Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
(Re Mc XI...)
Falavam os discípulos entre eles sobre a oração e
isto, a mim que os escutava, parecia-me pertinente porque as orações que ouviam
aos Escribas e Sacerdotes eram praticamente incompreensíveis, alongavam-se
interminavelmente, num como que amontoado disforme de citações de Salmos e
outros textos da Escritura, repletas de gestos rituais como bater no peito,
levantar as mãos ao céu, etc.
Para eles, Deus era particularmente cioso e
irredutível na Sua magestade todo poderosa, não admitiria outras formas de os
seres humanos se dirigirem a Ele.
Nas suas "orações" não pediam nada nem
por ninguém, limitavam-se a infindáveis palavras sobre como eram bons,
irrepreensíveis, cumpridores da Lei.
O povo ignaro e submisso não entendia nada, não
compreendia nada de tal modo que pura e simplesmente pensava que não lhe
competia orar uma vez que não saberia como.
Já tínhamos assistido por diversas vezes a momentos
de oração de Jesus e podíamos constatar a serenidade, a ausência de gestos e
até, muitas vezes ausência de palavras. Quando as pronunciava, eu pelo menos
percebia, era para nos instruir, dar exemplo de como orar.
O que fui retendo e guardo é a conclusão de que
Orar é falar com Deus, numa conversa normal, sincera, aberta, sem manifestações
desnecessárias. Nessa conversa falamos dos outros, todos os outros que nos são
familiares, próximos ou meramente os que se vão cruzando connosco nos caminhos
da vida.
Também, claro está, falamos de nós próprios
contando o que nos acontece e o que desejamos nos acontecesse
Qualquer lugar ou circunstância servem para essa
conversa desde que, evidentemente, consigamos o recolhimento interior
indispensável a uma conversa com o nosso Deus e Senhor.
Não me interessa avaliar se o que agora digo ou
peço é a milionésima vez que o faço, Ele Próprio recomendou que insistisse com
perseverança e sem desfalecimentos.
Para mim, basta-me conhecer e acreditar nas
palavras de Jesus:
«Tudo quanto pedirdes na oração, crede que o
havereis de conseguir e o obtereis».
Reflexão
Por vezes penso que
me seria conveniente ser invizual, cego.
Pelos olhos dentro
surgem coisas, imagens, cenas que me incomodam, excitam os sentidos, provocam
desconforto.
Se não pudesse ver
seria tudo muito mais fácil...
Porém, reflicto que
os olhos do corpo não têm forçosamente que ver como os "olhos da
alma" e, sendo assim, peço ao Senhor que os olhos da minha alma fiquem
imunes, protegidos com carapaça inviolável, dessas imagens.
Não consentir, não
contemplar e, se o Senhor me ajudar, como estou seguro me ajudará, todo esse
lixo não passará de imagens fugases que não deixarão qualquer lastro.
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