Tempo comum X Semana
São Barnabé – Apóstolo
Evangelho:
Mt 10, 7-13
7 Ide, e anunciai que está próximo o Reino dos
Céus. 8 «Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os
leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de graça recebestes. 9
Não leveis nos vossos cintos nem ouro, nem prata, nem dinheiro, 10
nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque
o operário tem direito ao seu alimento. 11 «Em qualquer cidade ou
aldeia em que entrardes, informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e
ficai aí até que vos retireis. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a,
dizendo: “A paz seja nesta casa”. 13 Se aquela casa for digna,
descerá sobre ela a vossa paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós.
Comentário:
Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, insiste na paz interior
de quem tem por missão difundir a Sua Palavra.
Ninguém pode conseguir o que for se não estiver em paz
consigo próprio e, esta, só se alcança quando se está absolutamente seguro de
que o que se faz é bem feito, com o empenho total e a disponibilidade absoluta
que Cristo pede aos Seus pastores.
Homens santos, autênticos, de altar, que ponham no seu
trabalho de pastores de almas estritamente o que a Igreja manda, sem acrescentar
da sua lavra o que for.
A Santa Igreja é de Cristo, sua Cabeça, a Doutrina é a
Doutrina de Cristo e, o modo de a aplicar é seguindo com obediência e
fidelidade estritas o que manda o Magistério.
(ama,
comentário sobre Mt 10, 7-15, 2012.06.05)
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
SEGUNDA PARTE
COMO SER CRISTÃOS
x sacerdócio comum dos fiéis
Já assinalámos em páginas anteriores que
toda a vida cristã, engendrada na Graça recebida no Baptismo e nos outros
sacramentos que nos converte em «filhos de Deus em Cristo» ao fazer-nos participar
da «natureza divina), é o desenvolvimento dessa «filiação divina» em cada um de
nós.
Deus, ao converter-nos em «seus filhos
em Cristo» deseja que colaboremos com Ele em toda a missão que Cristo veio
realizar na terra.
Repetimos que
essa conversão não é possível se o homem não aceita livremente esse plano de
Deus e, uma vez aceite, se dispõe a colaborar também livremente com Deus para o
levar a cabo.
Esta é a «conversão sacerdotal», o
«sacerdócio real» a que tende toda a vida cristã em homens e mulheres crentes.
Esta conversão
comporta e leva consigo uma missão.
Uma missão de
apóstolo.
Uma missão de
redenção e de santificação que Cristo realiza actuando como sacerdote, como
profeta, como rei e deseja vivê-la com cada um de nós de forma que nós vivamos
assim toda a sua vida, paixão, morte e ressurreição com Ele, nele, por Ele.
E cada um de
forma inefável, diferente e irrepetível.
Cristo indica-nos muito claramente a
missão a que fomos chamados:
«Vós sois o
sal da terra. (…)
Vós sois a luz
do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada no alto de um monte nem se
acende uma luz para pô-la debaixo do candelabro mas sobre um candeeiro que
ilumine todos os da casa.
Ilumine assim
a vossa luz os homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai que está nos céus» .
O Concílio Vaticano II afirma, por uma
lado, a realidade dos baptizados como «sacerdócio santo» para que por meio de
toda a obra do homem cristão ofereçam sacrifícios espirituais e anunciem o
poder daquele que os chamou das trevas à sua luz admirável» e assinala que «o
sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, ainda que
essencialmente diferentes e não só em grau, todavia se ordenam um ao outro pois
ambos participam à sua maneira do único sacerdócio de Cristo» .
Esclarecidos estes pontos diz:
«Os fiéis em
virtude do seu sacerdócio real, concorrem para a oferenda da Eucaristia e
exercem-nos na recepção dos sacramentos, na oração e acção de graças, mediante
o testemunho de uma vida santa, na abnegação e caridade operante» .
Noutro documento, o Concílio sublinha a
missão sacerdotal dos fiéis:
«Há na Igreja
diversidade de ministérios mas unidade de missão.
Cristo confiou
aos Apóstolos e aos seus sucessores o encargo de ensinar, de santificar e reger
em seu próprio nome e autoridade.
Os seculares,
por seu lado, ao ter recebido participação no ministério sacerdotal profético e
real de Cristo, cumprem na Igreja e no mundo a parte que lhes compete na missão
total do Povo de Deus» .
A vivência deste «sacerdócio comum»
desenvolve-se nas três dimensões de Cristo: Sacerdote, Profeta, Rei.
missão sacerdotal
Já considerámos que São Pedro na sua
primeira carta, 2, 4-5, 9, nos recorda estes planos do Senhor que nos constitui
em «povo sacerdotal» em Cristo e que já tinha anunciado a Moisés no monte Sinai
.
Vivendo a vida da Graça todas as nossas
acções se convertem em acções redentoras e santificadoras como foram as de
Cristo.
Na realidade,
as nossas acções convertem-se em acções de Cristo e trudo fazemos com Ele, por
Ele e nele.
A Constituição Conciliar «Lumen gentium» assinala esta realidade
de forma muito clara e explícita:
«Pois aos que associa intimamente à sua
vida e à sua missão também os faz partícipes da sua acção sacerdotal com o fim
de que exerçam o culto espiritual para glória de Deus e salvação dos homens.
Pelo qual, os
leigos, enquanto consagrados a Cristo e ungidos pelo Espírito Santo são
admiravelmente chamados e dotados para que neles se produzam sempre os mais
ubérrimos frutos do Espírito.
Pois todas as
suas obras, as suas orações e iniciativas apostólicas, a vida conjugal e
familiar, o trabalho quotidiano e o descanso da alma e do corpo, se são feitos
no Espírito, e inclusive as próprias provas da vida se se sobrelevam
pacientemente, convertem-se em sacrifícios espirituais aceitáveis por Deus por
Jesus Cristo que na celebração da
Eucaristia se oferecem piedosissimamente ao Pai junto com a oblação do corpo do
Senhor» .
Cada cristão, sacerdote ou leigo, homem
ou mulher, jovem ou ancião, doente ou são, sem nenhum tipo de distinção salvo o
da unidade com Cristo que cada um viva, leva a cabo esta Missão Sacerdotal.
A todos se
aplicam da mesma forma as palavras do Concílio Vaticano II recolhidas nos
parágrafos seguintes:
»Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre
os homens ,
do seu povo fez… um reino de sacerdotes
para Deus, seu Pai .
Os baptizados,
com efeito, são consagrados pela regeneração e unção do Espírito Santo como
casa espiritual e sacerdócio santo para que, por meio de toda a obra do homem
cristão ofereçam sacrifícios espirituais e anunciem o poder daquele que os
chamou das trevas á Sua luz admirável» .
«O Senhor Jesus, a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo ,
torna partícipe todo o Seu Corpo místico da unção do Espírito com que Ele foi
ungido.
Nele todos os
fiéis são feitos sacerdócio santo e régio, oferecem sacrifícios espirituais a
Deus por Jesus Cristo e apregoam as maravilhas daquele que os chamou das trevas
á Sua luz admirável.
Não há, portanto,
nenhum membro que não tenha parte na missão de Cristo, mas antes que cada um
deve santificar Jesus no seu coração e dar testemunho de jesus com espírito de
profecia» .
A razão desta igualdade no sacerdócio real de todos os baptizados o Concílio também as explica com estas
palavras que de novo recolhemos:
«o sacerdócio
comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, ainda que
essencialmente diferentes e não só em grau, todavia se ordenam um ao outro pois
ambos participam à sua maneira do único sacerdócio de Cristo» .
Por esta missão sacerdotal o fiel leigo oferece a Deus a sua piedade e toda
a sua vida, os eus trabalhos e afãs, como verdadeiro sacrifício santificador e
redentor.
Fá-lo unido ao
sacrifício de Cristo, «no» sacrifício de Cristo.
Daí a
importância que já sublinhámos em páginas anteriores, da Santa Missa na vida
pessoal cristã por ser o «centro e a raiz» da vida cristã, em palavras de São
Josemaria que o Concílio Vaticano II também fez suas.
E daí também a necessidade de afirmar
que nenhum cristão deixa de viver esta missão sacerdotal em plenitude.
Por exemplo, o
secular vive a Santa Missa com Cristo, em Cristo, por Cristo em virtude do seu
sacerdócio real, com a mesma intensidade com que possa vivê-la o sacerdote
ministerial.
O presbítero
torna possível que a Missa se possa celebrar, depois os leigos celebram a Missa
– não concelebram, obviamente – cada um segundo o seu sacerdócio real.
No Cânone Romano o sacerdote diz ao
oferecer o sacrifício:
«Recorda-te,
Senhor, dos Teus filhos…, e de todos os aqui reunidos, cuja fé e entrega bem
conheces, por eles e por todos os seus, pelo perdão dos seus pecados e a
salvação que esperam, te oferecemos, e eles mesmos te oferecem, este sacrifício
de louvor a ti, eterno Deus, vivo e verdadeiro.
E com o oferecimento, sacerdote e
leigos, em virtude do seu sacerdócio real, louvam, pedem, dão graças com
Cristo, por Cristo, em Cristo.
Mais, Cristo é
quem verdadeiramente vive o oferecimento da sua vida, paixão, morte e
ressurreição a Deu, no Espírito Santo, em toda a pessoa de cada fiel.
É no desenvolvimento da missão sacerdotal da sua vida onde o
cristão descobre o verdadeiro sentido da sua existência.
missão profética
Esta missão está muito bem assinalada no
nr 35 da «Lumen
gentium» quwe a seguir de forma escalonada recolhemos:
«Cristo, o grande Profeta que proclamou
o reino do Pai com o testemunho da vida e com o poder da palavra, cumpre a sua
missão profética até à plena manifestação da glória, não só através da Hierarquia
que ensina em seu nome e com o seu poder, mas também por meio dos leigos aos
quais, por conseguinte, constitui em testemunhas e os dota do sentido da fé e
da graça da palavra
para que a virtude do Evangelho brilhe na vida diária» .
«(…) assim os leigos ficam constituídos em
pregoeiros poderosos da fé em coisas que esperamos
quando, sem vacilação, unem a vida segundo a fé à posse dessa fé.
Tal
evangelização, quer dizer, o anúncio de Cristo apregoado pelo testemunho da
vida e da palavra, adquire uma característica específica e uma eficácia
singular pelo facto de se levar a cabo nas condições comuns do mundo .
«Nesta tarefa ressalta o grande valor
daquele estado de vida santificado por um sacramento especial, a saber, a vida
matrimonial e familiar.
Nela
o apostolado dos leigos encontra uma ocasião de exercício e uma escola preclara
se a religião cristã penetra toda a organização da vida e a transforma cada dia
mais.
Aqui
os cônjuges têm a sua vocação própria: o ser mutuamente e para os seus filhos testemunhas
da fé e do amor de Cristo.
A
família cristã proclama em voz muito alta tanto as virtudes presentes do reino
de Deus como a esperança da vida bem-aventurada.
De
tal forma, com o seu exemplo e o seu testemunho interpela o mundo de pecado e
ilumina os que procuram a verdade» .
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)