02/12/2016

Um só coração e uma só alma

Hás-de ser, como filho de Deus e com a sua graça, varão ou mulher forte, de desejos e de realidades. Não somos plantas de estufa. Vivemos no meio do mundo e temos de estar a todos os ventos, ao calor e ao frio, à chuva e aos ciclones..., mas fiéis a Deus e à sua Igreja. (Forja, 792)

O trabalho da Igreja, cada dia, é como um grande tecido que oferecemos a Nosso Senhor, porque todos os baptizados somos Igreja.

Se cumprirmos – fiéis e entregues –, este grande tecido será formoso e sem defeito. Mas, se se solta um fio aqui, outro ali e outro pelo outro lado..., em vez de um bonito tecido, teremos um farrapo feito em tiras. (Forja, 640)

Pede a Deus que na Santa Igreja, nossa Mãe, os corações de todos, como na primitiva cristandade, sejam um só coração, para que até ao fim dos séculos se cumpram de verdade as palavras da Escritura: "multitudinis autem credentium erat cor unum et anima una", a multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma.

– Falo-te muito seriamente: que por tua causa não se lese esta unidade santa. Leva isto à tua oração! (Forja, 632)


Oferece a oração, a expiação e a acção por esta finalidade: "ut sint unum!", para que todos os cristãos tenham uma mesma vontade, um mesmo coração, um mesmo espírito: para que "omnes cum Petro ad Iesum per Mariam!", todos, bem unidos ao Papa, vamos a Jesus, por Maria. (Forja, 647)

Reflectindo - 213

Ética

Levantam-se muitas questões e com muita frequência sobre este tema.

O que é, no fim e ao cabo, a ÉTICA?

Há, evidentemente, inúmeras fontes onde beber a informação, desde Santo Agostinho e São Tomás de Aquino – duas mentes cujo brilho se estende pelos séculos – a muitos outros mais recentes.

Mas eu sou um simples homem com algumas preocupações e muitos desejos de saber. Não me atrevo a colocar-me a qualquer nível de “pensador” mesmo simples e sem projecção (que aliás não procuro) mas apenas expor o que penso sobre o assunto.

Para mim a ética não passa de um conceito de comportamento pessoal.
Trata-se de fazer, pensar ou até desejar com são critério e honestidade intelectual.

Digamos que actuamos dentro de balizas que nós próprios definimos como as ideais e que mantemos fixas sejam quais forem as circunstâncias ou ambientes.

Não sendo perfeitos ansiamos, contudo pela perfeição, não sendo exemplares, desejamos não obstante estar acima de qualquer crítica ou avaliação.
Quanto a mim, estes desideratos, de altíssimo nível, não se conseguem sem simplicidade e honestidade.

Quanto à simplicidade parece-me óbvio: o que é evidente é!

No que respeita à honestidade julgo que está definido: se é correcto é honesto.

Vejamos o drama (as trapalhadas) dos incidentes com entidades bancárias - por exemplo – e qual, na minha opinião, a verdadeira razão porque acontecem.
Porque não houve ética no comportamento e, logo, honestidade no procedimento.

‘Este dinheiro não é meu, foi-me entregue em confiança para que o administrasse conforme propus a quem mo confiou’.

Este é o princípio ético que deveria estar sempre presente na actividade das pessoas que se dedicam e estes negócios.

Não observado acontece a desonestidade… tout court!

O comportamento não pode – não se admite – ser elástico, maleável, adaptável, não se é honesto gradualmente: ou se é ou não!

A ética é, portanto, essa barreira que impede saltar para procura de uma solução de um problema criando um outro que, por acumulação, se torna mais grave e com consequências de muito mais vasta proporção.

Mas no exercício da profissão ou no comportamento usual a ética tem de estar presente como um “regulamento” concreto – não empírico – livremente aceite e, por isso mesmo, de observância real.

A ética tem a ver – eminentemente – com o conceito de moral (podem até fundir-se), ou seja: eu não sou um ser isolado nem livre em termos absolutos porque tenho de considerar que nalgum momento, dependo de alguém e alguém depende de mim e que não posso fazer seja o que for só porque me apetece mas sempre ter em devida conta se o que me apetece fazer colide de alguma forma – ténue ou não – com o outro, o próximo.

A ética, assim, serve de escudo protector às decisões tomadas sem devida ponderação – neste caso não passarão de reacções – e vistas à lupa de critério são e bem informado.


(ama, reflexões, Cascais, 22.09.2016)

Evangelho e comentário

Tempo do Advento

Evangelho: Mt 9, 27-31

27 Partindo dali Jesus, seguiram-n'O dois cegos, gritando e di­zendo: «Tem piedade de nós, Filho de David!». 28 Tendo chegado a casa, aproximaram-se d'Ele os cegos. E Jesus disse-lhes: «Credes que posso fazer isto?». Eles responderam: «Sim, Senhor». 29 Então tocou-lhes os olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé». 30 E abri­ram-se os seus olhos. Jesus deu-lhes ordens terminantes, dizendo: «Cuidado, que ninguém o saiba». 31 Mas eles, retirando-se, divulgaram por toda aquela terra a Sua fama.

Comentário:

De facto, ver Jesus, é, deve ser, a aspiração de qualquer ser humano.

Pode imaginar-se a alegria destes dois homens:

não só passam a ver como, a primeira imagem que têm, é a do Rosto amabilíssimo de Jesus.

É algo tão extraordinário que não obstante as recomendações do Senhor, não conseguem esconder a sua alegria nem calar as acções de graças que lhes vêm da alma.

Calculamos - pobre e palidamente - como será o nosso júbilo quando, um dia, contemplarmos a Face de Cristo sabendo que essa visão magnífica será para sempre!

(ama, comentário sobre Mt 9, 27-31, Convento, Monte Real, 02.12.2001)





Leitura espiritual


DE MAGISTRO

(DO MESTRE)

CAPÍTULO XII

CRISTO É A VERDADE QUE ENSINA INTERIORMENTE

AGOSTINHO

– Ora, se para as cores precisamos de luz, e para as outras coisas que nosso corpo percebe interpelamos os elementos do mundo, os objectos percebidos e os próprios sentidos são instrumentos de que a mente se serve para conhecer as coisas externas.

Todavia, para aquelas coisas que conhecemos pela inteligência consultamos, por meio da razão, a verdade interior; e o que diremos, para que fique claro, senão que pelas palavras nada mais aprendemos além do som que atinge nosso ouvido?

Pois todas as coisas que percebemos, ou são apanhadas pelos sentidos físicos ou pela mente.

Chamamos às primeiras “sensíveis”, e às segundas “inteligíveis” ou, para usar a linguagem de nossos autores, às primeiras “carnais” e às segundas “espirituais”.

Quanto às primeiras, se estiverem ao nosso alcance podemos responder, como quando estamos olhando a lua, e alguém nos pergunte o que é ou onde ela está.
Neste caso, quem pergunta, se não enxergam acredita ou não nas nossas palavras, mas não aprende de modo algum; a menos que também veja o que lhe está sendo afirmado e, nesse caso, não aprende pelo simples som das palavras, mas pelas próprias coisas e que fecha os seus sentidos.

As palavras, pois, têm o mesmo som para quem vê, como para quem não vê.
Se, porém, somos indagados, não sobre as coisas presentes, mas sobre as que percebemos outrora, respondendo, não fazemos referências às mesmas, mas às suas imagens gravadas na nossa memória; não sei como poderíamos chamar tais imagens de verdadeiras, pois percebemos serem falsas, a não ser que acrescentemos que sua visão e percepção não são actuais, mas pretéritas.

Portanto, nós gravamos nos meandros da memória as imagens como documentos das coisas que percebemos; contemplando-as com honestidade na nossa mente, não mentimos quando falamos.

Mas estes são documentos válidos só para nós, pois quem nos ouve, se as percebeu ou presenciou, não as aprende pelas minhas palavras, mas as reconhece nas imagens que também levou consigo;todavia, se nunca as percebeu, todos concordarão que ele mais do que aprender, crê nas palavras.

Tratando das coisas que percebemos pela mente, isto é, por meio do intelecto e da razão, estamos ainda tratando de coisas que temos como presentes, sob a luz interior da verdade, que ilumina o homem interior, que dela desfruta.

Mas também aqui nosso interlocutor conhece o que eu digo pela sua própria contemplação, e não mediante minhas palavras, posto que ele também veja por si a mesma coisa com olhos interiores e simples.

Portanto, nem sequer a este, que vê as coisas na verdade, ensino algo dizendo-lhe a verdade, uma vez que não aprende pelas minhas palavras, mas pelas próprias coisas que Deus a ele revela no seu interior; e ele, interrogado sobre elas, sem mais, poderia responder.

Ora, haverá absurdo maior que acreditar que minhas palavras possam ter instruído aquele que, interrogado antes da minha prelecção, poderia responder sobre o assunto?

O caso, que ocorre com frequência, de alguém interrogado negar algo e depois, estimulado por perguntas ulteriores, vir a concordar, depende da fraqueza da sua visão que não pode abarcar todas as coisas pela luz interior, e a isto sendo levado, por partes sucessivas, pelas perguntas inerentes às mesmas partes de uma verdade única, que ele não podia intuir, de uma só vez, no seu conjunto.

Se chegar a tal por meio das perguntas, não significa que as palavras lhe ensinaram alguma coisa, mas apenas que lhe ofereceram um meio, uma capacidade para enxergar no seu interior.

Seria assim se eu te arguisse sobre o que estamos tratando agora, isto é, se é possível ensinar algo pelas palavras, e tu, na incapacidade de abranger com a mente a questão inteira, julgasses, no primeiro momento, absurda a pergunta.

Por isso, foi preciso apresentar a pergunta na medida da tua capacidade de ouvir o mestre interior, e dizer-te as coisas que, quando ouves, confessas com certeza serem verdadeiras e que afirmas conhecê-las bem; onde aprendeste?

Responderias, talvez, que fui eu quem tas ensinou?

E então eu perguntaria:

Como? Se eu te afirmasse ter visto um homem voando, as minhas palavras dar-te-iam tanta certeza como se me ouvisses dizer que os homens sábios são melhores que os tolos?

Certamente, depois de negar, responderias não acreditar na primeira ou, mesmo que acreditasses, que ela é para ti completamente desconhecida, e, no entanto, que sabes com certeza a segunda.

Compreenderias, pois com clareza que nada aprendeste com minhas palavras: nem aquilo que ignoravas, nem aquilo que já sabias optimamente; pois jurarias, ao ser interrogado parte por parte sobre as duas coisas, que a primeira te era desconhecida e a segunda, conhecida.

E então chegarias a admitir tudo o que antes negavas ao reconhecer como claras e certas as partes que compõem a questão; isto é, que a respeito de tudo o que falamos, quem nos está ouvindo ou desconhece se não verdadeiras, ou sabe que são falsas, ou sabe que são verdadeiras.

No primeiro caso, ou crê, ou opina, ou duvida; no segundo, nega; no terceiro, afirma, mas em nenhum dos três aprende.

Tanto aquele que depois de me ouvir ignora a coisa, como quem reconhece que ouviu falsidades e como quem, interrogado, poderia repetir o que foi dito, demonstra que nada aprendeu pelas minhas palavras.

(Revisão de versão portuguesa por ama

Lições de São João Paulo II - 8

Lições de São João Paulo II



8 – A santidade é a força mais poderosa para levar Cristo ao coração dos homens.



(12 Lições de são joão paulo II)


(revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão


Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?