23/06/2015

O que pode ver em NUNC COEPI em Jun 23

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São Josemaria - Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 7 6-12 14, Virtudes

Bento XVI - Pensamentos espirituais

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 30- Art 1,São Tomás de Aquino


Agenda Terça-Feira

Tratado da vida de Cristo 13

Questão 30: Da Anunciação da Santa Virgem

Em seguida devemos tratar da anunciação da Santa Virgem.
E nesta questão discutem-se quatro artigos:

Art. 1 — Se era necessário fosse anunciado à Santa Virgem o que nela haveria de cumprir-se.
Art. 2 — Se à Santa Virgem a anunciação devia ser feita por um anjo.
Art. 3 — Se o anjo anunciante devia aparecer à Virgem em forma corpórea.
Art. 4 — Se a anunciação se cumpriu em perfeita ordem.

Art. 1 — Se era necessário que fosse anunciado à Santa Virgem o que nela haveria de cumprir-se.

 O primeiro discute-se assim. — Parece que não era necessário que fosse anunciado à Santa Virgem o que nela haveria de cumprir-se.

1. — Pois, parece que a anunciação só era necessária para obter o consentimento da Virgem. Ora, parece que não era necessário o seu consentimento; pois, a conceição da Virgem foi prenunciada pela profecia da predestinação, que se cumpre sem a cooperação do nosso arbítrio, como diz uma certa glosa. Logo, não era necessário que tal anunciação se fizesse.

2. Demais. — A Santa Virgem tinha fé na Encarnação, sem a qual ninguém podia trilhar a via da salvação; pois, como diz o Apóstolo, a justiça de Deus é infundida pela fé de Jesus Cristo em todos. Ora, quem crê com certeza não precisa ser instruído ulteriormente. Logo, à Santa Virgem não lhe era necessário que fosse anunciada a encarnação do Filho de Deus.

3. Demais. — Assim como a Santa Virgem concebeu corporalmente a Cristo, assim também qualquer alma santa o concebe espiritualmente. Donde o dizer o Apóstolo: Filhinhos meus, por quem eu de novo sinto as dores do parto, até que Jesus Cristo se forme em vós. Ora, aos que devem conceber espiritualmente a Cristo, essa conceição não lhes é anunciada. Logo, também não devia ser anunciado à Santa Virgem, que conceberia no seu ventre ao Filho de Deus.

Mas, em contrário, está no Evangelho que o Anjo lhe disse: Eis conceberás no teu ventre e parirás um filho.

Era conveniente que fosse anunciado à Santa Virgem que havia de conceber a Cristo. — Primeiro, para que se observasse a ordem devida da união do Filho de Deus com a Virgem; isto é, para que, antes de concebê-lo da sua carne, a sua alma tivesse disso conhecimento. Donde o dizer Agostinho: Maria foi mais feliz percebendo a fidelidade de Cristo que lhe concebendo a carne. E depois acrescenta: A proximidade de seu Filho em nada teria sido útil a Maria, se não tivesse com maior felicidade trazido a Cristo no seu coração, que na sua carne. — Segundo, para que pudesse ser mais certa testemunha desse sacramento, quando nele fosse instruída por Deus. — Terceiro, para que oferecesse a Deus o voluntário dom da sua submissão, ao que prontamente se ofereceu quando disse: Eis a escrava do Senhor. — Quarto, para que se mostrasse haver um como matrimónio espiritual entre o Filho de Deus e a natureza humana. Por isso, pela anunciação foi pedido o consentimento da Virgem, como representante de toda a natureza humana.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A profecia da predestinação se cumpre sem a cooperação causal do nosso arbítrio; não porém sem o consentimento dele.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A Santa Virgem tinha fé expressa na Encarnação futura; mas, humilde como era, não se julgava digna de tão altas coisas. Por isso, necessitava de ser instruída nessa matéria.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A concepção espiritual de Cristo, mediante a fé, precede a anunciação, realizada pela fé da pregação, segundo o dito do Apóstolo, que a fé é pelo ouvido. Mas nem por isso sabe ninguém com certeza que tem a graça; conhece, porém, como verdadeira a fé que recebeu.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Evangelho, comentário, L. Espiritual



Tempo comum XII Semana


Evangelho: Mt 7, 6-12, 14

6 «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que, voltando-se contra vós, vos despedacem. 12 «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas.
13 «Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele. 14 Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva à Vida, e quão poucos são os que dão com ele!

Comentário:

O critério no apostolado é fundamental e de enorme importância. Não se vai… por aí como porta-bandeira anunciando o Reino de Deus, não é este o modo de proceder do cristão.
O apostolado baseia-se, antes de mais, na amizade - antes de ser apóstolo ser amigo – isto é, fomentar a amizade que deve levar à intimidade, ao conhecimento do outro para, então, fazer o apostolado que melhor convenha.
As pessoas não são todas iguais e não têm a mesmas necessidades ou gostos. Há que ir ao encontro delas e dessas especificidades que reúnem para que o que se vai semear tenha alguma possibilidade de enraizar e dar fruto.

(ama, comentário sobre Mt 7, 6; 12-14, 2011.06.01)


Leitura espiritual



Virtudes


A graça e as virtudes

A graça é a fonte da santificação; cura e eleva a natureza tornando-nos capazes de agir como filhos de Deus.

1. A graça

Deus chamou o homem a participar na vida da Santíssima Trindade. «Esta vocação para a vida eterna é sobrenatural» [1], [2].

Para nos conduzir a este fim último sobrenatural, concede-nos já nesta terra um início dessa participação que será plena no céu. Este dom é a graça santificante, que consiste num «começo da glória» 2[3]. Portanto, a graça santificante:

- «É dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, infundida pelo Espírito Santo na nossa alma, para a curar do pecado e a santificar» [4];

- «É uma participação na vida de Deus» [5] que nos diviniza [6];

- É, portanto, uma nova vida, sobrenatural; como um novo nascimento pelo qual somos constituídos filhos de Deus por adopção, participantes da filiação natural do Filho: «filhos no Filho» [7];

- Introduz-nos, assim, na intimidade da vida trinitária. Como filhos adoptivos, podemos chamar «Pai» a Deus, em união com o Filho único [8];

- É “graça de Cristo”, porque na situação presente – quer dizer, depois do pecado e da Redenção operada por Jesus Cristo – a graça chega-nos como participação da graça de Cristo [9]:

«Da sua plenitude todos recebemos graça sobre graça”» [10].
A graça configura-nos com Cristo [11]:

- É «graça do Espírito Santo», porque é infundida na alma pelo Espírito Santo [12].

À graça santificante chama-se também graça habitual porque é uma disposição estável que aperfeiçoa a alma pela infusão das virtudes, para torná-la capaz de viver com Deus, de actuar por seu amor [13], [14].

2. A justificação
          
A primeira obra da graça em nós é a justificação [15].

Chama-se justificação à passagem do estado de pecado ao estado da graça (ou “de justiça”, porque a graça nos faz “justos”) [16].

Esta tem lugar no Baptismo, e cada vez que Deus perdoa os pecados mortais e infunde a graça santificante (ordinariamente no sacramento da penitência) [17].

A justificação «é a obra mais excelente do amor de Deus» [18]; [19].

3. A santificação

Deus não nega a ninguém a sua graça, porque quer que todos os homens se salvem [20]; todos estão chamados à santidade [21], [22].

A graça «é, em nós, a nascente da obra de santificação» [23]; sara e eleva a nossa natureza tornando-nos capazes de actuar como filhos de Deus [24], e de reproduzir à imagem de Cristo [25]: quer dizer, de ser, cada um, alter Christus, outro Cristo.

Esta semelhança com Cristo manifesta-se nas virtudes.

A santificação é o progresso em santidade; consiste na união cada vez mais íntima com Deus [26], até chegar a ser não só outro Cristo mas ipse Christus, o próprio Cristo [27]; quer dizer, uma só coisa com Cristo, como membro seu [28].

Para crescer em santidade é necessário cooperar livremente com a graça, e isto requer esforço, luta, por causa da desordem introduzida pelo pecado (o fomes peccati).

«Não há santidade sem renúncia e combate espiritual» [29], [30].

Consequentemente, para vencer na luta ascética, antes de mais é preciso pedir a Deus a graça mediante a oração e a mortificação – «a oração dos sentidos» [31]– e recebê-la nos sacramentos [32].

A união com Cristo só será definitiva no Céu. É necessário pedir a Deus a graça da perseverança final: quer dizer, o dom de morrer na graça de Deus [33].


4. As virtudes teologais

Em geral, «a virtude é uma disposição habitual e firme para praticar o bem» [34], [35].

«As virtudes teologais referem-se directamente a Deus e dispõem os cristãos para viverem em relação com a Santíssima Trindade» [36].

«São infundidas por Deus na alma dos fiéis para os tornar capazes de proceder como filhos seus» [37], [38].

As virtudes teologais são três: fé, esperança e caridade [39].

A fé «é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou, e que a santa Igreja nos propõe para acreditarmos» [40].

Pela fé «o homem entrega-se completa e livremente a Deus» [41], e esforça-se por conhecer e fazer a vontade de Deus [42], [43].

«O discípulo de Cristo, não somente deve guardar a fé e viver dela, como também professá-la, dar testemunho dela e propagá-la» [44].

«A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo» [45], [46].

«A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus [47].

Este é o mandamento novo de Jesus Cristo: «que vos ameis com eu vos amei» [48], [49].

(cont)




[1] Catecismo, 1998
[2] Esta vocação «depende inteiramente da iniciativa gratuita de Deus, porque só Ele pode revelar-Se e dar-Se a si mesmo.
E ultrapassa as capacidades da inteligência e as forças da vontade humana, como de qualquer criatura (cf. 1 Cor 2, 7-9”
(Catecismo, 1998).
[3] s. tomás de aquino, Summa Theologica, II-II, q. 24, a. 3, ad 2.
[4] Catecismo, 1999
[5] Catecismo, 1997; cf. 2
Pe 1,4
[6] cf. Catecismo , 1999
[7] Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 22.
Cf. Rm 8, 14-17;
Gl 4, 5-6, 1 Jo 3,1.
[8] cf. Catecismo, 1997
[9] Catecismo, 1997
[10] Jo 1, 16
[11] cf. Rm 8, 29
[12] Qualquer dom criado procede do Dom incriado, que é o Espírito Santo.
«O amor de Deus derramou-se nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5; cf. Gl 4, 6).
[13] cf. Catecismo, 2000
[14] Deve-se distinguir entre graça habitual e graças actuais, «que designam intervenções divinas que estão na origem da conversão ou no decorrer da obra da santificação» (cf. Ibidem).
[15] cf. Catecismo, 1989
[16] «A justificação envolve o perdão dos pecados, a santificação e a renovação interior» (Concílio de Trento: DS 1528).
[17] Nos adultos, esta passagem é fruto da moção de Deus (graça actual) e da liberdade do homem.
«Sob a moção da graça, o homem volta-se para Deus e desvia-se do pecado, acolhendo assim o perdão e a justiça do Alto» (Catecismo, 1989).
[18] Catecismo, 1994
[19] cf. Ef 2, 4-5
[20] 1 Tm 2, 4
[21] cf. Mt 5, 48
[22] Deus quis recordar esta verdade com especial força e novidade, por meio dos ensinamentos de são josemaria a partir do dia 2 de Outubro de 1928.
A Igreja proclamou no Concílio Vaticano II (1962-65): «Todos os fiéis, de qualquer estado ou regime de vida, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» (Concílio Vaticano II, Const. Lumen Gentium, 40).
[23] Catecismo, 1999
[24] Cf. s. tomás de aquino, Summa Theologiae, III, q. 2, a. 12, c.
[25] cf. Rm 8, 29
[26] cf. Catecismo, 2014
[27] Cf. São Josemaria, Cristo que Passa, n. 104
[28] cf. 1 Cor 12, 27
[29] Catecismo, 2015
[30] Mas a graça «não faz concorrência de modo nenhum, à nossa liberdade, quando esta corresponde ao sentido da verdade e do bem que Deus colocou no coração do homem» (Catecismo, 1742).
Pelo contrário, «a graça corresponde às aspirações profundas da liberdade humana» (Catecismo, 2022).
[31] são josemaria, Cristo que Passa, 9
[32] Para alcançar a graça de Deus contamos com a intercessão da nossa Mãe Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças, e também com a de S. José, dos Anjos e dos Santos.
[33] cf. Catecismo, 2016 e 2849
[34] Catecismo, 1803
[35] Pelo contrário, os vícios são hábitos morais que se seguem às obras más e inclinam a repeti-las e a piorar.
[36] Catecismo, 1812
[37] Catecismo, 1813
[38] Tal como a alma humana opera através das suas potências (entendimento e vontade), o cristão em graça de Deus opera através das virtudes teologais, que são como as potências da “nova natureza” elevada pela graça.
[39] cf. 1 Cor 13, 13
[40] Catecismo, 1814
[41] Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 5.
[42] cf. Rm 1, 17
[43] A fé manifesta-se pelas obras: a fé viva «actua pela caridade» (Gl 5, 6), enquanto «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26), mesmo que o dom da fé permaneça em quem não pecou directamente contra ela (cf. Concílio de Trento: DS 1545).
[44] Catecismo, 1816; cf. Mt 10, 32-33
[45] Catecismo 1817
[46] Cf. Heb 10, 23; Tt 3, 6-7.
«A virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem» (Catecismo, 1818), purifica-o e eleva-o; protege-o do desalento; dilata-lhe o coração na espera da bem-aventurança eterna; preserva-o do egoísmo e condu-lo à alegria (cf. Ibidem).
[47] Catecismo, 1822
[48] Jo 15, 12
[49] A caridade é superior a todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
«Se não tivesse caridade nada seria nada» (1 Cor 13,3).
«O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade» (Catecismo, 1827).
É a forma de todas as virtudes: “informa-as” ou vivifica-as”, porque as orienta o amor de Deus; sem caridade, as outras virtudes estão mortas.
A caridade purifica a nossa faculdade humana de amar e eleva-a à perfeição sobrenatural do amor divino (cf. Catecismo, 1827).
Há uma ordem na caridade.
A caridade manifesta-se também na correcção fraterna (cf. Catecismo 1829).