por El Reto del amor
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
26/03/2019
Temas para reflectir e meditar
Evangelho e comentário
TEMPO DA QUARESMA
Evangelho: Mt 18, 21-35
21 Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor,
se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?» 22 Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Por isso, o Reino
do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. 24 Logo
ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25 Não tendo com
que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos
os seus bens, a fim de pagar a dívida. 26 O servo lançou-se, então, aos seus
pés, dizendo: ‘Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’ 27 Levado pela
compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida.
28 Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem
denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: ‘Paga o que
me deves!’ 29 O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: ‘Concede-me um
prazo que eu te pagarei.’ 30 Mas ele não concordou e mandou-o prender, até que
pagasse tudo quanto lhe devia. 31 Ao verem o que tinha acontecido, os outros
companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor. 32 O senhor mandou-o,
então, chamar e disse-lhe: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque
assim mo suplicaste; 33 não devias também ter piedade do teu companheiro, como
eu tive de ti?’ 34 E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse
tudo o que devia. 35 Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de
vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração.»
Comentário:
O
que o Senhor quer dizer na resposta a Pedro contando a parábola que acabámos de
ler, é que devemos perdoar como Deus Nosso Senhor nos perdoa.
Isto
é… SEMPRE!
Não
interessa nem a gravidade da ofensa nem a repetição da mesma – ou outras – de qualquer
importância.
O
cristão ofendido está pronto a perdoar até para que o que diz no Pai-Nosso seja
verdadeiro e coerente.
(AMA,
comentário sobre Mt 18, 21-35, 14.12.2018)
Serenidade. – Por que te zangas?
Serenidade.
– Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus, incomodas os outros, passas
tu mesmo um mau bocado... e por fim tens de te acalmar? (Caminho,
8)
Isso
mesmo que disseste, di-lo noutro tom, sem ira, e ganhará força o teu raciocínio
e, sobretudo não ofenderás a Deus. (Caminho, 9)
Não
repreendas quando sentes a indignação pela falta cometida. – Espera pelo dia
seguinte, ou mais tempo ainda. – E depois, tranquilo e com a intenção
purificada, não deixes de repreender. – Conseguirás mais com uma palavra
afectuosa, do que ralhando três horas. – Modera o teu génio. (Caminho,
10)
Quando
realmente te abandonares no Senhor, aprenderás a contentar-te com o que
suceder, e a não perder a serenidade, se as tarefas – apesar de teres posto
todo o teu empenho e empregado os meios convenientes – não saem a teu gosto...
Porque terão "saído" como convém a Deus que saiam. (Sulco,
860)
Sendo
para bem do próximo, não te cales, mas fala de modo amável, sem destemperança
nem aborrecimento. (Forja, 960)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Leitura espiritual
AMORIS LÆTITIA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA
CAPÍTULO V
O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO
Os idosos.
«Não me rejeites no tempo da velhice; não me abandones, quando já não
tiver forças»[i].
É o brado do idoso, que
teme o esquecimento e o desprezo. Assim como Deus nos convida a ser seus
instrumentos para escutar a súplica dos pobres, assim também espera que ouçamos
o brado dos idosos.
Isto interpela as famílias
e as comunidades, porque «a Igreja não pode nem quer conformar-se com uma mentalidade
de impaciência, e muito menos de indiferença e desprezo, em relação à velhice.
Devemos despertar o sentido colectivo de gratidão, apreço, hospitalidade, que
faça o idoso sentir-se parte viva da sua comunidade.[ii]
Os idosos são homens e mulheres,
pais e mães que, antes de nós, percorreram o nosso próprio caminho, estiveram
na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna.
Por isso, «como gostaria de uma Igreja que desafia a
cultura do descarte com a alegria transbordante dum novo abraço entre jovens e
idosos!»
São João Paulo II convidou-nos
a prestar atenção ao lugar do idoso na família, porque há culturas que, «especialmente depois dum desenvolvimento
industrial e urbanístico desordenado, forçaram, e continuam a forçar, os idosos
a situações inaceitáveis de marginalização».
Os idosos ajudam a
perceber «a continuidade das gerações»,
com «o carisma de lançar uma ponte» entre
elas. Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores
aos seus netos, e «muitas pessoas podem
constatar que devem a sua iniciação na vida cristã precisamente aos avós».
As suas palavras, as suas
carícias ou a simples presença ajudam as crianças a reconhecer que a história
não começa com elas, que são herdeiras dum longo caminho e que é necessário
respeitar o fundamento que as precede.[iii]
Quem quebra os laços com a
história terá dificuldade em tecer relações estáveis e reconhecer que não é o dono
da realidade. Com efeito, «a atenção aos
idosos distingue uma civilização. Numa civilização, presta-se atenção ao idoso?
Há lugar para o idoso? Esta civilização irá em frente, se souber respeitar a
sabedoria dos idosos».
A falta de memória
histórica é um defeito grave da nossa sociedade. É a mentalidade imatura do «já está ultrapassado».
Conhecer e ser capaz de
tomar posição perante os acontecimentos passados é a única possibilidade de
construir um futuro que tenha sentido. Não se pode educar sem memória: «Recordai os dias passados»[iv]. As histórias dos idosos fazem muito bem às crianças e
aos jovens, porque os ligam à história vivida tanto pela família como pela
vizinhança e o país. Uma família que não respeita nem cuida dos seus avós, que
são a sua memória viva, é uma família desintegrada; mas uma família que recorda
é uma família com futuro. Por isso, «numa civilização em que não há espaço para
os idosos ou onde eles são descartados porque criam problemas, tal sociedade
traz em si o vírus da morte»,[v] porque «se
separa das próprias raízes».
O fenómeno contemporâneo
de sentir-se órfão, em termos de descontinuidade, desenraizamento e perda das
certezas que dão forma à vida, desafia-nos a fazer das nossas famílias um lugar
onde as crianças possam lançar raízes no terreno duma história colectiva.
Ser irmão.
A relação entre os irmãos
aprofunda-se com o passar do tempo, e «o
laço de fraternidade que se forma na família entre os filhos, quando se verifica
num clima de educação para a abertura aos outros, é uma grande escola de liberdade
e de paz. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana (…). Talvez
nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz
a fraternidade no mundo. A partir desta primeira experiência de fraternidade,
alimentada pelos afectos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se
como uma promessa sobre a sociedade inteira».
Crescer entre irmãos proporciona
a bela experiência de cuidar uns dos outros, de ajudar e ser ajudado. Por isso,
«a fraternidade na família, resplandece
de modo especial quando vemos a solicitude, a paciência e o carinho com que é
circundado o irmãozinho ou a irmãzinha mais frágil, doente ou deficiente».[vi]
Faz falta reconhecer que «ter um irmão, uma irmã que te ama é uma experiência
forte, inestimável, insubstituível», mas é preciso ensinar, com paciência,
os filhos a tratar-se como irmãos. Esta aprendizagem, por vezes fadigosa, é uma
verdadeira escola de sociabilidade. Nalguns países, existe uma forte tendência
para ter apenas um filho, pelo que a experiência de ser irmão começa a ser
rara. Nos casos em que não se pôde ter mais de um filho, é preciso encontrar
formas de a criança não crescer sozinha ou isolada.
Um coração grande.
Com efeito, além do
círculo pequeno formado pelos cônjuges e seus filhos, temos a família alargada,
que não pode ser ignorada. Com efeito, «o
amor entre o homem e a mulher no matrimónio e, de forma derivada e ampla, o
amor entre os membros da mesma família – entre pais e filhos, entre irmãos e
irmãs, entre parentes e familiares – é animado e impelido por um dinamismo
interior e incessante, que leva a família a uma comunhão sempre mais profunda e
intensa, fundamento e alma da comunidade conjugal e familiar».[vii]
Aí se integram também os
amigos e as famílias amigas, e mesmo as comunidades de famílias que se apoiam
mutuamente nas suas dificuldades, no seu compromisso social e na fé. Esta família
alargada deveria acolher, com tanto amor, as mães solteiras, as crianças sem
pais, as mulheres abandonadas que devem continuar a educação dos seus filhos,
as pessoas deficientes que requerem muito carinho e proximidade, os jovens que
lutam contra uma dependência, as pessoas solteiras, separadas ou viúvas que sofrem
a solidão, os idosos e os doentes que não recebem o apoio dos seus filhos, até
incluir no seio dela «mesmo os mais desastrados
nos comportamentos da sua vida».
E pode também ajudar a
compensar as fragilidades dos pais, ou a descobrir e denunciar a tempo
possíveis situações de violência ou mesmo de abuso sofridas pelas crianças,
dando-lhes um amor sadio e um sustentáculo familiar, quando os seus pais não o
podem assegurar.
Por fim, não se pode
esquecer que, nesta família alargada, estão também o sogro, a sogra e todos os
parentes do cônjuge. Uma delicadeza própria do amor é evitar vê-los como
concorrentes, como pessoas perigosas, como invasores.[viii]
A união conjugal exige que
se respeite as suas tradições e costumes, se procure compreender a sua
linguagem, evitar maledicências, cuidar deles e integrá-los dalguma forma no
próprio coração, embora se deva preservar a legítima autonomia e a intimidade
do casal. Estas atitudes são também uma excelente maneira de exprimir a
generosidade da dedicação amorosa ao próprio cônjuge.
(cont)
(revisão da versão
portuguesa por AMA)
[iii] Francisco, Catequese
(4 de Março de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de
05/III/2015), 16. Catequese (11 de Março de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal
portuguesa de 12/III/2015), 16. 214 Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro
de 1981), 27: AAS 74 (1982), 113. Discurso aos participantes no «Fórum Internacional sobre o Envelhecimento
Activo» (5 de Setembro de 1980), 5: Insegnamenti 3/2 (1980), 539;
L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 21/IX/1980), 14. 216 Relatio
Finalis 2015, 18.
[v] Francisco, Catequese
(4 de Março de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de
05/III/2015), 16.
[vi] Discurso no Encontro
com os Idosos (28 de Setembro de 2014): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa
de 02/X/2014), 8. 220 Idem, Catequese (18 de Fevereiro de 2015): L’Osservatore
Romano (ed. semanal portuguesa de 19/II/2015), 20.
[vii] Discurso no Encontro
com os Idosos (28 de Setembro de 2014): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa
de 02/X/2014), 8. 220 Idem, Catequese (18 de Fevereiro de 2015): L’Osservatore
Romano (ed. semanal portuguesa de 19/II/2015), 20.
[viii]
João Paulo II,
Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 18: AAS 74 (1982),
101. 224 Francisco, Catequese (7 de Outubro de 2015): L’Osservatore Romano (ed.
semanal portuguesa de 08/X/2015), 24.
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