Amar a Igreja
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Sacerdócio comum e
sacerdócio ministerial
Nem
como homem, nem como fiel cristão, o sacerdote é mais do que o leigo.
Por
isso é muito conveniente que o sacerdote professe uma profunda humildade, para
entender como também no seu caso se cumprem plenamente, de modo especial,
aquelas palavras de S. Paulo:
Que possuís que não
tenhais recebido?
O
recebido... é Deus!
O
recebido é poder celebrar a Sagrada Eucaristia, a Santa Missa - fim principal
da ordenação sacerdotal -, perdoar os pecados, administrar outros sacramentos e
pregar com autoridade a Palavra de Deus, dirigindo os outros fiéis nas coisas
que se referem ao Reino dos Céus.
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O
sacerdócio dos presbíteros, que pressupõe os sacramentos da iniciação cristã,
confere-se mediante um Sacramento particular, pelo qual os presbíteros, pela
unção do Espírito Santo, são selados com um carácter especial e se configuram com
Cristo Sacerdote de tal modo que podem actuar na pessoa de Cristo cabeça.
A
Igreja é assim, não por capricho dos homens, mas por expressa vontade de Jesus
Cristo, seu Fundador.
O
sacrifício e o sacerdócio estão tão unidos, por determinação de Deus, que em
toda a Lei, na Antiga e na Nova Aliança, existiram os dois.
Tendo,
pois, recebido a Igreja Católica no Novo Testamento, por instituição do Senhor,
o sacrifício visível da Eucaristia, deve-se também confessar que há n'Ele um
novo sacerdócio, visível e externo, no qual se transformou o antigo.
Nos
que são ordenados este sacerdócio ministerial soma-se ao sacerdócio comum de
todos os fiéis.
Portanto,
seria um erro defender que um sacerdote é mais cristão do que qualquer outro
fiel, mas pode afirmar-se que é mais sacerdote: pertence, como todos os
cristãos, ao povo sacerdotal redimido por Cristo e, além disso, está marcado
com o carácter do sacerdócio ministerial, que se diferencia essencialmente, e
não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis.
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Não
compreendo o empenho de alguns sacerdotes em se confundirem com os outros
cristãos esquecendo ou descuidando a sua missão específica na Igreja, para a
qual foram ordenados.
Pensam
que os cristãos desejam ver no sacerdote um homem mais Não é verdade.
No
sacerdote querem admirar as virtudes próprias de qualquer cristão e de qualquer
homem honrado: a compreensão, a justiça, a vida de trabalho - trabalho
sacerdotal neste caso -, a caridade, a educação, a delicadeza no trato.
Mas,
juntamente com isto, os fiéis pretendem que se destaque claramente o carácter
sacerdotal: esperam que o sacerdote reze, que não se negue a administrar os
Sacramentos, que esteja disposto a acolher a todos sem se constituir chefe ou
militante de partidarismos humanos, sejam de que tipo forem; que ponha amor e
devoção na celebração da Santa Missa, que se sente no confessionário, que conforte
os doentes e os atormentados, que ensine catequese às crianças e aos adultos,
que pregue a Palavra de Deus e não qualquer tipo de ciência humana, que - mesmo
que a conhecesse perfeitamente - não seria a ciência que salva e leva à vida
eterna; que saiba aconselhar e ter caridade com os necessitados.
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Numa
palavra: pede-se ao sacerdote que aprenda a não estorvar em si a presença de
Cristo nele, especialmente no momento em que realiza o Sacrifício do Corpo e
Sangue e quando, em nome de Deus, na Confissão sacramental auricular e secreta,
perdoa os pecados.
A
administração destes dois Sacramentos é tão capital na missão do sacerdote, que
tudo o mais deve girar à sua volta.
As
outras tarefas sacerdotais - a pregação e a instrução na fé - careceriam de
base, se não estivessem dirigidas a ensinar a ter intimidade com Cristo, a
encontrar-se com Ele no tribunal amoroso da Penitência e na renovação incruenta
do Sacrifício do Calvário, na Santa Missa.
Deixai
que me detenha ainda um pouco na consideração do Santo Sacrifício: porque, se
para nós é o centro e a raiz da vida cristã, deve sê-lo, de modo especial, na
vida do sacerdote.
Um
sacerdote que, culpavelmente, não celebrasse diariamente o Santo Sacrifício do
Altar, demonstraria pouco amor de Deus; seria como lançar em cara a Cristo que
não compartilha da ânsia de Redenção, que não compreende a sua impaciência em
se entregar, inerme, como alimento da alma.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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