Mês
do Santo Rosário
A Santíssima Virgem no Evangelho
Não tenhais medo
Logo
após a sua eleição como Papa, São João Paulo II assomou à loggia do Vaticano
para se dirigir à multidão que enchia a Praça aguardando com ansiedade saber –
e ver – o “novo” Papa.
As
suas primeiras palavras foram: ‘Non abbiate paura’ (Não tenhais medo). E
foi dizendo que – possivelmente – houvesse alguma inquietação por estar ali um
novo Papa, não italiano mas, talvez, ainda mais, por ser oriundo de um País do
Leste Europeu, dominado pela Rússia Soviética. Naqueles momentos, eu, também me
deixei envolver por considerações pessoais como, por exemplo, o que seria o
futuro imediato da Igreja com este homem eleito sucessor de Pedro.
Recordei
então um livro – depois convertido em filme – que há muito lera e que ficara
gravado na minha memória: As sandálias do
pescador – (The Shoes of the Fisherman, Morris West,
1963).
No livro,
o autor imagina a eleição de um Papa oriundo do Leste Europeu, mais
concretamente da Rússia Soviética.
Um
autêntico “terramoto” que se seguiu um pouco por toda Igreja Católica,o que
faria este novo Papa, melhor, que modificaria nos hábitos, costumes, leis…
enfim, a tradição?
Prenúncios
de crise inevitável que muitos, inclusivé cristãos, se atreviam a conjecturar.
De facto,
tiveram, em parte, razão porque o recém eleito Papa que cumpriria um dos mais
longos papados da Igreja, imprimiu um carácter e dinamismo tão acentuados à
vida da Igreja que ficaram indelávelmente gravados.
Antes
de mais o seu exemplo de santidade pessoal,a sua dedicação profunda ao estudo
de todos os assuntos que de alguma forma interessavam aos cristãos, a
incansável preregrinação por quase todos os países da terra, a sua constante
disponibilidade para receber quem fosse, a isenção da sua actuação política
pondo o “acento cristão” nas relações entre os homens.
Por
duas vezes foi pessoalmente discursar nas Nações Unidas aos representantes das
Nações ali representadas, não discursos políticos mas essencialmente humanos.
A
defesa intransigente dos valores da vida humana desde o momento da concepção
até ao momento da morte natural, da integridade o corpo humano.
Sempre
presente nas suas palavras e exortações o tema da PAZ entre os homens.
Em
Fátima, onde veio por duas vezes, a sua voz ressou uma vez mais nestes temas.
O propósito
da sua segunda visita ao Altar do Mundo for para agradecer à Santíssima Virgem
ter salvo a sua vida no atentado de fora vítima em Roma.
Ele
próprio confidenciou que tinha tido a nítida percepção da mão da Virgem
desviando a bala do seu peito.
Eu
arrependo-me de ter cedido a essa tentação terrível de fazer juízos – quando
não críticas – sobre a santidade e as escolhas do Divino Espírito para a Igreja
a que pertenço como baptizado e, sobretudo de dar ouvidos aos “profetas da
desgraça” que tão frequentemente opinam sobre o que chamam “Crises da Igreja”.
“Crises
na Igreja”?
A
Santa Igreja – que somos todos os cristãos – tem como Cabeça Jesus Cristo seu
Fundador. Só Ele pode alterar seja o que for na sua essência.
Nenhum
homem seja qual for o cargo que ocupe ou o ministério que desempenhe tem esse
poder.
Confiemos,
pois, com a certeza que quanto maior a provação maior será o Seu cuidado.
Fujamos
da tentação de fazer juízos – mesmo íntimos – porque tal não nos compete.
Rezemos
com perseverança pedindo Luz, Sabedoria e Justiça para todos, principalmente os
que mais responsabilidades possam ter na condução do Povo de Deus.
Por
vezes – talvez muitas – encontro-me perante um dilema: Onde está Jesus, que
parece estar “ausente” nas vicissitudes da minha vida, nas “desgraças” no mundo
que me rodeia e que, quase a diário, me chegam pelas notícias, pela televisão:
inundações, cataclismos, violências bárbaras dos mais elementares direitos humanos,
pessoas sem-abrigo, com fome, sem quaisquer recursos…? Está, de facto, ausente,
desinteressado, “tem mais que fazer”?
Sinto-me,
talvez, confuso e sem saber muito bem que pensar,mas, logo caio em mim e
reconsidero:
Esta
realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo!
Sendo eu como sou, sendo eu o que sou! É extraordinário. Durante os anos, e não
são poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe
fiz! Meu amigo! Jesus é meu amigo. Com esta certeza, com este AMIGO que mais
posso precisar? Que posso temer! E, quase instantaneamente, oiço-Te: «Sou
Eu, não tenhas medo!»
O
Santo Papa João Paulo II tinha desde Sacerdote, assumido um lema: TOTUS TUO|
Nas
mãos providenciais da Santíssima Virgem, entregara-se como homem, Sacerdote,
Bispo, Cardeal e Papa.
A
Santíssima Virgem é a Mãe da Igreja e, como boa Mãe, não deixará que alguma vez
esta se afunde no mar da incerteza ou se deixe dominar por opiniões ou
critérios venham de onde vierem a não ser aqueles que O seu Divino Filho
instituíu.