05/09/2011

Perguntas e respostas sobre Jesus de Nazaré. 39

Jesus de NazaréPor que é que os cristãos chamam a Jesus Cordeiro de Deus?



“Jesus morreu à hora em que se sacrificavam no templo os cordeiros pascais. Que os cristãos viram depois nisto algo mais que uma mera casualidade, que reconheceram a Jesus como o verdadeiro Cordeiro e que precisamente por isso consideraram que o rito dos cordeiros tinha chegado ao seu verdadeiro significado, tudo isto é simplesmente normal”



55 Preguntas y respuestas sobre Jesús de Nazaret, extraídas del libro de Joseph Ratzinger-Benedicto XVI: “Jesús de Nazaret. Desde la Entrada en Jerusalén hasta la Resurrección”, Madrid 2011, Ediciones Encuentro. Página 81-82, marc argemí, trad. ama

Deve-se disputar publicamente com os infiéis?

Parece que não se deve disputar publicamente com os infiéis:


1. Com efeito, como diz o Apóstolo: “Não queiras ocupar-te com discussões. Para nada mais servem senão para dano dos ouvintes.” Ora, não é possível disputar publicamente com infiéis sem discussão. Logo, não se deve disputar publicamente com os infiéis.
2. Além disso, uma lei de Marciano Augusto, confirmada pelos cânones, declara: “Comete injúria ao juízo do Santo Sínodo quem pretender refazer o que já foi rectamente julgado e correctamente decidido e disputar publicamente”. Ora, tudo o que pertence à fé já foi determinado pelos sagrados Concílios. Logo, peca gravemente, cometendo injúria ao Sínodo, quem ousar disputar publicamente as verdades da fé.
3. Ademais, uma disputa deve apoiar-se em argumentos. Ora. O argumento é uma “razão para convencer em matéria duvidosa”. Ora, como as verdades de fé são certíssimas, não devem ser postas em dúvida. Logo, sobre elas não se deve disputar publicamente.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, lê-se nos Actos dos Apóstolos: “Saulo falava com poder sempre maior e confundia os judeus”; e depois: “falava aos gentios e disputava com os gregos”.

Duas coisas  devem considerar-se nas discussões sobre a fé: uma, relativa a quem discute; outra, aos ouvintes. Com relação ao que discute, é preciso ter em conta a intenção. Se ele discute, duvidando da fé e não supondo como certas as verdades que procura provar pelos argumentos, sem dúvida peca, como dúbio na fé e infiel. Mas, se alguém discute sobre a fé para refutar erros ou mesmo como exercício é digno de louvor.
Com relação aos ouvintes, deve-se considerar se os que ouvem a discussão são instruídos e firmes na fé, ou se são pessoas simples e vacilantes na fé. Certamente não há nenhum perigo em se discutir na presença de sábios e de firmes na fé. Quanto aos simples cabe uma distinção: ou são provocados e impelidos por infiéis, a saber, judeus, heréticos e pagãos, que se esforçam por lhes corromper a fé ou então de maneira alguma são provocados nessas questões, como nas terras onde não existem infiéis. No primeiro caso, é necessário publicamente discutir sobre a fé, desde que se encontrem pessoas idóneas e capazes para tal e que possam refutar os erros. Assim, os simples na fé se fortalecerão e se tirará dos infiéis a possibilidade de enganar; o silêncio dos que deveriam resistir aos corruptores da verdade da fé seria a confirmação do erro. Por isso, Gregório declara: “Assim como falar incautamente incrementa o erro, assim o silêncio indiscreto abandona no erro os que deveriam ser ensinados”. No segundo caso, porém, é perigoso disputar publicamente sobre a fé, na presença de simples, cuja crença é mais firme por não terem ouvido nada diverso daquilo que crêem. Portanto, não convém que ouçam as palavras de infiéis discutindo a fé.
Suma Teológica II-II, q.10 a.7

Quanto às objecções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. O Apóstolo não proíbe totalmente a discussão, mas a disputa desordenada que mais se faz pela polémica de palavras do que pela firmeza da doutrina.
2. A lei citada proíbe uma disputa pública sobre a fé, procedente de dúvidas relativas à fé, mas não aquela que serve para conservar a fé.
3. Não se deve disputar sobre artigos da fé, como se tivéssemos dúvidas a respeito, mas a fim de manifestar a verdade e refutar os erros. Às vezes, é preciso disputar com os infiéis para defender a fé, segundo aquilo da primeira Carta de Pedro: “Prontos sempre a defender-vos contra quantos exigirem razões da esperança e da fé que há em vós”; às vezes, para convencer os que estão no erro, segundo o que diz a Carta a Tito: “Para que seja capaz de exortar com instruções certas e arguir os que contradizem”.


Evolucionismo

Do Céu à Terra
A evolução do evolucionismo

Que precursores teve Darwin?

Não mesmo ano em que Darwin nasceu, (1809), Lamarck apresentou na sua Filosofia zoológica a ideia básica do transformismo: as espécies foram aparecendo dentro de um processo evolutivo não qual umas se transformam noutras. Supunha-se que o mecanismo de transformação era a herança de caracteres adquiridos pelos seres vivos no seu esforço por adaptar-se ao meio. É clássico o exemplo da girafa, que chegaria a ter um pescoço tão comprido à base de repetidos esforços para alcançar o alimento nas ramas das árvores. Mediante esses esforços, os viventes desenvolveriam os órgãos mais utilizados, e a transmissão hereditária desse nível de desenvolvimento daria lugar a mudanças que finalmente suporiam uma nova espécie. Darwin propôs-se explicar a razão das semelhanças entre espécies apelando ao transformismo de Lamarck e a um processo de selecção natural, dentro de uma descendência ininterrupta a partir de antepassados comuns.

jose ramón ayllón, trad. ama


Princípios filosóficos do Cristianismo

Caminho e Luz

Princípio de substância (I)

A estrutura do juízo

O primeiro predicado objectivo que podemos ter das coisas é que são um ser, uma substância, uma realidade, algo em definitivo. Porque dizer que uma coisa é uma realidade ou uma substância é o mesmo que dizer que é algo. Ao dizer de uma coisa que é algo, quero dizer que se opõe ao nada, mas sempre de um modo parcial, enquanto é uma realidade, uma substância e não a totalidade do real. Por isso, o conceito de algo é o mais apropriado. Diz-se de uma realidade no singular ou também de várias realidades no plural, conotando tanto a absolutez como a limitação das coisas conhecidas, quer dizer, conhecendo-as na sua realidade concreta e singular. Algo é todo aquilo que se opõe ao nada de um modo parcial. Mas entendamo-nos bem, as coisas não são algo porque o diga o imponha o meu conhecimento, mas porque são realidades que, na sua singularidade concreta, se opõem ao nada absoluta e parcialmente. Dito de outro modo, são uma excepção ao nada.
Por isso, o objecto da metafísica não é o ser nem o ente em geral que não existem, senão todas as coisas enquanto são uma realidade, uma substância, algo. O ser é sempre um algo, um quid. Não é acto nem principio e, se dizemos de uma coisa que existe, é porque captámos que é algo, que é um quid, ainda que todavia não saibamos que tipo de quid (essência) é.

josé antonio sayés, [i] trad ama,


[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ


“A religião é a maior rebeldia do homem”

Hoje, quando o ambiente está cheio de desobediência, de murmuração, de engano, de enredo, temos de amar mais do que nunca a obediência, a sinceridade, a lealdade, a simplicidade: e tudo isto, com sentido sobrenatural, far-nos-á mais humanos. (Forja, 530)

A religião é a maior rebeldia do homem, que não tolera viver como um animal, que não se conforma – não sossega  enquanto não ganha intimidade e conhece o Criador. Quero-os rebeldes, livres de todas os laços, porque os quero – Cristo quer-nos!  filhos de Deus. Escravidão ou filiação divina: eis o dilema da nossa vida. Ou filhos de Deus ou escravos da soberba, da sensualidade, desse egoísmo angustiante em que tantas almas parecem debater-se.
O Amor de Deus marca o caminho da verdade, da justiça, do bem. Quando nos decidimos a responder a Nosso Senhor: a minha liberdade para Ti, encontramo-nos libertos de todas as cadeias que nos atavam a coisas sem importância, a preocupações ridículas, a ambições mesquinhas. E a liberdade – tesouro incalculável, pérola maravilhosa que seria triste lançar aos animais  emprega-se inteiramente em aprender a fazer o bem. (Amigos de Deus, 37–38)


© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

A Bandeirinha

Navegando pela minha cidade
“Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”[1] Assim começa um dos maiores e mais poderosos romances da literatura mundial.
E foi esta frase que me ocorreu quando passei pela Rua da Bandeirinha porque foi numa casa dessa rua no nº 66, que viveu durante muitos anos uma família feliz: os meus primos da Bandeirinha.

A Tia Nini - madrinha do meu Pai - vivia a sua senilidade tratada com todo o respeito e carinho num dos vinte quartos daquela típica casa portuense que poderia ter servido de modelo para a descrição feita por um dos meus irmãos, num livro que escreveu durante o calvário vivido nos três anos que sofreu antes de morrer de cancro aos quarenta e seis anos e seis filhos.

“Essas famílias organizavam-se por estratos, andares e gerações, em volta do cone de luz que chegava ténue às assoalhadas por entre as portas estreitas e altas do patamar central. O ambiente é agradável nas horas de calor. No Inverno uma salamandra assente no rés-do-chão, no vão da escada, na base do cone de luz, deita ao longo dum comprido tubo calor e conforto. As partículas em suspensão, pó e fuligem, enchem o cone de luz que vem do alto desenhando-o muito bem. Neste ambiente de luz íntima que rasga as sombras com raios certeiros, entendia-se muito bem a catequese duma história indestrutível, com sentido”.[2]

A Tia-avó Bita – irmã do meu avô – muito surda e sempre vestida no preto da sua viuvez, passava sem nos ouvir nem sequer ver, num silêncio idêntico ao do piano vertical preto encostado à parede, arrumando sempre qualquer coisa que estava fora do lugar em que devia estar.

A tia Milu velava e olhava por tudo num sorriso permanente e numa alegria sem idade. Até os cães da serra a adoravam na sua imensa caridade por todos. Eu conheci bem o Douro, manso e majestoso como todos os serras de raça pura. Na minha família, normalmente os cães tinham o nome de um rio.

O tio Tomás, que era capaz de recitar de cor - incluindo Lorca e Rosalia de Castro – dezenas de poemas com uma viva e imensa paixão. Fez-se monge aos quarenta e tal anos, entrando para o Convento dos Beneditinos de Singeverga.

Do jardim nas traseiras, cheio de camélias até ao fim, via-se o rio Douro a correr para o mar como as nossas vidas corriam para o futuro.

A Rua da Bandeirinha começa no Largo do Viriato junto ao mais maravilhoso e grandioso jacarandá que havia no Porto e que – tal como todas as tias e tio que mencionei - morreu entretanto, tendo sido substituído por outro que não terá mais de dez ou quinze anos e vai descendo por ali abaixo, sinuosamente, até chegar à Alfândega.

Mas antes disso, ainda lá em cima, numa curva apertada junto á Casa das Sereias - que a brejeirice popular chama das “mamudas” porque a sua grande porta principal é ladeada por duas altas sereias de granito, cuja parte humana e feminina é bem generosa - existe um grande marco de granito encimado por uma bandeirinha em ferro por cima de uma esfera armilar.

Esta bandeirinha – a bandeirinha da saúde – fica alinhada com o edifício da alfândega junto ao rio e antigamente sinalizava o limite que não podia ser passado pelos barcos em caso de peste a bordo.

Nessa casa dos meus primos não havia limites, ao contrário da minha em que de vez em quando eu ouvia: há limites para tudo! O menino é uma peste, só está bem a fazer mal!

Conta um dos irmãos destes meus tios: “Meus Pais tiveram oito filhos, mas nós achávamos que tiveram nove, porque considerávamos a Flor Agreste como nossa irmã mais velha, devido às atenções que no dia-a-dia lhe eram dispensadas”[3]. Sim, exactamente essa, a Flor Agreste esculpida em mármore de Carrara pelo grande mestre Soares dos Reis e exposta pela primeira vez no Palácio de Cristal em 1881. O Palácio então, ainda era de cristal e a Flor Agreste foi comprada por uma avó destes meus tios que cresceram, brincaram com ela, e a amaram como de uma irmã se tratasse.

Antes que se cansasse de tanto amor e crescesse e morresse, foi vendida em 1932 e está agora exposta no Museu Soares dos Reis.

Não foi para muito longe, mas apesar das permanentes visitas, está muito mais sozinha.


Afonso Cabral


[1]  Lev Tolstoi – Anna Karénina - Relógio D’Água Editores , Dezembro de 2006 – Lisboa – pág. 11
[2]  José Maria Cabral – O Desafio da Normalidade (Impressões do fim da vida) – Rei dos Livros – Lisboa, 1993 – pág. 14 e 15
[3] José Archer de Carvalho – NA INTIMIDADE DA FLOR AGRESTE – Fólio Edições – Porto, 2005 – pág.33

Música e oração


O Divine Redeemer 


The Mormon Tabernacle Choir


selecção ALS 

Tema para breve reflexão

Caminhos do amor

É o momento, talvez, de Lhe dizer algumas poucas palavras simples, como quando tínhamos poucos anos de idade; repetir com atenção jaculatórias cheias de piedade, de carinho; porque os que andam pelos caminhos do amor de Deus sabem até que ponto é importante fazer as mesmas coisas todos os dias: palavras, acções, gestos que o Amor transfigura diariamente em outros tantos por estrear.



(j. m. escartin, Meditación del Rosário, Palabra, 3ª Ed., Madrid 1971, pg. 63, trad ama)

Evangelho do dia e comentário













T. Comum– XXIII Semana




Evangelho: Lc 6, 6-11

6 Aconteceu que, noutro sábado, entrou Jesus na sinagoga e ensinava. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada. 7 Os escribas e os fariseus observavam-n'O para ver se curava ao sábado, a fim de terem de que O acusar. 8 Mas Ele conhecia os seus pensamentos, e disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e põe-te em pé no meio». Ele, levantando-se, pôs-se de pé. 9 Jesus disse-lhes: «Pergunto-vos se é lícito, aos sábados, fazer bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la». 10 Depois, percorrendo a todos com o olhar, disse ao homem: «Estende a tua mão». Ele estendeu-a, e a sua mão ficou curada. 11 Eles encheram-se de furor e falavam uns com os outros para ver que fariam contra Jesus.

Comentário:

Mandaste-me ir mar dentro e lançar a rede para a pesca e eu sabia que não era nem a hora nem o local apropriado para pescar!

Disseste-me que fosse apresentar-me ao sacerdote, e eu olhava para mim, e via-me coberto de lepra!

Agora mandas-me estender uma mão que, eu sei, não posso mover!

E, eu, sob as Tuas ordens lancei a rede. E, a pescaria foi extraordinária!

Fui ter com o sacerdote e, pelo caminho, tive de voltar a trás para Te dar graças pelo meu corpo limpo e são!

Levantei-me e… estendi a mão, e ficou curada!

Manda, Senhor, o que quiseres mas dá-me o que ordenares: Confiança, Fé, 

Entrega e, eu, poderei tudo. Da quod iubes et ibue quod vis!

(ama, meditação sobre Lc 6, 6-11, 2009.09.07)