15/02/2015

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Tratado do verbo encarnado 122

Questão 18: Da unidade de Cristo quanto a vontade

Art. 5 — Se a vontade humana de Cristo quis coisas diferentes das que Deus quer.

O quinto discute-se assim. — Parece que a vontade humana de Cristo não quis coisas diferentes das que Deus quer.

1. — Pois, diz a Escritura: Para fazer a tua vontade, Deus meu, eu o quis. Ora, quem quer fazer a vontade de outrem quer o que este quer. Logo, parece que a vontade humana de Cristo não queria senão o que a sua vontade divina queria.

2. Demais. — A alma de Cristo tinha uma caridade perfeitíssima, excelente mesmo à compreensão da nossa ciência, segundo aquilo do Apóstolo: A caridade de Cristo, que excede todo entendimento. Ora, a caridade faz querermos o que Deus quer, donde o dizer o Filósofo, que uma das características dos amigos é querer e escolher as mesmas coisas. Logo, a vontade humana de Cristo nada mais queria do que queria a sua vontade divina.

3. Demais. — Cristo gozava realmente da visão beatífica. Ora, os santos que gozam da visão beatífica no céu, não querem senão o que Deus quer. Do contrário, não seriam santos, por não terem tudo quanto quisessem, pois, como diz Agostinho, bem-aventurado é quem tem tudo o que quer e nada quer de mau. Logo, Cristo nada mais quis, pela sua vontade humana, senão o que a vontade divina queria.

Mas, em contrário, Agostinho diz: Quando Cristo disse — não o que eu quero, mas o que tu queres — mostrou querer coisa diferente que a querida pelo Pai. E isso só o podia pela sua vontade humana, pois, transfigurou a nossa fraqueza no seu desejo, não divino, mas humano.

Como dissemos, a natureza humana de Cristo encerra vontade dupla, a sensitiva, chamada vontade por participação, e a racional, considerada quer como natureza, quer como razão. Ora, como dissemos, o Filho de Deus, por uma certa dispensa e antes da sua paixão, permitia à carne fazer e sofrer como carne. E semelhantemente, permitia a todas as suas faculdades agir como lhes era próprio. Ora, é manifesto que a vontade sensitiva evita naturalmente as dores sensíveis e os sofrimentos do corpo. Semelhantemente, a vontade como natureza evita o que lhe é contrário e o mal em si mesmo, como a morte e males semelhantes. Ora, tais coisas a vontade, como razão, pode às vezes eleger, em dependência do fim, assim como a sensualidade, e mesmo a vontade, absolutamente considerada, de um homem tal, enquanto tal, evita uma queimadura, que contudo a vontade racional elege, em vista da saúde adquiri-la. Ora, a vontade de Deus era, que Cristo padecesse dores, sofrimentos e a morte, não por Deus os querer como tais, mas em ordem ao fim da salvação humana. Donde é claro, que Cristo, pela vontade da sensualidade, e pela vontade racional, considerada como natureza, podia querer coisas diferentes das queridas por Deus. Mas, pela vontade racional queria sempre o mesmo que Deus. Isso resulta das próprias palavras de Cristo: Não se faça a minha vontade, mas sim a tua. Pois, queria, pela vontade racional, cumprir a vontade divina, embora diga que quer coisa diversa, pela sua outra vontade.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Cristo queria que a vontade do Pai se cumprisse, não porém pela vontade sensitiva, cujo movimento não se eleva até a vontade de Deus, nem pela vontade considerada como natureza, que busca um objecto absolutamente considerado, e não em ordem à vontade divina.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A conformidade da vontade humana com a divina funda-se na vontade racional, pela qual também concordam as vontades dos amigos, enquanto a razão considera a coisa querida, relativamente à vontade do amigo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Cristo ao mesmo tempo que vivia esta vida, contemplava a essência divina, enquanto a sua alma gozava de Deus, e tinha uma carne passível. E por isso, pela sua carne passível, podia padecer alguns sofrimentos repugnantes à sua vontade natural e mesmo ao apetite sensitivo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Temas para meditar - 366

Tibieza – Fervor 




Nada há, por fácil que seja, que a nossa tibieza não o apresente difícil e pesado; como tão pouco nada há tão difícil e penoso que o nosso fervor e determinação não torne totalmente fácil e leve. 



(são joão crisóstomo, De ompuntione, 1, 5)

Ev. comentário, L esp. (Vida de Maria IV)

Tempo Comum VI Semana

Evangelho: Mc 1 40-45

40 Foi ter com Ele um leproso que, suplicando e pondo-se de joelhos, Lhe disse: «Se quiseres podes limpar-me». 41 Jesus, compadecido dele, estendeu a mão e, tocando-o, disse-lhe: «Quero, fica limpo». 42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo. 43 E logo mandou-o embora, dizendo-lhe com tom severo: 44 «Guarda-te de o dizer a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela purificação o que Moisés ordenou, para que lhes sirva de testemunho». 45 Ele, porém, retirando-se, começou a contar e a divulgar o sucedido, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora nos lugares desertos, e de toda a parte vinham ter com Ele.

Comentário

É simples e ao mesmo tempo muito difícil – pelo menos para mim – comentar este trecho do Evangelho de São Marcos sem me envolver numa emoção pessoal que poderá desfocar a clareza de raciocínio.
Sim… o gesto do Senhor é de tal forma carinhoso e cheio de ternura que me deixa abismado na grandeza de um Deus e Senhor de todas as coisas que estende a mão a tocar-me como algo natural e sem qualquer reserva!
Imagino os meus pecados que desfiguram a minha alma e acredito – firmemente acredito – que Ele me toca e me abraça, aceita o meu pedido de perdão e me envia em paz completamente limpo!
Admirável Sacramento!

(ama, comentário sobre MC 1, 40 - 50 2015.01.12)


Leitura espiritual


Santíssima Virgem

Vida de Maria (IV

A VOZ DO MAGISTÉRIO

«O evangelho de Lucas, ao apresentar Maria como virgem, acrescenta que estava "desposada com um varão chamado José, da casa de David" (Lc 1, 27). Estas informações parecem, à primeira vista, contraditórias».

«Há que notar que o termo grego utilizado nesta passagem não indica a situação de uma mulher que contraiu matrimónio e, portanto, vive no estado matrimonial, mas a de noivado. Mas, de forma diferente do que acontece nas culturas modernas, no costume judaico antigo a instituição do noivado previa um contrato e tinha normalmente valor definitivo; efectivamente, introduzia os noivos no estado matrimonial embora o matrimónio se cumprisse plenamente apenas quando o jovem conduzia a noiva para sua casa».

«No momento da Anunciação, Maria encontra-se pois, na situação de esposa prometida. Podemos perguntar-nos porque razão tinha aceite o noivado, dado que tinha feito o propósito de permanecer virgem para sempre. Lucas tem consciência desta dificuldade, mas limita-se a registar a situação sem dar explicações. O facto do evangelista, mesmo pondo em relevo o propósito de virgindade de Maria, a apresente igualmente como esposa de José, constitui um sinal de que ambas as notícias são historicamente dignas de crédito».

«Pode supor-se que entre José e Maria, no momento do compromisso, existisse um entendimento sobre o projecto de vida virginal. Além disso, o Espírito Santo, que tinha inspirado a Maria a opção da virgindade com vista ao mistério da Encarnação e que queria que esta acontecesse num contexto familiar idóneo para o crescimento do Menino, pôde muito bem suscitar também em José o ideal da virgindade».

«O anjo do Senhor, aparecendo-lhe em sonhos, diz-lhe: "José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria tua esposa porque o que n’Ela foi concebido é obra do Espírito Santo" (Mt 1, 20). Desta forma recebe a confirmação de estar chamado a viver de modo totalmente especial o caminho do matrimónio. Através da comunhão virginal com a mulher predestinada para dar Jesus à luz, Deus chama-o a cooperar na realização do Seu desígnio de salvação».

«O tipo de matrimónio para o qual o Espírito Santo orienta Maria e José é compreensível apenas no contexto do plano salvífico e no âmbito de uma elevada espiritualidade. A realização concreta do mistério da Encarnação exigia um nascimento virginal que pusesse em evidência a filiação divina e, ao mesmo tempo, uma família que pudesse assegurar o desenvolvimento normal da personalidade do Menino».

«José e Maria, precisamente tendo em vista o seu contributo para o mistério da Encarnação do Verbo, receberam a graça de viver juntos o carisma da virgindade e o dom do matrimónio. A comunhão de amor virginal de Maria e José, embora constituindo um caso especialíssimo, vinculado à realização concreta do mistério da Encarnação, foi, no entanto, um verdadeiro matrimónio».

«A dificuldade de se aproximar do mistério sublime da sua comunhão esponsal induziu alguns, já desde o século II, a atribuir a José uma idade avançada e a considerá-lo o custódio de Maria, mais do que seu esposo. É caso para supor, pelo contrário, que não fosse um homem idoso, mas que a sua perfeição interior, fruto da graça, o levasse a viver com afecto virginal a relação esponsal com Maria».

«A cooperação de José no mistério da Encarnação abarca também o exercício do papel paterno relativamente a Jesus. Esta função é-lhe reconhecida pelo anjo que, aparecendo-lhe em sonhos, o convida a pôr o nome ao Menino: "Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados" (Mt 1, 21)».

João Paulo II (séc. XX), Catequese mariana na audiência de 21-VIII-1996.

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A VOZ DOS PADRES DA IGREJA

«A menina ao crescer, quando já não era necessário amamentá-la, os seus pais apressaram-se a levá-la ao templo para a oferecer a Deus e cumprir, assim, a promessa que tinham feito. Os sacerdotes educaram-na no santuário, do mesmo modo que Samuel tinha sido educado (cfr. 1 Sam 1, 24 ss). Depois, quando se tornou uma adolescente, reuniram-se em conselho para decidir o que fazer daquele corpo santo sem ofender o Senhor. Pareceu um absurdo submetê-la às leis da natureza dando-a como esposa a um varão; pensavam que seria sacrílego que um homem se convertesse em dono do que tinha sido consagrado ao Senhor. Efectivamente, era conforme à lei que o varão se convertesse em dono da sua esposa».

«Por outro lado, a lei não permitia que uma mulher habitasse o templo junto dos sacerdotes e se mostrasse no interior do santuário, coisa contrária também à honestidade e à dignidade da lei. Após discutir esses problemas, tomaram uma decisão verdadeiramente inspirada: confiá-la, sob a forma de um matrimónio, a um homem que oferecesse todas as garantias de respeito pela sua virgindade».

«Encontrou-se em José o homem adequado para aquela situação. Além disso, era da mesma tribo e família da Virgem. Seguindo o conselho dos sacerdotes, José desposou a donzela, mas a relação matrimonial ficou excluída daquelas núpcias».

São Gregório de Nisa (séc. IV), Homilia sobre a Natividade do Senhor (PG 46, 1140 A-B).

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«Sem dúvida os mistérios divinos são ocultos e, como disse o profeta, não é fácil ao homem, qualquer que seja, chegar a conhecer os desígnios de Deus (cfr. Is 40, 13). Por isso, o conjunto de acções e ensinamentos de nosso Senhor e Salvador dão-nos a entender que um desígnio bem pensado fez escolher com preferência, para Mãe do Senhor, aquela que tinha sido desposada com um varão».

«Mas porque é que não foi feita mãe antes dos seus esponsais? Pode ser para que não se possa dizer que tinha concebido adulteramente. E com razão a Escritura indicou estas duas coisas: Ela era esposa e virgem; virgem, para que aparecesse limpa de toda a relação com um varão; desposada, para a poupar ao estigma infamante de uma virgindade perdida, podendo a sua gravidez manifestar a sua queda. O Senhor quis antes permitir que alguns duvidassem da sua origem do que da pureza da Sua Mãe; sabia Ele quão delicada é a honra de uma virgem, quão frágil a fama do pudor; não julgou conveniente estabelecer a verdade da Sua origem à custa da Sua Mãe. Assim foi preservada a virgindade de Santa Maria, sem detrimento da sua pureza, sem violar a sua reputação».

Santo Ambrósio (séc. IV). Tratado sobre o Evangelho de São Lucas, livro II, n. 1.

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A VOZ DOS SANTOS

"É regra geral de todas as graças singulares comunicadas a uma criatura racional que, quando a graça divina escolhe alguém para uma tarefa especial ou algum estado muito elevado, concede todos os carismas necessários àquela pessoa para o ministério que há-de desempenhar adornando-a com eles profusamente».

«Isto realizou-se de um modo excelente na pessoa de São José, que fez as vezes de pai de nosso Senhor Jesus Cristo e que foi verdadeiro esposo da Rainha do universo e Senhora dos anjos. José foi escolhido pelo eterno Pai como protector e guarda fiel dos Seus principais tesouros, isto é, do Seu Filho e de Sua Esposa e cumpriu a sua tarefa com absoluta fidelidade. Por isso lhe diz o Senhor: Está bem, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor (Mt 25, 21)».

«Se observarmos a relação que José tem com a Igreja universal, não é este o homem especialmente escolhido, pelo qual e sob o qual Cristo foi introduzido no mundo de um modo ordenado e honesto? Portanto, se toda a Igreja está em dívida com a Virgem Mãe, já que por meio d’Ela recebeu Cristo, de modo semelhante deve a José, a seguir a Maria, uma especial gratidão e reverência».

«José vem a ser a jóia que fecha o Antigo Testamento, já que nele a dignidade patriarcal e profética alcançam o fruto prometido. Além disso, ele é o único que possuiu corporalmente o que a condescendência divina tinha prometido aos patriarcas e aos profetas».

«Temos que supor, sem qualquer dúvida, que aquela familiaridade, respeito e altíssima dignidade que Cristo tributou a José enquanto vivia na terra, como um filho ao seu pai, não lha negou no céu; pelo contrário, colmou-a e consumou-a».

São Bernardino de Siena (séc. XV). Sermão 2, sobre São José, 7. 16. 27-30.

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«Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que assim desta necessidade, como de outras maiores de honra e perda de alma, este pai e senhor meu me conseguiu mais bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo, até agora, de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer. É coisa que espanta, as grandes mercês que me fez Deus por intermédio deste bem-aventurado Santo, dos perigos de que me livrou, tanto do corpo como da alma; que a outros santos parece que lhes deu o Senhor graça para socorrer numa necessidade, a este glorioso Santo tenho experiência que socorre em todas e que o Senhor quer dar-nos a entender que assim como lhe esteve sujeito na terra — que como tinha o nome de pai, sendo aio, lhe podia mandar — assim no Céu faz quanto lhe pede».

«Quereria eu persuadir a todos para que fossem devotos deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que consegue de Deus. Não conheci pessoa que lhe seja verdadeiramente devota e faça particulares serviços, que não a veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita em grande medida às almas que a ele se encomendam. Parece-me, há alguns anos, que cada ano no seu dia lhe peço uma coisa e sempre a vejo cumprida. Se a petição vai algo torcida, ele orienta-a para maior bem meu».

«Se fosse pessoa que tivesse autoridade de escrever, de boa vontade me alargaria a dizer com muito pormenor as mercês que este glorioso Santo me fez a mim e a outras pessoas; mas para não fazer mais do que me mandaram, em muitas coisas serei mais curta do que gostaria, noutras mais longa do que devia; enfim, como quem em tudo que é bom tem pouca discrição. Só peço por amor de Deus que o tente quem não me creia e verá por experiência o grande bem que é encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção. Em especial, pessoas de oração sempre lhe deviam ser aficionadas; que não sei como se pode pensar na Rainha dos anjos em tanto tempo que passou com o Menino Jesus, que não deem graças a São José pelo bem que lhes fez. Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho».

Santa Teresa de Jesus (séc. XVI). Livro da sua vida, cap. 6, nn. 6-8.

***

«Não estou de acordo com a forma clássica de representar S. José como um homem velho, apesar da boa intenção de se destacar a perpétua virgindade de Maria. Eu imagino-o jovem, forte, talvez com alguns anos mais do que a Virgem, mas na plenitude da vida e das forças humanas.

Para viver a virtude da castidade não é preciso ser-se velho ou carecer de vigor. A pureza nasce do amor e a força e a alegria da juventude não constituem obstáculo para um amor limpo. Jovens eram o coração e o corpo de S. José quando contraiu matrimónio com Maria, quando soube do mistério da sua Maternidade Divina, quando viveu junto d'Ela respeitando a integridade que Deus queria oferecer ao mundo como mais um sinal da sua vinda às criaturas. Quem não for capaz de compreender um amor assim, conhece muito mal o verdadeiro amor e desconhece por completo o sentido cristão da castidade».

São Josemaría Escrivá de Balaguer (séc. XX). Cristo que passa, n. 40.