e costumes, remetem-se ao mandato
recebido por Pedro e revestem-se da autoridade que Cristo lhe conferiu. Ao
cumprir esta tarefa, o sucessor de Pedro expressa de forma pessoal, mas com
autoridade institucional, a “regar da fé”, à qual devem ater-se os membros da
Igreja universal – simples fiéis, catequistas, professores de religião,
teólogos –, ao procurar o sentido dos conteúdos permanentes da fé cristã,
inclusive em relação com as discussões que surgem dentro e fora da comunidade
eclesial sobre diversos pontos ou sobre todo o conjunto da doutrina. É verdade
que dentro da Igreja, todos, e de forma especial os teólogos, estão chamados a
realizar este trabalho de contínuo esclarecimento e explicação. Mas a missão de
Pedro e dos seus sucessores consiste em estabelecer e afirmar com autoridade o
que a Igreja recebeu e acreditou desde o princípio, o que os apóstolos
ensinaram, o que a Sagrada Escritura e a tradição cristã fixaram como objecto
de fé e como norma cristã de vida. Também os outros pastores da Igreja, os
bispos sucessores dos apóstolos, são confirmados pelo sucessor de Pedro na sua
comunhão de fé com Cristo e no cumprimento fiel da sua missão. Deste modo, o
magistério do bispo de Roma assinala a todos uma linha de clareza e unidade
que, especialmente em tempos de máxima comunicação e discussão, como o nosso,
resulta imprescindível. O Romano Pontífice (…) tem a missão de proteger o povo
cristão contra os erros no campo da fé e da moral, o dever de guardar o
depósito da fé (Cfr. 2 Tim 4,7). Ai daquele que se assustasse ante as críticas
e as incompreensões! O seu papel é dar testemunho de Cristo, da Sua palavra, da
Sua lei e do Seu amor. Mas à consciência da sua responsabilidade no campo
doutrinal e moral, o Romano Pontífice deve acrescentar o compromisso de ser,
como Jesus, «manso e humilde de coração»
(Mt 11,29)» são joão paulo ii, Audiência
Geral, 10.03.1993).