Amar a Igreja
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A
Igreja é, por vontade divina, uma instituição hierárquica.
Sociedade hierarquicamente
organizada, assim lhe chama o Concílio Vaticano II, na qual os
ministros têm um poder sagrado.
A
hierarquia não só é compatível com a liberdade, mas está também ao serviço da
liberdade dos filhos de Deus.
O
termo democracia não tem sentido na Igreja que - insisto - é hierárquica por
vontade divina.
No
entanto, hierarquia significa governo santo e ordem sagrada, e de modo algum,
arbitrariedade humana ou despotismo infra-humano. Nosso Senhor dispôs que
existisse na Igreja uma ordem hierárquica, que não há-de transformar-se em
tirania, porque a própria autoridade, bem como a obediência, é um serviço.
Na
Igreja há igualdade: uma vez baptizados, somos todos iguais, porque somos
filhos do mesmo Deus, Nosso Pai.
Como
cristãos, não há qualquer diferença entre o Papa e a última pessoa a
incorporar-se na Igreja.
Mas
esta igualdade radical não implica a possibilidade de mudar a constituição da
Igreja, naquilo que foi estabelecido por Cristo.
Por
expressa vontade divina temos uma diversidade de funções, que comporta também
uma capacidade diversa, um carácter indelével conferido pelo Sacramento da
Ordem para os ministros sagrados.
No
vértice dessa ordenação está o sucessor de Pedro e, com ele, e sob ele, todos
os bispos: com a sua tríplice missão de santificar, de governar e de ensinar.
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Permitam-me
que insista repetidamente: as verdades de fé e de moral não se determinam por
maioria de votos, porque compõem o depósito - depositum fidei - entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado,
na sua exposição e ensino autorizado, ao Magistério da Igreja.
Seria
um erro pensar que, pelo facto de os homens já terem talvez adquirido mais
consciência dos laços de solidariedade que mutuamente os unem, se deva
modificar a constituição da Igreja, para a pôr de acordo com os tempos.
Os
tempos não são dos homens, quer sejam ou não eclesiásticos; os tempos são de
Deus, que é o Senhor da história.
E
a Igreja só poderá proporcionar a salvação às almas, se permanecer fiel a
Cristo na sua constituição, nos seus dogmas, na sua moral.
Rejeitemos,
portanto, o pensamento de que a Igreja - esquecendo-se do sermão da montanha -
procura a felicidade humana na terra, pois sabemos que a sua única tarefa
consiste em levar as almas à glória eterna do paraíso; rejeitemos qualquer
solução naturalista, que não valorize o papel primordial da graça divina;
rejeitemos as opiniões materialistas, que procuram tirar importância aos
valores espirituais na vida do homem; rejeitemos de igual modo as teorias
secularizantes, que pretendem identificar os fins da Igreja de Deus com os dos
estados terrenos: confundindo a essência, as instituições, a actividade, com
características similares às da sociedade temporal.
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O abismo da sabedoria de
Deus
Recordem
as considerações de São Paulo que acabamos de ler na Epístola:
Ó profundidade das
riquezas da sabedoria e da ciência de Deus; quão incompreensíveis são os Seus
juízos, e inesgotáveis os Seus caminhos! Porque, quem conheceu o pensamento do
Senhor?
Ou quem foi o Seu
conselheiro?
Ou quem Lhe deu alguma
coisa primeiro, para que tenha de receber em troca?
Todas as coisas são d'Ele
e todas são por Ele, e todas existem n'Ele; a Ele seja dada glória por todos os
séculos dos séculos.
Amen.
À
luz da palavra de Deus, como se tornam tacanhos os desígnios humanos ao
procurarem alterar o que Nosso Senhor estabeleceu!
Não
devo, porém, ocultar-vos que agora se observa, por todo o lado, uma estranha
capacidade do homem: nada conseguindo contra Deus, enfurece-se contra os outros
sendo tremendo instrumento do mal, ocasião e indutor de pecado, semeador dum
tipo de confusão que conduz a que se cometam acções intrinsecamente más,
apresentando-as como boas.
Sempre
houve ignorância: mas, hoje em dia, a ignorância mais brutal em matérias de fé
e de moral disfarça-se, por vezes, com nomes pomposos aparentemente teológicos.
Por
isso, o mandato de Cristo aos Apóstolos - acabamos de ouvi-lo no Evangelho -
alcança uma premente actualidade: ide, pois, ensinai todas as gentes.
Não
podemos desinteressar-nos, não podemos cruzar os braços, não podemos fechar-nos
sobre nós mesmos.
Acorramos
a travar, por Deus, uma grande batalha de paz, de serenidade, de doutrina.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)