Quinta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Participar na Santa Missa.
Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria,
confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei
esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me
fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou
digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me
dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens,
Senhor. Convidaste-me e eu vim.
Lembrar-me: Comunhões espirituais.
Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
XX, 1-44
A autoridade de
Jesus
1 Num daqueles dias, estando
Ele no templo a ensinar o povo e a anunciar a Boa-Nova, apresentaram-se os
sumos-sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos 2 e dirigiram-lhe a palavra,
dizendo: «Diz-nos com que autoridade fazes estas coisas, ou quem te deu tal
autoridade.» 3 Respondeu-lhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Dizei-me:
4 o baptismo de João era do Céu, ou dos homens?» 5 Eles começaram a discorrer
entre si, dizendo: «Se respondermos que era do Céu, Ele dirá: ‘Porque não
acreditastes nele?’ 6 Se respondermos que era dos homens, todo o povo nos
apedrejará, porque consideram João como profeta.» 7 Responderam, então, que não
sabiam de onde era. 8 Jesus disse-lhes: «Também Eu não vos digo com que
autoridade faço isto.»
O vinhateiros
homicidas
9 Começou, depois, a expor
ao povo a seguinte parábola: «Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns
vinhateiros e ausentou-se por muito tempo. 10 No devido tempo, mandou um servo
aos vinhateiros, para estes lhe entregarem parte dos frutos da vinha. Mas os
vinhateiros despediram-no de mãos vazias, depois de o terem açoitado. 11 Enviou
outro servo, mas também o açoitaram, ultrajaram e despediram-no sem nada. 12
Enviou ainda um terceiro; e eles, depois de o ferirem, lançaram-no fora. 13 O
dono da vinha disse, então: ‘Que hei-de fazer? Vou mandar-lhes o meu filho bem
amado; talvez o respeitem.’ 14 Mas, quando o viram, os vinhateiros disseram uns
aos outros: ‘Este é que é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja
nossa.’ 15 E, lançando-o fora da vinha, mataram-no. A esses, que lhes fará o
dono da vinha? 16 Virá, exterminará os vinhateiros e entregará a vinha a
outros.» Ouvindo isto, eles disseram: «Que Deus não o permita!»
A pedra angular
17 Fitando-os, Jesus
disse-lhes: «Que significa, então, o que está escrito: A pedra que os
construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular? 18 Todo aquele que cair
sobre esta pedra ficará despedaçado, e aquele sobre quem ela cair ficará
esmagado.» 19 Naquela altura, os doutores da Lei e os sumos sacerdotes
procuravam deitar-lhe a mão, pois tinham compreendido que esta parábola lhes
era dirigida; mas tiveram receio do povo.
O tributo a César
20 Então, puseram-se à
espreita e mandaram-lhe espiões, que se fingiam justos com o fim de o
surpreender em alguma palavra, para o entregarem ao poder e à jurisdição do
governador. 21 Fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, sabemos que falas e
ensinas com rectidão e não fazes acepção de pessoas, mas ensinas o caminho de
Deus segundo a verdade. 22 Devemos pagar tributo a César, ou não?» 23
Conhecendo a sua astúcia, Ele respondeu-lhes: 24 «Mostrai-me um denário. De
quem é a efígie e a inscrição?» Eles disseram: «De César.» 25 Disse-lhes,
então: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.» 26 Não
conseguiram apanhar-lhe uma palavra em falso diante do povo; ao contrário,
admirados com a sua resposta, ficaram calados.
A ressurreição
27 Aproximaram-se alguns
saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: 28 «Mestre, Moisés
prescreveu-nos que, se morrer um homem deixando a mulher, mas não tendo filhos,
seu irmão casará com a viúva, para dar descendência ao irmão. 29 Ora, havia
sete irmãos: o primeiro casou-se e morreu sem filhos; 30 o segundo, 31 depois o
terceiro, casaram com a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram sem
deixar filhos. 32 Finalmente, morreu também a mulher. 33 Ora bem, na
ressurreição, a qual deles pertencerá a mulher, uma vez que os sete a tiveram
por esposa?» 34 Jesus respondeu-lhes: «Nesta vida, os homens e as mulheres
casam-se; 35 mas aqueles que forem julgados dignos da vida futura e da
ressurreição dos mortos não se casam, sejam homens ou mulheres, 36 porque já
não podem morrer: são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição,
são filhos de Deus. 37 E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender
no episódio da sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac
e o Deus de Jacob. 38 Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para
Ele, todos estão vivos.» 39 Tomando, então, a palavra, alguns doutores da Lei
disseram: «Mestre, falaste bem.» 40 E já não se atreviam a interrogá-lo sobre
mais nada.
O Messias, filho e
Senhor de David
41 Jesus perguntou-lhes:
«Como é que dizem que o Messias é filho de David, 42 se o próprio David diz no
Livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, 43
até que Eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. 44 Se David lhe
chama ‘Senhor’, como pode Ele ser seu Filho?»
Hipocrisia dos
escribas
45 Quando todo o povo o
escutava, Jesus disse aos discípulos: 46 «Tomai cuidado com os doutores da Lei,
que sentem prazer em passear de túnicas compridas, e gostam de ser
cumprimentados nas praças públicas, dos primeiros lugares nas sinagogas e dos
primeiros assentos nos banquetes; 47 eles, que devoram as casas das viúvas,
simulando longas orações, terão um castigo mais severo.»
Comentário
Na
ânsia de pôr o Senhor a ridículo os saduceus nem se dão conta da falta de
seriedade da pergunta que fazem: Se, como se sabe, negam a ressurreição como
podem discorrer sobre ela? Aliás, nem sequer é uma pergunta, mas uma mera
provocação disparatada e sem qualquer desejo sério de obter uma resposta. Mas,
o extraordinário neste trecho de São Lucas, é que, não obstante, o Senhor não
lhes volta as costas – o que seguramente muitos de nós faríamos – e dá uma
resposta. Porquê? Não pelos saduceus, seguramente, mas para elucidar,
doutrinar, esclarecer sobre a ressurreição dos mortos quantos estavam presentes
já que, de facto, era um tema algo controverso para o povo que não obtinha uma
explicação clara e concludente por parte dos que deviam, por razão de ofício,
dar-lha.
As
pessoas com espírito retorcido e falta de seriedade no critério não chegam a
dar-se conta do ridículo ou inapropriado das questões que colocam, as perguntas
que fazem ou as opiniões que emitem. São bem conhecidas – e numerosas
infelizmente – essas pessoas que andam pela vida com um olhar crítico e o olhar
acerado sempre pronto a avaliar, julgar, emitir opinião, parece – e talvez seja
verdade – que nada mais os move na vida que avaliar, julgar, comentar sobre
tudo e sobre todos, mesmo sobre matérias que desconhecem ou assuntos que não
dominam. O que se deve fazer com esta gente? Ignorá-los! Mostrar-lhes
desinteresse ou desprezo? Não foi assim que o Senhor procedeu, bem ao
contrário, com infinita paciência pôs a descoberto o erro, o engano a falsa
teoria. Para bem dos próprios? Sem dúvida, mas, sobretudo para bem dos outros
que os possam escutar.
Lembro,
a propósito dessas pessoas que não se coibem de dar opinião seja sobre o que
for, a resposta que um conhecido politico português deu a um repórter que o
interrogava sobre a eleição do Papa Bento XVI. E a surpreendente resposta foi:
“Bem… como se sabe sou agnóstico, mas, acho que…” Como é possível? Fica-se
atónito com a falta de decoro, de seriedade, de honestidade intelectual! Sim,
na verdade, este é um exemplo que, talvez, fosse bom considerar no nosso
íntimo. Será que, examinando-nos honestamente, nunca emitimos parecer, ou
opinião, sobre algo que não conhecemos concretamente, que não nos diz respeito?
O que custará mais: Dizer: ‘sobre esse assunto não tenho opinião’, ou
atrever-se a dar uma resposta sem qualquer sentido? Custará assim tanto admitir
a limitação própria, a ignorância ou incapacidade para poder opinar?
A
vaidade pessoal leva muitos a emitir parecer sobre assuntos que não dominam.
Chegam ao ponto de admitir que, por qualquer motivo, o assunto não lhes
interessa, mas, contudo, não resistem à sua pretensa capacidade pessoal de
julgar ou opinar. Além do ridiculo de tal postura, que crédito pode merecer tal
pessoa? A quem interessará a sua opinião?
(AMA,
2099)
Para
ser prudentes é necessário ter luz no entendimento; assim poderemos julgar com
rectidão os factos e as circunstâncias.
(R
Garrigou-Lagrange, Las três edades de la
vida interior, vol. 11, pgs. 625 ss.)
FILOSOFIA, TEOLOGIA, CONDIÇÃO HUMANA
O
demónio e a oração
O
demónio não tem maior temor que da oração.
Percebe-se
porquê.
A
oração põe o homem em contacto estreito com Deus e quanto mais intensa e
profunda mais forte é esse contacto.
O
diálogo que se estabelece entre o orante e Deus torna-se assim íntimo e o
demónio não ousa interferir nem o Senhor lho permite.
O
Senhor aconselha a oração persistente e perseverante não para Sua satisfação
mas exactamente para que a nossa relação com Ele se fortaleça cada vez mais e a
união se torne real, constante, inquebrantável.
«Tudo
é possível a quem crê» esta declaração de Jesus é, digamos assim, a “chave” de
toda a Fé.
(J
Duque,Teologia Fundamental)
SÃO JOSEMARIA – textos
Que sejais meninos que desejam a palavra de Deus
A
nossa vontade, com a graça, é omnipotente diante de Deus. – Assim, à vista de
tantas ofensas ao Senhor, se dissermos a Jesus, com vontade eficaz, indo no
"eléctrico" por exemplo: "Meu Deus, quereria fazer tantos actos
de amor e desagravo quantas as voltas de cada roda deste carro", naquele
mesmo instante, diante de Jesus, tê-Lo-emos realmente amado e desagravado
conforme o nosso desejo. Esta "ingenuidade" não esta fora da infância
espiritual; é o eterno diálogo entre a criança inocente e o pai..., doido pelo
seu filho: – Quanto me queres? Diz lá! – E o miudito diz, marcando as sílabas:
muitos milhões! (Caminho, 897)
Na
vida interior, a todos nos convém ser quasi
modo geniti infantes, como esses miuditos que parecem de borracha, que se
divertem até com os seus trambolhões, porque imediatamente se põem de pé e
continuam com as suas correrias e também porque não lhes falta, quando é
precisa, a consolação dos pais. Se procurarmos portar-nos como eles, os
tropeções e os fracassos – aliás inevitáveis – na vida interior, nunca se
transformarão em amargura. Reagiremos com dor, mas sem desânimo, e com um
sorriso que brota, como a água límpida, da alegria da nossa condição de filhos
desse Amor, dessa grandeza, dessa sabedoria infinita, dessa misericórdia, que é
o nosso Pai. Aprendi durante os meus anos de serviço ao Senhor a ser filho
pequeno de Deus. E isto vos peço: que sejais quasi modo geniti infantes, meninos que desejam a palavra de Deus,
o pão de Deus, o alimento de Deus, a fortaleza de Deus para se comportarem de
agora em diante, como homens cristãos. (Amigos de Deus, 146)