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Fé.
Precisamos
de fé.
Se
olharmos com olhos de fé, descobrimos que a Igreja contém em si mesma e difunde
à sua volta a sua própria apologia.
Quem
a contempla, quem a estuda com olhos de amor à verdade, deve reconhecer que
ela, independentemente dos homens que a compõem, e das modalidades práticas com
que se apresenta, leva em si mesma uma mensagem de luz universal e única,
libertadora e necessária, divina.
Quando
ouvimos vozes de heresia - porque são exactamente isso, nunca me agradaram os
eufemismos-, quando observamos que se ataca impunemente a santidade do
matrimónio e do sacerdócio; a concepção imaculada da Nossa Mãe Santa Maria e a
sua virgindade perpétua, com todos os restantes privilégios e excelências com
que Deus a adornou; o milagre perene da presença real de Jesus Cristo na
Sagrada Eucaristia, o primado de Pedro, a própria Ressurreição de Nosso Senhor,
como não sentir a alma cheia de tristeza?
Mas
tenham confiança: a Santa Igreja é incorruptível.
A
Igreja vacilará se o seu fundamento vacilar, mas poderá Cristo vacilar?
Enquanto
Cristo não vacilar, a Igreja jamais fraquejará até ao fim dos tempos.
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O humano e o divino na
Igreja
Assim
como em Cristo há duas naturezas - a humana e a divina - também, por analogia,
podemos referir-nos à existência na Igreja de um elemento humano e de um
elemento divino.
A
ninguém passa despercebida a evidência dessa parte humana.
A
Igreja, neste mundo, está composta por homens e para homens, e dizer homem é
falar da liberdade, da possibilidade de actos grandes e de actos mesquinhos, de
heroísmos e de claudicações.
Se
só admitíssemos essa parte humana da Igreja nunca conseguiríamos compreendê-la,
pois não teríamos chegado à porta do mistério. A Sagrada Escritura utiliza
muitos termos - tirados da experiência terrena - para os aplicar ao Reino de
Deus e à sua presença entre nós, na Igreja.
Compara-a
ao redil, ao rebanho, à casa, à semente, à vinha, ao campo onde Deus planta ou
edifica.
Mas
destaca uma expressão que compendia tudo: a Igreja é o Corpo de Cristo.
E
Ele a uns constituiu Apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a
outros pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para a edificação do Corpo de Cristo. São Paulo escreve também que
somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós membros uns dos outros.
Como
é luminosa a nossa fé! Todos somos em Cristo, porque Ele é a Cabeça do corpo da
Igreja.
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É
a fé que os cristãos sempre confessaram.
Ouçam
comigo estas palavras de Santo Agostinho: e desde então Cristo está formado
pela cabeça e pelo corpo, verdade que, não duvido, conheceis bem.
A
cabeça é o nosso próprio Salvador, que padeceu sob Pôncio Pilatos e agora,
depois de ressuscitar de entre os mortos, está sentado à direita do Pai.
E
o Seu corpo é a Igreja.
Não
esta ou aquela igreja, mas a que se encontra espalhada por todo o mundo.
Nem
sequer é apenas a que existe entre os homens actuais, uma vez que a ela pertencem
também os que viveram antes de nós e os que hão-de existir depois, até ao fim
do mundo.
Assim,
toda a Igreja, formada pela reunião dos fiéis - e porque todos os fiéis são
membros de Cristo-, possui Cristo como Cabeça, que governa do Céu o Seu corpo.
E,
embora esta Cabeça se encontre fora da vista do corpo, está unida pelo amor.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)