29/08/2018

A oração: "conversa amorosa com Jesus"


Sempre entendi a oração do cristão como uma conversa amorosa com Jesus, que não se deve interromper nem sequer nos momentos em que fisicamente estamos longe do Sacrário, porque toda a nossa vida está feita de estrofes de amor humano divinizado..., e podemos amar sempre. (Forja, 435)


Que não faltem no nosso dia alguns momentos dedicados especialmente a travar intimidade com Deus, elevando até Ele o nosso pensamento, sem que as palavras tenham necessidade de vir aos lábios, porque cantam no coração. Dediquemos a esta norma de piedade um tempo suficiente, a hora fixa, se possível. Ao lado do Sacrário, acompanhando Aquele que ali ficou por Amor. Se não houver outro remédio, em qualquer lugar, porque o nosso Deus está de modo inefável na nossa alma em graça. Aconselho-te, contudo, a que vás ao oratório sempre que possas. (...)

Cada um de vós, se quiser, pode encontrar o caminho que lhe for mais propício para este colóquio com Deus. Não me agrada falar de métodos nem de fórmulas, porque nunca fui amigo de espartilhar ninguém; tenho procurado animar todas as pessoas a aproximarem-se do Senhor, respeitando cada alma tal como ela é, com as suas próprias características. Pedi-lhe vós que meta os seus desígnios na nossa vida: e não apenas na nossa cabeça, mas no íntimo do nosso coração e em toda a nossa actividade externa. Garanto-vos que deste modo evitareis grande parte dos desgostos e das penas do egoísmo e sentir-vos-eis com força para propagar o bem à vossa volta. Quantas contrariedades desaparecem, quando interiormente nos colocamos muito próximos deste nosso Deus, que nunca nos abandona! Renova-se com diversos matizes esse amor de Jesus pelos seus, pelos doentes, pelos entrevados, quando pergunta: que se passa contigo? Comigo... E, logo a seguir, luz ou, pelo menos, aceitação e paz.

Ao convidar-te para fazeres essas confidências com o Mestre, refiro-me especialmente às tuas dificuldades pessoais, porque a maioria dos obstáculos para a nossa felicidade nascem de uma soberba mais ou menos oculta. Pensamos que temos um valor excepcional, qualidades extraordinárias. Mas, quando os outros não são da mesma opinião, sentimo-nos humilhados. É uma boa ocasião para recorrer à oração e para rectificar, com a certeza de que nunca é tarde para mudar a rota. Mas é muito conveniente iniciar essa mudança de rumo quanto antes. (Amigos de Deus, 249).

Temas para meditar e reflectir


Formação humana e cristã – 47 


Aquela pergunta que todos alguma vez nos colocamos:

Domine, quid me vis facere?
Senhor, que queres que faça?

tem de ter uma resposta e, na verdade, o Senhor responde sempre.

O que precisamos é estar atentos e compreender essa resposta.
Sobretudo é fundamental estar realmente disposto a aceitá-la, se não porque perguntamos?

As respostas de Deus são difíceis de compreender?

Ele conhece muito bem as nossas capacidades, logo, podemos estar certos que estará perfeitamente ao nosso alcance e será absolutamente exequível.
Com o tempo estaremos muitíssimo mais capacitados para saber qual é a vontade de Deus em qualquer circunstância, ou seja, oremos conformando a nossa com a Sua vontade.

Isto porque a nossa tendência natural é que a vontade do Senhor coincida com a nossa e então é natural que peçamos segundo os nossos desejos e conveniências.

Faça-se a Tua vontade na terra como no Céu é o que pedimos no Pai-Nosso e por isso mesmo devemos ser sinceros e estar prontos a aceitar o que Ele quiser certos que será sempre o melhor para nós.

Talvez insista demais neste tema, mas de facto ele é a chave da nossa salvação daí a sua extrema importância.


(AMA, reflexões)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


CRISTO QUE PASSA


12 
          
Lux fulgebit hodie super nos, quia natus est nobis Dominus - Hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor!
Eis a grande novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à Humanidade inteira.
Deus está aqui!
Esta verdade deve encher as nossas vidas.
Cada Natal deve ser para nós um novo encontro especial com Deus, deixando que a sua luz e a sua graça entrem até ao fundo da nossa alma.

Detemo-nos diante do Menino, de Maria e de José; estamos contemplando o Filho de Deus revestido da nossa carne...
Vem-me à lembrança a viagem que fiz a Loreto, em 15 de Agosto de 1951, para visitar a Santa Casa por motivo muito íntimo.
Celebrei lá a Santa Missa.
Queria dizê-la com recolhimento mas não tinha contado com o fervor da multidão.
Não tinha calculado que nesse grande dia de festa muitas pessoas dos arredores viriam a Loreto - com a bendita fé dessa terra e com o amor que têm à Madona.
E a sua piedade, considerando as coisas - como diria? - só do ponto de vista das leis rituais da Igreja, levava-as a manifestações não muito correctas.
E assim, enquanto eu beijava o altar, nos momentos prescritos pelas rubricas da Missa, três ou quatro camponeses beijavam-no ao mesmo tempo.
Distraía-me mas estava emocionado.
E também me atraía a atenção a lembrança de que naquela Santa Casa - que a tradição assegura ser o lugar onde viveram Jesus, Maria e José - na mesa do altar tinham gravado estas palavras: Hic Verbum caro factum est.
Aqui, numa casa construída pelas mãos dos homens, num pedaço de terra em que vivemos, habitou Deus!

13 
          
Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem

O Filho de Deus fez-se carne e é perfectus Deus, perfectus homo, perfeito Deus e perfeito homem!
Neste mistério há qualquer coisa que deveria emocionar os cristãos. Estava e estou comovido; gostava de voltar a Loreto...
Vou lá em desejo para reviver os anos da infância de Jesus, repetindo e considerando: Hic Verbum caro factum est!

Jesus Christus, Deus Homo, Jesus Cristo, Deus-Homem!
Eis uma magnalia Dei, uma das maravilhas de Deus em que temos de meditar e que temos de agradecer a este Senhor que veio trazer a paz na terra aos homens de boa vontade, a todos os homens que querem unir a sua vontade à Vontade boa de Deus.
Não só aos ricos, nem só aos pobres!
A todos os homens, a todos os irmãos!
Pois irmãos somos todos em Jesus; filhos de Deus, irmãos de Cristo. Sua Mãe é nossa Mãe.

Na terra há apenas uma raça: a raça dos filhos de Deus.
Todos devemos falar a mesma língua: a que o nosso Pai que está nos Céus nos ensina; a língua dos diálogos de Jesus com seu Pai; a língua que se fala com o coração e com a cabeça; a que estais a usar agora na vossa oração.
É a língua das almas contemplativas, dos homens espirituais por se terem dado conta da sua filiação divina; uma língua que se manifesta em mil moções da vontade, em luzes vivas do entendimento, em afectos do coração, em decisões de rectidão de vida, de bem-fazer, de alegria, de paz.

É preciso ver o Menino, nosso Amor, no seu berço.
Olhar para Ele, sabendo que estamos perante um mistério. Precisamos de aceitar o mistério pela fé, aprofundar o seu conteúdo. Para isso necessitamos das disposições humildes da alma cristã: não pretender reduzir a grandeza de Deus aos nossos pobres conceitos, às nossas explicações humanas, mas compreender que esse mistério, na sua obscuridade, é uma luz que guia a vida dos homens.

Vemos - diz S. João Crisóstomo - que Jesus saiu de nós, da nossa substância humana, e que nasceu de Mãe virgem; mas não entendemos como pode ter-se realizado esse prodígio.
Não nos cansemos, tentando descobri-lo; aceitemos antes com humildade o que Deus nos revelou sem esquadrinharmos com curiosidade o que Deus nos escondeu.
Assim, com este acatamento, saberemos compreender e amar; e o mistério será para nós um esplêndido ensinamento, mais convincente do que qualquer outro raciocínio humano.

14
          
Sentido divino do caminhar terreno de Jesus

Ao falar diante do presépio sempre procurei ver Cristo Nosso Senhor desta maneira, envolto em paninhos sobre a palha da manjedoura, e, enquanto ainda menino e não diz nada, vê-Lo já como doutor, como mestre.
Preciso de considerá-Lo assim, porque tenho de aprender d'Ele.
E para aprender d'Ele é necessário conhecer a sua vida: ler o Santo Evangelho, meditar no sentido divino do caminho terreno de Jesus.

Na verdade, temos de reproduzir na nossa, a vida de Cristo, conhecendo Cristo à força de ler a Sagrada Escritura e de a meditar, à força de fazer oração, como agora estamos fazendo diante do presépio.
É preciso entender as lições que nos dá Jesus já desde menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram para esta bendita terra dos homens.

Jesus, crescendo e vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana, a vida corrente e ordinária, tem um sentido divino.
Por muito que tenhamos pensado nestas verdades, devemos encher-nos sempre de admiração ao pensar nos trinta anos de obscuridade que constituem a maior parte da passagem de Jesus entre os seus irmãos, os homens.
Anos de sombra, mas, para nós, claros como a luz do Sol.
Mais: resplendor que ilumina os nossos dias e lhes dá uma autêntica projecção, pois somos cristãos correntes, com uma vida vulgar, igual à de tantos milhões de pessoas nos mais diversos lugares do Mundo.

Assim viveu Jesus seis lustros: era filius fabris, o filho do carpinteiro. Virão depois os três anos de vida pública, com o clamor das multidões.
E as pessoas surpreendem-se: Quem é este?
Onde aprendeu tantas coisas?
Pois a sua vida tinha sido a vida comum do povo da sua terra.
Era o faber, filius Mariae, o carpinteiro, filho de Maria.
E era Deus; e estava a realizar a redenção do género humano; e estava a atrair a si todas as coisas.

(cont)


Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?







Evangelho e comentário


 
Martírio de São João Baptista

Evangelho: Mc 6, 17-29

17 Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. 18 Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» 19 Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, 20 porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. 21 Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. 22 Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» 23 E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.» 24 Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» 25 Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» 26 O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. 27 Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; 28 depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. 29 Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.

Comentário:

Talvez que esta seja uma das páginas mais tristes do Evangelho, diria mesmo macabras.

Todo o contexto relatado com detalhe por São Marcos, deixa-nos um sentimento de repulsa que dificilmente podemos evitar.

O personagem sinistro de Herodes é o paradigma dos piores defeitos que o homem pode ter, desde a luxúria desenfreada, ao desprezo pela vida humana, ao orgulho, à mentira, à venalidade exacerbada.

Que conste: Em todo o Evangelho foi a única pessoa a quem Jesus Cristo Se recusou a responder.


(ama, comentário sobre Mc 6, 17-29, 22.06.2016)