06/06/2022

Publicações em Junho 6

 



 

Dentro do Evangelho –  (cfr: São Josemaria, Sulco 253)

EVANGELHO

 

(re Jo XV

 

Personagem - Jairo

Ser servo e ser amigo

Há de facto uma diferença e vê-se bem qual é. O amo pode ser amigo do seu servo, isto é, sente amizade por ele porque faz o que lhe manda fazer, é diligente, não recalcitra, aceita de bom grado o trabalho que lhe encomenda, a sua liberdade para escolher outro servo está condicionada pela aptidão que esse outro possa ter para cumprir as tarefas que este cumpre a contento, mas mesmo querendo-lhe como amigo tratá-lo-á sempre como servo. O inverso pode também ser verdadeiro, o servo pode ter amizade pelo seu senhor porque é justo, o trata com urbanidade, não lhe exige tarefas que vão além das suas capacidades, mas sempre o considerará como seu amo e não tem a liberdade de poder escolher outro. Então a diferença está exactamente nisto: os amigos verdadeiros são-no em qualquer circunstância e não se exigem nada um ao outro pelo contrário gozam com as diferenças e idiossincrasias de cada um encontrando sempre pontos comuns ou que se completam. São livres de ter outros amigos, diferentes interesses e objectivos. Sim, de facto existem diferenças e de monta, mas também existe algo que é comum e, esse algo, é exactamente o serviço. Os amigos verdadeiros prestam-se serviços mútuos, pequenos ou grandes, de muita ou escassa importância. Serviço que começa na disponibilidade gratuita para suprir uma necessidade, ajudar a ultrapassar um momento menos bom, na partilha da alegria e da dor do outro, tudo como que balizado por um profundo respeito mútuo pela privacidade de cada um. É esta a amizade à qual o Senhor se refere [i] e, de facto, uma amizade assim pode conduzir à dádiva da própria vida pelo amigo.

Esta realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo! Sendo eu o que sou. Sendo eu como sou. Durante os anos, e não são poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz! Meu amigo! Jesus é meu amigo. Com esta certeza, com este AMIGO, que mais posso precisar? Que posso temer? Não tenhamos receio que o que pedimos seja algo grande, muito importante, absolutamente desajustado aos nossos méritos (na verdade, não temos qualquer mérito). Aprendamos a ser simples nas nossas conversas com o Senhor, com simplicidade porque é assim que pedem as crianças e nós, seja qual for  nossa idade ou o estsuto que possamos ter, para Deus somos sempre crisnças. Porque a oração de Jairo foi assim, simples, concreta, confiada, Jesus foi com ele sem mais delongas ou perguntas. Não temos junto de nós, fisicamente, como Jairo tinha naquele momento, a Pessoa de Jesus, não podemos fixar o Seu olhar amabilíssimo, apreender os Seus gestos de acolhimento e amor, mas, nos Sacrários de toda a terra, talvez algum bem próximo onde nos encontramos, Ele está realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, aguardando a nossa visita diária para uma pequena e íntima conversa a dois.   Jairo teve de informar-se por onde andava Jesus naquela hora, qual o Seu caminho, por onde passaria e tem de apressar-se pois Jesus, caminhava continuamente pelos caminhos da Palestina. Detinha-Se junto dos doentes, dos aflitos, demorava-Se por vezes em pregações mais demoradas que as multidões ansiavam por ouvir. Embora sem pressas, nunca Se detém num local por tempo além do necessário. Tem muito que fazer! Nós não temos de fazer grande esforço para encontrar Jesus. Temo-Lo ali, à nossa espera, sempre disponível para nos atender o tempo que quisermos dedicar à nossa conversa. Somos, na verdade, muito mais afortunados que aqueles contemporâneos de Jesus – que Jairo – que tinham de percorrer distâncias consideráveis, ficando muitas vezes sem comer, beber ou descansar, só para terem a dita de O ver ou de O escutar. O Evangelho fala-nos concretamente das multidões que O seguiam há três dias sem sequer comer. [ii]   Visitar Jesus no Sacrário é, portanto, um dever de amor porque, Ele está ali única e exclusivamente por amor de nós e, amor, com amor se deve pagar. O mistério da oração tem-nos sempre suspensos como que numa espécie de limbo nebuloso. Eu penso, quero confiar no Senhor e, por isso, rezo, mas, cá no meu íntimo, sei que não mereço nada e que a minha oração, muito provavelmente, não será ouvida. Que mal estaríamos, se o Senhor só ouvisse as orações dos que têm algum merecimento…! Eu sei, também, que o próprio Jesus insistiu, tantas vezes, em que rezássemos continuamente, sem desfalecer. Deu-nos exemplos que constam nos Evangelhos. Só que, por vezes, é tão difícil rezar! Parece sempre tanto tempo! Na verdade, muitas vezes procuramos consolações na oração, um empolgamento do espírito que nos arrebate e eleve o coração no espaço espiritual onde nos sentimos mais perto de Deus. Infelizmente, parece que, assim, estamos a rezar a nós próprios, num contentamento espiritual que é, desde logo, a paga almejada. É uma pena porque assim, perdemos aquela outra paga, extraordinariamente mais importante e de valor incomensuravelmente maior, porque é uma paga divina. Nem a gente sabe “fazer as contas” que o Senhor usa para connosco.

Conta-se que Alexandre o Grande mandou dar o governo de cinco cidades a um pobre camponês que lhe dera uma indicação útil. O pobre homem, espantado, terá dito: Senhor, nunca me atreveria a pedir tanto! Ao que Alexandre respondeu: Tu pedes como quem és, eu dou como quem sou!

Eu peço como quem sou: um pobre miserável que precisa de tudo, absolutamente tudo, do seu Senhor. Nada tenho, nada valho e tudo o que tenho ou possa valer é d’Ele, desse Senhor que me deu uma alma imortal e nela imprimiu a Sua imagem. É o meu único bem de valor – aliás, incalculável – a imagem de Deus impressa na minha alma. Ele ouve a minha oração e dá-me não o que Lhe peço, mas o que entende dar-me, com uma generosidade e uma grandeza que me espantam. E atrevo-me a dizer-lhe profundamente agradecido: Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o único amor que tens na terra. Assim não notarás como é pequeno, miserável... Serei feliz porque mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico disponível para me “encher” do Teu...’  

 

Reflexão

Ir à Missa

 

É como se houve dizer: vou à Missa!

Está mal?

Não propriamente, porque se está a dar uma informação, mas, é importante que, dentro de mim tal signifique - vou participar na Missa -  e, mais, que pelo meu comportamento, os outros saibam que é o que vou fazer. Ir à Missa pode ser um hábito social, participar na Missa é uma atitude cristã, a que deve ser.

 

Links sugeridos:

 

Opus Dei

Evangelho/Biblia

Santa Sé

Religión en Libertad

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[i] Cfr. Jo 15 12-17

[ii] Cfr. Mc 8, 1-10.