02/09/2018

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Temas para reflectir e meditar


Instrumento

Quando Ele disse o que pedirdes em Meu Nome Eu vo-lo concederei, Jesus Cristo fez mais que uma promessa, deu uma garantia pessoal absolutamente clara e iniludível.
Isto, posto assim sem mais é de uma importância tão relevante que esmaga.
Parece que todos os problemas têm solução, qualquer necessidade poderá ser satisfeita, um desejo concretizado.

Cuidado porém, poderá surgir a tentação de se sentir capaz de tudo, mesmo o mais extraordinário.
O que em si não apresenta mal nenhum pode Levar ao convencimento que o Senhor está disposto a servir-se de nós como instrumento privilegiado para fazer algo grande.
As escolhas que o Senhor faz não dependem da nossa disponibilidade como se nos colocássemos em bicos dos pés chamando a Sua atenção para nós.
Ora a primeiríssima qualidade do instrumento é a humildade.
Penso que está tudo dito a respeito.

(AMA, reflexões, 30.04.2018 12,00)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23 

1 Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. 2 Viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – 3 Na verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. 4 Ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –. 5 Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». 6 Jesus respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. 7 É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. 8 Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens». 14 Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. 15 Não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; 21 porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. 23 Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro».

Comentário:

A impureza é uma “carga” terrível da qual muitos infelizmente não conseguem libertar-se.
Talvez seja um dos estados de vida que cria mais hábito e, até, rotina.
O que se pratica, diz ou vive vai perdendo a sua verdadeira importância e valor e não tarda a cair-se num “deixar andar” em que de certa maneira tudo é permitido, nada faz mal.

O Senhor foi muito claro: «Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus».


(ama, comentário sobre Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23, 2015.08.30)




O amor casto entre um homem e uma mulher


Admira a bondade do nosso Pai Deus: não te enche de alegria a certeza de que o teu lar, a tua família, o teu país, que amas com loucura, são matéria de santidade? (Forja, 689)

E agora, meus filhos e minhas filhas, permiti que me detenha noutro aspecto – particularmente querido – da vida comum. Refiro-me ao amor humano, ao amor casto entre um homem e uma mulher, ao noivado, ao matrimónio. Devo dizer uma vez mais que esse amor humano santo não é algo de permitido, de tolerado, à margem das verdadeiras actividades do espírito, como poderiam insinuar os falsos espiritualismos a que antes aludia. Há quarenta anos que venho pregando exactamente o contrário, através da palavra e da escrita, e os que não compreendiam já o vão entendendo.

O amor que conduz ao matrimónio e à família pode ser também um caminho divino, vocacional, maravilhoso, meio para uma completa dedicação ao nosso Deus. Realizai as coisas com perfeição, tenho-vos recordado, ponde amor nas pequenas actividades da jornada, descobri – insisto – esse quê divino que se oculta nos pormenores: toda esta doutrina encontra um lugar especial no espaço vital em que o amor humano se enquadra. (Temas Actuais do Cristianismo, 121)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

CRISTO QUE PASSA

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Essa autenticidade do amor requer fidelidade e rectidão em todas as relações matrimoniais. Deus, comenta S. Tomás de Aquino, uniu às diversas funções da vida humana um prazer, uma satisfação; esse prazer e essa satisfação são, por conseguinte, bons.
Mas se o homem, invertendo a ordem das coisas, busca essa emoção como valor último, desprezando o bem e o fim a que deve estar ligada e ordenada, perverte-a e desnaturaliza-a, convertendo-a em pecado ou em ocasião de pecado.

A castidade - não a simples continência, mas a afirmação decidida de uma vontade enamorada - é uma virtude que mantém a juventude do amor em qualquer estádio da vida.
Existe uma castidade dos que sentem despertar neles o desenvolvimento da puberdade, uma castidade dos que se preparam para se casarem, uma castidade dos que Deus chama ao celibato, uma castidade dos que foram escolhidos por Deus para viverem no matrimónio.

Como não recordar aqui as palavras fortes e claras que a Vulgata conserva, da recomendação que o Arcanjo Rafael fez a Tobias antes de desposar Sara?
O Anjo admoestou-o deste modo: Escuta-me e mostrar-te-ei quem são aqueles contra quem o Demónio pode prevalecer. São os que abraçam o matrimónio de tal modo que excluem Deus de si e da sua mente e se deixam arrastar pela paixão como o cavalo e o mulo que carecem de entendimento. Sobre esses, o Diabo tem poder.

Não há amor claro, franco e alegre no matrimónio, se não se vive essa virtude da castidade, que respeita o mistério da sexualidade e o ordena à fecundidade à entrega.
Nunca falei de impureza e evitei sempre descer a casuísticas mórbidas e sem sentido; mas de castidade e de pureza, da afirmação jubilosa do amor, falei muitíssimas vezes e devo continuar a falar.

Pelo que respeita à castidade conjugal, asseguro aos esposos que não devem ter medo de manifestar o seu carinho; pelo contrário, essa inclinação é a base da sua vida familiar.
O que o Senhor lhes pede é que se respeitem mutuamente e que sejam mutuamente leais, que actuem com delicadeza, com naturalidade, com modéstia.
Dir-lhes-ei também que as relações conjugais são dignas quando são prova de verdadeiro amor e, portanto, estão abertas à fecundidade, aos filhos.

Secar as fontes da vida é um crime contra os dons que Deus concedeu à humanidade e uma manifestação de que é o egoísmo e não o amor, o que inspira a conduta.
Então tudo se turva, porque os cônjuges acabam por se olharem como cúmplices; e produzem-se entre eles dissensões que, continuando nessa linha, são quase sempre insanáveis.

Quando a castidade conjugal está presente no amor, a vida matrimonial é expressão de uma conduta autêntica, marido e mulher compreendem-se e sentem-se unidos; quando o bem divino da sexualidade se perverte, destrói-se a intimidade e marido e mulher já não podem olhar-se nobremente, cara a cara.

Os esposos devem edificar a sua convivência sobre um carinho sincero e puro, e sobre a alegria de ter trazido ao mundo os filhos que Deus lhes tenha dado a possibilidade de ter, sabendo, se for necessário, renunciar a comodidades pessoais e tendo fé na Providência divina. Formar uma família numerosa, se tal for a vontade de Deus, é uma garantia de felicidade e de eficácia, embora afirmem outra coisa os defensores de um triste hedonismo.

26
           
Não vos esqueçais de que, em certas ocasiões, não é possível evitar as zangas entre os esposos.
Nunca discutais diante dos vossos filhos; fá-los-eis sofrer e eles tomarão o partido de uma das partes, contribuindo talvez para aumentar inconscientemente a vossa desunião.
Todavia, discutir, desde que não seja muito frequentemente, é também uma manifestação de amor, quase uma necessidade.
A ocasião, não o motivo, costuma ser o cansaço do marido, esgotado pelo seu trabalho profissional; a fadiga - oxalá não seja o aborrecimento - da mulher que teve de aturar os filhos e o serviço ou lutar com o seu próprio carácter, às vezes pouco firme; embora vós, as mulheres, sejais mais firmes que os homens se vos decidis a isso.

Evitai a soberba, que é o maior inimigo da vossa vida conjugal: nas vossas pequenas zangas, nenhum dos dois tem razão.
O que estiver mais sereno deve dizer uma palavra que guarde o mau humor até mais tarde. E mais tarde - a sós - discuti, que depois fareis as pazes.

Vós, mulheres, pensai que talvez vos descuideis um pouco no arranjo pessoal; recordai o provérbio que a mulher composta tira o homem de outra porta: é sempre actual o dever de aparecerdes amáveis como quando éreis noivas, dever de justiça porque pertenceis ao vosso marido; e ele também não se deve esquecer de que é vosso e de que tem a obrigação de ser, durante toda a vida, afectuoso como um noivo.
Mau sinal, se sorrirdes com ironia ao lerdes este parágrafo; seria uma demonstração evidente de que o afecto familiar se tinha convertido em gélida indiferença.

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Lares luminosos e alegres

Não se pode falar do matrimónio sem pensar ao mesmo tempo na família, que é o fruto e a continuação daquilo que se inicia com o matrimónio.
Uma família compõe-se, não apenas do marido e da mulher, mas também dos filhos e, num grau maior ou menor, dos avós, dos outros parentes, das empregadas domésticas.
A todos eles há-de chegar o calor íntimo, do qual depende o ambiente familiar.

É certo que há casais a quem o Senhor não concede filhos; é sinal de que, nesse caso lhes pede que continuem a amar-se com igual amor e que dediquem as suas energias - se puderem - a serviços e tarefas em benefício de outras almas.

O normal, porém, é que um casal tenha descendência.
Para estes esposos, a primeira preocupação têm de ser os seus filhos. A paternidade e a maternidade não terminam com o nascimento; essa participação no poder de Deus, que é a faculdade de gerar, há-de prolongar-se na cooperação com o Espírito Santo, para que culmine com a formação de autênticos homens cristãos e autênticas mulheres cristãs.

Os pais são os principais educadores dos seus filhos, tanto no aspecto humano como no sobrenatural, e hão-de sentir a responsabilidade dessa missão, que exige deles compreensão, prudência, saber ensinar e, sobretudo, saber amar; e devem preocupar-se por dar bom exemplo.
A imposição autoritária e violenta não é caminho acertado para a educação.
O ideal para os pais é chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta sobre os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável.

É necessário que os pais arranjem tempo para estar com os filhos e falar com eles.
Os filhos são o que há de mais importante; mais importante do que os negócios, do que o trabalho, do que o descanso.
Nessas conversas, convém escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, saber reconhecer a parte de verdade - ou a verdade inteira - que possa haver em algumas das suas rebeldias.
E, ao mesmo tempo, apoiar as suas aspirações, ensiná-los a ponderar as coisas e a raciocinar; não lhes impor uma conduta, mas mostrar-lhes os motivos, sobrenaturais e humanos, que a aconselham.
Numa palavra, respeitar a sua liberdade, já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade.

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Os pais educam fundamentalmente com a conduta.
O que os filhos e as filhas procuram no seu pai ou na sua mãe, não são apenas conhecimentos mais amplos do que os seus ou conselhos mais ou menos acertados, mas algo de maior importância: um testemunho do valor e do sentido da vida, encarnados numa existência concreta e confirmados nas diversas circunstâncias e situações que se sucedem ao longo dos anos.

Se eu tivesse de dar um conselho aos pais, dar-lhes-ia sobretudo este: que os vossos filhos vejam (não tenhais ilusões: desde crianças, vêem tudo e julgam-no) que procurais viver de acordo com a vossa fé, que Deus não está só nos vossos lábios, que está nas vossas obras; que vos esforçais por serdes sinceros e leias, que vos amais e os amais a eles realmente.

Assim é que contribuireis melhor para fazer deles homens e mulheres íntegros, capazes de enfrentar com espírito aberto as situações que a vida lhes depare, de servir os seus concidadãos e de contribuir para a solução dos grandes problemas da humanidade, levando o testemunho de Cristo aonde mais tarde venham a encontrar-se na sociedade.

(cont)