08/03/2014

Tratado dos vícios e pecados 26

Questão 74: Do sujeito dos pecados.

Art. 8 ― Se o consentimento na deleitação é pecado mortal.

(Infra q. 88, a. 5, ad 2; II Sent., dist. XXIV, q. 3 a. 4; De Verit., q. 15 a. 4; Quodl. XII, q. 22, a. 1)

O oitavo discute-se assim. ― Parece que o consentimento na deleitação não é pecado mortal.

1. ― Pois, consentir na deleitação é da alçada da razão inferior, a qual não compete fitar olhos nas razões eternas ou na lei divina e nem, por consequência, afastar-se delas. Ora, todo pecado mortal implica afastamento dessa lei, como evidencia a definição dada por Agostinho, do pecado mortal, supra referida (q. 71, a. 6). Logo, o consentimento na deleitação não é pecado mortal.

2. Demais. ― Só é mal consentir naquilo que é mau. Ora, aquilo que faz com que uma essência seja o que é, também é essa própria essência, em mais alto grau, ou, pelo menos, não o é em menor grau. Logo, aquilo em que consentimos não pode ser menor mal que o consentimento. Ora, a deleitação sem as obras não é pecado mortal, mas só venial. Portanto, também não é pecado mortal o consentimento na deleitação.

3. Demais. ― A deleitação difere em bondade e malícia, segundo a diferença das obras, como diz o Filósofo 1. Ora, uma obra é o pensamento interior, outra, o acto exterior, p. ex., a fornicação. Logo, a deleitação, consequente ao acto interior do pensamento, difere, em bondade e malícia, do prazer da fornicação, só na medida em que o pensamento interior difere do acto exterior, e, por consequência, também do mesmo modo difere o consentimento, num e outro caso. Ora, o pensamento interior não é pecado mortal, logo, nem o consentimento nela. E portanto, nem o consentimento na deleitação.

4. Demais. ― O acto exterior da fornicação ou do adultério não é pecado mortal por causa do prazer, que também existe no acto conjugal, mas por causa da desordem desse acto. Ora, quem consente na deleitação nem por isso consente na desordem do acto. Logo, não peca mortalmente.

5. Demais. ― O pecado de homicídio é mais grave que o de simples fornicação. Ora, consentir na deleitação, resultante do pensamento do homicídio, não constitui pecado mortal. Logo, também não o constitui, com maioria de razão, consentir na que resulta do pensamento da fornicação.

6. Demais. ― A oração dominical é recitada quotidianamente, para a remissão dos pecados veniais, como diz Agostinho 2. Ora, Agostinho também diz que o consentimento na deleitação deve ser eliminado pela oração dominical. Eis as suas palavras: o consentimento é muito menor pecado do que a resolução de o pôr em obra, e portanto, também devemos pedir perdão por tais pensamentos, devemos bater no peito e dizer: Perdoai-nos as nossas dívidas 3. Logo, o consentimento na deleitação é pecado mortal.

Mas, em contrário, Agostinho acrescenta, depois de poucas palavras: Todo homem se danará, se não forem perdoados, pela graça do Mediador, os pecados considerados como só de pensamentos, mas onde há a vontade de se o ânimo deleitar neles. Ora, ninguém se condena senão por pecado mortal. Logo, pecado mortal é o consentimento na deleitação.

São diversas as opiniões sobre este assunto. Assim, para uns o consentimento na deleitação não é pecado mortal, mas só venial. Para outros, pelo contrário, é pecado mortal, opinião mais comum e verossímil. Pois, devemos considerar que todo prazer resulta de um acto como diz Aristóteles 4, e além disso que tem algum objecto. Donde, todo prazer é suscetível de dupla reacção, a saber, com o acto donde resulta e com o objecto que nos deleitamos. Ora, como qualquer outra coisa, também um acto pode ser objecto do prazer, por poder considerar-se como o bem e o fim no qual, consumado o prazer, descansamos. Também, outras vezes, o próprio acto, donde resulta o prazer, é o objecto deste, pelo refletir-se da potência apetitiva, da qual é próprio o deleitar-se, no próprio acto, como num certo bem. Tal é o caso de pensarmos, e nos deleitarmos com aquilo em que estamos pensando, por nos agradar ao nosso pensamento. Outras vezes ainda, o prazer resultante de um acto, p. ex., de um pensamento qualquer, tem como objecto outro acto, como coisa pensada. E então, esse deleite procede da inclinação do apetite, não para o pensamento, mas para a obra em que pensamos.

Assim pois, quem pensa na fornicação, pode deleitar-se de dois modos: ou no próprio pensamento, ou na fornicação em que pensa. A deleitação no pensamento, resulta na inclinação do afecto para ele. Ora, em si mesmo, o pensamento não é pecado mortal, antes, é por vezes só venial, como quando pensamos inutilmente, e outras vezes não implica nenhum pecado, como quando pensamos utilmente, para, num determinado caso, pregar ou disputar sobre ele. Logo e por consequência, a afeição e o deleite que, deste modo, versam sobre o pensamento da fornicação, não entram no género do pecado mortal, mas, umas vezes, constituem pecado venial e, outras, não constituem pecado nenhum. Donde, também não é pecado mortal o consentimento nessa deleitação. E a esta luz, há verdade na primeira opinião.

Por outro lado, quando pensando na fornicação, nós nos deleitamos com o próprio acto desse pensamento, é por o nosso afecto estar inclinado para esse acto. E assim, o consentirmos em tal deleitação não é senão consentirmos em que o nosso afecto se incline para a fornicação, pois, ninguém se deleita senão com o que lhe é conforme no apetite. Ora, consentirmos deliberadamente no o nosso afecto se conformar com coisas que são, em si mesmas, pecados mortais, constitui pecado mortal. E portanto, esse consentimento na deleitação com o pecado mortal é pecado mortal, como o ensina a segunda opinião.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― O consentimento na deleitação pode depender, não só da razão inferior, como também da superior, conforme dissemos (a. 7). E contudo, também a razão inferior pode afastar-se das razões eternas, pois embora não as contemple, como tomando-as por norma, o que é próprio da razão superior, leva-as em conta, entretanto, como regulada por ela. Assim que, afastando-se delas, pode pecar mortalmente. Pois os actos das potências inferiores, bem como os dos membros exteriores, podem também ser pecados mortais, por faltar a ordenação da razão superior, regulando-os de conformidade com as razões eternas.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― O consentimento num pecado genericamente venial é pecado venial. E deste modo, pode-se concluir que o consentimento na deleitação, resultante do vão pensamento de fornicar, é pecado venial. Mas a deleitação que versa sobre o próprio acto da fornicação é, pelo seu género, pecado mortal, e só por acidente, i. é, por imperfeição do acto, é que, antes do consentimento, é apenas pecado venial. Mas, essa imperfeição desaparece com o consentimento deliberado sobreveniente, de modo que vem a ser, por natureza, pecado mortal.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― A objecção colhe no atinente ao deleite cujo objecto é o pensamento.

RESPOSTA À QUARTA. ― A deleitação cujo objecto é o acto exterior não pode existir sem a complacência neste acto, em si mesmo, embora não nos resolvamos a praticá-lo, por causa da proibição de algum superior. O que torna o acto desordenado e, por consequência, desordenado também o prazer.

RESPOSTA À QUINTA. ― Também o consentimento na deleitação procedente da complacência no acto do homicídio, é pecado mortal, não porém o consentimento na deleitação procedente da complacência do pensamento do homicídio.

RESPOSTA À SEXTA. ― Devemos recitar a oração dominical, não só contra os pecados veniais, mas também contra os mortais.

Revisão da tradução portuguesa por ama

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Notas:
1. X Ethic., lect. VIII.
2. Enchir. (cap. LXXVIII).
3. XII De Trinit. (cap. XII).
4. X Ethic. (lect. VI).




NUNC COEPI 08 Mar 2014

Publicações de hoje


Evangelho do dia e comentário

Tempo Comum Semana VIII
São João de Deus

Evangelho: Lc 5, 27-32

27 Depois disto, Jesus saiu, e viu sentado no banco de cobrança um publicano, chamado Levi, e disse-lhe: «Segue-Me». 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O. 29 E Levi ofereceu-Lhe um grande banquete em sua casa, e havia grande número de publicanos e outros, que estavam à mesa com eles. 30 Os fariseus e os seus escribas murmuravam dizendo aos discípulos de Jesus: «Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?». 31 Jesus respondeu-lhes: «Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os doentes. 32 Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência».

Comentário:

Habitualmente sentimos uma certa animosidade para com os fariseus e os escribas pela sua intransigência, evidentemente, mas, sobretudo, pela segregação que fazem das pessoas.

E, de facto, esta animosidade tem razão de ser porque tal comportamento vai contra o mandamento de Cristo: «Amai-vos uns aos outros».

Mas… não nos fiquemos por aqui, antes aproveitemos este momento para fazer um exame à nossa própria consciência tentando descobrir se, algumas – ou muitas – vezes não temos os mesmos sentimentos e não albergamos no coração esse falso critério de selecção dos outros.

Seja pelo motivo que for, nunca teremos razão.


(ama, comentário sobre Lc 5, 27-32, 2013.02.16)

Leitura espiritual para Mar 08

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)

Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Evangelho: Lc 5, 27-39

27 Depois disto, Jesus saiu, e viu sentado no banco de cobrança um publicano, chamado Levi, e disse-lhe: «Segue-Me». 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O. 29 E Levi ofereceu-Lhe um grande banquete em sua casa, e havia grande número de publicanos e outros, que estavam à mesa com eles. 30 Os fariseus e os seus escribas murmuravam dizendo aos discípulos de Jesus: «Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?». 31 Jesus respondeu-lhes: «Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os doentes. 32 Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência». 33 Eles disseram-Lhe: «Os discípulos de João e os dos fariseus jejuam muitas vezes e fazem orações, e os Teus comem e bebem». 34 Jesus respondeu-lhes: «Porventura podeis fazer jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35 Mas virão dias em que lhes será tirado o esposo; então, nesses dias, jejuarão». 36 Também lhes disse esta comparação: «Ninguém deita um retalho de pano novo em vestido velho; doutro modo o novo rompe o velho e o retalho do novo não condiz com o velho. 37 Também ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutro modo o vinho novo fará rebentar os odres, e derramar-se-á o vinho, e perder-se-ão os odres. 38 Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos. 39 Ninguém depois de ter bebido vinho velho quer do novo, porque diz: O velho é melhor!».



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL

Capítulo II

NA CRISE DO COMPROMISSO COMUNITÁRIO

Outros desafios eclesiais

102. A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicado, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé. Mas, a tomada de consciência desta responsabilidade laical que nasce do Baptismo e da Confirmação não se manifesta de igual modo em toda a parte; nalguns casos, porque não se formaram para assumir responsabilidades importantes, noutros por não encontrar espaço nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa dum excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões. Apesar de se notar uma maior participação de muitos nos ministérios laicais, este compromisso não se reflecte na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e económico; limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade. A formação dos leigos e a evangelização das categorias profissionais e intelectuais constituem um importante desafio pastoral.

103. A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. Por exemplo, a especial solicitude feminina pelos outros, que se exprime de modo particular, mas não exclusivamente, na maternidade. Vejo, com prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuem para o acompanhamento de pessoas, famílias ou grupos e prestam novas contribuições para a reflexão teológica. Mas ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. Porque «o génio feminino é necessário em todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das mulheres também no âmbito do trabalho» 72 e nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais.

104. As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente. O sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se entrega na Eucaristia, é uma questão que não se põe em discussão, mas pode tornar-se particularmente controversa se se identifica demasiado a potestade sacramental com o poder. Não se esqueça que, quando falamos da potestade sacerdotal, «estamos na esfera da função e não na da dignidade e da santidade». 73  O sacerdócio ministerial é um dos meios que Jesus utiliza ao serviço do seu povo, mas a grande dignidade vem do Baptismo, que é acessível a todos. A configuração do sacerdote com Cristo Cabeça – isto é, como fonte principal da graça – não comporta uma exaltação que o coloque por cima dos demais. Na Igreja, as funções «não dão justificação à superioridade de uns sobre os outros». 74 Com efeito, uma mulher, Maria, é mais importante do que os Bispos. Mesmo quando a função do sacerdócio ministerial é considerada «hierárquica», há que ter bem presente que «se ordena integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo». 75 A sua pedra de fecho e o seu fulcro não são o poder entendido como domínio, mas a potestade de administrar o sacramento da Eucaristia; daqui deriva a sua autoridade, que é sempre um serviço ao povo. Aqui está um grande desafio para os Pastores e para os teólogos, que poderiam ajudar a reconhecer melhor o que isto implica no que se refere ao possível lugar das mulheres onde se tomam decisões importantes, nos diferentes âmbitos da Igreja.

105. A pastoral juvenil, tal como estávamos habituados a desenvolvê-la, sofreu o impacto das mudanças sociais. Nas estruturas ordinárias, os jovens habitualmente não encontram respostas para as suas preocupações, necessidades, problemas e feridas. A nós, adultos, custa-nos a ouvi-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reivindicações, e aprender a falar-lhes na linguagem que eles entendem. Pela mesma razão, as propostas educacionais não produzem os frutos esperados. A proliferação e o crescimento de associações e movimentos predominantemente juvenis podem ser interpretados como uma acção do Espírito que abre caminhos novos em sintonia com as suas expectativas e a busca de espiritualidade profunda e dum sentido mais concreto de pertença. Todavia é necessário tornar mais estável a participação destas agregações no âmbito da pastoral de conjunto da Igreja. 76

106. Embora nem sempre seja fácil abordar os jovens, houve crescimento em dois aspectos: a consciência de que toda a comunidade os evangeliza e educa, e a urgência de que eles tenham um protagonismo maior. Deve-se reconhecer que, no actual contexto de crise do compromisso e dos laços comunitários, são muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias formas de militância e voluntariado. Alguns participam na vida da Igreja, integram grupos de serviço e diferentes iniciativas missionárias nas suas próprias dioceses ou noutros lugares. Como é bom que os jovens sejam «caminheiros da fé», felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!

107. Em muitos lugares, há escassez de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Frequentemente isso fica-se a dever à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam nem fascinam. Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas. Mesmo em paróquias onde os sacerdotes não são muito disponíveis nem alegres, é a vida fraterna e fervorosa da comunidade que desperta o desejo de se consagrar inteiramente a Deus e à evangelização, especialmente se essa comunidade vivente reza insistentemente pelas vocações e tem a coragem de propor aos seus jovens um caminho de especial consagração. Por outro lado, apesar da escassez vocacional, hoje temos noção mais clara da necessidade de uma melhor selecção dos candidatos ao sacerdócio. Não se podem encher os seminários com qualquer tipo de motivações, e menos ainda se estas estão relacionadas com insegurança afectiva, busca de formas de poder, glória humana ou bem-estar económico.

108. Como já disse, não pretendi oferecer um diagnóstico completo, mas convido as comunidades a completarem e a enriquecerem estas perspectivas a partir da consciência dos desafios próprios e das comunidades vizinhas. Espero que, ao fazê-lo, tenham em conta que, todas as vezes que intentamos ler os sinais dos tempos na realidade actual, é conveniente ouvir os jovens e os idosos. Tanto uns como outros são a esperança dos povos. Os idosos fornecem a memória e a sabedoria da experiência, que convida a não repetir tontamente os mesmos erros do passado. Os jovens chamam-nos a despertar e a aumentar a esperança, porque trazem consigo as novas tendências da humanidade e abrem-nos ao futuro, de modo que não fiquemos encalhados na nostalgia de estruturas e costumes que já não são fonte de vida no mundo actual.

109. Os desafios existem para ser superados. Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança. Não deixemos que nos roubem a força missionária!

Capítulo III

O ANÚNCIO DO EVANGELHO

110. Depois de considerar alguns desafios da realidade actual, quero agora recordar o dever que incumbe sobre nós em toda e qualquer época e lugar, porque «não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor» e sem existir uma «primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização». 77 Recolhendo as preocupações dos Bispos asiáticos, João Paulo II afirmou que, se a Igreja «deve realizar o seu destino providencial, então uma evangelização entendida como o jubiloso, paciente e progressivo anúncio da Morte salvífica e Ressurreição de Jesus Cristo há-de ser a vossa prioridade absoluta». 78 Isto é válido para todos.

I. Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho

111. A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus. Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre transcende toda a necessária expressão institucional. Proponho que nos detenhamos um pouco nesta forma de compreender a Igreja, que tem o seu fundamento último na iniciativa livre e gratuita de Deus.

Um povo para todos

112. A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há acção humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a Si. 79
Envia o seu Espírito aos nossos corações, para nos fazer seus filhos, para nos transformar e tornar capazes de responder com a nossa vida ao seu amor. A Igreja é enviada por Jesus Cristo como sacramento da salvação oferecida por Deus. 80 Através da sua acção evangelizadora, ela colabora como instrumento da graça divina, que opera incessantemente para além de toda e qualquer possível supervisão. Bem o exprimiu Bento XVI, ao abrir as reflexões do Sínodo: «É sempre importante saber que a primeira palavra, a iniciativa verdadeira, a actividade verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, só implorando esta iniciativa divina, nos podemos tornar também – com Ele e n’Ele – evangelizadores». 81 O princípio da primazia da graça deve ser um farol que ilumine constantemente as nossas reflexões sobre a evangelização.

113. Esta salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é para todos, 82 e Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de todos os tempos. Escolheu convocá-los como povo, e não como seres isolados. 83 Ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem por suas próprias forças. Deus atrai-nos, no respeito da complexa trama de relações interpessoais que a vida numa comunidade humana supõe. Este povo, que Deus escolheu para Si e convocou, é a Igreja. Jesus não diz aos Apóstolos para formarem um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego (...), porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gal 3, 28). Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!

114. Ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projecto de amor do Pai. Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, deem esperança e novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho.

Um povo com muitos rostos

115. Este povo de Deus encarna-se nos povos da Terra, cada um dos quais tem a sua cultura própria. A noção de cultura é um instrumento precioso para compreender as diversas expressões da vida cristã que existem no povo de Deus. Trata-se do estilo de vida que uma determinada sociedade possui, da forma peculiar que têm os seus membros de se relacionar entre si, com as outras criaturas e com Deus. Assim entendida, a cultura abrange a totalidade da vida dum povo. 84  Cada povo, na sua evolução histórica, desenvolve a própria cultura com legítima autonomia. 85 Isso fica-se a dever ao facto de que a pessoa humana, «por sua natureza, necessita absolutamente da vida social» 86 e mantém contínua referência à sociedade, na qual vive uma maneira concreta de se relacionar com a realidade. O ser humano está sempre culturalmente situado: «natureza e cultura encontram-se intimamente ligadas». 87 A graça supõe a cultura, e o dom de Deus encarna-se na cultura de quem o recebe.

116. Ao longo destes dois milénios de cristianismo, uma quantidade inumerável de povos recebeu a graça da fé, fê-la florir na sua vida diária e transmitiu-a segundo as próprias modalidades culturais. Quando uma comunidade acolhe o anúncio da salvação, o Espírito Santo fecunda a sua cultura com a força transformadora do Evangelho. E assim, como podemos ver na história da Igreja, o cristianismo não dispõe de um único modelo cultural, mas «permanecendo o que é, na fidelidade total ao anúncio evangélico e à tradição da Igreja, o cristianismo assumirá também o rosto das diversas culturas e dos vários povos onde for acolhido e se radicar». 88 Nos diferentes povos, que experimentam o dom de Deus segundo a própria cultura, a Igreja exprime a sua genuína catolicidade e mostra «a beleza deste rosto pluriforme». 89 Através das manifestações cristãs dum povo evangelizado, o Espírito Santo embeleza a Igreja, mostrando-lhe novos aspectos da Revelação e presenteando-a com um novo rosto. Pela inculturação, a Igreja «introduz os povos com as suas culturas na sua própria comunidade», 90 porque «cada cultura oferece formas e valores positivos que podem enriquecer o modo como o Evangelho é pregado, compreendido e vivido». 91 Assim, «a Igreja, assumindo os valores das diversas culturas, torna-se sponsa ornata monilibus suis, a noiva que se adorna com suas jóias (cf. Is 61, 10)». 92

117. Se for bem entendida, a diversidade cultural não ameaça a unidade da Igreja. É o Espírito Santo, enviado pelo Pai e o Filho, que transforma os nossos corações e nos torna capazes de entrar na comunhão perfeita da Santíssima Trindade, onde tudo encontra a sua unidade. O Espírito Santo constrói a comunhão e a harmonia do povo de Deus. Ele mesmo é a harmonia, tal como é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho. 93 É Ele que suscita uma abundante e diversificada riqueza de dons e, ao mesmo tempo, constrói uma unidade que nunca é uniformidade, mas multiforme harmonia que atrai. A evangelização reconhece com alegria estas múltiplas riquezas que o Espírito gera na Igreja. Não faria justiça à lógica da encarnação pensar num cristianismo monocultural e monocórdico. É verdade que algumas culturas estiveram intimamente ligadas à pregação do Evangelho e ao desenvolvimento do pensamento cristão, mas a mensagem revelada não se identifica com nenhuma delas e possui um conteúdo transcultural. Por isso, na evangelização de novas culturas ou de culturas que não acolheram a pregação cristã, não é indispensável impor uma determinada forma cultural, por mais bela e antiga que seja, juntamente com a proposta do Evangelho. A mensagem, que anunciamos, sempre apresenta alguma roupagem cultural, mas às vezes, na Igreja, caímos na vaidosa sacralização da própria cultura, o que pode mostrar mais fanatismo do que autêntico ardor evangelizador.

118. Os Bispos da Oceânia pediram que a Igreja neste continente «desenvolva uma compreensão e exposição da verdade de Cristo partindo das tradições e culturas locais», e instaram todos os missionários «a trabalhar de harmonia com os cristãos indígenas para garantir que a doutrina e a vida da Igreja sejam expressas em formas legítimas e apropriadas a cada cultura». 94 Não podemos pretender que todos os povos dos vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adoptadas pelos povos europeus num determinado momento da história, porque a fé não se pode confinar dentro dos limites de compreensão e expressão duma cultura. 95 É indiscutível que uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo.


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Notas:
72 Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 295.
73 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici (30 de Dezembro de 1988), 51: AAS 81 (1989), 493.
74 Congr. para a Doutrina da Fé, Decl. sobre a questão da admissão das mulheres ao sacerdócio ministerial Inter Insigniores (15 de Outubro de 1976), VI: AAS 69 (1977), 115, citado por João Paulo II na Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici (30 de Dezembro de 1988), 51 (nota 190): AAS 81 (1989), 493.
75 João Paulo II, Carta ap. Mulieris dignitatem (15 de Agosto de 1988), 27: AAS 80 (1988), 1718.
76 Cf. Propositio 51.
77 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Asia (6 de Novembro de 1999), 19: AAS 92 (2000), 478.
78 Ibid., 2: o. c., 451.
79 Cf. Propositio 4.
80 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 1.
81 Meditação na primeira Congregação geral da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (8 de Outubro de 2012): AAS 104 (2012), 897.
82 Cf. Propositio6; Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 22.
83 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 9.
84 Cf. III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Puebla (23 de Março de 1979), 386-387.
85 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 36.
86 Ibid., 25.
87 Ibid., 53.
88 João Paulo II, Carta ap. Novo Millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 40: AAS 93 (2001), 294-295.
89 Ibid., 40: o. c., 295.
90 João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio (7 de Dezembro de 1990), 52: AAS 83 (1991), 300.Cf.Exort. ap. Catechesi tradendae (16 de Outubro de 1979), 53: AAS 71 (1979), 1321.
91 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Oceania (22 de Novembro de 2001), 16: AAS 94 (2002), 384.
92 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Africa (14 de Setembro de 1995), 61: AAS 88 (1996), 39.
93 «Excluído o Espírito Santo, que é o vínculo de ambos, não se pode entender a concórdia da unidade entre o Pai e o Filho» (São Tomás de Aquino, Summa theologiae, I, q. 39, a. 8 cons. 2; veja-se também ibid., I, q. 37, a. 1, ad 3).
94 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Oceania (22 de Novembro de 2001), 17: AAS 94 (2002), 385.
95 Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Asia (6 de Novembro de 1999), 20: AAS 92 (2000), 478-482.



Reflectindo 9

A morte

Perante o mistério da morte ficamos surpreendidos com a confusão que, por vezes, se instala no nosso espírito.

Há uma mescla de sentimentos, onde, naturalmente, avulta a tristeza que o sentimento de perda provoca, mas que, surpreendentemente, não é o principal e é isto que mais nos causa estranheza e incompreensão.

Fere-nos singularmente algum sentimento de alívio, do terminar de um sofrimento, do arrastar de uma situação séria, grave, por vezes dolorosa, em que a pessoa querida se vai degradando fisicamente, perdendo gradualmente a sua autonomia até acabar totalmente dependente para os mais elementares e simples actos fisiológicos.

E este "sentirmo-nos feridos" quase nos envergonha porque pensamos – e bem – que não desejávamos que essa pessoa morresse, ao mesmo tempo que não queríamos que continuasse, assim, naquele estado de vida tão condicionada e sofredora.

Não é por essa morte ser previsível num espaço de tempo não muito longo, que se torna menos ‘cortante’ – porque se trata de um corte definitivo e sem remédio -, porque, graças a uma espécie de esperança que nunca morre, esperamos sempre estar enganados e que uma súbita alteração das circunstâncias, mesmo sem explicação aparente – mas que sabemos, acontece por vezes – venha alterar definitivamente a situação.

De facto, a morte, não tem remédio absolutamente nenhum, é definitiva. É este – definitivo – que nos leva à tal surpresa que falávamos no início.
Não estamos habituados a que algo seja definitivo porque, a vida, a nossa própria vida tal como a dos outros, está sempre em evolução e o hoje não é igual ao amanhã, nada se repete tal e qual, tudo se vai transformando, evoluindo.
Vêm, depois, os outros, os familiares, mais ou menos próximos, os amigos mais ou menos chegados, companheiros de trabalho… e todos nos dizem mais ou menos as mesmas coisas. Frases feitas, termos usuais nestas circunstâncias, ar contristado, pesaroso, tentando parecer muito mais íntimos do que na verdade são.
Depois, cumpridas estas formalidades, retiram-se para o exterior para "espairecer", fumar um cigarro e, daí a pouco estabelece-se como que uma assembleia que conversa, convive, troca impressões.

Sentimo-nos, talvez, como que numa espécie de teatro um pouco requentado e com um enredo pouco ou nada atraente.

Mas, a morte, é assim: vida!

A vida prossegue o seu ritmo quase normal, nos primeiros tempos em que a memória está ‘fresca’, depois… só ocasionalmente nos recordamos do que aconteceu.
É muito bom que assim seja porque nestas memórias raramente aparecem os defeitos – que com toda a certeza a pessoa tinha – para surgirem com mais força, maior nitidez, as qualidades, os momentos bem passados, enfim, as coisas boas da vida anterior.
Assim, a morte, vem nivelar as relações, as memórias. Já não há nada a fazer!
Deparamo-nos finalmente com esta sensação estranha que não tínhamos sequer imaginado pudesse surgir: afinal, o lugar deixado vago pela morte não necessita ser preenchido donde concluímos que cada pessoa, sendo única, é insubstituível.

Claro que a razão é muito mais profunda que a simples constatação formal. Cada ser humano, embora podendo ter semelhanças com outro, nunca é qual exactamente porque é fruto da obra criadora de Deus que não faz nada ‘em série’, como numa linha de montagem. Cada ser humano tem uma alma – a imagem do Criador impressa – exclusivamente criada para si no momento da concepção.

Por isso mesmo, a concepção da vida concreta, real é de suma importância para compreender e aceitar a morte.
É, pelo menos, interessante dar-nos conta como a consideração da morte nos leva a pensar na vida sendo que, o contrário, não acontece.
A que propósito se iria pensar na morte quando nos sentimos vivos e, mais, com vontade e desejo de viver?

Não faz muito sentido, parece e, no entanto, seria de manifesta utilidade que o fizéssemos exactamente para termos consciência do nosso destino eterno.
O cristão tem, como verdade de fé, que está destinado à vida eterna e, mais, que ressuscitará no fim dos tempos em que o seu corpo se unirá à sua alma.
Como o mistério é de tal forma complexo, grandioso, extraordinário, optamos a maior parte das vezes por não pensar muito nisso porque ficamos, quase sempre, com a sensação que andamos às voltas sobre um eixo que também roda sobre si mesmo sem conseguirmos chegar a um fim, concreto, absoluto.

Aliás, é manifesto, que só conseguimos aceitá-lo com a ajuda da nossa fé cristã.

Podemos sentir curiosidade em imaginar o que seria o mundo se os nossos primeiros pais - Adão e Eva – não tivessem pecado e, assim, permanecessem no estado original da criação que não conhecia a morte.

Onde caberia tanta gente!

Se não existe fé, este problema é insolúvel, a resposta nunca será convincente.

ama, 2013







Consummati in unum

Aos que procuram a unidade, temos de colocá-los perante Cristo, que pede que estejamos consummati in unum, consumados na unidade. A fome de justiça deve conduzir-nos à fonte originária da concórdia entre os homens: ser e saber-se filhos do Pai, irmãos. (Cristo que passa, 157)

Pobre ecumenismo o que anda na boca de muitos católicos, que maltratam outros católicos! (Sulco, 643)

Uma vez disse ao Santo Padre João XXIII, movido pelo encanto afável e paterno do seu trato: “Santo Padre, na nossa Obra, todos os homens, católicos ou não, encontraram sempre um ambiente acolhedor: não aprendi o ecumenismo de Vossa Santidade”. Ele riu-se emocionado, porque sabia que, já desde 1950, a Santa Sé tinha autorizado o Opus Dei a receber como associados Cooperadores os não católicos e até os não cristãos.


São muitos, efectivamente – e entre eles contam-se pastores e até bispos das suas respectivas confissões –, os irmãos separados que se sentem atraídos pelo espírito do Opus Dei e colaboram nos nossos apostolados. E são cada vez mais frequentes – à medida que os contactos se intensificam – as manifestações de simpatia e de cordial entendimento, resultantes de os sócios do Opus Dei centrarem a sua espiritualidade no simples propósito de viver com sentido de responsabilidade os compromissos e exigências baptismais do cristão. O desejo de procurar a plenitude da vida cristã e de fazer apostolado, procurando a santificação do trabalho profissional; a vida imersa nas realidades seculares, respeitando a sua própria autonomia, mas tratando-as com espírito e amor de almas contemplativas; a primazia que na organização dos nossos trabalhos concedemos à pessoa, à acção do Espírito nas almas, ao respeito da dignidade e da liberdade que provêm da filiação divina do cristão. (Temas Actuais do Cristianismo, 22)

Temas para meditar 36

Amor sobrenatural

Se o nosso amor a Deus é sincero e verdadeiro é natural que amemos todos os que Ele ama. Isto quer dizer que amamos todas as almas que Ele criou e pelas quais Cristo morreu, com a única excepção dos condenados. (...) É fácil ver que o amor sobrenatural ao próximo, tal como o amor a Deus, não reside nas emoções. Podemos sentir naturalmente uma forte antipatia por uma determinada pessoa, e, no entanto, ter por ela um sincero amor sobrenatural.


(LEO J. TRESE, A Fé Explicada, Edições Quadrante, (S. Paulo, 4ª Ed., nr. 171)

Pequena agenda do cristão