18/04/2019

Temas para reflectir e meditar

Despersonalização

Não se pode mutilar nada da natureza humana. 

Despersonalizar-se naquilo que o homem tem de bom – que é muito – é o mais ruinoso que um cristão pode fazer. 

Desenvolve a tua natureza, a tua actividade humana; desenvolve-a até ao infinito. Tudo o que empequenece, o que contrai e estreita, o que nos ata pelo medo, isso não é Cristianismo. 

Há que empregar outra palavra que não seja despersonalização para designar a total purificação do pecado e das más inclinações que o homem, com a ajuda de Deus, há-de realizar.

(JESUS URTEAGAEl valor divino de lo humano, Rialp, 29 ed., Madrid 1984, p. 61. trad. ama)

Evangelho e comentário



TEMPO DA QUARESMA

Semana Santa



Evangelho: Lc 4, 16-21

16 Veio a Nazaré, onde tinha sido criado. Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. 17 Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito: 18 «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, 19 a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.» 20 Depois, enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.»

Comentário:

Jesus Cristo escolhe propositadamente a passagem da Escritura que Lhe diz directamente respeito.

Sabe, naturalmente, que irá haver controvérsia entre os assistentes mas sente que de alguma forma tem de fazer o possível para esclarecer e dissipar as dúvidas que possam ter a Seu respeito.

Assim, e desta forma categórica, diz aos Seus conterrâneos Quem é e ao que vem, não lhes esconde a Sua verdadeira identidade nem deixa por definir a missão que o traz este mundo.

As Suas palavras talvez não sejam suficientes por isso mesmo dará abundantes provas da Sua Divindade com os milagres de toda a ordem e a Sua doutrina segura, coerente, verdadeira.

Dirá que se não acreditam nas Suas palavras que acreditem nas Suas obras e que o que diz o ouviu directamente de Seu Pai.

(AMA, comentário sobre Lc 4, 16-21, 14.01.2019)

Fazer da sua vida diária um testemunho de Fé


Muitas realidades materiais, técnicas, económicas, sociais, políticas, culturais..., abandonadas a si mesmas, ou nas mãos de quem carece da luz da nossa fé, convertem-se em obstáculos formidáveis à vida sobrenatural: formam como que um couto cerrado e hostil à Igreja. Tu, por seres cristão – investigador, literato, cientista, político, trabalhador... –, tens o dever de santificar essas realidades. Lembra-te de que o universo inteiro – escreve o Apóstolo – está a gemer como que em dores de parto, esperando a libertação dos filhos de Deus. (Sulco, 311)

Já falámos muito deste tema noutras ocasiões, mas permiti-me insistir de novo na naturalidade e na simplicidade da vida de S. José, que não se distinguia da dos seus vizinhos nem levantava barreiras desnecessárias.

Por isso, ainda que possa ser conveniente nalguns momentos ou em algumas situações, habitualmente não gosto de falar de operários católicos, de engenheiros católicos, de médicos católicos, etc., como se se tratasse de uma espécie dentro dum género, como se os católicos formassem um grupinho separado dos outros, dando assim a sensação de que existe um fosso entre os cristãos e o resto da humanidade. Respeito a opinião oposta, mas penso que é muito mais correcto falar de operários que são católicos, ou de católicos que são operários; de engenheiros que são católicos ou de católicos que são engenheiros. Porque o homem que tem fé e exerce uma profissão intelectual, técnica ou manual, está e sente-se unido aos outros, igual aos outros, com os mesmos direitos e obrigações, com o mesmo desejo de melhorar, com o mesmo empenho de se enfrentar com os problemas comuns e de lhes encontrar a solução.

O católico, assumindo tudo isto, saberá fazer da sua vida diária um testemunho de Fé, de Esperança e de Caridade; testemunho simples, normal, sem necessidade de manifestações aparatosas, pondo de manifesto – com a coerência da sua vida – a presença constante da Igreja no mundo, visto que todos os católicos são, eles mesmos, Igreja, pois são membros, com pleno direito, do único Povo de Deus. (Cristo que passa, 53)

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?






Leitura espiritual


A DIGNIDADE HUMANA


A.  A DIGNIDADE HUMANA

1. O que significa dignidade?

Dignidade é grandeza, excelência; é uma qualidade ou bondade superior pela qual algo ou alguém goza de especial valor o estima.

2. Em que se baseia a dignidade humana?

O homem possui grande dignidade principalmente por motivos espirituais (por isto se percebe porque um ateu dispõe de menos razões para respeitar o ser humano):

*     Estamos dotados de uma alma espiritual e imortal. Fomos criados à imagem e semelhança divinas. Possuímos entendimento e vontade.
*     Deus fez-se homem: a Segunda pessoa da Santíssima Trindade tomou a natureza humana.
*     Deus ama-nos.
*     A graça outorga ao homem a dignidade especial de filho de Deus.

Por isso é que um pecado mortal é o que maior dano causa ao homem e à sua dignidade pois faz perder o dom da graça e a filiação divina.

3. Consequências desta dignidade em relação à alma humana.

- Antes de tudo é importante evitar os pecados. E se se cometeram, convém confessar-se rapidamente para recuperar a graça e com ela a dignidade de filhos de Deus.
Em geral, trata-se de cuidar a alma própria e alheia.

Exemplos:

*     Respeitar a inteligência própria e dos outros, procurando dizer a verdade.
*     Caridade com o próximo recusando ódios, burlas e murmurações. Amar a liberdade dos outros. Evitar fanatismos.
*     Desvelo pela vida espiritual própria e dos outros. Por exemplo, dando catequese.

4. Consequências desta dignidade no que se refere ao corpo humano.

- O corpo humano participa da dignidade da pessoa e deve ser tratado com o respeito e cuidado correspondentes.

Exemplos:

*     Respeito à propriedade dos outros. Ajuda a países e pessoas necessitadas. Solidariedade. Cuidado com a própria vida e com a alheia. Recusar o aborto e a eutanásia. Afastar as drogas.

*     Adornar e vestir correctamente o corpo humano, usando uma moda digna.

*     Respeitar o próprio corpo bem como o alheio. Inclui-se a moderação na comida e bebida, bem como o correcto uso do sexo.

5. Como é o uso digno e correcto do sexo?

A dignidade do homem nestes aspectos exige várias coisas:

*     O corpo humano não deve ser objecto do uso ou troca (hoje com uma pessoa, amanhã com outra). Só se deve entregar a alguém quando há previamente um compromisso firme, diante de testemunhas (cerimónia de casamento) de querer-se para sempre.

*     As faculdades geradoras da pessoa humana têm uma missão de grande categoria: trazer ao mundo outros seres humanos. Usá-las unicamente para obter prazeres é rebaixar em grande escala a sua dignidade.
Estas perdas de dignidade são bastante claras e qualquer pessoa se sente mal-tratada quando se dá conta de que está a ser usada de uma forma temporária ou como objecto de prazer.


B. DIGNIDADE E UTILIZAÇÃO


1.        O que é utilizar?


Utilizar é empregar algo para atingir um fim. Utiliza-se um martelo para pregar um prego. Utiliza-se um cão para vigiar a casa, etc.


2.        Quem pode utilizar algo?


Em sentido restrito, apenas os seres inteligentes e livres podem estabelecer um fim às coisas. Um cavalo utiliza para comer, mas tal foi assim determinado pelo Criador e o cavalo não decide.


3.        O Senhor utiliza os homens?


O Criador dispôs um fim que torna o homem feliz. - o céu junto Dele - mas quis que fossemos inteligentes e livres e, por tanto, desejou que o homem pudesse auto-dirigir-se para esse fim. Esta liberdade forma parte importante da dignidade humana.


4.        Como se perde a dignidade por utilização?


A perda da dignidade neste aspecto pode ser de dois modos:

*     Por imposição de um fim, atentado contra a dignidade de um homem livre. Neste caso, o homem inteiro é utilizado.
*     Usando as coisas de um modo inferior à dignidade natural que possuem, recebida do Criador. Assim se emprega mal uma qualidade humana.


5.        Exemplo de perda de dignidade por imposição de fins?

Procuremos exemplo em que se priva o homem da vida, coisa que nenhuma pessoa deseja perder. Assim fica claro que é um fim imposto, contrário à liberdade e dignidade humanas.

*     Na escravidão, o servo carece de direitos e está completamente sujeito à vontade e fins que o seu amo deseje.
*     No nazismo, os judeus eram massacrados com o fim imposto de melhorar a raça.
*     No aborto, os embriões humanos são destruídos para conseguir fins alheios ao embrião.
*     No terrorismo, matam-se seres humanos por um fim político que eles não desejam.


6.        Exemplos de perda de dignidade por má utilização?


Aqui os casos são mais difíceis de reconhecer pois uma pessoa pode decidir.

Exemplos:

*     Utilizar a inteligência para roubar ou causar dano a outros é uma perda de dignidade para esse entendimento.
*     Aqui inclui-se o mencionado sobre o sexo. Empregá-lo unicamente para obter prazer diminui muito a dignidade da sexualidade, desprezando o grande dom de trazer filhos ao mundo.
*     Usar o tempo principalmente para a diversão deteriora a dignidade operativa do homem que deixa de fazer obras boas. A capacidade humana de fazer o bem fica diminuída.


7.        Estas consequências coincidem com os mandamentos?


É lógico que coincidam pois Deus deseja o nosso bem e a nossa dignidade. Os atentados contra a nossa dignidade ofendem o Criador. 

Nos pecados há uma lesão à dignidade dos outros homens ou de si mesmo, ou uma tentativa de ataque à dignidade divina.