Quarta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Propósito: Simplicidade
e modéstia.
Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha
“importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos,
deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.
Lembrar-me: Do
meu Anjo da Guarda.
Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda,
que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela
por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de
corres-pondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade
permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores
recebidos.
Pequeno exame: Cumpri
o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Novo Testamento
Capítulo 7
Discurso de Estêvão
1 Depois,
o Sumo Sacerdote perguntou-lhe: «Isso é verdade?» 2 Ele respondeu: «Irmãos e
pais, escutai! O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando ele estava
na Mesopotâmia, antes de se ter estabelecido em Haran, 3 e disse-lhe: 'Deixa a
tua terra e a tua parentela e vai para a terra que te hei-de mostrar.' 4 Abandonou,
então, o país dos caldeus, e foi estabelecer-se em Haran. Daí, após a morte do
pai, Deus fê-lo emigrar para esta terra que habitais agora. 5 Não lhe deu aí
propriedade alguma, nem mesmo um palmo de terra, mas prometeu-lhe a posse dela,
a ele e, depois, à sua descendência, embora não tivesse sequer um filho. 6 E
Deus afirmou-lhe que a sua descendência habitaria em terra estranha, que a
reduziriam à escravidão e que seria maltratada, durante quatrocentos anos. 7 'Mas
o povo de quem forem escravos, hei-de Eu julgá-lo, disse Deus. Depois disso,
hão-de sair e prestar-me culto neste lugar.' 8 Em seguida, deu-lhe a aliança da
circuncisão. Foi assim que Abraão gerou Isaac e o circuncidou, ao oitavo dia. E
Isaac fez o mesmo a Jacob, e Jacob aos doze patriarcas. 9 Os patriarcas,
invejosos de José, venderam-no, a fim de ser levado para o Egipto. Mas Deus
estava com ele: 10 livrou-o de todas as provas e deu-lhe graça e sabedoria
diante do faraó, rei do Egipto, que o nomeou governador desse país e de toda a
sua casa. 11 Veio depois a fome sobre todo o Egipto e sobre Canaã. A angústia
era grande e os nossos pais não encontravam nada para comer. 12 Ouvindo dizer
que no Egipto havia trigo, Jacob mandou lá os nossos pais, uma primeira vez. 13
À segunda vez, José deu-se a conhecer a seus irmãos e sua origem foi revelada
ao Faraó. 14 José mandou então buscar seu pai Jacob e toda a sua parentela,
composta de setenta e cinco pessoas. 15 Jacob desceu ao Egipto e lá morreu,
assim como os nossos pais. 16 Os seus corpos foram trasladados para Siquém e
depositados no sepulcro que Abraão adquirira, por uma importância em prata, aos
filhos de Emor, em Siquém. 17 Enquanto se aproximava o tempo em que deveria
realizar-se a promessa feita por Deus a Abraão, o povo cresceu e multiplicou-se
no Egipto, 18 até que subiu ao trono do Egipto um novo rei, que não tinha
conhecimento de José. 19 Usando de astúcia para com a nossa raça, esse rei
perseguiu os nossos pais, até ao ponto de os fazer expor os recém-nascidos, para
os privar da vida. 20 Nessa altura nasceu Moisés, que era agradável aos olhos
de Deus. Foi criado durante três meses em casa de seu pai. 21 Depois, tendo
sido exposto, a filha do Faraó recolheu-o e criou-o como seu próprio filho. 22 Moisés
foi iniciado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e
obras. 23 Quando completou os quarenta anos, veio-lhe ao espírito a ideia de
visitar seus irmãos, os filhos de Israel. 24 Ao ver um deles maltratado, tomou
a sua defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. 25 Pensava que os seus
irmãos compreenderiam ser Deus quem, por sua mão, lhes trazia a liberdade, mas
não o compreenderam. 26 No dia seguinte, apareceu a dois deles que lutavam, e
pretendeu reconciliá-los, dizendo: 'Sendo irmãos, porque vos agredis um ao
outro?' 27 Então, aquele que agredia o companheiro repeliu-o, dizendo: 'Quem te
nomeou nosso chefe e nosso juiz. 28 Queres matar-me como ontem mataste o
egípcio?' 29 A essas palavras, Moisés fugiu e foi residir, como estrangeiro,
para a terra de Madian, onde teve dois filhos. 30 Ao fim de quarenta anos,
apareceu-lhe um Anjo no deserto do monte Sinai, na chama de uma sarça ardente.
31 Perante essa aparição, Moisés ficou estupefacto e, aproximando-se para
observar melhor, fez-se ouvir a voz do Senhor: 32 'Eu sou o Deus de teus pais,
o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob.' A tremer, Moisés não ousava erguer os
olhos. 33 Então, o Senhor disse-lhe: 'Tira as sandálias dos pés, porque o lugar
em que te encontras é uma terra santa. 34 Eu vi a angústia do meu povo no
Egipto, ouvi os seus gemidos e desci para o libertar. E, agora, vem cá, pois
vou mandar-te ao Egipto.' 35 Este Moisés, que eles renegaram, dizendo: 'Quem te
nomeou chefe e juiz', é este que foi enviado por Deus como chefe e libertador
pela mão do anjo que lhe apareceu na sarça. 36 Foi ele que os fez sair do
Egipto, realizando prodígios e milagres na terra do Egipto, no Mar Vermelho e
no deserto, durante quarenta anos. 37 Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de
Israel: 'Deus fará surgir um profeta como eu, entre os vossos irmãos.' 38 Foi
ele que, durante a assembleia no deserto, esteve entre o Anjo, que lhe falava
no monte Sinai, e os nossos pais; foi ele que recebeu as palavras de vida, para
no-las transmitir. 39 Foi a ele que os nossos pais se recusaram a obedecer,
antes o repeliram, voltando em seus corações ao Egipto 40 e dizendo a Aarão:
'Faz-nos deuses que marchem à nossa frente, pois desse Moisés que nos fez sair
do Egipto, não sabemos o que foi feito dele.' 41 E, nesses dias, construíram um
bezerro, ofereceram um sacrifício ao ídolo e festejaram alegremente a obra das
suas próprias mãos. 42 Deus, então, afastou-se deles e entregou-os ao culto do
exército celeste, como está escrito no Livro dos Profetas: 'Oferecestes-me,
porventura, vítimas e sacrifícios durante quarenta anos, no deserto, ó Casa de
Israel? 43 Vós transportastes a tenda de Moloc e a estrela do deus Refan, imagens
que fizestes para as adorar! Por isso, exilar-vos-ei para além da Babilónia.' 44
Os nossos pais tinham no deserto a tenda do testemunho, como ordenara aquele
que disse a Moisés que a construísse de harmonia com o modelo por ele visto. 45
Foi precisamente essa tenda que os nossos pais receberam e introduziram, sob o
comando de Josué, no território conquistado aos povos que Deus expulsou na sua
frente, e assim se manteve até aos dias de David. 46 Este achou graça diante de
Deus e pediu para edificar uma habitação ao Deus de Jacob. 47 Foi, porém,
Salomão quem lhe construiu uma casa. 48 Mas o Altíssimo não habita em casas
erguidas pela mão do homem, como diz o profeta: 49 'O Céu é o meu trono e a
Terra, estrado dos meus pés. Que casa me haveis de construir, diz o Senhor, e
qual será o lugar do meu repouso? 50 Não foi a minha mão que fez todas as
coisas?' 51 Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos,
sempre vos opondes ao Espírito Santo; como foram os vossos pais, assim sois vós
também. 52 Qual foi o profeta que os vossos pais não tenham perseguido? Mataram
os que predisseram a vinda do Justo, a quem traístes e assassinastes, 53 vós,
que recebestes a Lei pelo ministério dos anjos, mas não a guardastes!»
Martírio de Estêvão
54 Ao
ouvirem tais palavras, encheram-se intimamente de raiva e rangeram os dentes
contra Estêvão. 55 Mas este, cheio do Espírito Santo e de olhos fixos no Céu,
viu a glória de Deus e Jesus de pé, à direita de Deus. 56 «Olhai, disse ele, eu
vejo o Céu aberto e o Filho do Homem de pé, à direita de Deus.» 57 Eles, então,
soltaram um grande grito e taparam os ouvidos; depois, à uma, atiraram-se a ele
58 e, arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo. As testemunhas
depuseram as capas aos pés de um jovem chamado Saulo. 59 E, enquanto o
apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito.» 60 Depois,
posto de joelhos, bradou com voz forte: «Senhor, não lhes atribuas este
pecado.» Dito isto, adormeceu.
SÃO JOSEMARIA – textos
É curto o nosso tempo para amar
Um
filho de Deus não tem medo da vida nem medo da morte, porque o fundamento da
sua vida espiritual é o sentido da filiação divina: Deus é meu Pai, pensa, e é
o Autor de todo o bem, é toda a Bondade. – Mas tu e eu procedemos, de verdade,
como filhos de Deus? (Forja, 987)
Para
nós, cristãos, a fugacidade do caminho terreno deve incitar-nos a aproveitar
melhor o tempo, não a temer Nosso Senhor, e muito menos a olhar a morte como um
final desastroso. Um ano que termina – já foi dito de mil modos, mais ou menos
poéticos – com a graça e a misericórdia de Deus, é mais um passo que nos
aproxima do Céu, nossa Pátria definitiva. Ao pensar nesta realidade, compreendo
perfeitamente aquela exclamação que São Paulo escreve aos de Corinto: tempus breve est!, que breve é a nossa
passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam, no mais
íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um
convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para
dar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que
atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos
desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de nós. (…) Há-de
chegar também para nós esse dia, que será o último e não nos causa medo.
Confiando firmemente na graça de Deus, estamos dispostos desde este momento,
com generosidade, com fortaleza, pondo amor nas pequenas coisas, a acudir a
esse encontro com o Senhor, levando as lâmpadas acesas, porque nos espera a
grande festa do Céu.