25/09/2019

Leitura espiritual


Amar a Igreja


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Gens Sancta, povo santo, composto por criaturas com misérias.

Esta aparente contradição marca um aspecto do mistério da Igreja.

A Igreja, que é divina, é também humana, porque está formada por homens e os homens têm defeitos:

omnes homines terra et Cinis, todos somos pó e cinza.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que funda a Santa Igreja, espera que os membros deste povo se empenhem continuamente em adquirir a santidade.

Nem todos respondem com lealdade à sua chamada.

Por isso, na Esposa de Cristo pode encontrar-se, ao mesmo tempo, a maravilha do caminho de salvação e as misérias daqueles que o percorrem.

O Divino Redentor dispôs que a comunidade por Ele fundada, fosse uma sociedade perfeita no seu género e dotada de todos os elementos jurídicos e sociais, para perpetuar neste mundo a obra da Redenção...

Se na Igreja se descobre alguma coisa que manifeste a debilidade da nossa condição humana, não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas antes à deplorável inclinação dos indivíduos para o mal; inclinação que o seu Divino Fundador permite mesmo nos mais altos membros do Corpo Místico, para que seja provada a virtude das ovelhas e dos pastores, e para que em todos aumentem os méritos da fé cristã.

Essa é a realidade da Igreja, agora e aqui.

Por isso, é compatível a santidade da Esposa de Cristo com a existência de pessoas com defeitos no seu seio.

Cristo não excluiu os pecadores da sociedade por Ele fundada.

Se, portanto, alguns membros se encontram achacados com doenças espirituais, nem por isso deve diminuir o nosso amor à Igreja.

Pelo contrário, há-de até aumentar a nossa compaixão pelos seus membros.

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Demonstraria pouca maturidade aquele que, na presença de defeitos e misérias que encontrasse em alguma pessoa pertencente à Igreja - por mais alto que estivesse colocada em virtude da sua função -, sentisse diminuir a sua fé na Igreja e em Cristo.

A Igreja não é governada por Pedro, João ou Paulo; é governada pelo Espírito Santo e o Senhor prometeu que permanecerá a seu lado todos os dias, até à consumação dos séculos.

Escutai o que diz São Tomás, que tanto se debruçou sobre este ponto, a respeito da recepção dos Sacramentos, que são causa e sinal da graça santificante: o que se abeira dos Sacramentos, recebe-os certamente do ministro da Igreja, não enquanto é tal pessoa, mas enquanto ministro da Igreja.

Por isso, enquanto a Igreja lhe permitir exercer o seu ministério, o que receber das suas mãos o Sacramento, não participa do pecado do ministro indigno, mas comunica com a Igreja, que o tem por ministro.

Quando o Senhor permitir que a fraqueza humana apareça, a nossa reacção há-de ser a mesma que teríamos se víssemos a nossa mãe doente ou tratada com frieza.

Amá-la mais, ter para com ela mais manifestações externas e internas de carinho.

Se amamos a Igreja, nunca aparecerá em nós o interesse mórbido de pôr à mostra, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos seus filhos.

A Igreja, Esposa de Cristo, não tem por que entoar nenhum mea culpa.
Nós sim: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!

Este é o verdadeiro meaculpismo, o pessoal, e não o que ataca a Igreja, apontando e exagerando os defeitos humanos, que, na Mãe Santa, são uma consequência da acção n'Ela exercida pelos homens.

Acção que, aliás, só vai até onde os homens podem, porque nunca chegarão a destruir - nem sequer a tocar - aquilo a que chamávamos a santidade original e constitutiva da Igreja.

Por isso, Deus Nosso Senhor comparou, com toda a propriedade, a Igreja à eira onde se amontoa a palha e o trigo, de que sairá o pão para a mesa e para o altar; comparou-a também a uma rede varredeira ex omni genere piscium congreganti, capaz de apanhar peixes bons e maus que depois serão separados.

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O mistério da santidade da Igreja - essa luz original, que pode ficar oculta pela sombra das baixezas humanas - exclui todo e qualquer pensamento de suspeita ou de dúvida sobre a beleza da nossa Mãe. Nem se pode tolerar, sem protesto, que outros a insultem.

Não procuremos na Igreja os lados vulneráveis para a crítica, como alguns que não demonstram ter fé nem ter amor.

Não posso conceber como é possível ter um carinho verdadeiro pela nossa mãe e falar dela com frieza.

A nossa Mãe é Santa, porque nasceu pura e continuará sem mácula por toda a eternidade.

Se, por vezes, não soubermos descobrir o seu rosto formoso, limpemos nós os olhos; se notamos que a sua voz não nos agrada, tiremos dos nossos ouvidos a dureza que nos impede de ouvir, no seu tom, os assobios do Pastor amoroso.

A nossa Mãe é Santa, com a santidade de Cristo, à qual está unida no corpo - que somos todos nós - e no espírito, que é o Espírito Santo, assente também no coração de cada um de nós, se nos conservamos na graça de Deus.

Santa, Santa, Santa! ousamos cantar à Igreja, evocando o hino em honra da Santíssima Trindade.

Tu és Santa, Igreja, minha Mãe, porque foste fundada pelo Filho de Deus, Santo; és Santa, porque assim o dispôs o Pai, fonte de toda a santidade; és Santa, porque te assiste o Espírito Santo que mora na alma dos fiéis, a fim de reunir os filhos do Pai, que hão-de habitar na Igreja do Céu, a Jerusalém eterna.

SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

(cont)




Temas para reflectir e meditar


Amor 


O amor representa a verdadeira essência dos ensinamentos de Cristo, porque é o mandamento supremo. A vida – a vida de todos nós – deve estar fundada no amor.

O amor!
É a grande realidade que deve mover a sociedade hoje como ontem se não quiser tornar-se totalmente árida numa contraposição dialéctica de desfrute e rebeldia, numa pura e simples relação de dar e ter, num egoísmo de nómadas que se desfloram sem encontrar-se jamais, se não for na desconfiança e no desprezo. Só no amor está o segredo da sobrevivência.



(SÃO JOSÃO PAULO II, Disc. ao Sacro Colégio Cardinalício, 1980.12.22)





Evangelho e comentário


TEMPO COMUM


Evangelho: Lc 9, 1-6

Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem todas as doenças. Depois enviou-os a proclamar o reino de Deus e a curar os enfermos. E disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, e não leveis duas túnicas. Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. Se alguns não vos receberem, ao sair dessa cidade, sacudi o pó dos vossos pés, como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e foram de terra em terra a anunciar a boa nova e a realizar curas por toda a parte.

Comentário:

A primeira Missão!

Munidos com os poderes dados pelo Senhor, os Doze, não necessitam de mais nada, têm quanto precisam.

Não consta nos Evangelhos que tenham perguntado, por exemplo, o que iriam dizer e como.

Percebem perfeitamente que, o que o Mestre lhes manda, é que repitam a quantos quiserem ouvir, as suas palavras, a Sua doutrina sem acrescentar nada da sua lavra.
E partem cheios de entusiasmo e, a verdade, é que não são defraudados nas suas expectativas.

(AMA, comentário sobre Lc 9, 1-6, 22.06.2017)


Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?








Examina-te: devagar, com valentia


Exame. – Tarefa diária. – Contabilidade que nunca descura quem dirige um negócio. E há negócio que valha mais do que o negócio da vida eterna? (Caminho, 235)

Examina-te: devagar, com valentia. – Não é certo que o teu mau humor e a tua tristeza sem motivo (sem motivo, aparentemente) procedem da tua falta de decisão em cortares os laços subtis, mas "concretos", que te armou – arteiramente, com paliativos – a tua concupiscência? (Caminho, 237)

Acaba sempre o teu exame com um acto de Amor – dor de Amor – : por ti, por todos os pecados dos homens... – E considera o cuidado paternal de Deus, que afastou de ti os obstáculos para que não tropeçasses. (Caminho, 246)

Há um inimigo da vida interior, pequeno, tolo, mas muito eficaz, desgraçadamente: o pouco empenho no exame de consciência. (Forja, 109)