30/12/2016

Para obedecer, é preciso humildade

Quando tiveres de mandar, não humilhes: procede com delicadeza; respeita a inteligência e a vontade de quem obedece. (Forja, 727)

Muitas vezes fala-nos através doutros homens e pode acontecer que, à vista dos defeitos dessas pessoas ou pensando que não estão bem informadas ou que talvez não tenham entendido todos os dados do problema, surja uma espécie de convite a não obedecermos.

Tudo isso pode ter um significado divino, porque Deus não nos impõe uma obediência cega, mas uma obediência inteligente, e temos de sentir a responsabilidade de ajudar os outros com a luz do nosso entendimento. Mas sejamos sinceros connosco próprios: examinemos em cada caso se o que nos move é o amor à verdade ou o egoísmo e o apego ao nosso próprio juízo. Quando as nossas ideias nos separam dos outros, quando nos levam a quebrar a comunhão, a unidade com os nossos irmãos, é sinal certo que não estamos a actuar segundo o espírito de Deus.


Não o esqueçamos: para obedecer, repito, é preciso humildade. Vejamos de novo o exemplo de Cristo. Jesus obedece, e obedece a José e a Maria. Deus veio à Terra para obedecer, e para obedecer às criaturas. São duas criaturas perfeitíssimas – Santa Maria, Nossa Mãe; mais do que Ela só Deus; e aquele varão castíssimo, José. Mas criaturas. E Jesus, que é Deus, obedecia-lhes! Temos de amar a Deus, para amar assim a sua vontade, e ter desejos de responder aos chamamentos que nos dirige através das obrigações da nossa vida corrente: nos deveres de estado, na profissão, no trabalho, na família, no convívio social, no nosso próprio sofrimento e no sofrimento dos outros homens, na amizade, no empenho de realizar o que é bom e justo... (Cristo que passa, 17)

Reflectindo - 216

Graças – 2


No Convento em Monte Real esperando a Santa Missa fico pensando nas enormes graças que por intermédio das Tuas dilectas filas me tens dispensado.


Como Te agradeço Senhor e como lhes estou grato a elas!


Tenho a certeza absoluta que se não me porto pior é devido às suas orações por mim.



(ama, reflexões, 21.08.2016)

Evangelho e comentário

Tempo do Natal

Sagrada Família

Evangelho: Mt 2, 13-15. 19-23

Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram». José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai, Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».

Comentário:

Como obedece José!

Pode parecer uma pequena peça que no tabuleiro da Redenção, Deus vai movimentando conforme Lhe convém!


Mas, não!

José não é um “boneco” uma peça de um puzzle obedecendo cegamente à Vontade Divina.


Sim, obedece prontamente, é um facto, mas não o faz inconsciente ou cegamente.

Obedece porque a sua profunda fé e confiança no Senhor lhe dizem que é o que convém fazer.

Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a ter como José uma humilde simplicidade que me mostre o melhor caminho que tenho - sempre - de andar para merecer a graça de, em tudo, cumprir a Tua Vontade Santa.

(ama, comentário sobre Mt 2, 13-15. 19-23, 26.12.2010)





Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 




Vol. 1

CAPÍTULO XXVIII

Razão por que Deus permitiu que a lascívia do inimigo se satisfizesse nos corpos das pessoas continentes.

Se a vossa castidade foi um joguete dos inimigos, nem por isso, ó fiéis de Cristo, deveis sentir desgosto pela vida. Tendes motivos para uma grande e autêntica consolação, se mantiverdes a convicção firme de que não haveis participado, por permissão, nos pecados contra vós cometidos.
Mas, se por acaso perguntardes porque são permitidos — responderei: quão profunda é a providência do Criador e governador do mundo! quão insondáveis são os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! Interrogai-vos sinceramente nas vossas almas a ver se não vos tereis envaidecido com ares de superioridade do dom da vossa integridade ou da vossa continência ou do vosso pudor e levados pelo prazer dos louvores humanos, não havereis tido, neste ponto, inveja de alguns. Não acuso o que ignoro nem ouço a resposta que os corações vos dão a estas perguntas. Mas se eles vos responderem que assim é, — não vos admireis por terdes perdido aquilo com que pretendíeis suscitar a admiração dos homens e por terdes ficado com o que já não podem admirar. Se não prestastes o vosso consentimento aos que estavam a pecar, é porque o auxílio divino se juntou à divina graça para a não perderdes; mas o opróbrio humano sucedeu à glória humana para a não amardes. Em ambos os casos, consolai-vos, ó pusilânimes: por um lado, fostes provadas, pelo outro, castigadas; por um lado, fostes santificadas, pelo outro, corrigidas.

Mas as que, depois de terem interrogado o coração, responderem:
— que jamais se orgulharam da excelência da virgindade, da viuvez ou do recato conjugal;
— que antes, atraídas pela humildade, se alegraram com temor deste dom de Deus;
— que a ninguém invejaram a excelência de uma santidade e de uma castidade semelhante à delas;

— que antes, pondo de parte o louvor humano (que é tanto mais pródigo quanto mais rara é a virtude exaltada), optaram por crescerem em número em vez de sobressaírem em grupo reduzido delas — estas, mesmo que algumas delas tenham sido violentadas por bárbaros sensuais, não se devem queixar de isto ter sido permitido nem crer que Deus esquece tais torpezas porque permite o que ninguém comete impunemente. Na realidade, há como que um certo peso das más paixões a que o juízo divino, oculto no presente, dá livre curso reservando-se para as pôr às claras no último dia. Mas talvez estas — que no seu coração estão bem conscientes de não terem tirado nenhum motivo de orgulho deste privilégio da castidade, e que nem por isso sofreram menos na sua carne a violência do inimigo, — tivessem um pouco de fraqueza secreta que poderia tomar-se em orgulho cheio de arrogância, se no decurso da citada calamidade elas tivessem escapado a esta humilhação. Assim como alguns foram arrebatados pela morte
para que a malícia não pervertesse a sua inteligência [i]
assim também a algumas destas se lhes tirou pela violência um tanto da sua honra para que a sua prosperidade não pervertesse a sua modéstia. Assim, tanto a umas que já se orgulhavam de não terem sofrido nenhum contacto obsceno na sua carne, como a outras, que poderiam talvez vir a orgulhar-se caso não chegassem a sofrer o atentado brutal dos inimigos, — a nenhumas se lhes arrebatou a castidade, mas antes se lhe fortaleceu a humildade. Das primeiras se curou a vaidade latente; às segundas se evitou uma vaidade iminente.

Há ainda outro ponto que se não deve deixar em silêncio: a algumas que sofreram estas coisas pode parecer que o bem da continência se deve considerar como um dos bens corporais e que se conserva se o corpo continuar livre de todo o contacto libidinoso com outro, em vez de residir apenas na fortaleza da vontade ajudada por Deus, santificando assim não só o espírito mas também o corpo. Este bem não é tal que não possa ser arrebatado mesmo sem consentimento. Deste erro foram talvez libertadas:
— quando pensam com que sinceridade serviram a Deus;
— quando com fé inabalável estão convencidas de que, às que assim o servem e lhe suplicam, Deus de maneira nenhuma pode votá-las ao abandono;
— quando tudo isto nelas está arraigado — concluem claramente: Deus jamais poderia permitir que estas coisas acontecessem aos seus santos, se deste modo pudesse perecer a santidade que lhes confiou e que neles ama.

CAPÍTULO XXIX

Que devem responder os servidores de Cristo aos infiéis quando estes o exprobram por não os ter livrado do furor dos inimigos.

Toda a família do verdadeiro Deus soberano tem a sua consolação, uma consolação não falaz nem assente em bens caducos e passageiros. De forma nenhuma deve estar desgostosa mesmo da vida temporal. É nela que aprende a conseguir a eterna e, como peregrina que é, a utilizar-se dos bens terrenos, mas não a deixar-se por eles cativar. E quanto aos males — é neles posta à prova ou é por eles corrigida. Aos que insultam a sua probidade e dizem, quando lhe advém algum mal temporal:
Onde está o teu Deus [ii]?
perguntem, por sua vez, onde é que estão os seus deuses quando sofrem de males semelhantes, eles que, para evitarem tais males, os adoram ou pretendem convencer-nos de que devem ser adorados.

Ela lhes responderá: «O meu Deus está em toda a parte presente; todo em toda a parte; em parte nenhuma encerrado; pode estar presente sem que saibamos; pode ausentar-se sem se mover. Quando me atormenta com a adversidade — está submetendo à prova os meus merecimentos ou castigando os meus pecados; — mas, em compensação dos meus males temporais, piedosamente suportados, tem-me reservada uma recompensa eterna. Mas vós, quem sois vós para merecerdes que convosco se fale sequer dos vossos deuses e muito menos do meu Deus, que é mais terrível que todos os deuses, pois os deuses dos gentios são os demónios, ao passo que o Senhor fez os Ceus [iii].


CAPÍTULO XXX

Os que se queixam dos tempos cristãos pretendem encher-se de vergonhosas prosperidades.

Se ainda estivesse vivo Cipião Nasica, outrora vosso pontífice, eleito por todo o Senado por ser o melhor varão para receber a sagrada imagem da Frigia durante o terror da Guerra Púnica, não vos atraveríeis talvez a olhar-lhe para a cara. Seria ele próprio que vos refrearia a impudência.

Porque vos queixais dos tempos cristãos quando a adversidade vos fustiga? Não será porque estais desejosos de gozar com segurança da vossa luxúria, afundando-vos em costumes totalmente perdidos, longe de toda a aspereza das coisas molestas? Desejais ter paz e estar providos de todo o género de recursos, mas não é para deles fazerdes uso com honradez, isto é, com moderação e sobriedade, com temperança e religiosamente, mas sim para alcançardes infinita variedade de prazeres com dissipações insensatas e, com tal prosperidade, dardes origem nos vossos costumes, a males piores que as crueldades dos inimigos.

Mas o dito Cipião, vosso pontífice máximo, considerado o melhor varão de todo o Senado, receava que sobre vós recaísse esta desgraça e por isso se opunha à destruição de Cartago, então rival do poder romano, e opunha-se a Catão que advogava a sua ruína. Receava a segurança como inimigo para espíritos débeis e via que para estes concidadãos, como se pupilos fossem, era necessário o terror como o melhor tutor.

Não o enganou este parecer. A realidade provou quão verdadeiro fora o que dissera. Efectivamente, destruída Cartago, isto é, afastado e desaparecido o grande terror da república romana, imediatamente começaram a surgir muitos males, como consequência da situação próspera: a concórdia fendeu-se e rompeu-se — primeiro por cruéis e sangrentas rebeliões e, logo depois, num maléfico encadeamento de causas, incluindo guerras civis, surgiram tais desastres, derramou-se tanto sangue, ateou-se tal selvagem cupidez de proscrições e rapinas, que os Romanos, aqueles que em tempos da sua vida mais íntegra temiam desgraças vindas do inimigo, agora, perdida essa integridade de vida, tinham que padecer dos seus próprios compatriotas crueldades maiores. A própria ambição do poder — que, entre outros vícios do género humano, mais puro se encontrava em todo o povo romano, — uma vez vencidas algumas das principais potências, esmagou sob o jugo da servidão as restantes já desfeitas e fatigadas.

CAPÍTULO XXXI

Através de que graus foi aumentando entre os Romanos a ambição do poder.

Na verdade, quando é que descansará esse desejo em tão altivos espíritos, antes de chegarem, depois de escalarem todas as honras, até ao poder absoluto? Se não houvesse uma ambição superior não seria possível essa continuidade de honras. Mas de forma nenhuma essa ambição prevaleceria a não ser num povo corrompido pela avareza e pela luxúria. Em avaro e licencioso se tomou tal povo devido à prosperidade que o citado Nasica, com grande previsão, julgava que se devia evitar opondo-se à destruição da maior, mais forte e mais opulenta cidade inimiga. Assim a paixão seria reprimida pelo medo; e reprimida a paixão não se cairia na luxúria; e reprimida a luxúria, não avançaria a avareza. Atalhados estes vícios, floresceria e cresceria a virtude tão útil à cidade. E a liberdade continuaria companheira da virtude.

Por isto e por tão previdente amor à pátria deste vosso pontífice máximo eleito (nunca é demais repeti-lo) pelo Senado daquele tempo sem discrepância de opinião como o melhor varão, fez ele com que o mesmo Senado retirasse um seu projecto, tão desejado, de construir um teatro [iv]. No seu discurso pleno de gravidade conseguiu convencê-lo a não consentir na infiltração da lascívia grega nos costumes varonis da pátria e a não tolerar a ruína e a morte da virtude romana por causa da depravação estrangeira. Foi tal o poder das suas palavras que o Senado mudou de disposição; proibiu que se colocassem assentos de que, à hora aprazada, os cidadãos se começavam a servir para os espectáculos.

Com que cuidado não teria este homem retirado de Roma os próprios jogos cénicos se tivesse ousado resistir à autoridade dos que ele considerava como deuses! Não se apercebia de que eram nocivos demónios, ou, se o sabia, pensava que era melhor aplacá-los do que desprezá-los. Ainda não tinha sido anunciada aos povos aquela suprema doutrina que, limpando o coração pela fé, poderia mudar as aspirações humanas e tenderia para os bens celestes e supracelestes com humilde espírito religioso liberto da tirania de soberbos demónios.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] ne malitia mutaret intelectum eorum.
Sap. Salom., IV, 11.
[ii] Ubi est Deus tuus?
Salmo XLI, 4
[iii] Terribilis est super omttes deos: quontam dii gentium daemonia, Dominus autem Caelos fedt.
Salmo XCV, 4-5.
[iv] Não foi Cipião Nasica, como pensa Santo Agostinho, mas Cipião Córculo quem levou o Senado a interromper os trabalhos da construção de um teatro fixo, iniciados em 155 pelo Censor Cássio.

Embora o teatro viesse já de longe — com Tondrónico ( +207), Névio (264-194), Énio (239-169), Plauto ( +184), Terêncio (185-159)
— era ele representado sobre um estrado móvel de madeira ao ar livre, geralmente no Forum. Só em 179 é que o censor Emílio Lépido construiu um hemiciclo junto do templo de Apoio e em 174 os censores construíram um, todo de pedra. V. G. Bloch e J. Carcopino, in Histoire Romaine, II.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

II. EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 7

Discurso de Estêvão

1Depois, o Sumo Sacerdote perguntou-lhe: «Isso é verdade?» 2Ele respondeu:

«Irmãos e pais, escutai! O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando ele estava na Mesopotâmia, antes de se ter estabelecido em Haran, 3e disse-lhe: ‘Deixa a tua terra e a tua parentela e vai para a terra que te hei-de mostrar.’ 4Abandonou, então, o país dos caldeus, e foi estabelecer-se em Haran. Daí, após a morte do pai, Deus fê-lo emigrar para esta terra que habitais agora. 5Não lhe deu aí propriedade alguma, nem mesmo um palmo de terra, mas prometeu-lhe a posse dela, a ele e, depois, à sua descendência, embora não tivesse sequer um filho. 6E Deus afirmou-lhe que a sua descendência habitaria em terra estranha, que a reduziriam à escravidão e que seria maltratada, durante quatrocentos anos. 7‘Mas o povo de quem forem escravos, hei-de Eu julgá-lo, disse Deus. Depois disso, hão-de sair e prestar-me culto neste lugar.’ 8Em seguida, deu-lhe a aliança da circuncisão. Foi assim que Abraão gerou Isaac e o circuncidou, ao oitavo dia. E Isaac fez o mesmo a Jacob, e Jacob aos doze patriarcas.

9Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no, a fim de ser levado para o Egipto. Mas Deus estava com ele: 10livrou-o de todas as provas e deu-lhe graça e sabedoria diante do faraó, rei do Egipto, que o nomeou governador desse país e de toda a sua casa. 11Veio depois a fome sobre todo o Egipto e sobre Canaã. A angústia era grande e os nossos pais não encontravam nada para comer.

12Ouvindo dizer que no Egipto havia trigo, Jacob mandou lá os nossos pais, uma primeira vez. 13À segunda vez, José deu-se a conhecer a seus irmãos e sua origem foi revelada ao Faraó. 14José mandou então buscar seu pai Jacob e toda a sua parentela, composta de setenta e cinco pessoas. 15Jacob desceu ao Egipto e lá morreu, assim como os nossos pais. 16Os seus corpos foram trasladados para Siquém e depositados no sepulcro que Abraão adquirira, por uma importância em prata, aos filhos de Emor, em Siquém.

17Enquanto se aproximava o tempo em que deveria realizar-se a promessa feita por Deus a Abraão, o povo cresceu e multiplicou-se no Egipto, 18até que subiu ao trono do Egipto um novo rei, que não tinha conhecimento de José. 19Usando de astúcia para com a nossa raça, esse rei perseguiu os nossos pais, até ao ponto de os fazer expor os recém-nascidos, para os privar da vida.

20Nessa altura nasceu Moisés, que era agradável aos olhos de Deus. Foi criado durante três meses em casa de seu pai. 21Depois, tendo sido exposto, a filha do Faraó recolheu-o e criou-o como seu próprio filho. 22Moisés foi iniciado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.

23Quando completou os quarenta anos, veio-lhe ao espírito a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. 24Ao ver um deles maltratado, tomou a sua defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. 25Pensava que os seus irmãos compreenderiam ser Deus quem, por sua mão, lhes trazia a liberdade, mas não o compreenderam. 26No dia seguinte, apareceu a dois deles que lutavam, e pretendeu reconciliá-los, dizendo: ‘Sendo irmãos, porque vos agredis um ao outro?’ 27Então, aquele que agredia o companheiro repeliu-o, dizendo: ‘Quem te nomeou nosso chefe e nosso juiz. 28Queres matar-me como ontem mataste o egípcio?’ 29A essas palavras, Moisés fugiu e foi residir, como estrangeiro, para a terra de Madian, onde teve dois filhos.

30Ao fim de quarenta anos, apareceu-lhe um Anjo no deserto do monte Sinai, na chama de uma sarça ardente. 31Perante essa aparição, Moisés ficou estupefacto e, aproximando-se para observar melhor, fez-se ouvir a voz do Senhor: 32‘Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob.’ A tremer, Moisés não ousava erguer os olhos. 33Então, o Senhor disse-lhe: ‘Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. 34Eu vi a angústia do meu povo no Egipto, ouvi os seus gemidos e desci para o libertar. E, agora, vem cá, pois vou mandar-te ao Egipto.’

35Este Moisés, que eles renegaram, dizendo: ‘Quem te nomeou chefe e juiz’, é este que foi enviado por Deus como chefe e libertador pela mão do anjo que lhe apareceu na sarça. 36Foi ele que os fez sair do Egipto, realizando prodígios e milagres na terra do Egipto, no Mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. 37Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de Israel: ‘Deus fará surgir um profeta como eu, entre os vossos irmãos.’ 38Foi ele que, durante a assembleia no deserto, esteve entre o Anjo, que lhe falava no monte Sinai, e os nossos pais; foi ele que recebeu as palavras de vida, para no-las transmitir.

39Foi a ele que os nossos pais se recusaram a obedecer, antes o repeliram, voltando em seus corações ao Egipto 40e dizendo a Aarão: ‘Faz-nos deuses que marchem à nossa frente, pois desse Moisés que nos fez sair do Egipto, não sabemos o que foi feito dele.’ 41E, nesses dias, construíram um bezerro, ofereceram um sacrifício ao ídolo e festejaram alegremente a obra das suas próprias mãos. 42Deus, então, afastou-se deles e entregou-os ao culto do exército celeste, como está escrito no Livro dos Profetas:

‘Oferecestes-me, porventura, vítimas e sacrifícios
durante quarenta anos, no deserto, ó Casa de Israel?
43Vós transportastes a tenda de Moloc
e a estrela do deus Refan,
imagens que fizestes para as adorar!
Por isso, exilar-vos-ei para além da Babilónia.’

44Os nossos pais tinham no deserto a tenda do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que a construísse de harmonia com o modelo por ele visto. 45Foi precisamente essa tenda que os nossos pais receberam e introduziram, sob o comando de Josué, no território conquistado aos povos que Deus expulsou na sua frente, e assim se manteve até aos dias de David. 46Este achou graça diante de Deus e pediu para edificar uma habitação ao Deus de Jacob. 47Foi, porém, Salomão quem lhe construiu uma casa. 48Mas o Altíssimo não habita em casas erguidas pela mão do homem, como diz o profeta:

49‘O Céu é o meu trono
e a Terra, estrado dos meus pés.
Que casa me haveis de construir, diz o Senhor,
e qual será o lugar do meu repouso?
50Não foi a minha mão que fez todas as coisas?’
51Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre vos opondes ao Espírito Santo; como foram os vossos pais, assim sois vós também. 52Qual foi o profeta que os vossos pais não tenham perseguido? Mataram os que predisseram a vinda do Justo, a quem traístes e assassinastes, 53vós, que recebestes a Lei pelo ministério dos anjos, mas não a guardastes!»



[i] (6,8-12,25)

Jérôme Lejeune: una razón que ama

Como otros científicos católicos, conectó el atractivo y la satisfacción subjetiva de sus propios descubrimientos con una verdad que está por encima, que lo explica y lo invade todo. Lejeune en su trabajo puso por delante el pensamiento cristiano.
                
Algunas veces se ha dicho que la investigación es como una religión a la que muchos científicos e investigadores se entregan con una dedicación casi monástica. El problema es cuando aquello que va descubriendo el investigador colma de tal manera sus aspiraciones personales que le lleva a desconectarse del objetivo principal de su trabajo, que ha de ser el de observar y descubrir los secretos de los fenómenos naturales y ponerlos a disposición de la humanidad. Esto es lo que el médico y genetista francés Jérôme Lejeune (1926-1994), el descubridor de la causa del síndrome de Down –la trisomía del cromosoma 21–, señalaba en uno de sus más conocidos discursos: «Estamos ante un dilema que es el siguiente: la técnica es acumulativa, la sabiduría no. Seremos cada vez más poderosos. O sea, más peligrosos. Desgraciadamente no seremos cada vez más sabios».

Lejeune, como muchos grandes científicos y pensadores a lo largo de la historia, entendió su trabajo como una respuesta a una serie de inquietudes interiores. Trató de ampliar el horizonte, desde lo inmediato y perceptible de sus descubrimientos al sentido trascendente y misterioso de la vida humana y del mundo que nos rodea y, como otros científicos católicos, conectó el atractivo y la satisfacción subjetiva de sus propios descubrimientos con una verdad que está por encima, que lo explica y lo invade todo. Lejeune en su trabajo puso por delante el pensamiento cristiano…., el amor…, el tú antes que el yo. 

Jérôme Lejeune participaba de la idea de que la vida es un don de Dios y que todo ser humano debe ser tratado con la misma dignidad, con independencia de su condición física o su salud.

El profesor Jérôme Lejeune reclamaba el amor como fruto de la razón y de la forma de ser del hombre en el mundo, y estaba convencido de la importancia de los beneficios que los avances de la ciencia pueden aportar a la vida humana. No sólo tuvo una altísima categoría como científico, sino que era una persona excepcional. Compatibilizó la ciencia con su disponibilidad para las familias, cuidando a los niños enfermos y viajando por el mundo dando cientos de conferencias sobre genética. Dedicó buena parte de su trabajo y esfuerzos a devolver la dignidad a los niños con síndrome de Down, lo que le llevó a enfrentarse con buena parte de la comunidad médica.

Lejeune insistió en la defensa firme de los niños con síndrome de Down a costa incluso de su posición como médico entre sus colegas, por enfrentarse abiertamente a la práctica del aborto. Él les decía cosas como estas: «Nuestro enemigo no es el enfermo… es la enfermedad»… «Matar a un niño por estar enfermo es un asesinato»… «Nosotros somos médicos. Yo no hablo desde un púlpito. Yo hablo de niños de carne y hueso y yo no los quiero matar porque son enfermos».

Un día después de su fallecimiento, el 14 de abril de 1994, el demógrafo luterano Pierre Chaunu, miembro como él del Instituto de Francia, en una sentida semblanza de homenaje dijo de Lejeune: «Más impresionantes y más honrosos aún que los títulos que recibió son aquellos de los que fue privado en castigo a su rechazo de los horrores contemporáneos… no podía soportar la matanza de los inocentes; el aborto le causaba horror. Creía (...), antes incluso de tener la prueba irrefutable, que un embrión humano es ya un hombre, y que su eliminación es un homicidio; que esta libertad que se toma el fuerte sobre el débil amenaza la supervivencia de la especie y, lo que es más grave aún, de su alma… era un sabio inmenso, más aún... un médico, un médico cristiano y un santo".

Clara Lejeune-Gaymard, autora de una biografía de su padre con el título Life is a Blessing: A Biography of Jerome Lejeune, dice que una de las mayores preocupaciones de su padre era poder curar a sus pequeños pacientes, que era en primer lugar médico, y basaba su defensa de la vida principalmente en su profesión, que su padre opinaba que cuando eres médico has jurado el juramento hipocrático de no hacer daño.

En su defensa de la vida, además de sus conocimientos científicos se proyectaba un mensaje de amor que siempre trató de transmitir a los padres de los niños afectados con el síndrome de Down. En una reciente entrevista de su esposa Birthe Lejeune, que visitó recientemente Madrid con ocasión de la creación de la Fundación Jérôme Lejeune en España, nos dijo: «Mi esposo siempre intentó ayudar a las madres embarazadas de niños con síndrome de Down. Simplemente les decía: "Es tu hijo”»… Y añadió: «La grandísima mayoría de los padres de niños con síndrome de Down aman enormemente a sus hijos».

Sus argumentos para defender a vida de los no nacidos se basaban además en sus conocimientos científicos. El tiempo ha ido reforzando sus argumentos, tras los impresionantes avances de la genética del desarrollo… Él decía: «Cada uno de nosotros tiene un momento preciso en que comenzamos. Es el momento en que toda la necesaria y suficiente información genética es recogida dentro de una célula, el huevo fertilizado, y este momento es el momento de la fertilización. Sabemos que esta información está escrita en un tipo de cinta a la que llamamos ADN... La vida está escrita en un lenguaje fantásticamente miniaturizado». Ahora, 22 años después de su muerte, no hablamos de cintas, pero el mensaje de la sinfonía de la vida escrito en el genoma individual es aún más válido si cabe. En cierto modo Lejeune se adelantó a su tiempo, pues hoy sabemos que la fecundación es el big-bang de la vida y que, una vez establecido el programa genético, en forma de un lenguaje fantásticamente miniaturizado, todo el desarrollo es un proceso regulado genéticamente.

En 1973, Lejeune escribió: «La genética moderna se resume en un credo elemental que es éste: en el principio hay un mensaje, este mensaje está en la vida y este mensaje es la vida. Este credo, verdadera paráfrasis del inicio de un viejo libro que todos ustedes conocen bien, es también el credo del médico genetista más materialista que pueda existir».

Defendió a sus pequeños pacientes con pasión de médico convencido de que el aborto no puede ser la solución, sino la investigación y el buen uso de los descubrimientos de la ciencia. Para ello utilizó todos los argumentos, no solo los científicos y médicos, sino también con expresiones tan ingeniosas pero verdaderas como esta: «Esparta fue la única ciudad griega en la que se eliminaba a los recién nacidos que creían que serían incapaces de portar armas o engendrar futuros soldados. Fue la única civilización griega que practicó este tipo de eugenesia, esta eliminación sistémica… Y no queda nada de ella; no nos ha dejado a un solo poeta, ni un músico, ni una ruina. Esparta es la única ciudad griega que no ha contribuido en nada a la humanidad».

Finalmente, en una de sus múltiples conferencias Lejeune dijo lo siguiente acerca de su profesión como médico: «Los que tenemos esta profesión, qué tenemos que hacer para saber qué se debe hacer y qué debe ser rechazado. Necesitamos una referencia y tal vez una referencia mucho más fuerte que la ley natural… y esta referencia es muy sencilla… la conocéis todos. Mejor dicho es una frase, pero una frase que lo juzga todo y lo explica todo, que lo contiene todo… y esta frase es: “Lo que hagáis al más pequeño de los míos es a mí a quien se lo hacéis”».

nicolás jouve, 30 noviembre 2016


CARVIDEX


A partir do dia 01 de Janeiro, 

CARVIDEX retoma as publicações.

Pequena agenda do cristão


Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?