25/01/2015

Temas para meditar - 345


Sinais


Muitas vezes procura-se como que um sinal, uma evidência humana, sem entender a que se trata de um facto que não é simplesmente humano, mas uma realidade predominantemente sobrenatural.


(federico suarez, A Virgem Nossa Senhora, Éfeso, 4ª Ed. nr. 55)

Tratado do verbo encarnado 101

Questão 15: Das fraquezas atinentes à alma que Cristo assumiu com a natureza humana

Art. 8 — Se em Cristo houve admiração.

O oitavo discute-se assim. — Parece que em Cristo não havia admiração.

1. — Pois, a admiração é causada de conhecermos um efeito e lhe ignorarmos a causa, e assim, admirar-se é próprio só do ignorante. Ora, em Cristo não houve ignorância, como se disse. Logo, em Cristo não houve admiração.

2. Demais. — Damasceno diz, que a admiração é o temor oriundo de uma grande imaginação, donde o dizer o Filósofo, que o magnânimo não é admirativo. Ora, Cristo foi magnânimo por excelência. Logo, em Cristo não houve admiração.

3. Demais. — Ninguém se admira daquilo que pode fazer. Ora, Cristo podia fazer tudo quanto de grande havia na realidade. Logo, não podia admirar-se de nada.

Mas, em contrário, o Evangelho: Ouvindo Jesus (as palavras do Centurião) admirou-se.

A admiração nasce propriamente do que é novo e insólito. Ora, para a ciência divina de Cristo nada podia haver de novo nem de insólito, nem para a sua ciência humana, pela qual conhecia as causas no Verbo, ou as causas, pelas espécies infusas. Mas algo podia haver de novo e de insólito à sua ciência experimental, pela qual lhe podiam ocorrer todos os dias causas novas. Donde, se nos referimos à sua ciência divina ou à da visão beatífica ou ainda à infusa, em Cristo não houve admiração: mas, se lhas referimos à sua ciência experimental, então podia haver admiração nele. E assumiu esse sentimento, para a nossa instrução, isto é, para nos ensinar que devemos admirar o que também ele admirou. Donde o dizer Agostinho: Cristo advertiu-nos que devíamos admirar o que também ele admirou, a nós que temos necessidades de tais movimentos. Logo, todos os seus movimentos como esses não eram sinais de perturbação de alma, mas exprimiam o magistério docente.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Embora Cristo não ignorasse nada, podia contudo ocorrer alguma novidade à sua ciência experimental, que lhe causasse admiração.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo não se admirava da fé do Centurião por ser grande relativamente a ele, mas por o ser relativamente aos homens.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Cristo podia fazer tudo pelo seu poder divino, que não deixava lugar nele à admiração, mas só era susceptível de admiração experimental, como dissemos.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Ev. diário L. Esp. (Temas actuais do cristianismo)

Tempo Comum III Semana

Conversão de São Paulo

Evangelho: Mc 1 14-20

14 Escolheu doze para que andassem com Ele e para os enviar a pregar, 15 com poder de expulsar os demónios: 16 Simão, a quem pôs o nome de Pedro; 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; 18 e André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, 19 e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. 20 Depois, foi para casa e de novo acorreu tanta gente, que nem sequer podiam tomar alimento

Comentário

Quem escolhe e quem é escolhido, este é, desde sempre, um dos dilemas do homem.

A missão de cada um, aquilo que se espera que faça, que valor tem?

Se entendermos missão como vocação será mais evidente que o homem não é um ser isolado e que as suas acções têm sempre uma consequência.
Se dentro do que se espera... construtivas, se separadas do contexto ou fruto de decisão egoísta, destinadas ao falhanço e sem aproveitamento.

Ser escolhido será uma honra tanto maior quanto o for a resposta pessoal à escolha e, se se entender que escolha significa selecção, fica-se com uma ideia clara da honra que reveste e da responsabilidade que implica.

De facto, podemos pensar que somos ‘seleccionados’ por Deus para fazer parte da Sua ‘equipa’ destinada a levar de vencida os desafios do mundo e assegurar a conquista do maior troféu que imaginar se possa: a vida eterna no seio de Deus, com a Santíssima Virgem, os Santos e os Anjos!

(ama, comentário sobre Mc 1, 14-20, Esposende, 1012.01.22)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Temas actuais do cristianismo [i]

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Poderia dizer se, ou até que ponto, tem o Opus Dei em Espanha uma orientação económica ou política? Em caso afirmativo, poderia defini-la?

O Opus Dei não tem nenhuma orientação económica ou política, nem em Espanha nem em nenhum outro sítio. É certo que, movidos pela doutrina de Cristo, os seus sócios defendem sempre a liberdade pessoal, o direito que todos os homens têm a viver e a TRABALHAR, a ser protegidos durante a doença e na velhice, a constituir um lar e a trazer filhos ao mundo, a educar esses filhos de acordo com o talento de cada um e a receber um tratamento digno de homens e de cidadãos.

Mas a Obra não lhes propõe nenhum caminho concreto no campo económico, político ou cultural. Cada um dos seus membros tem plena liberdade para pensar e actuar nessas matérias como melhor lhe parecer. Em tudo aquilo que é temporal, os sócios da Obra são libérrimos: cabem no Opus Dei pessoas de todas as tendências políticas, culturais, sociais e económicas que a consciência cristã possa admitir.

Eu nunca falo de política. A minha missão como sacerdote é exclusivamente espiritual. Além disso, mesmo que alguma vez exprimisse uma opinião em assuntos temporais, os sócios da Obra não teriam nenhuma obrigação de a seguir.

Nunca os directores da Obra podem impor um critério político ou profissional aos outros membros. Se algum vez um sócio do Opus Dei tentasse fazê-lo, ou servir-se dos outros sócios para fins humanos, seria expulso sem contemplações porque os outros se revoltariam legitimamente.

Nunca perguntei, nem perguntarei, a nenhum sócio da Obra de que partido é ou que doutrina política defende, porque isso me parece um atentado à sua legítima liberdade. E o mesmo fazem os directores da Obra em todo o mundo.

Sei contudo que entre os sócios da Obra - em Espanha como em qualquer outro país - há de facto grande variedade de opiniões, e nada tenho a dizer em contrário. Respeito-as todas, como respeitarei qualquer opção temporal tomada por um homem que se esforça por actuar segundo a sua consciência.

Esse pluralismo não constitui um problema para a Obra. Pelo contrário, é uma manifestação de bom espírito, que patenteia a legítima liberdade de cada um.

49             
É um mito, uma meia-verdade ou uma realidade que o Opus Dei se converteu, em Espanha, num potentado político e económico, através das posições que os seus membros ocupam no mundo da política e da economia?

É simplesmente um erro. A maioria dos membros da Obra são pessoas de condição social mediana ou mesmo modesta: operários, empregados de escritório, trabalhadores do campo, empregadas domésticas, professores, etc. Há também alguns - muito menos - que exercem a sua profissão no mundo da política e da economia. Tanto uns como outros actuam a título exclusivamente pessoal, com plena autonomia, e respondem pessoalmente pelas suas actuações.

Os fins do Opus Dei são exclusivamente espirituais. A todos os seus sócios, exerçam ou não uma especial influência social, só lhes pede que lutem por viver uma vida plenamente cristã: não lhes dá nenhuma orientação sobre o modo de realizar o seu TRABALHO; não tenta coordenar as suas actividades; não se serve dos cargos que possam ocupar.

A Obra poderia comparar-se a um clube desportivo ou a uma associação de fins beneficentes, no sentido de que nada tem a ver com as actividades políticas ou económicas que os seus sócios possam exercer.

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Se, como pretendem os seus sócios, o Opus Dei é simplesmente uma associação religiosa, em que cada indivíduo é livre de seguir as suas opiniões, como explica a convicção, muito espalhada, de que o Opus Dei é uma organização monolítica, com posições bem definidas em assuntos temporais?

Não me parece que esta opinião esteja realmente muito difundida. Bastantes dos órgãos mais qualificados da imprensa internacional reconheceram já o pluralismo dos sócios da Obra.

Houve de facto algumas pessoas que defenderam a opinião errónea a que se refere. É possível que alguns, por diversos motivos, tenham difundido tal ideia, mesmo sabendo que não corresponde à realidade. Penso que, em muitos outros casos, isso se pode atribuir à falta de conhecimento, ocasionado talvez por deficiência de informação: não estando bem informadas, não é de estranhar que as pessoas que não têm suficiente interesse por entrarem em contacto pessoal com o Opus Dei e por se informarem bem, atribuam à Obra, como tal, as opiniões de alguns sócios.

O que é certo é que ninguém medianamente informado sobre os assuntos espanhóis pode desconhecer a realidade do pluralismo existente entre os sócios da Obra. Você mesmo poderia citar com certeza muitos exemplos.

Outro factor pode ser o preconceito subconsciente de pessoas que têm mentalidade de partido único, no campo político ou no espiritual. Para quem tem esta mentalidade e pretende que todos opinem do mesmo modo que ele, é difícil acreditar que haja quem seja capaz de respeitar a liberdade dos outros. Atribuem assim à Obra o carácter monolítico que têm os seus próprios grupos.

51             
Pensa-se geralmente que o Opus Dei, como organização, maneja uma considerável força económica. Uma vez que o Opus Dei dirige de facto actividades de tipo educativo, beneficente, etc., poderia explicar-nos como administra o Opus Dei essas actividades, isto é, como obtém os meios económicos, como os coordena e distribui?

Efectivamente, em todos os países onde trabalha, o Opus Dei dirige actividades sociais, educativas e beneficentes. Não é este, porém, o principal trabalho da Obra; aquilo que o Opus Dei pretende é que haja muitos homens e mulheres que procurem ser bons cristãos e, portanto, testemunhas de Cristo no meio das suas ocupações habituais. Os centros a que se refere têm precisamente esta finalidade. Por isso a eficácia de todo o nosso trabalho fundamenta-se na graça de Deus e numa vida de oração, trabalho e sacrifício. Mas não há dúvida que qualquer actividade educativa, social ou de beneficência tem de servir-se de meios económicos.

Cada centro se financia do mesmo modo que qualquer outro da sua espécie. As residências de estudantes, por exemplo, contam com as mensalidades que pagam os residentes; os colégios, com as propinas dos alunos; as escolas agrícolas, com a venda dos seus produtos, etc. É evidente, contudo, que estas receitas quase nunca são suficientes para cobrir todas as despesas de um centro, e menos ainda tendo em conta que todas as iniciativas do Opus Dei são pensadas com um critério apostólico e que a maioria delas se dirige a pessoas de escassos recursos económicos, que, muitas vezes, pagam pela formação que se lhes proporciona quantias meramente simbólicas.

Para tornar possíveis essas actividades conta-se também com o contributo dos sócios da Obra, que a elas destinam parte do dinheiro que ganham com o seu trabalho profissional, mas sobretudo com a ajuda de muitas pessoas que, embora sem pertencerem ao Opus Dei, estão dispostas a colaborar em tarefas de transcendência social e educativa. Os que trabalham em cada centro procuram fomentar em cada uma das pessoas o zelo apostólico, a preocupação social, o sentido comunitário que os levam a colaborar activamente na realização desses empreendimentos. Como se trata de trabalhos feitos com seriedade profissional, que correspondem a necessidades reais da sociedade, na maioria dos casos a resposta tem sido generosa. A Universidade de Navarra, por exemplo, tem uma Associação de Amigos com cerca de 12.000 membros.

O financiamento de cada centro é autónomo. Cada um funciona com independência e procura encontrar os fundos necessários entre pessoas interessadas naquele actividade concreta.

52             
Aceitaria a afirmação de que o Opus Dei "controla" de facto determinados bancos, empresas, jornais, etc.? Se assim é, que significa "controle" neste caso?

Há alguns sócios do Opus Dei - bastante menos do que alguma vez se terá dito - que exercem o seu trabalho profissional na direcção de empresas de diverso tipo. Uns dirigem empresas familiares que herdaram dos seus pais. Outros estão à frente de sociedades que fundaram, sós ou unidos a outras pessoas da mesma profissão. Outros, pelo contrário, foram nomeados gerentes de alguma empresa pelos respectivos donos, que confiaram na sua capacidade e conhecimentos. Podem ter alcançado os cargos que ocupam por qualquer dos caminhos honestos que uma pessoa costuma percorrer para chegar a uma posição desse tipo. Quer dizer: isto nada tem a ver com o facto de pertencerem à Obra.

Os directores de empresa que fazem parte do Opus Dei procuram, como todos os sócios, viver o espírito evangélico no exercício da sua profissão. Isto exige-lhes, em primeiro lugar, que vivam escrupulosamente a justiça e a honestidade. Procurarão, portanto, fazer o seu trabalho honradamente: pagar um salário justo aos seus empregados, respeitar os direitos dos accionistas ou proprietários e da sociedade, e cumprir todas as leis do país. Evitarão qualquer espécie de partidarismos ou favoritismos em relação a outras pessoas, sejam elas ou não sócios do Opus Dei. Entendo que o favoritismo seria contrário, não já à busca de plenitude de vida cristã - que é o motivo por que se ingressa na Obra, mas às exigências mais elementares da moral evangélica.

Já se falou atrás da liberdade absoluta de que gozam todos os sócios da Obra no seu trabalho profissional. Isto quer dizer que os sócios da Obra que dirigem empresas de qualquer tipo fazem-no de acordo com o seu critério pessoal, sem receber nenhuma orientação dos directores sobre o modo de realizar o seu trabalho. Tanto a política económica e financeira que seguem na gestão da empresa, como a orientação ideológica, no caso de uma empresa ligada à opinião pública, é da sua exclusiva responsabilidade.

Toda a apresentação do Opus Dei como uma central de directrizes e orientações temporais ou económicas carece de fundamento.

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Como está organizado o Opus Dei [*] em Espanha? Como está estruturado o seu governo e como funciona? Intervém V. Rev.ª pessoalmente nas actividades do Opus Dei em Espanha?

O trabalho de direcção no Opus Dei é sempre colegial, nunca pessoal. Detestamos a tirania, que é contrária à dignidade humana. Em cada país a direcção do nosso trabalho é da competência de uma comissão, composta na sua maior parte por leigos de diversas profissões, e presidida pelo Conselheiro do Opus Dei no país. Em Espanha o Conselheiro é o Rev.º P.e Dr. Florencio Sánchez Bella.

Como o Opus Dei é uma organização sobrenatural e espiritual, o seu governo limita-se a dirigir e a orientar o trabalho apostólico, com exclusão de qualquer tipo de finalidade temporal. A direcção da Obra, não só respeita a liberdade dos seus membros, como lhes faz tomar viva consciência dela. Para conseguir a perfeição cristã na profissão ou no ofício que cada um exerce, os membros da Obra necessitam de estar formados de modo que saibam administrar a sua liberdade: com presença de Deus, com piedade sincera, com doutrina. Esta é a missão fundamental dos directores da nossa Obra: tornar acessível a todos os sócios o conhecimento e a prática da fé cristã, para que a tornem realidade na sua vida, cada um com plena autonomia. Sem dúvida que é necessária, pelo que se refere ao terreno estritamente apostólico, uma certa coordenação mas ainda aqui a coordenação se limita ao mínimo indispensável para facilitar a criação de centros educativos, sociais ou de beneficência, que realizam um eficaz serviço cristão.

Os mesmos princípios que acabo de expor se aplicam ao governo central da Obra. Eu não governo sozinho. As decisões são tomadas no Conselho Geral do Opus Dei, que tem a sua sede em Roma e é composto actualmente por pessoas de catorze países. O Conselho Geral limita-se por seu lado a dirigir, em linhas fundamentais, o apostolado da Obra em todo o mundo, deixando uma amplíssima margem de iniciativa aos Directores de cada país. Na Secção Feminina existe um regime análogo. Do seu Conselho Central fazem parte associadas de doze nacionalidades.

[*] Cfr. a nota do n.º 35

(cont)








[i] Entrevista realizada por Tad Szulc, correspondente do New York Times, em 7 de Outubro de 1966.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?