Evangelho
Mt
XXIV 23 - 41
Sinais do
fim do mundo
23 «Então, se vierem
dizer-vos: ‘Aqui está o Messias’, ou ‘Ali está Ele’, não acrediteis; 24 porque
hão-de surgir falsos messias e falsos profetas, que farão grandes milagres e
prodígios, a ponto de desencaminharem, se possível, até os eleitos. 25 Olhai que
já vos preveni. 26 Por isso, se vos disserem: ‘Ele está no deserto’, não
saiais; ‘Ei-lo no interior da casa’, não acrediteis. 27 Porque, assim como o
relâmpago sai do Oriente e brilha até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho
do Homem. 28 Onde houver um cadáver, aí se juntarão os abutres.» 29 «Logo após
a aflição daqueles dias, o Sol irá escurecer-se, a Lua não dará a sua luz, as
estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. 30 Então,
aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todos os povos da terra se
lamentarão e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, com grande
poder e glória. 31 Ele enviará os seus anjos, com uma trombeta altissonante,
para reunir os seus eleitos desde os quatro ventos, de um extremo ao outro do
céu.» 32 «Aprendei da comparação tirada da figueira: quando os seus ramos se
tornam tenros e as folhas começam a despontar, sabeis que o Verão está próximo.
33 Assim também, quando virdes tudo isto, ficai sabendo que Ele está próximo, à
porta. 34 Em verdade vos digo: Esta geração não passará sem que tudo isto
aconteça. 35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de
passar.»
Incerteza
da hora do Juízo
36 «Quanto àquele dia
e àquela hora, ninguém o sabe: nem os anjos do Céu nem o Filho; só o Pai. 37
Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. 38 Nos
dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as
mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; 39 e
não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será
também a vinda do Filho do Homem. 40 Então, estarão dois homens no campo: um
será levado e outro deixado; 41 duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho:
uma será levada e outra deixada.
Optimismo
Não
poucas vezes considera-se que a pessoa optimista tem uma visão desfocada da
realidade, que espera sempre algo que resolva o problema ou a situação, algo
que não sabe bem o que é ou vindo de quem, nem quando, mas que, seguramente,
acontecerá.
Bem, a pessoa com estas características não
pode considerar-se optimista, pelo menos à luz do conceito que fazemos do
optimismo e que é:
A tendência para pensar de forma positiva.
A
recomendação de São Josemaria Escrivá é muito esclarecedora: ‘Fé, alegria,
optimismo, - mas não a estupidez de fechar os olhos à realidade.’
Na
verdade tudo quanto se nos depara na vida corrente tem várias formas de ser
avaliado ou considerado mas, destas, duas avultam:
Com atitude negativa que leva a considerar a
inevitabilidade do que sucede ou se presume vai acontecer;
Com atitude positiva que considera as
possibilidades de influir, alterar ou modificar, se for caso disso, a ver o
lado bom, a retirar sempre um bem mesmo de algo, aparentemente, mau.
É
muito conhecida a citação que refere a forma de duas pessoas sedentas avaliarem
a água contida num jarro: um considera que está quase cheio, enquanto, outro
dirá que está meio vazio.
Ambas
as apreciações são verdadeiras e referem-se a uma mesma coisa, dependendo a sua
expressão do enfoque de cada um.
Liminarmente, poder-se-ia dizer que o primeiro
é optimista – ‘que bom, ainda tenho água para matar a sede’ - e o segundo
exactamente o contrário – ‘provavelmente esta quantidade de água não será
suficiente para a sede que tenho’.
O
optimismo cristão baseia-se na certeza de que Deus não nos envia nada superior
às nossas forças e, se dá a carga, também dá a força para a suportar.
‘Ontem, pela manhã, fui à Sixtina
votar tranquilamente. Jamais imaginara o que iria suceder. Mal tinha começado o
perigo para mim, os dois colegas que estavam a meu lado sussurraram-me palavras
de alento. Um disse: Ânimo! Se o Senhor dá um peso, também dá a ajuda para o
levar.’
Sendo
assim, o optimismo não deixa lugar ao derrotismo nem à excessiva preocupação.
Naturalmente
que – e falamos do optimismo saudável, isto é, consciente – esta convicção
nasce de um estado de alma onde a confiança em Deus ocupa um lugar
predominante.
Bem visto, esta atitude de confiança, não
deve iludir o que cada um tem de se propor ou fazer para que as situações se
clarifiquem ou resolvam.
Mesmo observada pelo lado estritamente
material, esta atitude atrás referida, deve ser sempre tida em conta.
Não
se pode querer ganhar a lotaria sem, pelo menos, previamente comprar uma
cautela.
O que
São Josemaria Escrivá chamava a ‘mística do oxalá - oxalá não me tivesse
casado; oxalá não tivesse esta profissão; oxalá tivesse mais saúde; oxalá fosse
mais novo; oxalá fosse velho!...?’ não conduz,
obviamente a coisa nenhuma, servindo apenas para distrair a mente da realidade
e impedir a vontade de influir nessa mesma realidade.
Há
pessoas que andam pela vida como que carregando um peso insuportável, de
semblante carregado, com ar de derrota e inevitabilidade confrangedores.
Não é exagero! Olhemos bem à nossa volta,
quem se cruza connosco na rua ou se senta no mesmo transporte público que nós e
comprovaremos o que se diz.
Arrancar um sorriso a estas pessoas, é um
desafio fenomenal, de tal forma estão dominadas pelo seu sentimento de
desgraçados, de vítimas de todas as misérias e coisas más da vida.
Há,
parece, uma espécie de “tristeza social” que quase se apalpa no dia-a-dia.
Tal
tem de ser contrariado, há que dizer às pessoas que nem tudo é mau, que o
futuro não tem que ser pior que o dia de hoje, que há esperança de evolução
positiva da sociedade, que o bem acabará por triunfar sobre o mal, que, em
suma, há motivos e razões suficientes para o optimismo.
s. josemaria escrivá, Temas Actuais
do Cristianismo, 116