09/01/2012

O caminho de São Josemaria Escrivá

Livres para construir o futuro 7

São Josemaria sempre destacou a existência de um legítimo e são pluralismo, característico da mentalidade laical, ou seja, do modo característico de pensar que tem na liberdade um dos seus elementos fundamentais; e contrapôs esta concepção da liberdade ao clericalismo e ao laicismo secularizador, que não respeitam nem a justa autonomia das realidades temporais, nem a natureza e as leis colocadas por Deus nas Suas criaturas. Quando se compreende a fundo o valor da liberdade, quando se ama apaixonadamente esse dom divino da alma, ama-se o pluralismo que a liberdade traz consigo [i].

Neste terreno São Josemaria teve que navegar contra a corrente, desenvolvendo potencialidades da liberdade e enraizando-as no seu fundamento teológico; e defendendo com vigor a liberdade como uma característica essencial da secularidade dos fiéis leigos. 
Isto não implica afirmar que no clero ou nos religiosos não exista a liberdade. Trata-se antes de sublinhar que a actividade dos leigos cristãos no mundo, enquanto cristãos, há-de estar marcada pela liberdade, e que se trata, como é lógico, da liberdade cristã, guiada pelas verdades da fé e principalmente pela Verdade que é Cristo.

© 2011, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet 2011.07.06


[i] Temas Actuais do Cristianismo, n. 98.

Leitura Espiritual para 09 Jan 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)



Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




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A difícil arte do diálogo 2

O actual pontífice bem poderia ser chamado o “Papa do diálogo”,  já que não se ficou pela a mera palavra, antes que saiu ao encontro de pensadores e divulgadores, de crentes de outros credos e daqueles que vivem  na indiferença religiosa oo no o ateísmo. O seu curto pontificado está repleto de gestos e sinais de diálogo com toda a humanidade. Algumas das suas últimas iniciativas falam-nos  dele: o “Pátio dos Gentios”, a criação do Conselho Pontifício para a “Nova Evangelização”, e a última Jornada de reflexão, diálogo e oração pela paz e a justiça no mundo a dois de Outubro em Assis.
Tudo isto é como consequência de que o cristianismo é a religião do diálogo, como diz a carta aos Hebreus: depois de falar Deus muitas vezes e de diversos modos antigamente (…) nestes dias últimos falou-nos por meio do seu Filho Jesus Cristo (He 1,1-2). A história da salvação narra precisamente este longo e variado diálogo, que nasce de Deus e tece com o homem um colóquio paciente e amoroso. Por isso mesmo, o diálogo pertence ao ser e à missão da Igreja e deve caracterizar o ofício ministerial, catequético, pastoral e missionário de todo o baptizado. Quando isto se dá tanto com “os que estão próximos como com os que estão longe” é um magnífico indicador da vitalidade e santificação da comunidade cristã.

(Mons. João do Rio, trad ama)

A evolução do evolucionismo 9

Evolução e evolucionismo significam o mesmo?

Se a evolução é um facto, o evolucionismo é a sua interpretação. Portanto, não significam o mesmo. Entre todas as interpretações da evolução, a darwinista é – como muito – a mais aceite, até ao ponto de que evolucionismo e darwinismo costumam confundir-se na linguagem corrente. Mas não deveria ser assim. Como a História Natural, de Buffon testemunha, o facto da evolução era conhecido e debatido no âmbito científico desde finais do século XIII, com um importante núcleo na Academia das Ciências de Paris. Ainda que todavia, em meados do XIX, Darwin e a maioria dos naturalistas europeus pensavam que cada espécie tinha sido criada por Deus de forma independente.

(jose ramón ayllón, trad. ama)


Mãe de Deus e nossa Mãe

Textos de São Josemaria Escrivá

Que humildade, a de minha Mãe Santa Maria! – Não a vereis entre as palmas de Jerusalém, nem – afora as primícias de Caná – na altura dos grandes milagres. – Mas não foge do desprezo do Gólgota; lá está, "iuxta crucem Iesu" – junto da cruz de Jesus, sua Mãe. (Caminho, 507)

Sempre foi esta a doutrina certa da fé. Contra os que a negaram, o Concílio de Éfeso proclamou que se alguém não confessa que o Emanuel é verdadeiramente Deus e que, por isso, a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, visto que gerou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja anátema. (...).
A Trindade Santíssima, ao escolher Maria para Mãe de Cristo, homem como nós, pôs cada um de nós sob o seu manto maternal. É Mãe de Deus e nossa Mãe.
A Maternidade divina de Maria é a raiz de todas as perfeições e privilégios que a adornam. Por esse título, foi concebida imaculada e está cheia de graça, é sempre virgem, subiu ao céu em corpo e alma, foi coroada Rainha de toda a criação, acima dos anjos e dos santos. Mais que Ela, só Deus. A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, do bem infinito que é Deus. Não há perigo de exageros. Nunca aprofundaremos bastante este mistério inefável; nunca poderemos agradecer suficientemente à Nossa Mãe a Familiaridade que nos deu com a Santíssima Trindade.
Éramos pecadores e inimigos de Deus. A Redenção não só nos livra do pecado e reconcilia com o Senhor; mas converte-nos em filhos, entrega-nos uma Mãe, a mesma que gerou o verbo, segundo a Humanidade. Pode haver maior prodigalidade, maior excesso de amor? (Amigos de Deus, nn. 275–276)

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Evangelho do dia e comentário

Baptismo do Senhor













T. Comum– I Semana


Evangelho: Mc 1, 7-11

7 E pregava, dizendo: «Depois de mim vem Quem é mais forte do que eu, a Quem eu não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias. 8 Eu tenho-vos baptizado em água, Ele, porém, baptizar-vos-á no Espírito Santo». 9 Ora aconteceu naqueles dias que Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no Jordão. 10 No momento de sair da água, viu os céus abertos e o Espírito Santo que descia sobre Ele em forma de pomba; 11 e ouviu-se dos céus uma voz: «Tu és o Meu Filho amado, em Ti pus as Minhas complacências»

Comentário:

O Baptismo do Jordão é primeira aparição verdadeiramente pública de Jesus Cristo. Por isto mesmo o Beato João Paulo II o institui como o primeiro dos Mistério Luminosos do Rosário.
Os Mistérios Luminosos meditam sobre a vida pública de Jesus na Sua missa salvadora e, o Baptismo é o “arranque” para essa missão sublime.
Tal como para nós, o Baptismo foi o início da nossa vida cristã, na maior parte dos casos ainda crianças muito pequenas, e foi graças a ele que fomos introduzidos na Santa Igreja.
Retardar sem necessidade a recepção deste Sacramento às crianças será sempre uma decisão muito reprovável sob todos os pontos de vista. Privando a jovem criatura de um bem imenso sob um pretexto qualquer que nunca será nem consistente nem válido, o responsável terá o ónus de ter decidido sem que para isso tivesse verdadeiramente autoridade.
A criatura não pertence aos pais mas a Deus que a reclama para Si. Os pais deram-lhe forma “e ADN” mas, Deus, deu-lhe a vida e incutiu-lhe uma alma que expressamente criou para ela.
Ao contrário do que alguns pensam que não baptizar a criança é dar-lhe a oportunidade de, mais tarde, livremente decidir se quer ou não baptizar-se, não é – absolutamente – respeitar a sua liberdade mas, bem ao contrário, coarctá-la condicionando-a subjectivamente à vontade própria de quem tal decide.

(ama, comentário sobre Mc 1, 7-11, 2011.12.15)

Tratado De Deo Trino 55

Art. 7 – Se os nomes essenciais devem ser apropriados às Pessoas.

(I Sent., dist. XXXI, q. 1, a. 2; De Verit., q. 7, a. 3).

O sétimo discute-se assim. – Parece que os nomes essenciais não devem ser apropriados às pessoas.

1. – Pois, devemos evitar o que pode re­dundar em erro de fé, quando falamos de Deus; porque, como diz Jerónimo, por palavras desordenadamente proferidas incorre-se em heresia. Ora, apropriar a uma das Pessoas o que é comum às três pode levar a um erro contra a fé. Pois poderíamos entender que somente a essa Pessoa convém o que se lhe apropria, ou que mais lhe convém, que às outras. Logo, os atributos essenciais se não devem apropriar às Pessoas.

2. Demais. – Os atributos essenciais empregados em abstracto, significam o modo da forma. Ora, uma Pessoa não se comporta, em relação à outra, como forma; pois a forma não se distingue do suposto ao qual pertence. Logo, os atributos essenciais, sobretudo empregados em abstracto, não se devem apropriar às Pessoas.

3. Demais. – O próprio é anterior ao apropriado, pois pertence à acção deste. Ora, os atributos essenciais, pelo modo de os compreendermos, são anteriores às Pessoas, como o comum é anterior ao próprio. Logo, os atributos essenciais não devem ser apropriados.

Mas, em contrário, a Escritura (1 Cor 1, 24): Cristo, vir­tude de Deus e sabedoria de Deus.

É conveniente, para explicar as verdades da fé, apropriar os atributos essenciais às Pessoas. Pois, embora a Trindade das Pessoas não possa ser provada por demonstração, como vimos [1], convém entretanto que seja declarada por certas noções mais manifestas. Ora, os atributos essenciais das Pessoas nos são mais manifestos, pela razão, do que as próprias; porque, pelas criaturas, das quais temos conhecimento, podemos com certeza chegar ao conhecimento das propriedades essenciais; não, porém, ao das propriedades pessoais, como vimos [2]. Assim, pois, como recorremos à semelhança de vestígio ou de imagem, que descobrimos nas criaturas, para a manifestação das Pessoas divinas, assim também, para a dos atributos essenciais. E a esta manifestação das Pessoas pelos atributos essenciais se chama apropriação.

Ora, as Pessoas divinas podem ser manifestadas pelos atributos essenciais, de dois modos. De um modo, por via de semelhança; e assim, os atributos pertencentes ao intelecto apropriam­se ao Filho, que procede ao modo do intelecto, como Verbo. De um outro modo, por dissemelhança; assim, o poder é apropriado ao Pai, como diz Agostinho, porque de ordinário nossos pais tornam-se fracos na velhice, o que não de­vemos pensar de Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Os atributos essenciais não os apropriamos às Pessoas de modo a os considerar próprios delas; mas para os manifestar por via de semelhança ou dissemelhança, como vimos. Donde se não segue nenhum erro para a fé; ao contrário, melhor se manifesta assim a verdade.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Se os atributos essenciais se apropriassem às Pessoas de modo que lhes fossem próprios, seguir-se-ia, que uma estaria para a outra na relação de forma. O que Agostinho refuta [3], mostrando que o Pai não é sábio pela sabedoria que gerou, como se só o Filho fosse sabedoria; de modo que o Pai só possa chamar-se sabedoria simultaneamente com o Filho, e não, separado deste. Ora, a verdade é que o Filho se chama sabedoria do Pai porque é sabedoria pela sabedoria do Pai. Pois, cada um é, por si mesmo, sabedoria, e ambos simultaneamente são uma só sabedoria. Por onde, o Pai não é sábio pela sabedoria que gerou, mas pela sua sabedoria essencial.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Embora o atributo essencial, na sua noção própria, seja anterior à Pessoa; segundo o modo de inteligir, contudo, em razão de ser apropriado, nada impede seja o próprio da Pessoa anterior ao apropriado. Assim como a cor é posterior ao corpo enquanto corpo, mas é naturalmente anterior ao corpo branco, enquanto branco.

SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,




[1] Q. 32, a. 1.
[2] Q. 32, a. 1, ad 1.
[3] VII de Trin., c. 1.