Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
16/03/2020
Servidores de todos os homens
Quando se vive deveras a caridade, não sobra tempo para procurar-se a si próprio; não há espaço para a soberba; só nos ocorrerão ocasiões de servir! (Forja, 683)
Pensai nas características dum jumento, agora que vão ficando tão poucos. Não falo dum burro velho e teimoso, rancoroso, que se vinga com um coice traiçoeiro, mas dum burriquito jovem, com as orelhas tesas como antenas, austero na comida, duro no trabalho, com o trote decidido e alegre. Há centenas de animais mais formosos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo preferiu este para se apresentar como rei diante do povo que O aclamava, porque Jesus não sabe que fazer da astúcia calculadora, da crueldade dos corações frios, da formosura vistosa mas vã. Nosso Senhor ama a alegria dum coração moço, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à sua palavra de carinho. E é assim que reina na alma.
Se deixarmos que Cristo reine na nossa alma, não nos tornaremos dominadores; seremos servidores de todos os homens. Serviço. Como gosto desta palavra! Servir o meu Rei e, por Ele, todos os que foram redimidos com o seu sangue. (Cristo que passa, 181–182)
Evangelho e comentário
TEMPO DE QUARESMA
Evangelho: Lc 4, 24-30
Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga, dizendo: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Digo-vos a verdade: Havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
Comentário:
As pessoas mudam de opinião e atitude com uma ligeireza impressionante.
Quando o que ouvem lhes agrada tecem louvores a quem lhes fala e admiram-se com o que diz.
Já se o que se diz não é do seu agrado, ou, pior, envolve uma crítica justa e absolutamente correcta sustentada em factos indesmentíveis a assembleia muda de atitude, desinteressa-se do assunto ou, toma atitudes de confronto aberto e violento.
De facto, a missão do apóstolo é dizer a verdade custe o que custar e não procurar agradar a quem o escuta.
(ama, comentário sobre Lc 4, 24-30, 01.31.2016)
VIA-SACRA
VIA-SACRA
JESUS
MORRE NA CRUZ
Nós Vos adoramos e
bendizemos oh Jesus! Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
«Hoje
estarás comigo no Paraíso!», (Lc 23, 43)
Assim Jesus premeia o
arrependido de última hora.
Até ao último momento
esperas por nós, pelo nosso arrependimento para nos dares o prémio da salvação
eterna.
Pudesse
eu, Senhor, ter sido crucificado contigo e ser eu o destinatário das Tuas
palavras.
Arrependo-me
dos meus pecados passados e faço o firme propósito de não voltar a pecar, para
que, em qualquer momento que possas chamar-me, mereça encontrar-me contigo, no
Paraíso.
Está
prestes o fim; o meu Jesus, salva-me definitivamente.
As
minhas numerosas faltas passadas e futuras, de que me arrependo sinceramente e
de que hei-de arrepender-me sempre, estão perdoadas e resgatadas.
Sou,
de pleno direito, um filho de Deus, candidato à vida eterna no seio da
Santíssima Trindade, dos Seus Anjos e dos Seus Santos.
Tudo
está consumado.
O Senhor entrega o espírito.
Inclina a cabeça e morre.
Sim,
tudo está consumado num sacrifício cruento, terrível, doloroso e ensanguentado.
Não ficou gota de sangue no
Teu corpo martirizado.
E
eu, meu Senhor, olho para essa Cruz donde pendes morto, e alegro-me na minha tristeza
profunda porque fui objecto de tal sacrifício, de tamanha doação: O meu Senhor,
o meu Jesus, morreu por mim e, na Sua morte, eu alegro-me porque me salvou!
Peço-te
perdão por todos os que não acreditam ou não aceitam esta Tua morte, para os
que repudiam o Teu amor.
Também por eles morreste
pois foi toda a humanidade que esteve presente no Teu sacrifício.
PN, AVM, GLP.
Senhor: Tem piedade de nós.
(AMA, Porto, Quaresma de 1983)
Temas para reflectir e meditar
Virtudes
Distribuição possível segundo as idades
Distribuição possível segundo as idades
Até aos:
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7 anos
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12 / 13 anos
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13 /15 anos
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16 / 18 anos
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virtude
cardeal
dominante
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Justiça
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Fortaleza
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Temperança
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Prudência
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virtude
teologal
dominante
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Caridade
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Fé
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Esperança
| |
virtudes
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Obediência
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Fortaleza
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Pudor
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Prudência
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Sinceridade
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Perseverança
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Sobriedade
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Flexibilidade
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Ordem
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Laboriosidade
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Sociabilidade
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Compreensão
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preferentes
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Paciência
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Amizade
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Lealdade
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Responsabilidade
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Respeito
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Audácia
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Justiça
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Simplicidade
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Humildade
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Generosidade
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Patriotismo
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Optimismo
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RESULTADO:
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ALEGRIA E NATURALIDADE NATURAL DA PESSOA
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Leitura espiritual
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR 16
Iniciação à Cristologia
SEGUNDA PARTE
A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO
Agora passaremos a estudar os actos concretos pelos quais Jesus Cristo nos redime, tendo presente que actua sempre como nosso Mediador e Cabeça, por isso as suas obras servem para a nossa salvação.
Capítulo IX
OS MISTÉRIOS DA VIDA TERRENA DE CRISTO E O SEU VALOR REDENTOR
Na primeira parte vimos o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e agora, neste capítulo e nos seguintes, consideraremos outros mistérios da vida de Jesus, ainda que, pela reduzida extensão deste livro, só examinaremos brevemente uns poucos.
1. Toda a vida de Cristo forma parte do mistério redentor
a) Mistérios da vida de Cristo aos quais se deve a redenção do homem
O Credo menciona os mistérios da vida de Cristo – desde a Encarnação até à sua Ascensão aos céus e a sua segunda vinda – sob o enunciado: «por nós homens e por nossa salvação». Com isto significa-se que a redenção do homem se deve a cada um desses mistérios e, ao mesmo tempo, que toda a vida de Cristo constitui no seu conjunto uma unidade redentora a que se deve a nossa redenção como a uma única causa.
Mas podemos distinguir mais e assinalar que Cristo – segundo o desígnio de Deus Pai - «realizou a obra da redenção humana (…) principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dentre os mortos e gloriosa Ascensão. Por este mistério, com a sua Morte destruiu a nossa morte e com a sua Ressurreição restaurou a nossa vida»[1]. Com efeito, o mistério pascal é o que dá sentido redentor e unidade a toda a vida de Jesus: todos os actos do seu caminhar terreno, desde a sua Encarnação (cf. Heb 10,5-7), ordenam-se à sua Morte e Ressurreição, donde se consuma a redenção dos homens.
E concretizando ainda mais podemos dizer que Cristo nos redime «especialmente» com a sua sagrada Paixão e Morte. Com efeito, a escritura resume muitas vezes toda a obra redentora no Mistério da Morte de Cristo, ou no seu sangue derramado na cruz: por ele somos redimidos, lavados dos pecados, justificados, santificados e restabelecidos em comunhão com Deus[2]. Também a liturgia nos move a orar assim: «Te adoramos, Cristo, e te bendizemos porque com a tua Cruz redimiste o mundo». E o Catecismo da Igreja Católica diz que «a redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da cruz»[3].
Mas não devemos entender que a salvação seja fruto da Paixão de Cristo separada da sua Ressurreição, mas sim em união indissolúvel com ela e com todos os mistérios da sua vida.
b) Traços comuns acerca do valor salvífico de todos os mistérios de Cristo
Toda a vida de Cristo é mistério de redenção.
Jesus viveu em todo o momento a sua condição de Sacerdote, e ofereceu a seu Pai em sacrifício por nós todas as circunstâncias da sua vida; de modo que em todo o momento exerceu a sua função mediadora para nos livrar do pecado e levar-nos à união com Deus. Todos os actos de Cristo, ainda os que parecem menos importantes e pequenos, são redentores e possuem um valor transcendente de salvação (v g.: as carências materiais que experimentou, o seu trabalho, o seu cansaço, as dificuldades da vida, etc.)[4]: todos eles são meritórios e foram oferecidos como sacrifício ao Pai por nós com uma entrega completa de si e com um amor imenso.
Todos os actos de Cristo nos revelam Deus e o seu desígnio salvífico.
Jesus viveu em todo o momento a sua condição de Mestre que nos revela Deus. Por Ele conhecemos Deus visivelmente[5], pois o Verbo eterno manifestava-se aos homens em todos os seus actos humanos, em cada uma das suas palavras, gestos e atitudes. E igualmente todos os seus actos revelam o Pai que o enviou e com ele é uma só coisa: «Toda a vida de Cristo é revelação do Pai (…) Jesus pode dizer: ‘Quem me vê a mim, vê o Pai’ (Jo 14,9) (…) Nosso Senhor, ao ter-se feito homem para cumprir a vontade do Pai, manifestou-nos o amor que Deus nos tem’ (1 Jo 4,9)»[6]
E assim, Jesus, em todas as suas obras «manifesta plenamente o homem ao próprio homem»[7]: revela-nos a dignidade e a vocação do homem, criado à sua imagem, chamado a ser filho de Deus e a participar de uma comunhão de vida com a Trindade.
Todos os actos de Jesus são um exemplo e ensinamento de vida para nós.
Não podíamos imitar e seguir Deus a quem não víamos, mas quando o Filho de Deus se faz homem constitui-se para nós no modelo que podemos contemplar, seguir e imitar. Jesus, em todo o momento deu-nos exemplo para que vivamos como filhos de Deus.
2. Mistério da infância de Jesus
a) O mistério da Natividade
São Lucas narra-nos com emoção o nascimento do Filho de Deus em Belém num estábulo pois não houve outro alojamento para a Sagrada Família (cf. 2,1-20). E os anjos explicam este grande mistério que constitui uma grande alegria para todos: «nasceu-vos na cidade de David o salvador, que é o Cristo Senhor» (Lc 2, 10-11).
Com efeito, Deus apareceu neste mundo. Manifestou-se a luz verdadeira que ilumina todo o homem, a luz que brilha nas trevas (cf. Jo 1,4-5.9). Manifestou-se a bondade de Deus e o seu amor misericordioso aos homens (cf. Tit 3,4). Começou a redenção, o «admirável intercâmbio» pelo qual o Criador do género humano, fazendo-se homem e nascendo duma virgem, nos faz partícipes da sua divindade.
E, além do mais, desde a cátedra de Belém, Jesus Menino distribui tantos ensinamentos que nunca acabaremos de os considerar. Talvez o principal é que o Filho de Deus vem libertar-nos do mal e vencer o inimigo, não com as armas do poder e força humanas, mas sim com as do amor e a humildade, com o seu kénosis (cf. Flp 2,5-7): aqui está a verdadeira sabedoria e força de Deus, que são mais fortes que os homens (cf. 1 Cor 1,24-25).
E, fazendo-se um Menino, ensina-nos que «fazer-se criança em relação a Deus é a condição para entrar no reino (cf. Mt 18,3-4); para isso é necessário abaixar-se (cf. Mt. 23,12), fazer-se pequeno (…) para ‘fazer-se filhos de Deus’ (Jo 1,12)»[8].
b) A Epifania
«Epifania» significa «manifestação». A epifania de Jesus é a sua manifestação como Messias de Israel e Salvador do mundo. Se na Natividade Jesus foi manifestado pelos anjos aos pastores, gente de Israel, neste mistério – na adoração dos magos – manifesta-se aos gentios por meios duma estrela (cf. Mt 2,1-12).
O Evangelho vê nos «magos» ou sábios os representantes de povos vizinhos do Oriente, as primícias das nações que acolhem o Salvador e a Boa Nova da salvação. São Mateus quer mostra-nos desde o princípio que a salvação é universal: todos os homens estão chamados a ser «co-herdeiros, membros do mesmo corpo e partícipes da promessa de Jesus Cristo» (Ef 3,6).
Deus chama todos a ir a Cristo, e todos devemos responder como os magos. Que viram a estrela no oriente, deixaram-se guiar por ela, procuraram o Senhor, e chegaram cheios de alegria até ao Menino com Maria, sua mãe.
c) Outros mistérios da infância de Jesus
«A apresentação de Jesus no templo (cf. Lc 2,22-39) mostra-o como o Primogénito que pertence ao Senhor (cf. Ex 13,2.12-13). Com Simeão e Ana é toda a expectativa da Israel que vem ao ‘encontro do seu salvador’ (a tradição bizantina chama assim a este acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, ‘luz das nações) e ‘glória de Israel, mas também ‘sinal de contradição’. A espada de dor predita a Maria anuncia outra oblação, perfeita e única, a da Cruz que dará a salvação que Deus preparou ‘ante todos os povos’[9].
«A fuga para o Egipto e a matança dos inocentes (cf. Mt 2,13-18) manifestam a oposição das trevas à luz: ‘Veio a sua casa, e os seus não o receberam’ (Jo1,11). Toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição. Os seus partilham-na com Ele (cf. Jo 15,20). O seu regresso do Egipto (cf. Mt 2,15) recorda o Êxodo (cf. Os 11,1) e apresenta Jesus como o libertador definitivo»[10].
3. Mistérios da vida oculta de Jesus em Nazaré
a) A normalidade da vida de Jesus. A sua vida de família e de trabalho, em particular
Jesus partilhou, durante a maior parte da sua vida a condição comum e normal da imensa maioria dos homens. Por isso, os seus concidadãos o considerarão igual a eles em tudo, como um deles, e estranharão a sabedoria e os milagres que demonstra depois na vida pública (cf. Mc 6,2-3).
Talvez esses anos da vida de Jesus em Nazaré pareçam sem brilho humano, anos de sombra («vida oculta»), ou uma simples preparação para o seu ministério público; mas não é assim: Jesus estava realizando a nossa redenção mediante o seu amor e obediência presentes em cada uma das suas obras que oferecia por nós ao Pai. O Verbo eterno redimiu e santificou assim todas as realidades nobres com que está entretecida a vida comum dos homens: a família, as amizades e relações sociais, o trabalho e o descanso, etc.
E todos esses actos de Cristo em Nazaré são também um ensinamento para nós: «Jesus, nosso Senhor e modelo, crescendo e vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana – a tua -, as ocupações correntes e ordinárias, têm um sentido divino, de eternidade»[11].
A vida de família.
Parte principal da vida de Jesus em Nazaré era a vida de família, que o Evangelho resume em poucas palavras porque era norma, ao mesmo tempo que divina: «o Menino ia crescendo e fortalecendo-se cheio de sabedoria e a graça de Deus estava n’Ele» (Lc 2,40); e mais adiante acrescenta-se que «veio com eles (com os seus pais) para Nazaré e estava-lhes submetido» (Lc 2,51).
Tal como Jesus santifica a vida familiar e nos redime, a sagrada Família constitui o espelho e modelo de toda a família: mostra-nos a sua entranhável comunicação de amor, a sua simples e austera beleza, o seu carácter sagrado e inviolável, o insubstituível da sua função no plano das pessoas individuais e da vida social.
A vida de trabalho.
Jesus dedicou a maior parte da sua vida ao seu trabalho junto de José, até depois de ter cumprido trinta anos. De facto, os seus concidadãos conhecem-no por «o artesão» (Mc 6,3).
Esforçava-se por fazer bem esse trabalho, cuidando os detalhes, vivendo-o com espírito de serviço e tratando com amabilidade os vizinhos: «tudo fez bem» (Mc 7,37). Nas mãos de Jesus o trabalho converte-se em tarefa divina, em «realidade redimida e redentora: não só é o âmbito em que o homem vive, mas também meio e caminho de santidade, realidade santificável e santificadora»[12].
Por isso, a vida de Jesus em Nazaré foi chamada «o Evangelho do trabalho» já que constitui uma lição da dignidade e do valor do trabalho; um ensinamento para nos unirmos a Deus com essa actividade e, por meio dela, colaborar na salvação do mundo.
b) O episódio do Menino Jesus perdido e achado no Templo
Este acontecimento é o único que «rompe o silêncio dos Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Jesus deixa entrever nele o mistério da sua consagração total a uma missão derivada da sua filiação divina: ‘Não sabíeis que me devo aos assuntos de meu pai’ (Lc 2,49). Maria e José ‘não compreenderam’ esta palavra, mas acolheram-na na fé, e Maria ‘conservava cuidadosamente todas as coisas no seu coração’, ao longo de todos os anos em que Jesus permaneceu oculto no silêncio de uma vida normal»[13].
Jesus dá-nos o exemplo da decisão que temos de ter para cumprir a vontade divina ainda que custe sacrifício e ainda que outros não a compreendam.
Vicente Ferrer Barriendos
(Tradução do castelhano por ama)
[1] CONC. VATICANO II, Sacrosanctum concilium, 5.
[2] Cf. Rom 5,9; Ef 1,7; Col 1,20; Heb 9,14; 13,12; 1 Pd 1,19; 1Jo 1,7; Ap 1,5; 5,9-10; etc.
[3] CCE, 517. A razão é – como veremos depois – que a Paixão de Cristo nos liberta do pecado por mais títulos. Além de ser a causa eficiente da nossa salvação (como o é a Ressurreição), mereceu-a, e também constitui uma satisfação pelo pecado: só ele é o preço da nossa redenção. E a própria exaltação gloriosa de Cristo se deve ao mérito da sua Paixão (cf. Flp 2,8-9; Heb 2,9).
[4] Cf. CCE, 517.
[5] Cf. Prefácio I de natal
[6] CCE, 516.
[7] GS, 22.
[8] CCE, 526.
[9] CCE, 529.
[10] CCE, 530.
[11] S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Forja, 688.
[12] S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Cristo que Passa, n. 47.
[13] CCE, 534.
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.
Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.
Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.
Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.
Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
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