23/07/2019

Leitura espiritual


"Christus vivit": Exortação Apostólica aos Jovens 

Capítulo VII

A PASTORAL DOS JOVENS

Sempre missionários

239. Quero lembrar que não há necessidade de fazer um longo percurso para que os jovens se tornem missionários.
Mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem sê-lo à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades.
Um jovem que vai em peregrinação pedir ajuda a Nossa Senhora e convida um amigo ou um companheiro para que o acompanhe, com este gesto simples está realizando uma valiosa acção missionária. Inseparavelmente unida à pastoral juvenil popular, existe uma missão popular, incontrolável, que rompe todos os esquemas eclesiásticos.
Acompanhemo-la, encorajemo-la, mas não pretendamos regulá-la demasiado.

240 Se soubermos escutar aquilo que o Espírito nos está dizendo, não podemos ignorar que a pastoral juvenil deve ser sempre uma pastoral missionária.
Os jovens enriquecem-se muito quando superam a timidez e encontram a coragem de ir visitar as casas, pois assim entram em contacto com a vida das pessoas, aprendem a olhar mais além da sua família e do seu grupo, começam a compreender a vida numa perspectiva mais ampla.
Ao mesmo tempo reforçam-se a sua fé e o seu sentido de pertença à Igreja.
As missões juvenis, que se costumam organizar nas férias depois dum período de preparação, podem suscitar uma renovação da experiência de fé e também projectos vocacionais sérios.

241. Mas os jovens são capazes de criar novas formas de missão, nos mais variados sectores.
Por exemplo, visto que se movem tão bem nas redes sociais, é preciso envolvê-los para que as encham de Deus, de fraternidade, de compromisso.

O acompanhamento pelos adultos

242. Os jovens precisam de ser respeitados na sua liberdade, mas necessitam também de ser acompanhados.
A família deveria ser o primeiro espaço de acompanhamento.
A pastoral juvenil propõe um projecto de vida baseado em Cristo: a edificação duma casa, duma família construída sobre a rocha (cf. Mt 7, 24-25).

Para a maioria deles, esta família, este projecto concretizar-se-á no matrimónio e na caridade conjugal.
Por isso, é necessário que a pastoral juvenil e a pastoral familiar tenham uma continuidade natural, trabalhando de maneira coordenada e integrada para poder acompanhar adequadamente o processo vocacional.

243. A comunidade desempenha um papel muito importante no acompanhamento dos jovens, e toda a comunidade se deve sentir responsável por acolhê-los, motivá-los, encorajá-los e estimulá-los.
Isto implica que se olhe para os jovens com compreensão, estima e afecto, e não que sejam julgados continuamente ou lhes seja exigida uma perfeição que não corresponde à sua idade.

244. No Sínodo, «muitos destacaram a carência de pessoas especializadas e dedicadas ao acompanhamento.
Acreditar no valor teológico e pastoral da escuta, implica repensar a renovação das formas com que, habitualmente, se expressa o ministério presbiteral e verificar as suas prioridades.

Além disso, o Sínodo reconhece a necessidade de preparar consagrados e leigos, homens e mulheres, qualificados para o acompanhamento dos jovens.
O carisma da escuta, que o Espírito Santo suscita nas comunidades, poderia obter também uma forma de reconhecimento institucional para o serviço eclesial»[1].

245. Além disso, é preciso acompanhar de modo especial os jovens que se apresentam como potenciais líderes, para poderem formar-se e preparar-se.
Os jovens, que se reuniram antes do Sínodo, pediram que se desenvolvam «programas de liderança juvenil para a formação e desenvolvimento contínuo de jovens líderes.
Algumas jovens notam uma falta de figuras femininas de referência dentro da Igreja, para a qual desejam, elas também, contribuir com os seus dons intelectuais e profissionais.

Achamos ainda que seminaristas e religiosos, com maioria de razão, deveriam ser mais capacitados para acompanhar os jovens líderes»[2].

246. Os mesmos jovens descreveram-nos as características que esperam encontrar num acompanhador; e fizeram-no muito claramente.
«Estes guias deveriam possuir algumas qualidades:
ser um cristão fiel comprometido na Igreja e no mundo;
uma tensão contínua para a santidade;
não julgar, mas cuidar;
escutar activamente as necessidades dos jovens;
responder com gentileza;
conhecer-se;
saber reconhecer os seus limites;
conhecer as alegrias e as tribulações da vida espiritual.

Uma qualidade de primária grandeza é saber reconhecer-se humano e capaz de cometer erros: não perfeitos, mas pecadores perdoados. Acontece frequentemente que os guias são colocados num pedestal e por isso, quando caem, provocam um impacto devastador na capacidade que os jovens têm de se comprometer na Igreja.
Os guias não deveriam levar os jovens a serem seguidores passivos, mas sim a caminhar ao seu lado, deixando-os ser os protagonistas do seu próprio caminho.
Deveriam respeitar a liberdade do processo de discernimento de um jovem, fornecendo-lhe os instrumentos para realizar adequadamente este processo.

Um guia deveria confiar sinceramente na capacidade que tem cada jovem de participar na vida da Igreja.
Por isso, um guia deveria cultivar as sementes da fé nos jovens, sem pressa de ver os frutos do trabalho que vem do Espírito Santo.
Este papel não deveria ser circunscrito aos presbíteros e aos religiosos, mas deveria poder exercê-lo também o laicado.
Todos estes guias deveriam poder se beneficiar duma boa formação permanente»[3].

247. Sem dúvida, as instituições educacionais da Igreja são um ambiente comunitário de acompanhamento que permite orientar muitos jovens, sobretudo quando «procuram acolher todos os jovens, independentemente das suas opções religiosas, proveniência cultural e situação pessoal, familiar ou social.
Desta forma, a Igreja presta uma contribuição fundamental para a educação integral dos jovens nas mais diversas partes do mundo»[4].

Reduziriam indevidamente a sua função, se estabelecessem critérios rígidos para a admissão de estudantes ou para a sua permanência, porque privariam muitos jovens dum acompanhamento que os ajuda a enriquecer a sua vida.

Franciscus

Revisão da versão portuguesa por AMA

Notas



[1] DF 9.
[2] Documento da Reunião Pré-sinodal de preparação para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (Roma 24 de Março de 2018), 12.
[3] Ibid., 10 .
[4] DF15.

Evangelho e comentário


TEMPO COMUM



Evangelho: Jo 15 1-8

1 «Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2 Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3 Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4 Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6 Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7 Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. 8 Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»

Comentário:

O que se pode concluir, sem esforço, é que a nossa união com Deus é vital para a nossa própria sobrevivência.
Unidos a Ele, viveremos uma vida com sentido e com proveito donde que, o contrário, isto é, separados d’Ele, acabamos por morrer por não ter qualquer préstimo.

(AMA, comentário sobre Jo 15, 1-8, 05.05.2019)




Temas para reflectir e meditar

Confiança

Não podemos desesperar nunca… Deus quer que sejamos santos, e põe o Seu poder e a Sua providência ao serviço da Sua misericórdia. 

Por isso não devemos deixar passar o tempo olhando a nossa miséria, perdendo de vista Deus, deixando-nos descoroçoar pelos nossos defeitos, tentados a exclamar «para quê continuar lutando, considerando tudo quanto pequei, tudo quanto falhei ao Senhor?» 

Não, nós devemos confiar no poder e no amor do nosso Pai Deus, e no Seu Filho, enviado ao mundo para nos redimir e fortalecer.

(B. PerquinAbba Padre, p. 89, trad ama) 

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Para ti estudar é uma obrigação grave


Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado..., mas não estudas. – Então, não serves, se não mudas. O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave. (Caminho, 335)

Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave. (Caminho, 336)

Frequentas os Sacramentos, fazes oração, és casto... e não estudas... – Não me digas que és bom; és apenas bonzinho. (Caminho, 337)