Uma
pedagogia da fé na família - a propósito de alguns ensinamentos de S. Josemaria…/3
A
família nos planos de Deus.
Voltando
à missão educativa dos pais com os seus próprios filhos, S. Josemaria Escrivá
ensinou sempre, não sem incompreensões iniciais, que o matrimónio é uma vocação
divina e que, no próprio sacramento, radica a sua grandeza, as suas obrigações
e a sua eficácia.
“O
matrimónio existe para que aqueles que o contraem se santifiquem nele e através
dele. Para isso, os cônjuges têm uma graça especial que o sacramento instituído
por Jesus Cristo confere. Quem é chamado ao estado matrimonial, encontra nesse
estado – com a graça de Deus – tudo o que é necessário para ser santo, para se
identificar cada dia mais com Jesus Cristo e para levar ao Senhor as pessoas
com quem convive.
(...)
Devemos trabalhar para que as células cristãs da sociedade nasçam e se desenvolvam
com afã de santidade, com a consciência de que o sacramento inicial – o Baptismo
– confere já a todos os cristãos uma missão divina, que cada um deve cumprir no
caminho que lhe é próprio.
Os
esposos cristãos têm de ter consciência de que são chamados a santificar-se
santificando, a ser apóstolos, e de que o seu primeiro apostolado está no lar.
Devem compreender a obra sobrenatural que significa a fundação de uma família,
a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade. Desta consciência da
própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida; a
sua felicidade” [i].
A
missão de educadores da fé nasce dos sacramentos. Os pais quando educam são a
Igreja que educa. O seu lar é igreja doméstica. E além de ser um dever, é
também um direito, como reconhece claramente o Código de Direito Canónico [ii].
S.
Josemaria presta atenção aos motivos naturais que fundamentam o carácter insubstituível
dos pais, como educadores da fé. Este trabalho não pode ser visto como um mero
empenho, por santo que seja, mas como uma verdadeira necessidade: o que não
façam os pais não poderá fazê-lo mais ninguém em seu lugar.
“Em
todos os ambientes cristãos se conhecem por experiência os bons resultados que
dá essa natural e sobrenatural iniciação à vida de piedade, feita no calor do
lar. A criança aprende a colocar o Senhor na linha dos primeiros e fundamentais
afectos, aprende a tratar Deus como Pai e a Virgem Maria como Mãe, aprende a
rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme
actividade apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de ser sinceramente
piedosos, para poderem transmitir – mais do que ensinar – essa piedade aos
filhos” [iii].
michele dolz, publicado em
Romana, n. 32 (2001), 2011.09.12
Nota: Revisão gráfica por ama.
[i] S. Josemaria Escrivá, Temas Actuais do
Cristianismo, n. 91.
[ii] Cfr. cân. 1136.
[iii] S. Josemaria Escrivá, Temas Actuais do
Cristianismo, n. 103. “Os pais, doando a vida e recebendo-a num clima de amor,
estão providos de um potencial educativo que nenhum outro detém; de um modo
único conhecem os seus próprios filhos na sua irrepetível singularidade e, por
experiência, possuem os segredos e os recursos do amor verdadeiro” (Pontifício
Conselho para a Família, Orientações educativas em família, 8-XII-1995, n. 79.