15/01/2018

Devemos santificar todas as realidades

A tua tarefa de apóstolo é grande e formosa. Estás no ponto de confluência da graça com a liberdade das almas; e assistes ao momento soleníssimo da vida de alguns homens: o seu encontro com Cristo. (Sulco, 219)


Estamos no Natal. Acodem-nos à memória os diversos factos e circunstâncias que rodearam o nascimento do Filho de Deus e o olhar detém-se na gruta de Belém, no lar de Nazaré. Maria, José, Jesus Menino ocupam de modo muito especial o centro do nosso coração. Que diz, que nos ensina a vida, simples e admirável ao mesmo tempo, dessa Sagrada Família?


Entre as muitas considerações que poderíamos fazer, agora quero escolher sobretudo uma., Como refere a Escritura, o nascimento de Jesus significa o início da plenitude dos tempos, o momento escolhido por Deus para manifestar plenamente o seu amor aos homens, entregando-nos o seu próprio Filho. Essa vontade divina realiza-se no meio das circunstâncias mais normais e correntes: uma mulher que dá à luz, uma família, uma casa. A omnipotência divina, o esplendor de Deus passam através das coisas humanas, unem-se às coisas humanas. Desde esse momento, nós, os cristãos, sabemos que, com a graça do Senhor, podemos e devemos santificar todas as realidades sãs da nossa vida. Não há situação terrena, por mais pequena e vulgar que pareça, que não possa ser a ocasião de um encontro com Cristo e uma etapa da nossa caminhada para o Reino dos Céus.



Por isso, não é de estranhar que a Igreja se alegre, que rejubile, contemplando a modesta morada de Jesus, Maria e José. (Cristo que passa, 22)

Temas para reflectir e meditar

A força do Silêncio, 287


Sem Deus, é fácil perceber como falham dolorosamente os debates humanos e as soluções políticas perante o mal.

Qual é a pedagogia de Deus?
Na parábola do trigo e do joio, Jesus convida a deixar crescer o trigo e o joio até á época da colheita.
Então chegará a altura de o mal ser destruído pelo bem.
A paciência perseverante, sustida pela Providência, é uma aliada em todas as nossas batalhas quotidianas. O combate contra o mal tem lugar ao longo do tempo e importa ser perseverante e não perder a esperança.
Deus trabalha os corações e o mal nunca tem a última palavra.
Na noite mais obscura Deus age em silêncio.
Precisamos de entrar no tempo de Deus e no grande silêncio que é o silêncio do Amor, de confiança e abandono activo.
Não esqueçamos nunca que a oração silenciosa é o acto mais robusto e mais seguro da luta contra o mal.


CARDEAL ROBERT SARAH

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mc 2, 18-22

18 Estando os discípulos de João e os fariseus a jejuar, vieram dizer-lhe: «Porque é que os discípulos de João e os dos fariseus guardam jejum, e os teus discípulos não jejuam?» 19 Jesus respondeu: «Poderão os convidados para a boda jejuar enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. 20 Dias virão em que o esposo lhes será tirado; e então, nesses dias, hão-de jejuar.» 21 «Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, pois o pano novo puxa o tecido velho e o rasgão fica maior. 22 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho romperá os odres e perde-se o vinho, tal como os odres. Mas vinho novo, em odres novos.»

Comentário:

Há pessoas que criticam e menosprezam o jejum, dizendo até que é uma violência “de outros tempos”, um sacrifício sem razão de ser.

Muitos destes são capazes dos maiores jejuns e privações por questões de estética, beleza corporal, culto do físico.

De facto, o jejum é uma prática muito antiga e, ainda hoje em dia, há religiões que o prescrevem como obrigação severa e absoluta. [i]

Do que se trata é realmente uma privação e, sobretudo, uma contenção dos excessos de comida e bebida.

Mas o jejum não se limita ao comer e beber, mas abarca tudo quanto possa constituir um pequeno sacrifício voluntário, evidentemente, como, por exemplo, o “jejum da televisão”.

O Senhor foi muito claro quando afirmou que não vinha pedir sacrifícios, mas boas acções, não actos negativos, mas sim obras positivas.

(ama, Comentário sobre Mc 2, 18-22, 165.01.2017)










[i] O Ramadão, por ex.

Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

Capítulo III

ACREDITAS?

A divindade de Cristo no Evangelho de S. João


3     «Como podeis vós acreditar?»

…/3

Somente uma certeza revelada, que tem por detrás de si a força e autoridade do próprio Deus, podia desdobrar-se num livro com tal insistência e coerência, chegando, desde mil lugares diferentes, , sempre à mesma conclusão: isto é, à identidade total entre o Pai e o Filho, baseada, por parte do Pai, no amor pelo Filho e, por parte do Filho, baseada na obediência ao Pai.
Tem havido no nosso século, infelizmente, muitos estudiosos de grande nomeada que formaram um conceito sobre o evangelho de João com a mesma atitude de quem estava habituado a examinar uma tese de doutoramento de qualquer aluno seu; atentos somente bibliografia, sempre solícitos a apanhá-los em falta sobre um ou outro pormenor, e incapazes de compreender a única coisa fundamental que a João interessava dizer: que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que em Jesus a humanidade entra em contacto, sem barreira alguma, com a vida eterna e com o próprio Deus.

«Porventura, Deus não demonstrou ser estulta a sabedoria deste mundo? [i]»
Sim, demonstrou a sua estultícia, e o pior é que o mundo está muitas vezes longe de o suspeitar e de se aperceber disso. São muitos os que comentam esta frase de Paulo, sem se aperceberem que é deles próprios que está falando:
Porque vós dizeis: «Nós vemos!», o vosso pecado permanece, dizia Jesus. Se fosseis verdadeiramente estultos e ignorantes, não teríeis culpa; mas porque dizeis ou pensais, que sois sábios, o vosso pecado permanece [ii].

Dizia eu que João aprendeu a língua dos homens do seu tempo para proclamar, por meio dela, a verdade que salva: que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que o Verbo era Deus.
Isto mereceu-lhe, na tradição cristã, o título de «teólogo».
Esta palavra entrou efectivamente na linguagem cristã com um sentido bem conciso e diferente daquele que antes existira a partir de Platão.
Teólogos (theologountes) – lê-se num texto do século II, onde o vocábulo apareceu pela primeira vez nas fontes cristãs – são aqueles que «proclamam Cristo Deus» [iii].
Deste modo, João mostra-nos, ainda hoje, aquilo que deve fazer cada teólogo cristão para merecer este epíteto.

5. «Bem-aventurado aquele que não se escandaliza por causa de Mim»

A divindade de Cristo é o cume mais elevado, o “Evereste”, da Fé. É muito mais difícil crer nela do que crer simplesmente em Deus.
Se, portanto, sob um ponto de vista objectivo, isto é, do dado de fé, - como vimos até aqui – ela é a coisa mais importante em que se deve crer no Novo Testamento, e a obra de Deus por excelência, sob um ponto de vista subjectivo, isto é, do nosso acto de fé, ela é uma coisa mais difícil de crer.

Esta dificuldade está ligada `possibilidade e, sobretudo, `inevitabilidade do “escândalo”:
«Bem-aventurado aquele – diz Jesus – que não se escandaliza por causa de Mim! [iv]».
O escândalo reside no facto que Aquele que Se proclama “Deus” é um homem do qual tudo se sabe:
«Este sabemos nós de onde Ele é», dizem os fariseus [v].
«É Filho de Deus – exclamava Celso – um homem que viveu ainda há tão pouco tempo?» É um homem «de ontem ou de anteontem?», um homem «nascido numa aldeia da Judeia, de uma pobre fiandeira?» [vi].

Este escândalo é superado somente com a Fé.
É uma ilusão pensar-se que pode ser abafado acumulando provas históricas da divindade de Cristo e do Cristianismo.
No que diz respeito à Fé verdadeira, nós estamos na situação dos homens que Jesus encontrou durante a Sua vida, ou, melhor talvez, na situação em que se encontravam os homens que, depois da Páscoa, ouviam João e os outros Apóstolos proclamar que Jesus de Nazaré – aquele homem “nascido numa obscura aldeia da Judeia”, que tinha sido repudiado por todos e fora crucificado – era o Filho de Deus e Deus também Ele próprio.

Não se pode crer verdadeiramente – escreve alguém – senão numa situação de contemporaneidade, ou seja, fazendo-se contemporâneo de Cristo e dos Apóstolos.
Mas a história e o passado não nos ajudam a crer?
Não passaram já mil e oitocentos anos – escreveu Kierkegaard – desde que Cristo viveu?
O Seu Nome não é anunciado e não creem n’Ele no mundo inteiro?
A Sua doutrina não mudou a face do mundo, não penetrou vitoriosamente em todos os recantos?
E a história não estabeleceu de modo suficiente, quem Ele era, que Ele era Deus?
Não!
A história não estabeleceu tal coisa nem poderia fazê-lo por toda a eternidade!
Como é possível pelo resultado de uma existência humana, como foi a de Jesus, chegar a uma conclusão, dizendo: Ergo, este homem era Deus?
Uma pegada no caminho é uma consequência do facto de que alguém passou por esse caminho.
Eu poderia enganar-me, julgando, por exemplo, que se trata de uma ave.
Examinando mais cuidadosamente poderei concluir que não se trata de uma ave, mas sim de um outro animal.
Porém, não posso, por mais que continue a examinar melhor, chegar à conclusão que não se trata de uma ave, nem de outro animal qualquer, mas sim de um espírito, porque um espírito, por natureza, não pode deixar vestígios no caminho.
Isto é um pouco parecido com o que se passa no caso de Cristo.
Não podemos tirar conclusões que Ele é Deus, examinando simplesmente aquilo que conhecemos d’Ele e da Sua vida, ou seja, mediante a observação directa.
Quem quer crer em Cristo, é obrigado a fazer-se Seu contemporâneo na humildade.
O problema está nisto:
Queres ou não queres crer n’Ele como Ele próprio disse que era?
Em relação ao absoluto não há senão um tempo: o presente, para quem não é contemporâneo do absoluto, ele não existe de facto.
E visto que Cristo é o absoluto, é difícil verificar que, em relação a Ele, só é possível uma situação: a de contemporaneidade.
Cem, trezentos ou mil e oitocentos anos; não alteram nem Lhe tiram nem Lhe aumentam nada revelam quem Ele era, porque, quem Ele era, somente é manifestado pela fé [vii].

(cont)

rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, V, 28,5 (PG 20,513)
[ii] Cf. Jo 9,40-41
[iii] Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, V, 28,5 (PG 20,513)
[iv] Mt 11, 6
[v] Jo 7,27
[vi] CF. Orígenes, Contra Celso, 1, 26.28; VI, 10 (SCh 132, 146sss.; SCh 147,202ssss.
[vii] Cf. S. Kierkegaard, «O Exercicio do Cristianismo» 1,11 in Obras, «0p. cit.». pp. 703sss.

Diálogos apostólicos

O DIVÓRCIO – 4 

A. O PROBLEMA DO DIVÓRCIO


Pergunto:

Nessas situações, um casamento diferente recuperaria esses bens?


Respondo:

Não, não; mas é difícil entendê-lo:

Com o divórcio os filhos sofrem desequilíbrios e tensões afectivas, bem como falta de orientações claras. Por exemplo, é frequente conceder-lhes muitas coisas para ganhar o seu afecto face à outra parte, a quem não sabem se devem amar ou odiar.
A pessoa culpável não se corrige com o divórcio, mas confirma-se-lhe a sua conduta: se uma pessoa não me satisfaz, ando com outra e assim sucessivamente. Por seu lado, se não se lhes permitir casar de novo, não poderão causar dano a outras pessoas, excepto se entrarem no seu jogo como amantes.

A pessoa inocente que não se casa de novo, mantém a sua integridade interior e, diante dos filhos, a lealdade da sua palavra e conduta. Conserva também a dignidade do seu corpo que não entrega a outra.

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?