30/04/2017

Fátima: Centenário - Poemas

VIRGEM VENERÁVEL









Da Virgem Pura o encanto e a dignidade
não têm rival no Céu, no mar, nas flores…
Mãe do Homem-Deus, só ela na Trindade
remata e sintetiza os esplendores.

Glória do Empíreo, a graça e a caridade
a alma lhe adornam de gentis primores;
como no tempo, ela é na eternidade
tema sublime de imortais cantores.

Todo o joelho, ao nome de Maria,
no Céu, na terra, em grata hiperdulia,
se curva respeitoso até ao chão.

Pois, entre as criaturas escolhida,
a flama ateia em Deus da humana vida,
Virgem sem mancha em sua Conceição!


Visconde de Montelo, Paráfrase da Ladainha Lauretana, 1956 [i]



[i] Cónego Manuel Nunes Formigão
1883 - Manuel Nunes Formigão nasce em Tomar, a 1 de Janeiro. 1908 - É ordenado presbítero a 4 de Abril em Roma. 1909 - É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma. 1909 - No Santuário de Lourdes, compromete-se a divulgar a devoção mariana em Portugal. 1917 - Nossa Senhora aceita o seu compromisso e ele entrega-se à causa de Fátima. 1917 / 1919 - Interroga, acompanha e apoia com carinho os Pastorinhos. - Jacinta deixa-lhe uma mensagem de Nossa senhora, ao morrer. 1921 - Escreve o livro: "Os Episódios Maravilhosos de Fátima". 1922 - Integra a comissão do processo canónico de investigação às aparições. 1922 - Colabora e põe de pé o periódico "Voz de Fátima". 1924 - A sua experiência de servita de Nossa Senhora em Lurdes, leva-o a implementar idêntica actividade em Fátima. 1928 - Escreve a obra mais importante: "As Grandes Maravilhas de Fátima". 1928 - Assiste à primeira profissão religiosa da Irmã Lúcia, em Tuy. Ela comunica-lhe a devoção dos primeiros sábados e pede-lhe que a divulgue. 1930 - Escreve "Fátima, o Paraíso na Terra". 1931 - Escreve "A Pérola de Portugal". 1936 - Escreve " Fé e Pátria". 1937 - Funda a revista "Stella". 1940 - Funda o jornal "Mensageiro de Bragança". 1943 - Funda o Almanaque de Nossa Senhora de Fátima. 1954 – Muda-se para Fátima a pedido do bispo de Leiria-Fátima 1956 - Escreve sonetos compilados na "Ladainha Lauretana". 1958 – Morre em Fátima. 06/01/1926 - Funda a congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. 11/04/1949 – A congregação por ele fundada é reconhecida por direito diocesano. 22/08/1949 – Primeiras profissões canónicas das Religiosas. 16/11/2000 - A Conferência Episcopal Portuguesa concede a anuência por unanimidade, para a introdução da causa de beatificação e canonização deste apóstolo de Fátima. 15/09/2001 - Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da congregação - É oficialmente aberto o processo de canonização do padre Formigão. 16/04/2005 – É oficialmente encerrado e lacrado o processso de canonização do padre Formigão.
Fátima, 28 Jan 2017 (Ecclesia) – Decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.
A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração, rua Francisco Marto, 203, com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima.
Na eucaristia inserida neste evento, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima, D. António Marto destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

Nota de AMA:
Este livro de Sonetos foi por sua expressa vontade, depois da sua morte, devidamente autografado, entregue a meu Pai. Guardo o exemplar como autêntica relíquia.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Fátima: Centenário - Oração Jubilar de Consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Sejamos sempre selvaticamente sinceros

Se o demónio mudo – de que nos fala o Evangelho – se meter na alma, deita tudo a perder. Mas, se o expulsarmos imediatamente, tudo sai bem, anda-se feliz, tudo corre bem. Propósito firme: "sinceridade selvagem" na direcção espiritual, com educação delicada..., e que essa sinceridade seja imediata. (Forja, 127)

Volto a afirmar que todos temos misérias. Isso, porém, não é razão para nos afastarmos do Amor de Deus. É, sim, estímulo para nos acolhermos a esse Amor, para nos acolhermos à protecção da bondade divina, como os antigos guerreiros se metiam dentro da sua armadura. Esse ecce ego, quia vocasti me, conta comigo porque me chamaste, é a nossa defesa. Não devemos fugir de Deus quando descobrimos as nossas fraquezas, mas devemos combatê-las, precisamente porque Deus confia em nós.

Como é que conseguiremos superar estas coisas mesquinhas? Insisto neste ponto, porque ele se reveste de importância capital: com humildade e sinceridade na direcção espiritual e no sacramento da Penitência. Ide aos que vos dirigem espiritualmente, com o coração aberto. Não o fecheis porque, se se mete o demónio mudo pelo meio, depois é difícil lançá-lo fora.

Perdoai-me a insistência, mas julgo imprescindível que fique gravado a fogo nas vossas inteligências que a humildade e a sua consequência imediata a sinceridade, se ligam com os outros meios de luta e fundamentam a eficácia da vitória. Se a tentação de esconder alguma coisa se infiltra na alma, deita tudo a perder; se, pelo contrário, é vencida imediatamente, tudo corre bem, somos felizes e a vida caminha rectamente. Sejamos sempre selvaticamente sinceros, embora com modos prudentemente educados.

Quero dizer-vos com toda a clareza que me preocupa muito mais a soberba do que o coração e a carne. Sede humildes! Sempre que estiverdes convencidos de que tendes toda a razão, é porque não tendes nenhuma. Ide à direcção espiritual com a alma aberta. Não a fecheis, porque então intromete-se o demónio mudo e é muito difícil expulsá-lo.


Lembrai-vos do pobre endemoninhado que os discípulos não conseguiram libertar. Só o Senhor o pôde fazer com oração e jejum. Naquela altura o Mestre realizou três milagres. O primeiro foi fazê-lo ouvir, porque quando o demónio mudo nos domina, a alma fica surda; o segundo foi fazê-lo falar; e o terceiro foi expulsar o diabo. (Amigos de Deus, nn. 187–188)

Evangelho e comentário

Tempo de Páscoa


Evangelho: Lc 24, 13-35

13 No mesmo dia, caminhavam dois deles para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.14 Iam falando sobre tudo o que se tinha passado.15 Sucedeu que, quando eles iam conversando e discorrendo entre si, aproximou-Se deles o próprio Jesus e caminhou com eles.16 Os seus olhos, porém, estavam como que fechados, de modo que não O reconheceram.17 Ele disse-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Eles pararam cheios de tristeza.18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Serás tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que ali se passou nestes dias?».19 Ele disse-lhes: «Que foi?». Responderam: «Sobre Jesus Nazareno, que foi um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e de todo o povo;20 e de que maneira os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte, e O crucificaram.21 Ora nós esperávamos que Ele fosse o que havia de libertar Israel; depois de tudo isto, é já hoje o terceiro dia, depois que estas coisas sucederam.22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam entre nós, nos sobressaltaram porque, ao amanhecer, foram ao sepulcro23 e, não tendo encontrado o Seu corpo, voltaram dizendo que tinham tido a aparição de anjos que disseram que Ele está vivo.24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam que era assim como as mulheres tinham dito; mas a Ele não O encontraram».25 Então Jesus disse-lhes: «Ó estultos e lentos do coração para crer tudo o que anunciaram os profetas!26 Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, para entrar na Sua glória?».27 Em seguida, começando por Moisés e discorrendo por todos os profetas, explicava-lhes o que d'Ele se encontrava dito em todas as Escrituras.28 Aproximaram-se da aldeia para onde caminhavam. Jesus fez menção de ir para mais longe.29 Mas os outros insistiram com Ele, dizendo: «Fica connosco, porque faz-se tarde e o dia já declina». Entrou para ficar com eles.30 Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o, e lho deu.31 Abriram-se os seus olhos e reconheceram-n'O; mas Ele desapareceu da vista deles.32 Disseram então um para o outro: «Não é verdade que nós sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».33 Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém. Encontraram juntos os onze e os que estavam com eles,34 que diziam: «Na verdade o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». 35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão.

Comentário:

O Evangelista refere que Emaús distava de Jerusalém uns sessenta estádios, ou seja, mais ou menos, trinta quilómetros.

É uma distância considerável que, percorrida andando, consome umas quantas horas.

Jesus Cristo não Se preocupa com o tempo, preocupa-se com os Seus amigos, com todos os homens.

Não “faz contas” ao tempo necessário para os acompanhar, instruir, sossegar os corações, devolver a paz perdida.

Impressiona esta disponibilidade permanente do Senhor, sim, perma­nente, porque para Ele não há nada – absolutamente - mais importante que os seus irmãos, os homens.

(ama, comentário sobre Lc 24 13-35 2016.03.30)





Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO XII

CAPÍTULO XIX

Contra os que afirmam que nem a ciência de Deus é capaz de abarcar o infinito.

Quanto aos que dizem que nem a ciência de Deus pode abarcar o infinito, só falta, para se afundarem na voragem da sua profunda impiedade, que tenham a ousadia de afirmar que Deus não conhece todos os números. Que eles são realmente infinitos — é absolutamente certo.
Porque em qualquer número que julgues ter chegado ao fim, esse mesmo podes tu aumentá-lo, não digo acrescentando-lhe mais um, mas, por maior que seja e por enorme quantidade que expresse, pode, em razão da sua natureza e graças à ciência dos números, duplicar-se e até multiplicar-se. Aliás, cada número está limitado pelas suas propriedades de forma que nenhum pode ser idêntico ao outro. São desiguais e diferentes entre si, cada um deles finito singularmente e todos infinitos como totalidade. Assim Deus não chegaria a conhecê-los todos devido à sua infinidade e a sua ciência apenas abarcaria um a certa quantidade de números ignorando o resto: Qual é o insensato capaz de sustentar uma afirmação destas? Eles não se atreverão a desprezar os números e a dizer que eles nada têm que ver com a ciência de Deus. Platão, que entre eles goza de grande autoridade, apresenta Deus a formar o mundo com números. E entre nós lê-se o que por Deus foi
dito:

Tudo dispuseste com medida, número e peso.[i]


E a propósito diz o profeta:

Produziu o século com número;[ii]

e o Salvador declara no Evangelho:

Todos os nossos cabelos estão numerados.[iii]

Longe de nós, portanto, duvidar de que todo o número não é conhecido daquele de quem canta o salmo:

Cuja inteligência não tem medida.[iv]

A infinidade do número, embora não exista número algum infinito de números, não é, todavia, incompreensí­vel Àquele cuja inteligência não tem número. Pois bem, se tudo o que a ciência abarca está definido e limitado pela compreensão do sábio, certamente que a infinidade é, decerta maneira inefável, finita para Deus porque não é incompreensível para a sua própria ciência. Por isso, se a infinidade dos números não pode ser infinita para a ciência de Deus que a contém, a essa infinidade — quem, afinal, somos nós, fracos homens, para ousarmos fixar limites à ciência divina, argumentando que, se as coisas temporais não se estão repetindo em ciclos periódicos, Deus na criação dos seres não é capaz de prever todos os que vai fazer, nem a todos conhecer depois de feitos? A sua sabedoria, múltipla na sua simplicidade e multiforme na sua uniformidade, compreende todas as coisas incompreensíveis com uma com preensão tão incompreensível que, se sempre quisesse estar criando obras novas, todas diferentes das precedentes, não poderia fazê-lo de forma imprevista e desordenada, nem as planearia de um momento para o outro, mas abarcá-las-ia a todas na sua eterna presciência.


CAPÍTULO XX

Os séculos dos séculos.

Aquilo a que se chama «os séculos dos séculos» não me atrevo a definir 
se isto designa os séculos ligados em conjunto numa cadeia contínua, mas diferentes uns dos outros e fluindo numa diversidade bem ordenada, — permanecendo sem fim na sua bem-aventurada imortalidade apenas aqueles que se vão libertando das suas misérias, ou então se se deve entender por «séculos dos séculos» os séculos que se mantêm estáveis e inquebrantáveis na sabedoria de Deus e são com o que os geradores dos séculos que fluem no tempo.

Talvez, de facto, se possa dizer «o século» por «os séculos», de maneira que «o século do século» tenha o mesmo sentido que «os séculos dos séculos», como «o Céu do Céu» quer dizer o mesmo que «os Céus dos Céus». Porque Deus chamou «Céu» ao firmamento sobre o qual estão as águas e, contudo, o salmo diz
:
E que as águas que estão acima dos céus louvem o nome do Senhor'.[v]

E uma questão muito profunda saber se serve uma destas explicações da expressão «séculos dos séculos», ou se haverá outra para compreender tal expressão. O que tratamos agora permite-nos remeter o seu exame para mais tarde — quer para que possamos chegar a uma solução, quer para que um estudo atento nos torne mais prudentes e cautelosos, não se vá afirmar à toa alguma coisa acerca de tão obscuro problema. Por agora combatemos a opinião que sustenta os ciclos eternos e necessários, reconduzindo periodicamente os mesmos seres à existência. Qualquer que seja, porém, o verdadeiro sentido da expressão «séculos dos séculos», ela não tem relação alguma com 
esses ciclos; porque:

— quer com isso se entenda os séculos que, sem retorno dos mesmos factos, fluem encadeados uns nos outros na maior ordem, de tal maneira que as almas libertadas perseveram na beatitude e nunca mais caem na desgraça

— quer se entenda por «séculos dos séculos» as causas eternas que regem os seres temporais — em ambos os casos ficam excluídos os tais ciclos que fazem voltar novamente as coisas. A vida dos santos refuta-o rotundamente.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Sab. Salomão, XI, 21.
[ii] Isaías, XL, 26 (Setenta)
[iii] Mt X, 30.
[iv] Salmo CXLVI, 5.
[v] Salmo CXLVII, 4.

Tratado da vida de Cristo 158

Questão 53: Da ressurreição de Cristo

Art. 2 — Se Cristo devia ressuscitar no terceiro dia.

O segundo discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ressuscitar no terceiro dia.

1. — Pois, os membros devem harmonizar-se com a cabeça. Ora, nós, membros de Cristo, não ressuscitamos da morte no terceiro dia, senão que a ressurreição nos é diferida até o fim do mundo. Logo, parece que Cristo, nossa cabeça, não devia ter ressuscitado no terceiro dia, mas a ressurreição devia ter-lhe sido diferida até o fim do mundo.

2. Demais. — Diz Pedro que era impossível Cristo ser prisioneiro do inferno e da morte. Ora, quem está morto é prisioneiro da morte. Logo, parece que a ressurreição de Cristo não devia ser diferida até o terceiro dia, mas devia ressuscitar logo no mesmo dia. Sobretudo que a Glosa Supra referida diz: Nenhuma utilidade haveria na efusão do sangue de Cristo, se não ressuscitasse logo.

3. Demais. — O dia começa ao nascer do sol, que com a sua presença é a causa dele. Ora, Cristo ressuscitou antes do nascer do sol, segundo o Evangelho: No primeiro dia da semana veio Maria Madalena ao sepulcro de manhã, fazendo ainda escuro. E então já Cristo tinha ressuscitado, conforme o diz a continuação desse lugar do Evangelho: E viu que a tampa estava tirada do sepulcro. Logo Cristo não ressuscitou no terceiro dia.

Mas, em contrário, o Evangelho: Entregá-lo-ão aos gentios para ser escarnecido e açoitado e crucificado, mas ao terceiro dia ressuscitará

Como se disse, a ressurreição ele Cristo era necessária para a ilustração da nossa fé. Ora, a nossa fé tem por objecto tanto a divindade como a humanidade de Cristo; pois, não basta crer numa sem crer na outra, como do sobredito se colhe. Donde, para que se confirmasse a nossa fé na verdade da sua divindade, era necessário ressuscitasse logo, nem lhe fosse diferida a ressurreição até ao fim do mundo. Mas, para que fosse confirmada a fé na verdade da sua humanidade e da sua morte, era necessário que houvesse um intervalo entre a morte e a ressurreição. Se, ao contrário, tivesse ressuscitado imediatamente depois da morte poderia parecer que não tinha verdadeiramente morrido, e por consequência que também não era verdadeira a sua ressurreição. Ora para manifestar a verdade da morte de Cristo, bastava que a sua ressurreição fosse diferida até ao terceiro dia; pois, não é necessário, que um homem aparentemente morto manifeste, dentro desse tempo, quaisquer sinais de vida. — E também o facto de ter ressuscitado no terceiro dia proclama a perfeição do número três, número próprio de todas as causas, por ter princípio, meio e fim, como diz Aristóteles. - E mostra ainda misteriosamente, que Cristo, com a morte única do seu corpo, que foi uma luz, por causa da sua justiça, destruiu as nossas duas mortes - a do corpo e a da alma, envoltas nas trevas, do pecado. Por isso Cristo permaneceu morto um dia inteiro e duas noites como diz Agostinho. - E além disso significa que com a ressurreição de Cristo começava o terceiro tempo. Pois, o primeiro foi o anterior à lei; o segundo, o da lei; o terceiro, o da graça. — Enfim, com a ressurreição de Cristo começou o terceiro estado dos Santos. Pois, o primeiro foi o figurado, sob a lei; o segundo, o da realidade da fé; o terceiro será o da eternidade da glória, que começou com a ressurreição de Cristo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A cabeça e os membros harmonizam-se pela natureza, mas não pela virtude; pois, a virtude da cabeça é mais excelente que a dos membros. Por isso, para manifestar a excelência da virtude de Cristo, ele devia ressuscitar no terceiro dia, sendo a ressurreição dos demais dilatada a ao fim do mundo.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A prisão implica uma coacção. Ora, Cristo não estava adstrito a nenhuma necessidade que lhe a morte tivesse imposto; mas era livre entre os mortos. Por isso, permaneceu algum tempo morto, não como prisioneiro da morte, mas por vontade própria, enquanto o julgava necessário para a ilustração de nossa fé. Pois, dizemos que se realiza imediatamente o que se faz com breve interpolação de tempo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como dissemos, Cristo ressuscitou pela madrugada, quando já iluminava o dia, para significar que mediante a sua ressurreição nos conduzia à luz da glória. Assim como morreu quando já o dia entardecia e declinava para as trevas, a fim de mostrar que pela sua morte destruiria as trevas da culpa e da pena. E, contudo, se diz, que ressuscitou no terceiro dia, tomando esta palavra pelo dia natural, que abrange o espaço de vinte e quatro horas. E, no dizer de Agostinho, a noite, até o dilúculo em que se deu a ressurreição do Senhor, pertence ao terceiro dia. Pois, o próprio Deus, ordenando que das trevas resplandecesse a luz, a fim de que pela graça do Novo Testamento e pela participação da ressurreição de Cristo, pudéssemos aplicar as palavras do Apóstolo — Noutro tempo éreis trevas, mas agora sais luz no Senhor — o próprio Deus nos insinua de certo modo que o dia começa pela noite. Assim, pois, como os primeiros dias da criação se contavam a partir da luz até à noite, por causa da queda futura do homem, assim no caso vertente, por causa da redenção, os dias se contam partindo das trevas à luz. — Donde é claro, que ainda que tivesse ressuscitado à meia noite, poderíamos dizer que ressuscitou no terceiro dia, entendendo-se este como dia natural. Mas, como na verdade ressuscitou no dilúculo, podemos dizer que ressuscitou no terceiro dia, mesmo considerando este como dia artificial, causado pela presença do sol; porque já o sol começava a iluminar o ar. Por isso S. Marcos diz, que as mulheres chegaram ao sepulcro, quando já o sol era nascido. O que não encontra o dito de João, segundo o explica Agostinho: pois, no surgir do dia, as trevas remanescentes tanto mais se dissipam quanto mais se intensifica a luz; donde, o dito de Marcos - já o sol era nascido - não devemos entendê-la como se esse astro já estivesse acima do horizonte, mas significam somente que ia aparecer logo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Epístolas de São Paulo – 61

Carta aos Efésios

I. A IGREJA E O EVANGELHO (1-3,3-21)

Capítulo 6

Cristo e Igreja: modelo de amor familiar e social

1Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor, pois é isso que é justo: 2Honra teu pai e tua mãe - tal é o primeiro mandamento, com uma promessa: 3para que sejas feliz e gozes de longa vida sobre a terra. 4E vós, pais, não exaspereis os vossos filhos, mas criai-os com a educação e correcção que vêm do Senhor. 5Escravos, obedecei aos senhores terrenos, com o maior respeito, na simplicidade do vosso coração, como a Cristo: 6não para dar nas vistas, como quem procura agradar aos homens, mas como escravos de Cristo, que fazem a vontade de Deus, do fundo do coração; 7servi de boa vontade, como se servísseis ao Senhor e não a homens, 8sabendo que cada um, escravo ou livre, será recompensado pelo Senhor, conforme o bem que fizer. 9E vós, os senhores, fazei o mesmo para com eles: deixai-vos de ameaças, sabendo que o Senhor, que o é tanto deles como vosso, está nos Céus e diante dele não há acepção de pessoas.

As armas do cristão

10Finalmente, tornai-vos fortes no Senhor e na sua força poderosa. 11Revesti-vos da armadura de Deus, para terdes a capacidade de vos manterdes de pé contra as maquinações do diabo. 12Porque não é contra os seres humanos que temos de lutar, mas contra os Principados, as Autoridades, os Dominadores deste mundo de trevas, e contra os espíritos do mal que estão nos céus. 13Por isso, tomai a armadura de Deus, para que tenhais a capacidade de resistir no dia mau e, depois de tudo terdes feito, de vos manterdes firmes. 14Mantende-vos, portanto, firmes, tendo cingido os vossos rins com a verdade, vestido a couraça da justiça 15e calçado os pés com a prontidão para anunciar o Evangelho da paz; 16acima de tudo, tomai o escudo da fé, com o qual tereis a capacidade de apagar todas as setas incendiadas do maligno. 17Recebei ainda o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus. 18Servindo-vos de toda a espécie de orações e preces, orai em todo o tempo no Espírito; e, para isso, vigiai com toda a perseverança e com preces por todos os santos, 19e também por mim; que, quando abrir a minha boca, me seja dada a palavra, para que, corajosamente, dê a conhecer o mistério do Evangelho, 20de que sou embaixador em cadeias; que, nele, eu possa falar aberta e corajosamente, tal como é meu dever.

Notícias e saudação final

21Mas, para que também vós, no que me diz respeito, saibais como vou, de tudo vos informará Tíquico, o irmão querido e servidor fiel no Senhor. 22Foi para isso mesmo que eu vo-lo enviei: para que tomeis conhecimento do que é feito de nós e console os vossos corações. 23Paz aos irmãos, bem como amor e fé da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. 24A graça esteja com todos os que amam Nosso Senhor Jesus Cristo, com um amor inalterável.


Hoy el reto del amor es afrontar el día con Cristo.

PESADO AMANECER

No sé por qué, pero ayer me sentía tan cansada como si no hubiese dormido nada. Y, en cuanto puse los pies en el suelo:

"¡Oh, no! Hoy nos toca encargarnos de la cocina... ¡Pffff!"

Dos pasos más, y:

"¡Es jueves! ¡Nos toca la limpieza a fondo de la cocina! ¡Qué horror!"

El Señor decía ayer en el Evangelio: «Pedid y se os dará». "Bien, Señor", pensé, "pues te pido que hagas algo para que hoy no tengamos que ir a la cocina...".

Por supuesto, no sucedió nada. Así que fui a preparar el desayuno a regañadientes. Entonces descubrí que nos habían dejado para cocinar ese día unos pedazos de salmón. ¿Por qué no probar a hacerlo de modo diferente?

Fui directa a por el libro de recetas, ¡y encontré un montón de ideas! ¡Con lo que me gusta innovar en la cocina! Sentí que me llenaba de ilusión: ¡a limpiar con alegría para que nos diese tiempo a los experimentos culinarios!

¡Cristo me esperaba en los trozos de salmón! Y es que cuántas veces vemos al Señor como una especie de "varita mágica" que debería hacer desaparecer nuestros problemas... ¡pero no lo hace!

Cristo no elimina nuestras dificultades, ¡hace algo más grande todavía! Se pone junto a ti, para vivirlas contigo, les da un sentido nuevo, te llena de ilusión para que puedas afrontarlas de otra manera. ¡Cristo cuenta contigo, le encanta el trabajo en equipo!

Hoy el reto del amor es afrontar el día con Cristo. Ya es viernes, y el fin de semana está a un paso... Puede que todo te invite a pasar cuanto antes este día, ¡pero el Señor te está ofreciendo oportunidades de amar junto a Él! Te invito a que pares tres veces a lo largo de tu jornada para mirar a Cristo. Pregúntale cómo hablar con esa persona o pídele ilusión para ese trabajo... No dejes que se te escape el día, ¡disfrútalo con Cristo! ¡Feliz día!


VIVE DE CRISTO

Doutrina – 285

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?


Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus.
Ao mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória.
Respeitar as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é, portanto, um princípio de sabedoria e um fundamento da moral.




Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?