04/03/2018

Servir Nosso Senhor e os homens

Qualquer actividade – quer seja ou não humanamente muito importante – tem de converter-se para ti num meio de servir Nosso Senhor e os homens: aí está a verdadeira dimensão da sua importância. (Forja, 684)


Não me afasto da mais rigorosa verdade se vos digo que Jesus continua agora a buscar pousada no nosso coração. Temos de Lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa ingratidão. Temos de Lhe pedir a graça de nunca mais Lhe fechar a porta das nossas almas.


O Senhor não nos oculta que a obediência rendida à vontade de Deus exige renúncia e entrega porque o amor não pede direitos: quer servir. Ele percorreu primeiro o caminho. Jesus, como obedecestes Tu? Usque ad mortem, mortem autem crucis, até à morte e morte de Cruz. É preciso sair de nós mesmos, complicar a vida, perdê-la por amor de Deus e das almas... Tu querias viver e que nada te acontecesse; mas Deus quis outra coisa... Existem duas vontades: a tua vontade deve ser corrigida para se identificar com a vontade de Deus, e não torcida a de Deus para se acomodar à tua.


Com alegria, tenho visto muitas almas que jogaram a vida – como Tu, Senhor, "usque ad mortem"! – para cumprir o que a vontade de Deus lhes pedia, dedicando os seus esforços e o seu trabalho profissional ao serviço da Igreja, pelo bem de todos os homens.



Aprendamos a obedecer, aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se voluntariamente ao serviço dos outros. Quando sentimos o orgulho que referve dentro de nós, a soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o momento de dizer que não, de dizer que o nosso único triunfo há-de ser o da humildade. Assim nos identificaremos com Cristo na Cruz, não aborrecidos ou inquietos, nem com mau humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento de nós mesmos, é a melhor prova de amor. (Cristo que passa, 19)

Temas para reflectir e meditar

Esperança


Devemos fazer provisão de esperança se queremos andar com passo firme e seguro pelo duro caminho que nos espera.


(BEATO PAULO VI Disc. 1975.12.09)







Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Jo 2, 13-25

13 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 14 Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nos seus postos. 15 Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas; 16 e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.»17 Os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devora. 18 Então os judeus intervieram e perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás de poderes fazer isto?» 19 Declarou-lhes Jesus, em resposta: «Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!» 20 Replicaram então os judeus: «Quarenta e seis anos levou este templo a construir, e Tu vais levantá-lo em três dias?» 21 Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo. 22 Por isso, quando Jesus ressuscitou dos mortos, os seus discípulos recordaram-se de que Ele o tinha dito e creram na Escritura e nas palavras que tinha proferido.23 Enquanto Ele estava em Jerusalém, durante as festas da Páscoa, muitos creram nele ao verem os sinais miraculosos que realizava. 24 Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos 25 e não precisava de que ninguém o elucidasse acerca das pessoas, pois sabia o que havia dentro delas.

Comentários:

Desde tempos imemoriais - Moisés – Deus indicou que gostaria de ter uma “habitação” no meio do Seu povo.
De facto, Deus está em todo o lado e essa “habitação” não passará de um local reservado para congregar os Seus filhos na oração comum.

Ao longo dos tempos o homem entendendo isto e tentando corresponder à vontade de Deus foi erguendo um pouco por toda a parte essas “habitações” tentando sempre com a sua arte e engenho que fossem belas e apresentassem uma dignidade correspondente.

As Igrejas não são monumentos nem “padrões” a atestarem a fé dos homens, mas locais sagrados, verdadeiramente no sentido do termo, em que Deus nosso Senhor está presente deforma especial na Eucaristia.

Ao entrar num templo – belo, grandioso ou simples e modesto – não nos esqueçamos nunca de, em primeiríssimo lugar, cumprimentar Quem lá habita prestando a homenagem e respeito que nos deve merecer.


(AMA, comentário sobre Jo 2, 13-22, 09.11.2017)

Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

CAPÍTULO VI

«TU AMAS-ME?»

O AMOR POR JESUS

1.   Porquê amar Jesus Cristo?

O primeiro motivo para amar Jesus Cristo e o mais simples, é que Ele mesmo no-lo pede.
Na última aparição de Jesus ressuscitado recordada no evangelho de João, a um certo momento, Jesus dirige-se a Simão Pedro e pergunta-lhe por três vezes seguidas:
«Simão, filho de João, tu amas-Me?» [i]

Por duas vezes, nestas palavras de Jesus é utilizado o verbo agapao que significa, habitualmente, a forma mais alta do amor, do ágape, ou da caridade, e uma vez que o verbo phileo, que significa o amor de amizade, o querer bem ou ter afeição por alguém.
“No fim da vida seremos interrogados sobre o amor” [ii] e vemos que o mesmo sucede com os Apóstolos: no fim da sua vida com Jesus, no fim do evangelho, foram interrogados sobre o amor.
Não sobre outra coisa.

Como todas as grandes palavras de Cristo no evangelho, também esta «Tu amas-Me?» não é dirigida só a quem a ouviu pela primeira vez, neste caso a Pedro, mas a todos aqueles que leem o evangelho.
De outro modo o evangelho não seria o livro que é, o livro que contém palavras que «Não passam» [iii]
Como pode, de resto, alguém que sabe quem é Jesus Cristo, ouvir aquelas palavras dos Seus lábios e não se sentir pessoalmente interpelado, não perceber que aquele «tu» do «tu amas-Me?» se dirige a ele mesmo?

Esta pergunta coloca-nos de repente numa posição especial, isola-nos de todos, individualiza-nos, faz de nós pessoas.
À pergunta “Tu amas-Me?” não se pode responder por interposta pessoa ou interposta instituição.
Não basta fazer parte de um corpo, a Igreja, que ama Jesus.
Notamos isso na própria narração evangélica, sem com isto querer forçar o texto.
Até àquele momento o cenário, apresenta-se apinhado de gente e movimentado: juntamente com Simão Pedro, estavam Tomé e Natanael, os dois filhos de Zebedeu e outros dois discípulos.
Em conjunto tinham pescado comido e reconhecido o Senhor.
Mas, agora, improvisamente àquela pergunta do Jesus, tudo e todos são como que mergulhados do nada e desaparecem da cena evangélica.
Cria-se um espaço íntimo em que se encontram sozinhos, um defronte do outro, Jesus e Pedro.
O Apóstolo é individualizado e isolado de todos por aquela pergunta inesperada: “Tu amas-Me?”
É uma pergunta à qual ninguém pode responder por Ele e à qual ele não pode responder – como fez tantas outras vezes – em nome de todos os outros, mas a que deve responder só por si mesmo.
E, de facto, vê-se que Pedro é constrangido, pelo aperto das três perguntas, a reflectir, passando das primeiras duas repostas, imediatas mas superficiais, última, na qual se vê assomar nele o conhecimento do seu passado etambém uma grande humildade:
«Senhor, Tu conheces tudo; Tu sabes que eu Te amo» [iv].

Deve-se, portanto, amar Jesus porque Ele mesmo no-lo pede.
Mas também por um outro motivo: porque Ele nos amou em primeiro lugar.
Era isso que inflamava mais que outra coisa o Apóstolo Paulo:
«Ele amou-me – dizia – e entregou-Se a Si mesmo por mim[v].
«O amor de Cristo – dizia ele ainda – leva-nos a pensar que um morreu por todos» [vi].
O facto de Jesus nos ter amado em primeiro lugar e até ao ponto de dar a Sua vida por nós, ”constrange-nos”, ou, como se pode dizer também – “força-nos de todos os lados”, e urge em nós interiormente.
Trata-se daquela tão conhecida lei pela qual o amor «a nullo amato amar perdona» [vii],isto é, não permite àquele que é amado corresponder com o seu amor!
«Como não corresponder com amor a quem tanto nos amou?», canta um hino da Igreja. [viii]
O amor só com amor se paga.
Nenhum outro peço é adequado.

Deve-se, pois, amar Jesus sobretudo porque Ele édigno de amor e amável em Si mesmo.
Ele reúne em Si toda a beleza, toda a perfeição e santidade.
O nosso coração tem necessidade de “alguma coisa de majestoso” para amar; por isso, nada a não ser Ele pode satisfazê-lo plenamente.
Se o Pai celeste encontra n’Ele, como está escrito, «toda a complacência», se o Filho é objecto de todo o Seu amor [ix]como não há-de ser também do nosso?
Se Ele enche e satisfaz toda a capacidade infinita de amor de Deus Pai, não encherá também a nossa?

Além disso, deve-se amar Jesus, porque somente O conhece quem O ama:
«Manifestar-Me-ei a quem Me ama» [x]
Se é1 verdadeiro o axioma que “não se pode amar aquilo que não se conhece” (Nihil volitum quim precognitum), é do mesmo modo verdadeiro, especialmente quando se trata das coisas divinas, também o seu contrário, isto é, não se conhece senão aquilo que se ama.
Stº Agostinho exprimiu este conceito dizendo que, «não se entra na verdade senão através da caridade» [xi].
Esta intuição e valorizada também nalgumas correntes do pensamento moderno, como a fenomenologia e o existencialismo [xii].
Mas quando se trata de Cristo e Deus, é valorizada sobretudo pela constante experiência dos santos e de todos os crentes.
Sem um verdadeiro amor, inspirado pelo Espirito Santo, o Jesus que se vem a conhecer através das mais brilhantes e refinadas análises cristológicas, não é o verdadeiro Jesus.

(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Jo 21,16
[ii] S. João da Cruz, Sentenças, n. 57
[iii] Mt 24,35
[iv] Jo 21,17
[v] Gl 2,20
[vi] 2Cor 5,14
[vii] Hino Adeste Fideles.
[viii] Stº Agostinho, C. Faustum, 32,18 (PL,42,507
[ix] Cfr. Mt 3,17; 17,5
[x] Jo 14,21
[xi] Stº Agostinho, CFaustum, 32,18 (PI. 42,507)
[xii] Cfr. M. Heldegger, Ser e Tempo, I, 5,29

Tratado da vida de Cristo 193

Os sacramentos em geral 

Questão 61: Da necessidade dos Sacramentos.

Em seguida devemos tratar da necessidade dos sacramentos.

E nesta questão discutem-se quatro artigos:

Art. 1 — Se os sacramentos eram necessários à salvação humana.
Art. 2 — Se antes do pecado os sacramentos eram necessários ao homem.
Art. 3 — Se depois do pecado, antes de Cristo, deviam existir sacramentos.
Art. 4 — Se, depois de Cristo, deviam existir certos sacramentos.

Art. 1 — Se os sacramentos eram necessários à salvação humana.

O primeiro discute-se assim. — Parece que os sacramentos não são necessários à salvação humana.

1. — Pois, diz o Apóstolo: O exercício corporal para pouco é proveitoso. O uso dos sacramentos é uma espécie de exercício corporal, porque os sacramentos se perfazem pela significação das coisas sensíveis e das palavras, como se disse. Logo, os sacramentos não são necessários à salvação humana.

2. Demais. — Ao Apóstolo foi dito: Basta-te a minha graça. Ora, não bastaria se os sacramentos fossem necessários à salvação humana. Logo, os sacramentos não são necessários à salvação humana.

3. Demais. — Posta a causa suficiente nada mais é necessário para o efeito. Ora, a Paixão de Cristo é a causa suficiente da nossa salvação. Assim, diz o Apóstolo: Se sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Logo, os sacramentos não são necessários à salvação humana.

Mas, em contrário, Agostinho diz: Em nome de nenhuma religião, verdadeira ou falsa, podem os homens adunar-se, se não se associarem num consórcio sob a égide de sinais ou sacramentos visíveis. Ora, é-lhes necessário à salvação os homens se adunarem num nome de verdadeira religião. Logo, os sacramentos são necessários à salvação humana.

 
Os sacramentos são necessários à salvação humana por três razões. - Das quais a primeira deve ser tirada da condição da natureza humana, a que é próprio partir do corpóreo e do sensível para chegar ao espiritual e ao Inteligível. Ora, concerne à divina Providência prover a cada ser conforme ao modo da sua condição. E por isso convenientemente a divina sabedoria confere ao homem os auxílios à salvação sob certos sinais corpóreos e sensíveis, chamados sacramentos. - A segunda razão deve ser tirada do estado do homem, que pelo pecado sujeitou o afecto às coisas corpóreas. Ora, onde padece uma doença aí se deve aplicar ao homem um remédio medicinal. Por isso era conveniente que Deus mediante certos sinais corpóreos, aplicar ao homem uma medicina espiritual; pois, se lhe fossem dados remédios puramente espirituais, a sua alma, presa ao material, não poderia servir-se deles. - A terceira razão enfim deve ser haurida no exercício da acção humana, que versa principalmente sobre a matéria. Afim, pois, de não ser duro ao homem o separar-se totalmente dos actos corpóreos, foram-lhe propostas práticas sensíveis, nos sacramentos, com os quais salutarmente se exerce a evitar as práticas supersticiosas, consistentes no culto dos demónios, ou outros maus actos que são as práticas pecaminosas. - Assim, pois, pela instituição dos sacramentos o homem e ensinado por meio do sensível de conformidade com a sua natureza; humilha-se, reconhecendo-se sujeito às coisas materiais, pois acha nelas um auxílio; e também fica preservado de más ações pela prática salutar dos sacramentos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O exercício corporal, como tal, é de pouco proveito. Mas o exercício pelo uso dos sacramentos não é puramente corporal senão, de certo modo, espiritual, isto é, pela significação e pela causalidade.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A graça de Deus é causa suficiente da salvação humana. Mas Deus dá a graça aos homens segundo o modo que lhes é peculiar. Por isso os sacramentos são necessários aos homens para conseguirem a graça.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A Paixão de Cristo é causa suficiente da salvação humana. Mas nem por isso daí se segue que os sacramentos não sejam necessários à salvação humana, pois, obram em virtude da Paixão de Cristo. E a Paixão de Cristo de certo modo aplica-se aos homens pelos sacramentos, segundo o Apóstolo: Todos os que fomos baptizados em Jesus Cristo tomos baptizados na sua morte.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?