Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
EVANGELHO
(re Jo XV
Personagem - Jairo
Ser servo e
ser amigo
Há de facto uma diferença e vê-se bem qual
é. O amo pode ser amigo do seu servo, isto é, sente amizade por ele porque faz
o que lhe manda fazer, é diligente, não recalcitra, aceita de bom grado o
trabalho que lhe encomenda, a sua liberdade para escolher outro servo está
condicionada pela aptidão que esse outro possa ter para cumprir as tarefas que
este cumpre a contento, mas mesmo querendo-lhe como amigo tratá-lo-á sempre
como servo. O inverso pode também ser verdadeiro, o servo pode ter amizade pelo
seu senhor porque é justo, o trata com urbanidade, não lhe exige tarefas que
vão além das suas capacidades, mas sempre o considerará como seu amo e não tem
a liberdade de poder escolher outro. Então a diferença está exactamente nisto:
os amigos verdadeiros são-no em qualquer circunstância e não se exigem nada um
ao outro pelo contrário gozam com as diferenças e idiossincrasias de cada um
encontrando sempre pontos comuns ou que se completam. São livres de ter outros
amigos, diferentes interesses e objectivos. Sim, de facto existem diferenças e
de monta, mas também existe algo que é comum e, esse algo, é exactamente o
serviço. Os amigos verdadeiros prestam-se serviços mútuos, pequenos ou grandes,
de muita ou escassa importância. Serviço que começa na disponibilidade gratuita
para suprir uma necessidade, ajudar a ultrapassar um momento menos bom, na
partilha da alegria e da dor do outro, tudo como que balizado por um profundo
respeito mútuo pela privacidade de cada um. É esta a amizade à qual o Senhor se
refere [i] e, de facto, uma amizade
assim pode conduzir à dádiva da própria vida pelo amigo.
Esta
realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo!
Sendo eu o que sou. Sendo eu como sou. Durante os anos, e não são poucos,
quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz! Meu amigo!
Jesus é meu amigo. Com esta certeza, com este AMIGO, que mais posso precisar?
Que posso temer? Não tenhamos receio que o que pedimos seja algo grande, muito
importante, absolutamente desajustado aos nossos méritos (na verdade, não temos
qualquer mérito). Aprendamos a ser simples nas nossas conversas com o Senhor,
com simplicidade porque é assim que pedem as crianças e nós, seja qual for nossa idade ou o estsuto que possamos ter, para
Deus somos sempre crisnças. Porque a oração de Jairo foi assim,
simples, concreta, confiada, Jesus foi com ele sem mais delongas ou perguntas. Não
temos junto de nós, fisicamente, como Jairo tinha naquele momento, a Pessoa de
Jesus, não podemos fixar o Seu olhar amabilíssimo, apreender os Seus gestos de
acolhimento e amor, mas, nos Sacrários de toda a terra, talvez algum bem
próximo onde nos encontramos, Ele está realmente presente em Corpo, Sangue,
Alma e Divindade, aguardando a nossa visita diária para uma pequena e íntima
conversa a dois. Jairo teve de
informar-se por onde andava Jesus naquela hora, qual o Seu caminho, por onde
passaria e tem de apressar-se pois Jesus,
caminhava continuamente pelos caminhos da Palestina. Detinha-Se junto dos
doentes, dos aflitos, demorava-Se por vezes em pregações mais demoradas que as
multidões ansiavam por ouvir. Embora sem pressas, nunca Se detém num local por
tempo além do necessário. Tem muito que fazer! Nós não temos de fazer grande
esforço para encontrar Jesus. Temo-Lo ali, à nossa espera, sempre disponível
para nos atender o tempo que quisermos dedicar à nossa conversa. Somos, na
verdade, muito mais afortunados que aqueles contemporâneos de Jesus – que Jairo
– que tinham de percorrer distâncias consideráveis, ficando muitas vezes sem
comer, beber ou descansar, só para terem a dita de O ver ou de O escutar. O
Evangelho fala-nos concretamente das multidões que O seguiam há três dias sem
sequer comer. [ii]
Visitar Jesus no Sacrário é,
portanto, um dever de amor porque, Ele está ali única e exclusivamente por amor
de nós e, amor, com amor se deve pagar. O mistério da oração tem-nos sempre
suspensos como que numa espécie de limbo nebuloso. Eu penso, quero confiar no
Senhor e, por isso, rezo, mas, cá no meu íntimo, sei que não mereço nada e que
a minha oração, muito provavelmente, não será ouvida. Que mal estaríamos, se o
Senhor só ouvisse as orações dos que têm algum merecimento…! Eu sei, também,
que o próprio Jesus insistiu, tantas vezes, em que rezássemos continuamente,
sem desfalecer. Deu-nos exemplos que constam nos Evangelhos. Só que, por vezes,
é tão difícil rezar! Parece sempre tanto tempo! Na verdade, muitas vezes
procuramos consolações na oração, um empolgamento do espírito que nos arrebate
e eleve o coração no espaço espiritual onde nos sentimos mais perto de Deus. Infelizmente,
parece que, assim, estamos a rezar a nós próprios, num contentamento espiritual
que é, desde logo, a paga almejada. É uma pena porque assim, perdemos aquela
outra paga, extraordinariamente mais importante e de valor incomensuravelmente
maior, porque é uma paga divina. Nem a gente sabe “fazer as contas” que o
Senhor usa para connosco.
Conta-se
que Alexandre o Grande mandou dar o governo de cinco cidades a um pobre
camponês que lhe dera uma indicação útil. O pobre homem, espantado, terá dito:
Senhor, nunca me atreveria a pedir tanto! Ao que Alexandre respondeu: Tu pedes
como quem és, eu dou como quem sou!
Eu
peço como quem sou: um pobre miserável que precisa de tudo, absolutamente tudo,
do seu Senhor. Nada tenho, nada valho e tudo o que tenho ou possa valer é
d’Ele, desse Senhor que me deu uma alma imortal e nela imprimiu a Sua imagem. É
o meu único bem de valor – aliás, incalculável – a imagem de Deus impressa na
minha alma. Ele ouve a minha oração e dá-me não o que Lhe peço, mas o que
entende dar-me, com uma generosidade e uma grandeza que me espantam. E
atrevo-me a dizer-lhe profundamente agradecido: Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o único amor que tens
na terra. Assim não notarás como é pequeno, miserável... Serei feliz porque
mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico disponível para me “encher”
do Teu...’
Reflexão
Ir à Missa
É como se houve dizer: vou à Missa!
Está mal?
Não propriamente,
porque se está a dar uma informação, mas, é importante que, dentro de mim tal
signifique - vou participar na Missa -
e, mais, que pelo meu comportamento, os outros saibam que é o que vou
fazer. Ir à Missa pode ser um hábito social, participar na Missa é uma atitude
cristã, a que deve ser.
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