25/03/2018

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Uma vez baptizados, somos todos iguais

Afirmas que vais compreendendo pouco a pouco o que quer dizer "alma sacerdotal"... Não te zangues se te respondo que os factos demonstram que o compreendes apenas em teoria. Todos os dias te acontece o mesmo: ao anoitecer, no exame, tudo são desejos e propósitos; de manhã e à tarde, no trabalho, tudo são dificuldades e desculpas. Assim vives o "sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo"? (Sulco, 499)

Na Igreja há igualdade: uma vez baptizados, somos todos iguais, porque somos filhos do mesmo Deus, Nosso Pai. Como cristãos, não há qualquer diferença entre o Papa e a última pessoa a incorporar-se na Igreja. Mas esta igualdade radical não implica a possibilidade de mudar a constituição da Igreja, naquilo que foi estabelecido por Cristo. Por expressa vontade divina temos uma diversidade de funções, que comporta também uma capacidade diversa, um carácter indelével conferido pelo Sacramento da Ordem para os ministros sagrados. No vértice dessa ordenação está o sucessor de Pedro e, com ele, e sob ele, todos os bispos: com a sua tríplice missão de santificar, de governar e de ensinar.

Permitam-me que insista repetidamente: as verdades de fé e de moral não se determinam por maioria de votos, porque compõem o depósito – depositum fidei – entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado, na sua exposição e ensino autorizado, ao Magistério da Igreja.


Seria um erro pensar que, pelo facto de os homens já terem talvez adquirido mais consciência dos laços de solidariedade que mutuamente os unem, se deva modificar a constituição da Igreja, para a pôr de acordo com os tempos. Os tempos não são dos homens, quer sejam ou não eclesiásticos; os tempos são de Deus, que é o Senhor da história. E a Igreja só poderá proporcionar a salvação às almas, se permanecer fiel a Cristo na sua constituição, nos seus dogmas, na sua moral. (Amar a Igreja n 30–31)

Temas para meditar e reflectir

Eucaristia


Vamos pensar que é pouco digno de crédito que convertesse o vinho no Seu Sangue?

Se numas bodas fez este estupendo milagre, não temos, como mais razão, de pensar que aos filhos do tálamo nupcial lhes deu o seu Corpo e Sangue para os alimentar? (...).

Assim, não olhes o pão e o vinho como simples elementos comuns..., e, ainda que os sentidos te sugiram o contrário, a fé deve dar-te a certeza do que é na realidade.



(SÃO CIRILO DE JERUSALÉM, Catequesis Mistagógicas, 4ª., 2)






Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Domingo de Ramos

Evangelho: Mc 15, 1-39 

1 Logo de manhã, os sumos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e os doutores da Lei e todo o Sinédrio; e, tendo manietado Jesus, levaram-no e entregaram-no a Pilatos. 2 Perguntou-lhe Pilatos: «És Tu o rei dos Judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes.» 3 Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas. 4 Pila-tos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas és acusado!» 5 Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos estava estupefacto. 6 Ora, em cada festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso que eles pedissem. 7 Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que tinham cometido um assassínio durante a revolta. 8 A multidão chegou e começou a pedir-lhe o que ele costumava conceder. 9 Pilatos, respondendo, disse: «Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 10 Porque sabia que era por inveja que os sumos sacerdotes o tinham entregado. 11 Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. 12 Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos judeus?» 13 Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!» 14 Pilatos insistiu: «Que fez Ele de mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!» 15 Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado. 16 Os soldados levaram-no para dentro do pá-tio, isto é, para o pretório, e convocaram toda a coorte. 17 Revestiram-no de um manto de púrpura e puseram-lhe uma coroa de espinhos, que tinham entretecido. 18 Depois, começaram a saudá-lo: «Salve! Ó rei dos judeus!» 19 Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam sobre Ele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante de-le. 20 Depois de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpu-ra e revestiram-no das suas vestes. Levaram-no, então, para o cru-cificar. 21 Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo. 22 E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer ‘lugar do Crânio’. 23 Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber. 24 Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. 25 Eram umas nove horas da manhã, quando o crucificaram. 26 Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.» 27 Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. 28 Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os malfeitores. 29 Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! 30 Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!» 31 Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-se a si mesmo! 32 O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam. 33 Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. 34 E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? 35 Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!» 36 Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» 37 Mas Jesus, com um grito forte, expirou. 38 E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. 39 O centurião que esta-va em frente dele, ao vê-lo expirar daquela maneira, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!»

Comentário:

Não se pode comentar este trecho de São Marcos, mas tão só lê-lo de vagar, meditando profundamente quanto nele consta.

(AMA) comentário sobre Mc 15, 1-39, 11.12.2017)



Leitura espiritual

TEMA 20 A Eucaristia (II)

A Santa Missa é sacrifício em sentido próprio e singular, porque representa (torna presente), no hoje da celebração litúrgica da Igreja, o único sacrifício da nossa redenção e porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto.

1. A dimensão sacrificial da Santa Missa

1.1. Em que sentido a Santa Missa é sacrifício?

A Santa Missa é sacrifício em sentido próprio e singular, e é “novo” em relação aos sacrifícios das religiões naturais e do Antigo Testamento: é sacrifício porque a Santa Missa representa (torna presente), no hoje da celebração litúrgica da Igreja, o único sacrifício da nossa redenção, porque é seu memorial e aplica o seu fruto (cf. Catecismo, 1362-1367). A Igreja cada vez que celebra a Eucaristia está chamada a acolher o dom que Cristo lhe oferece e, portanto, a participar no sacrifício do seu Senhor, oferecendo-se com Ele ao Pai pela salvação do mundo. Logo, pode-se afirmar que a Santa Missa é o sacrifício de Cristo e da Igreja. Veremos mais detalhadamente estes dois aspectos do Mistério Eucarístico.

1.2. A Eucaristia, presença sacramental do sacrifício redentor de Cristo

Como temos dito, a Santa Missa é verdadeiro e propriamente sacrifício pela sua relação directa – de identidade sacramental – com o único sacrifício, perfeito e definitivo da Cruz [i].

Esta relação foi instituída por Jesus Cristo na Última Ceia, quando entregou aos Apóstolos, sob as espécies do pão e do vinho, o seu Corpo oferecido em sacrifício e o seu Sangue derramado em remissão dos pecados, antecipando no rito memorial o que iria acontecer historicamente, pouco depois, sobre o Gólgota. Desde então, a Igreja, sob o guia e a virtude do Espírito Santo, não cessa de cumprir o mandato de reiteração que Jesus Cristo deu aos seus discípulos: «Fazei isto em Minha memória [como meu memorial]» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25). Deste modo, “anuncia” (torna presente com a palavra e o sacramento) «a morte do Senhor» (ou seja, o seu sacrifício: cf. Ef 5, 2; Heb 9, 26), «até que Ele venha» (portanto, a sua Ressurreição e Ascensão gloriosas) (cf. 1 Cor 11, 26). Este anúncio, esta proclamação sacramental do Mistério Pascal do Senhor, é de particular eficácia, pois não só se representa in signo, ou in figura, o sacrifício redentor de Cristo, mas também se torna verdadeiramente presente. O Catecismo da Igreja Católica expressa-o do seguinte modo: «A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo» (Catecismo, 1362). Portanto, quando a Igreja celebra a Eucaristia, pela consagração do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo, torna-se presente a mesma vítima do Gólgota, agora gloriosa; o próprio sacerdote, Jesus Cristo; o mesmo acto de oferta sacrificial (a oferta primordial da Cruz) inseparavelmente unido à presença sacramental de Cristo; oferta sempre actual em Cristo ressuscitado e glorioso [ii].

Só muda a manifestação externa desta entrega: no Calvário, mediante a paixão e morte de Cristo; na Santa Missa, através do memorial-sacramento: a dupla consagração do pão e do vinho no contexto da Oração Eucarística (imagem sacramental da imolação da Cruz) [iii].
Concluindo: a Última Ceia, o sacrifício do Calvário e a Eucaristia estão estreitamente relacionados: a Última Ceia foi a antecipação sacramental do sacrifício da Cruz; a Eucaristia, que então Jesus Cristo instituiu, perpetua (torna presente) ao longo dos tempos, ali onde se celebra sacramentalmente, o único sacrifício redentor do Senhor, para que todas as gerações possam entrar em contacto com Cristo e acolher a salvação que Ele oferece à humanidade inteira [iv].

1.3. A Eucaristia, sacrifício de Cristo e da Igreja

A Santa Missa é o sacrifício de Cristo e da Igreja, porque cada vez que se celebra o mistério eucarístico, ela, a Igreja, participa no sacrifício do seu Senhor, entrando em comunhão com Ele – com a sua oferta sacrificial ao Pai – e com os bens da redenção que Ele nos obteve. Toda a Igreja oferece e é oferecida em Cristo ao Pai pelo Espírito Santo. Assim o afirma a tradição viva da Igreja, tanto nos textos da liturgia como nos ensinamentos dos Padres e do Magistério [v].

O fundamento desta doutrina encontra-se no princípio de união e cooperação entre Cristo e os membros do seu Corpo, claramente exposto pelo Concílio Vaticano II: «Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa muito amada» [vi].

A Igreja oferece com Cristo A participação da Igreja – o Povo de Deus hierarquicamente estruturado – na oferta do sacrifício eucarístico está legitimada pelo mandato de Jesus: «fazei isto em minha memória [como meu memorial]» e reflecte-se na fórmula litúrgica «memores… offerimus… [tibi Pater]… gratias agentes… hoc sacrificium», frequentemente utilizada nas Orações Eucarísticas da Igreja Antiga [vii], e igualmente presente nas actuais Orações Eucarísticas [viii].

Como testemunham os textos da liturgia eucarística, os fiéis não são simples espectadores dum acto de culto realizado pelo sacerdote celebrante; todos podem e devem participar na oferta do sacrifício eucarístico, porque em virtude do Baptismo foram incorporados em Cristo e formam parte da «linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido em propriedade, (…) povo de Deus» (1 Pe 2, 9); ou seja, do novo Povo de Deus em Cristo, que Ele próprio continua a reunir à sua volta para que, de um confim ao outro da Terra, se ofereça ao Seu nome um sacrifício perfeito (cf. Ml 1, 10-11). Oferecem não só o culto espiritual do sacrifício das obras e da sua existência inteira, mas também – em Cristo e com Cristo – a Vítima pura, santa e imaculada. Tudo isto comporta o exercício do sacerdócio comum dos fiéis na Eucaristia. Entre a oferta da Igreja e a de Cristo não há justaposição, mas identificação. Os fiéis não oferecem um sacrifício diferente do de Cristo, pois ao unirem-se a Ele tornam possível que incorpore a oblação da Igreja à Sua, de tal modo que a oferta da Igreja é a mesma oferta de Cristo. E é Ele, Jesus Cristo, quem oferece, incorporado ao seu, o sacrifício espiritual dos fiéis. A relação entre estes dois aspectos não se pode caracterizar como justaposição nem como sucessão, mas como presença de um e de outro. A Igreja é oferecida a Cristo.

A Igreja, em união com Cristo, não só oferece o sacrifício eucarístico, mas também é oferecida n’Ele pois, como Corpo e Esposa, está inseparavelmente unida à sua Cabeça e ao seu Esposo. O ensinamento dos Padres é muito claro e este respeito. Para S. Cipriano, a Igreja oferecida (a oblação invisível dos fiéis) está simbolizada na oferta litúrgica dos dons do pão e do vinho, misturado com algumas gotas de água, como matéria do Sacrifício do Altar [ix].

Para S. Agostinho, é claro que no Sacrifício do Altar toda a Igreja é oferecida com o seu Senhor, e que isto se manifesta na própria celebração sacramental: «Esta cidade plenamente redimida, ou seja, a assembleia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo, se ofereceu por nós na sua Paixão, para fazer de nós o corpo de uma tão grande Cabeça… Tal é o sacrifício dos cristãos: sendo muitos, não formamos mais que “um só corpo em Cristo»” (Rm 12, 5). A Igreja celebra este mistério no sacramento do altar, bem conhecido dos fiéis, onde se mostra que, no que ela oferece, se oferece a si mesma» [x].
Para S. Gregório Magno, a celebração da Eucaristia é um estímulo para que imitemos o exemplo do Senhor, oferendo a nossa vida ao Pai como Jesus fez; deste modo, chegará até nós a salvação que provém do sacrifício da Cruz do Senhor: «É necessário que quando celebramos este sacrifício eucarístico nos ofereçamos a Deus de coração contrito, porque ao celebrarmos os mistérios da paixão do Senhor devemos imitar aquilo que fazemos. Então a hóstia ocupará o nosso lugar junto de Deus, se nos fazemos hóstias a nós mesmos» [xi].
A própria liturgia eucarística não deixa de expressar a participação da Igreja, sob o influxo do Espírito Santo, no sacrifício de Cristo: «Olhai benignamente para a oblação da vossa Igreja: vede nela a vítima que nos reconciliou convosco, e fazei que, alimentando-nos do Corpo e Sangue do vosso Filho, cheios do Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito. O Espírito Santo faça de nós uma oferenda permanente…» [xii].
De modo semelhante se pede na Oração Eucarística IV: «Olhai, Senhor, para esta oblação que preparastes para a vossa Igreja; e concedei, por vossa bondade, a quantos vamos participar do mesmo pão e do mesmo cálice, que, reunidos pelo Espírito Santo num só corpo, sejamos em Cristo uma oferenda viva para louvor da vossa glória». A participação dos fiéis consiste antes de mais em unirem-se interiormente ao sacrifício de Cristo, tornado presente sobre o altar graças ao ministério do sacerdote celebrante. Não se pode dizer de nenhum modo que os fiéis “concelebram” com o sacerdote [xiii], já que só ele actua in persona Christi Capitis. Mas, na verdade, concorrem para a celebração do sacrifício por meio do sacerdócio comum recebido no Baptismo. Esta participação interior deve manifestar-se na participação exterior: na comunhão (estado de graça), nas respostas e nas orações que os fiéis rezam com o sacerdote; nas posições; e às vezes, também na realização de alguns ritos, como a proclamação das leituras ou a oração dos fiéis. Pelo que respeita ao Magistério contemporâneo, basta citar este texto do Catecismo da Igreja Católica: «A Eucaristia é igualmente o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa na oblação da sua Cabeça. Com Ele, ela própria é oferecida integralmente. Ela une-se à sua intercessão junto do Pai em favor de todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho, unem-se aos de Cristo e à sua oblação total, adquirindo assim um novo valor. O sacrifício de Cristo presente sobre o altar proporciona a todas as gerações de cristãos a possibilidade de se unirem à sua oblação» (Catecismo, 1368). A doutrina enunciada tem importância fundamental para a vida cristã. Todos os fiéis estão chamados a participar na Santa Missa pondo em exercício o seu sacerdócio real, ou seja, com a intenção de oferecer a sua própria vida sem mancha de pecado ao Pai, com Cristo, Vítima imaculada, em sacrifício espiritual-existencial, restituindo-o com amor filial e em acção de graças por tudo o que d’Ele receberam. Os fiéis devem procurar que a Santa Missa seja realmente centro e raiz da sua vida interior [xiv], orientando para ela o seu dia inteiro, o trabalho e todas as suas acções. Esta é uma manifestação central da “alma sacerdotal”. Nesta linha, S. Josemaria exorta-nos: «Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda a jornada se converta num acto de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar...» [xv].

As missas sem participação de povo, têm também carácter público e social. Os seus efeitos estendem-se a todos os tempos e lugares. Daí a grande conveniência de que os sacerdotes celebrem todos os dias, mesmo quando possa não haver participação de fiéis [xvi].

2. Fins e frutos da Santa Missa

A Santa Missa, enquanto representação sacramental do sacrifício de Cristo, tem os mesmos fins que o sacrifício da Cruz [xvii].

Esses fins são os seguintes:
- latrêutico (louvar e adorar a Deus Pai, pelo Filho, no Espírito Santo); - eucarístico (dar graças a Deus pela criação e pela redenção);
- propiciatório (desagravar a Deus pelos nossos pecados); - impetratório (pedir a Deus os seus dons e as suas graças). Isto expressa-se nas diversas orações que formam parte da celebração litúrgica da Eucaristia, especialmente no Glória, no Credo, nas diversas partes da Anáfora ou Oração Eucarística (Prefácio, Sanctus, Epíclesis, Anámnesis, Intercessões, Doxologia final), no Pai Nosso, e nas orações próprias de cada Missa: Oração Colecta, Oração sobre as oferendas, Oração depois da Comunhão. Tais frutos de santidade não se determinam identicamente em todos os que participam no sacrifício eucarístico; serão maiores ou menores segundo a inserção de cada um na celebração litúrgica e na medida da sua fé e devoção. Assim, participam de maneira diversa dos frutos da Santa Missa: toda a Igreja; o sacerdote que celebra e os que, unidos com ele, concorrem à celebração eucarística; os que, sem participar na Missa, se unem espiritualmente ao sacerdote que celebra; e aqueles por quem a Missa se aplica, que podem ser vivos ou defuntos [xviii].

Quando um sacerdote recebe uma oferta para que aplique os frutos da Missa por uma intenção, fica gravemente obrigado a fazê-lo [xix].

ÁNGEL GARCÍA IBÁÑEZ
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 1356-1372. - S. João Paulo II II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 17-IV-2003, nn. 11-20; 11-20. - Bento XVI, Ex. ap. Sacramentum Caritatis, 22-II-2007, nn. 6-15; 16-29; 34-65. - Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 25-III-2004, nn. 36-47; 48-79.
Leituras recomendadas
- S. Josemaria, «A Eucaristia, Mistério de Fé e de Amor», Cristo que Passa, 83-94. - J. Ratzinger, Deus próximo de nós. A Eucaristia centro da vida, Tenacitas, Coimbra 2005, pp. 33-84. 
- J. Echevarría, Eucaristia e Vida Cristã, Diel, Lisboa 2009, pp. 59-99; 189-294. - A. García Ibáñez, «A Santa Missa, centro e raiz da vida do cristão», Romana 28 (1999), pp. 148-165 (publicado em português em www.opusdei.pt). - J. R. Villar; F. M. Arocena; L. Touze, «Eucaristia», em C. Izquierdo (dir), Dicionário de Teologia, Eunsa, Pamplona 2006, pp. 358-360.

Notas




[i] O Catecismo da Igreja Católica expressa-o assim: «O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício» (Catecismo, 1367).
[ii] Nesta linha, o Catecismo da Igreja Católica afirma: «Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu mistério pascal. Durante a sua vida terrena, Jesus anunciava pelo seu ensino e antecipava pelos seus actos o seu mistério pascal. Uma vez chegada a sua “Hora” (cfr. Jo 13, 1; 17, 1), Jesus vive o único acontecimento da história que não passa jamais: morre, é sepultado, ressuscita de entre os mortos e senta-se à direita do Pai “uma vez por todas” (Rm 6, 10; Heb 7, 27; 9, 12). É um acontecimento real, ocorrido na nossa história, mas único; todos os outros acontecimentos da história acontecem uma vez e passam, devorados pelo passado. Pelo contrário, o mistério pascal de Cristo não pode ficar somente no passado, já que pela sua morte, Ele destruiu a morte; e tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente. O acontecimento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida» (Catecismo, 1085).
[iii] O signo sacramental da Eucaristia não causa de novo, não produz nem reproduz a realidade feita presente (não volve a renovar o sacrifício cruento da Cruz, pois Cristo ressuscitou e «a morte não tem mais poder sobre Ele» (Rm 6, 9), nem causa em Cristo nada que não possua já plena e definitivamente: não exige novos actos de imolação e de oferta sacrificial em Cristo glorioso). A eucaristia simplesmente torna presente uma realidade preexistente: a Pessoa de Cristo – o Verbo encarnado, que foi crucificado e ressuscitou – e, n’Ele, do acto sacrificial da nossa redenção. O signo só Lhe oferece um novo modo de presença, sacramental, permitindo, como veremos a seguir, a participação da Igreja no sacrifício do Senhor.
[iv] Neste sentido, afirma o Concílio Vaticano II: «Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado”» (1 Cor 5, 7), realiza-se também a obra da nossa redenção» (Lumen Gentium, 3).
[v] Cf. Catecismo, 1368-1370.
[vi] Concílio Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium, 7.
[vii] Cf. Oração Eucarística da Tradição Apostólica de S. Hipólito; Anáfora de Addai e Mari; Anáfora de S. Marcos.
[viii] Cf. Missal Romano, Oração Eucarística I (Unde et memores e Supra quae); Oração Eucarística III (Memores igitur; Respice quaesemus e Ipse nos tibi); expressões semelhantes encontram-se nas Orações II e IV:
[ix] Cf. S. Cipriano, Ep. 63, 13: CSEL 3, 71.
[x] S. Agostinho, De Civ. Dei, 10, 6: CCL 47, 279.
[xi] S. Gregório Magno, Dialog., 4, 61, 1: SChr 265, 202
[xii] Missal Romano, Oração Eucarística III: Respice, quaesumus e Ipse nos tibi.
[xiii] Cf. Pio XII, Carta Encíclica Mediator Dei (DS 3850); Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 42.
[xiv] Cf. S. Josemaria, Cristo que Passa, 87.
[xv] S. Josemaria, Forja, 69.
[xvi] Cf. Concílio de Trento, Doutrina sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa, cap. 6: DS 1747; Concílio Vaticano II, Decreto Presbyterorum Ordinis, 13; S. João Paulo II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 31; Bento XVI, Ex. ap. Sacramentum Caritatis, 80.
[xvii] Esta identidade de fins baseia-se não só na intenção da Igreja celebrante, mas sobretudo na presença sacramental do próprio Jesus Cristo: ainda são actuais e operativos n’Ele os fins pelos quais ofereceu a sua vida ao Pai (cf. Rm 8, 34; Heb 7, 25).
[xviii] A aplicação do que acabamos de falar – trata-se de uma oração especial de intercessão – não implica nenhum automatismo na salvação; a esses fiéis, a graça não chega de modo automático, mas na medida da sua união com Deus pela fé, esperança e amor.
[xix] Cf. Código de Direito Canónico, cân. 945-958. Com esta aplicação particular, o sacerdote celebrante não exclui das bênçãos do sacrifício eucarístico os outros membros da Igreja, nem a humanidade inteira; simplesmente inclui alguns fiéis de modo especial.

Devoción a la Virgen



Brigitte Bardot desvela su confianza en la Virgen María: «Me sostiene su presencia íntima y benevolente»

Tratado da vida de Cristo 196

Os sacramentos em geral 

Questão 61: Da necessidade dos Sacramentos.

Art. 4 — Se, depois de Cristo, deviam existir certos sacramentos.

O quarto discute-se assim. — Parece que depois de Cristo não deviam existir nenhuns sacramentos.

1. — Pois, o advento da realidade faz cessar o figurado. Ora, como diz o Evangelho, a graça e a verdade foi trazida por Jesus Cristo. Logo, sendo os sacramentos os sinais da verdade ou da figura, parece que depois da Paixão de Cristo não deviam existir sacramentos.

2. Demais. — Os sacramentos supõem ce­tos elementos, como do sobredito se colhe. Ora, o Apóstolo diz: Quando éramos meninos, servíamos debaixo dos rudimentos do mundo; mas agora, quando veio o cumprimento do tempo, já não somos meninos. Logo, parece que não devemos servir a Deus debaixo dos elementos deste mundo, servindo-nos de sacramentos corpóreos.

3. Demais. — Em Deus não há mudança nem sombra alguma de variação, no dizer da Escritura. Ora, implica de certo modo mudança da verdade Divina o conferir aos homens na santificação do tempo da graça, uns sacramentos e, antes de Cristo, outros. Logo, parece que depois de Cristo não deviam ser instituídos outros sacramentos.

Mas, em contrário, Agostinho diz, que os sacramentos da lei antiga foram suprimidos, porque cumpridos; e foram instituídos outros, de maior virtude, de mais utilidade, de prática mais fácil e em menor número.

Assim como os antigos Patriarcas foram salvos pela fé na vinda de Cristo, assim também nós o somos pela fé de Cristo que já nasceu e sofreu a sua Paixão. Mas, os sacramentos são uns sinais reveladores da fé pelo qual o homem é justificado. Ora, o futuro, o passado e o presente hão de ser significados por sinais diferentes. Pois, como diz Agostinho uma coisa é enunciada de um modo quando deve ser feita e, de outro, quando já feita; assim como as expressões - haver de sofrer - e - tendo sofrido - não soam do mesmo modo. Por isso era necessário existissem na lei nova, alguns outros sacramentos, que significassem o que precedeu a Cristo, além dos da lei antiga, que preanunciavam o futuro.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Como diz Dionísio, o estado da lei nova é mediatário entre o da lei antiga, cujo sentido figurado se cumpriu na vigência da lei nova, e o estado da glória, no qual será manifestada una e perfeitamente toda a verdade. — E portanto, não haverá então nenhum sacramento. Pois agora, enquanto vemos como por um espelho em enigmas, no dizer do Apóstolo, é-nos forçoso chegar ao espiritual mediante certos sinais sensíveis; para isso servem os sacramentos.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Aos sacramentos da lei antiga o Apóstolo lhes chama rudimentos fracos e pobres, porque nem continham, nem causavam a graça. E por isso dos que recorriam eles o Apóstolo diz que serviam a Deus debaixo dos rudimentos do mundo; pois, nada mais eram senão rudimentos deste mundo. Ao contrário, os nossos sacramentos contêm e causam a gra­ça. Logo, a comparação entre eles não colhe.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Um pai de família não mostra mudança de vontade pelo facto de dar ordens diversas à sua família, conforme a variação dos tempos, não mandando no inverno o mesmo que manda no verão. Do mesmo modo, não implica nenhuma mudança em Deus o ter instituído uns sacramentos, depois do advento de Cristo, e outros no tempo da lei: Pois, aqueles eram apropriados a prefigurar a graça, e estes o são a manifestar a graça presente.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda docristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?