Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
28/08/2019
Evangelho e comentário
Santo
Agostinho – Doutor da Igreja
Evangelho: Mt 23, 27-32
Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de
vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes a sepulcros
caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos
e de toda a podridão. Assim sois vós também: por fora pareceis justos aos olhos
dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade. Ai de vós,
escribas e fariseus hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas e
ornamentais os túmulos dos justos; e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos
nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas’. Assim dais
testemunho contra vós mesmos, confessando que sois os filhos daqueles que
mataram os profetas. Completai então a obra dos vossos pais».
Comentário:
O Senhor não se coíbe na sua apreciação do
comportamento dos fariseus.
Não serão todos evidentemente porque, como em todas as classes ou grupos sociais, há pessoas correctas e com são critério.
Mas infelizmente e sobretudo naquele tempo, o serem uma classe dominante perverteu a sua "missão" de chefes do povo preocupando-se mais com as aparências que com o exemplo que deveriam dar.
Assim, desviando a verdadeiras questões e iludindo os problemas concretos, contribuíram fortemente para que o povo anónimo fosse considerado por Cristo como «ovelhas perdidas sem pastor».
(AMA, comentário sobre MT 23, 27-32, 26.08.2015)
Temas para reflectir e meditar
Os diagnósticos pré-natais, que não apresentam dificuldades morais
se se realizam para determinar eventuais cuidados necessários à criança ainda
não nascida, com muita frequência são ocasião para propor ou praticar o aborto.
É o aborto eugenésico, cuja legitimação na opinião pública procede
de uma mentalidade – equivocamente considerada de acordo com as exigências da
«terapêutica» - que acolhe a vida só em determinadas condições, rejeitando a
limitação, a invalidez, a doença.
(são joão paulo ii, Enc.
Evangelium Vitae, 1995.03.25, nr. 14)
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
162
O
colírio da nossa própria fraqueza
Se vos examinardes com valentia na presença
de Deus, vós, tal como eu, sentir-vos-eis diariamente carregados de muitos
erros.
Quando
lutamos por arrancá-los com a ajuda divina, carecem de verdadeira importância e
podem ser superados, embora pareça que nunca conseguimos desarraigá-los
totalmente.
Além
disso, independentemente dessas fraquezas, tu contribuirás para remediar as grandes
deficiências dos outros, sempre que te empenhares em corresponder à graça de
Deus.
Reconhecendo-te
tão fraco como eles - capaz de todos os erros e de todos os horrores - serás
mais compreensivo, mais delicado e, ao mesmo tempo, mais exigente, para que
todos nos decidamos a amar a Deus com o coração inteiro.
Nós, os cristãos, os filhos de Deus, temos
de prestar assistência aos outros, pondo em prática honradamente o que aqueles
hipócritas retorcidamente elogiavam ao Mestre: Não olhas à condição das pessoas.
Isto
é, havemos de rejeitar por completo a acepção de pessoas - interessam-nos todas
as almas! - embora, logicamente, devamos começar por ocupar-nos daquelas que,
por esta ou aquela circunstância, e até só por motivos aparentemente humanos,
Deus colocou ao nosso lado.
163
Et
viam Dei in veritate doces, e ensinas com verdade o caminho de
Deus - continuam eles.
Ensinar,
ensinar, ensinar!
Mostrar
os caminhos de Deus segundo a pura verdade!
Não
deves assustar-te por verem os teus defeitos; os teus e os meus; eu tenho o
desejo de os tornar públicos, contando a minha luta, o meu empenho de
rectificar este ou aquele ponto da minha luta por ser leal ao Senhor.
O esforço por eliminar e vencer essas
misérias já será um modo de indicar os caminhos divinos: primeiro, e apesar dos
nossos erros manifestos, com o testemunho da nossa vida; depois, com a doutrina,
como nosso Senhor, que coepit facere et
docere, começou pelas obras e mais tarde se dedicou a pregar.
Depois de vos confirmar que este sacerdote
vos quer muito e que o Pai do Céu vos quer mais, porque é infinitamente bom,
porque é infinitamente Pai; depois de vos dizer que não posso lançar-vos nada à
cara, considero, no entanto, que tenho de ajudar-vos a amar Jesus Cristo e a
Igreja, seu rebanho, porque nisto penso que não me ganhais: emulais-me, mas não
me ganhais.
Quando
vos aponto algum erro através da pregação ou nas conversas pessoais com cada um
de vós, não é para vos fazer sofrer; move-me exclusivamente o empenho de
amarmos mais o Senhor.
E
ao insistir na necessidade de praticar as virtudes, não perco de vista que essa
necessidade também se impõe a mim.
164
Certa ocasião ouvi dizer a um superficial
que a experiência das nossas quedas serve para voltar a cair cem vezes no mesmo
erro.
Eu,
pelo contrário, digo-vos que uma pessoa prudente aproveita esses reveses para
ficar escarmentada, para aprender a fazer o bem, para renovar a decisão de ser
mais santa.
Da
experiência dos vossos fracassos e triunfos no serviço de Deus tirai sempre,
juntamente com o aumento do amor, um empenho mais firme de prosseguir no
cumprimento dos vossos direitos de cidadãos cristãos, custe o que custar; sem
cobardias, sem fugir às honras nem às responsabilidades, sem nos assustarmos
perante as reacções que se levantem ao nosso redor - provenientes talvez de
falsos irmãos - quando procuramos leal e nobremente a glória de Deus e o bem
dos outros.
Portanto, temos de ser prudentes.
Para
quê?
Para
sermos justos, para vivermos a caridade, para servirmos eficazmente Deus e
todas as almas.
Com
muita razão se chamou à prudência genitrix
virtutum, mãe de todas as virtudes, e também auriga virtutum, guia de todos os bons hábitos.
165
A
cada um o que lhe pertence
Lede com atenção o episódio evangélico para
aproveitar essas estupendas lições acerca das virtudes que devem iluminar o
nosso modo de proceder.
Acabado
o preâmbulo hipócrita e adulador, os fariseus e os herodianos apresentam o seu
problema: Que te parece? É lícito ou não
pagar tributo a César?
Notai
agora a sua astúcia - escreve S. João Crisóstomo - porque não lhe dizem:
"explica-nos o que é bom, o que é conveniente, o que é lícito", mas
"diz-nos o que te parece".
Estavam
obcecados por atraiçoá-lo e torná-lo odioso ao poder político.
Mas
Jesus, conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: Porque me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Eles
apresentaram-lhe um denário. De quem é, perguntou, essa imagem e a inscrição?
De César, responderam. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César e
a Deus o que é de Deus.
Já estais a ver que o dilema é antigo,
assim como é clara e inequívoca a resposta do Mestre.
Não
há, não existe nenhuma contradição entre servir a Deus e servir os outros;
entre o exercício dos nossos direitos e deveres cívicos, e os religiosos; entre
o empenho por construir e melhorar a cidade temporal e a convicção de que
passamos por este mundo como por um caminho que nos leva à pátria celeste.
Também aqui se manifesta a unidade de vida
que - não me cansarei de o repetir - é uma condição essencial para os que procuram
santificar-se no meio das circunstâncias ordinárias do trabalho, das relações
familiares e sociais.
Jesus
não admite essa divisão: Ninguém pode
servir a dois senhores, porque, ou há-de ter aversão a um e amar o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro.
A escolha exclusiva de Deus feita por um
cristão quando responde plenamente ao seu chamamento, leva-o a dirigir tudo ao
Senhor e, ao mesmo tempo, a dar ao próximo tudo o que em justiça lhe
corresponde.
166
Não é lícito escudar-se em razões
aparentemente piedosas para espoliar os outros do que lhes pertence: Se alguém
diz: "Eu amo a Deus" mas odeia o seu irmão, é mentiroso.
Mas
também se engana a si mesmo quem regateia ao Senhor o amor e a reverência - a
adoração - que lhe são devidos como Criador e nosso Pai; a quem se nega a
obedecer aos seus mandamentos com a falsa desculpa de que algum deles é
incompatível com o serviço dos homens claramente adverte S. João que nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus: Se amamos a Deus e guardamos os seus
mandamentos.
Porque
o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos; e os seus mandamentos
não são pesados.
Talvez tenhais de escutar muitos que
peroram e inventam teorias com o fim de reduzirem - em nome da funcionalidade,
quando não da caridade! - as manifestações de respeito e de homenagem a Deus.
Tudo
o que seja para honrar o Senhor lhes parece excessivo.
Não
façais caso deles; vós continuai o vosso caminho.
Essas
elucubrações não passam de controvérsias que não conduzem a nada, a não ser
escandalizar as almas e impedir que se cumpra o preceito de Jesus Cristo de dar
a cada um o que lhe pertence, de praticar com delicada inteireza a santa
virtude da justiça.
167
Deveres
de justiça para com Deus e com os homens
Gravemo-lo bem na nossa alma, para que
depois se note na nossa conduta: primeiro, justiça para com Deus.
Essa
é a pedra de toque da verdadeira fome e sede de justiça, que a distingue da
gritaria dos invejosos, dos ressentidos, dos egoístas, dos cobiçosos...
Com
efeito, negar ao nosso Cria dor e Redentor o reconhecimento dos abundantes e
inefáveis bens que nos concede é uma atitude que encerra a mais tremenda e
ingrata das injustiças.
Vós,
se vos esforçardes deveras por ser justos, considerareis frequentemente a vossa
dependência de Deus - pois, que tens tu que não tenhas recebido? - para vos
encherdes de agradecimento e de desejos de corresponder a um Pai que nos ama
loucamente.
Então avivar-se-á em vós o bom espírito de
piedade filial, que vos fará tratar Deus com ternura de coração.
Quando
os hipócritas levantarem ao vosso redor a dúvida de saber se o Senhor tem
direito a pedir-vos tanto, não vos deixeis enganar.
Pelo
contrário: ponde-vos na presença de Deus, dóceis, como a argila nas mãos do
oleiro e confessai-lhe rendidamente: Deus
meus et omnia! Tu és o meu Deus e o meu tudo!
E
se alguma vez surgir um golpe inesperado, uma tribulação imerecida por parte
dos homens, sabereis cantar com nova alegria: faça-se, cumpra-se, seja louvada
e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre
todas as coisas!
Ámen.
Ámen.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Simplicidade e modéstia.
Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.
Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.
Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Não te esqueças da figueira amaldiçoada
Aproveita o tempo. Não te esqueças da
figueira amaldiçoada. Já fazia alguma coisa: dar folhas. Como tu... – Não me
digas que tens desculpas. De nada valeu à figueira – narra o Evangelista – não
ser tempo de figos, quando o Senhor lá os foi buscar. – E estéril ficou para
sempre. (Caminho,
354)
Voltemos ao Santo Evangelho e
detenhamo-nos no que refere S. Mateus, no capítulo vigésimo primeiro. Conta-nos
que Jesus, quando voltava para a cidade, teve fome. Vendo uma figueira junto do
caminho, aproximou-se dela. Que alegria, Senhor, ver-te com fome, ver-te também
sedento, junto do poço de Sicar!. (...)
Como te fazes compreender bem, Senhor!
Como te fazes amar! Mostras-te igual a nós em tudo, excepto no pecado, para que
sintamos que contigo poderemos vencer as nossas más inclinações e as nossas
culpas. Efectivamente, não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as
lágrimas... Cristo cansou-se, passou fome, teve sede, chorou. O que importa é a
luta – uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso lado – para
cumprir a vontade do Pai que está nos céus. (...)
Abeirou-se da figueira, mas não
encontrou senão folhas. É lamentável. Não acontecerá assim também na nossa
vida? Não haverá nela, infelizmente, falta de fé e de vibração de humildade,
ausência de sacrifícios e de obras? Não será que apresentamos um cristianismo
só de fachada e sem frutos? É terrível, porque Jesus ordena: Nunca mais nasça
fruto de ti. E, imediatamente, secou a figueira. Entristece-nos esta passagem
da Sagrada Escritura, ao mesmo tempo que, por outro lado, nos anima a avivar a
fé, a viver conformes à fé, para que Cristo receba sempre algum lucro da nossa
parte. (Amigos
de Deus 201–202).
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