PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Terça-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Aplicação no trabalho.
Senhor,
ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito
para to poder oferecer.
Lembrar-me: Os que estão sem trabalho.
Senhor,
lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às
suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno
exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Mt VIII, 1-33
1
Ao descer do
monte, seguia-o uma enorme multidão. 2 Foi, então, abordado por um leproso que
se prostrou diante dele, dizendo-lhe: «Senhor, se quiseres, podes
purificar-me.» 3 Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: «Quero, fica purificado!»
No mesmo instante, ficou purificado da lepra. 4 Jesus, porém, disse-lhe: «Vê,
não o digas a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que
Moisés preceituou, para que lhes sirva de testemunho.» 5
Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes
termos: 6 «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
7 Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.» 8 Respondeu-lhe o centurião: «Senhor, eu
não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o
meu servo será curado. 9 Porque eu, que
não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um:
‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele
faz.» 10 Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade
vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! 11 Digo-vos que,
do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão,
Isaac e Jacob, no Reino do Céu, 12 ao passo que os filhos do Reino serão
lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.» 13 Disse,
então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela
mesma hora, o servo ficou curado. 14 Entrando em casa de Pedro, Jesus viu que a
sogra dele jazia no leito com febre. 15 Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a. E
ela, levantando-se, pôs-se a servi-lo. 16 Ao entardecer, apresentaram-lhe
muitos possessos; e Ele, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos
os que estavam doentes, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta
Isaías: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores. 18 Vendo
Jesus em torno de si uma grande multidão, decidiu passar à outra margem. 19 Saiu-lhe
ao encontro um doutor da Lei, que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde
quer que fores.» 20 Respondeu-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu
têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» 21 Um dos
discípulos disse-lhe: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» 22 Jesus,
porém, respondeu-lhe: «Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos.» 23 Depois
subiu para o barco e os discípulos seguiram-no. 24 Levantou-se, então, no mar,
uma tempestade tão violenta, que as ondas cobriam o barco; entretanto, Jesus
dormia. 25 Aproximando-se dele, os discípulos despertaram-no, dizendo-lhe:
«Senhor, salva-nos, que perecemos!» 26 Disse-lhes Ele: «Porque temeis, homens
de pouca fé?» Então, levantando-se, falou imperiosamente aos ventos e ao mar, e
sobreveio uma grande calma. 27 Os homens, admirados, diziam: «Quem é este, a
quem até o vento e o mar obedecem?» 28 Chegado à outra margem, à região dos
gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, que habitavam nos sepulcros.
Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Vendo-o,
disseram em alta voz: «Que tens a ver connosco, Filho de Deus? Vieste aqui
atormentar-nos antes do tempo?» 30 Ora, andava a pouca distância dali, a
pastar, uma grande vara de porcos. 31 E os demónios pediram-lhe: «Se nos expulsas,
manda-nos para a vara de porcos.» 32 Disse-lhes Jesus: «Ide!» Então, eles,
saindo, entraram nos porcos, que se despenharam por um precipício, no mar, e
morreram nas águas. 33 Os guardas fugiram e, indo à cidade, contaram tudo o que
se tinha passado com os possessos. 34 Toda a cidade saiu ao encontro de Jesus
e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse daquela região.
Comentário:
Impressiona este diálogo tão simples
entre o pobre leproso e Jesus Cristo. Não são necessárias nem muitas palavras
nem grandes gestos. Uma afirmação de fé: «Se quiseres»!
Não
há pior lepra que o pecado. Se nos fosse dado ver o mal, o horror que constitui
a ferida aberta no Coração de Jesus por um pecado nosso ficaríamos arrepiados e
aturdidos.E, no entanto, como neste trecho do Evangelho, o Senhor estende a Sua
mão e toca-nos. Mais, humilha-se num pouco de pão consagrado e oferece-se como
alimento!Diria que, de facto, somos “curados” cada vez que recebemos a Comunhão
Eucarística, não prostrados como o leproso do Evangelho, mas com toda a vénia,
respeito e compunção que o nosso amor por Jesus nos obriga e sugere.
Com o Senhor tudo é simples e claro. A gente diz-lhe o
que deseja sem duvidar um segundo que Ele o pode fazer. E se o pedido ê justo e
a Fé verdadeira Ele nos dará o que pedimos.
Sem dúvida que este leproso fez o seu pedido da forma
mais correcta e - atrevo-me – eficaz, para obter o que desejava.
Mostra a sua confiança no poder de Jesus e na Sua
infinita misericórdia.
Reparemos bem: Pede o que deseja com simplicidade sem
se alongar em palavras ou justificações desnecessárias, porque sabe, acredita,
confia, que o Senhor conhece o que ele precisa e tem o poder e o desejo de lho
conceder.
Não
podemos deixar de reagir a este trecho de São Mateus! Reagir, naturalmente, com
admiração enorme e, ao mesmo tempo, surpresa. Admiração por constatar – como de
resto o próprio Jesus o afirma – uma fé tão profunda que traduz uma confiança
total e absoluta no poder de Jesus Cristo por parte de um homem que nem sequer
é considerado como “um crente”. Surpresa porque este homem – de posição
destacada – se preocupa e sofre com a saúde de um subalterno seu, contrariando
todos os sentimentos – comuns, sobretudo naquela época – em o que os “patrões”,
ou “senhores” tratavam os subalternos com profundo desprezo. Mais uma vez, vem
ao de cima a absoluta necessidade de sermos – os cristãos – pessoas se são
critério e isentos de preconceitos ou reservas em relação aos outros.
Este acontecimento – que supomos ser o mesmo – é
relatado de forma diferente por outro evangelista, mas, o que interessa não é o
pormenor, mas sim a extraordinária lição de fé daquele homem que procura Jesus.
Não é um judeu nem sequer se poderia considerar um “crente” no sentido que lhe
davam os chefes do povo daquela época, e, por isso mesmo, constatamos que o
Senhor não faz acepção de pessoas e que ter fé não é privilégio de alguns, mas
um dom que Deus concede a quem muito bem entende. E a fé deste homem está
alicerçada – profundamente – no seu coração misericordioso porque o que pede
não é para si, porque não se considera digno, mas para um servo, um subalterno.
Jesus cura todos os que a Ele recorrem com Fé e
Confiança.
Não precisa de grandes manifestações porque o Seu
Coração Amantíssimo e Misericordioso vibra e comove-se com as necessidades e
carências dos Seus irmãos os homens. Pois se Ele deu a Sua vida por nós como
não fará o que lhe pedir-mos? Estamos habituados, por assim dizer, aos
pormenorizados relatos que São Mateus faz da actividade diária de Jesus. Incansavelmente
percorre lugar após lugar, povoação após povoação movido pelo desejo de
encontrar quem precise da Sua assistência, conselho, auxílio. Na verdade, todos
precisam de algo e sabem que, Jesus pode satisfazer e atender as suas
necessidades.
Ao ler este trecho do Evangelho de São Mateus, ficamos
praticamente sem palavras porque a Liturgia, seguramente com um objectivo muito
concreto, quer dar-nos uma imagem do verdadeiro Jesus Cristo Nosso Senhor e das
suas relações com os homens.
Um milagre portentoso: A cura do servo do centurião;
outro de escasso relevo: A cura da sogra de Pedro; e, depois as curas incontáveis - todos os doentes o procuravam - e a
expulsão dos demónios. Ou seja, o poder de Jesus não tem nem medida nem obedece
a outro critério que não seja a Sua infinita misericórdia.
Jesus Cristo sendo Deus todo poderoso não tem nada de
Seu nem sequer " onde reclinar a cabeça"! Que chefe é este que espera
seguidores fiéis e entusiasmados? Não haverá algo que poderíamos chamar
"visionário?" Seguramente que sim! O Senhor é um visionário, um
entusiasta que acredita nos homens e deseja absolutamente os homens acreditem
nele e O sigam. Porquê? Porque só se o fizerem poderão salvar-se.
Quando, na vida corrente, nos propõem algo, a nós
cabe-nos ter uma de duas atitudes: aceitar ou recusar. Não obtemos nenhum
resultado positivo por tentar emitir as nossas condições de acordo com as
conveniências próprias. Quem o faz é quem faz a proposta, o convite, porque,
naturalmente, é quem sabe o que pretende de nós, o que deseja que façamos. Assim
com o chamamento que Cristo faz pessoalmente a cada um em particular. Ele sabe para
que nos quer, para que nos chama.
Uma
pessoa séria de bom critério quando é chamada só tem uma de duas respostas:
Sim, aceito! Ou: Não, recuso! Estamos a
considerar o chamamento divino que num momento qualquer da nossa vida o Senhor
não deixará de nos fazer. Em primeiro lugar, ser chamado é uma honra e um
privilégio que, só por si, deveria ser mais que suficiente para o nosso
acolhimento imediato; depois considerando Quem chama não nos deve preocupar
para quê ou porquê porque só pode ser bom e conveniente para nós.
A
resposta de Jesus aos discípulos aterrados com a procela tem toda a razão de
ser. Talvez pudesse acrescentar: ‘Eu não estou aqui convosco? Como podeis
temer?’ Mas, como se vê pelo texto eles não tinham, ainda fé suficiente no
Senhor.Por isso ficam admirados com o poder do Senhor. Nós, também, não temos
nada a temer porque se o Senhor está connosco, na nossa alma em graça, nada –
absolutamente – nos poderá fazer mal. Confiar na Sua Infinita Misericórdia
SEMPRE, mesmo quando parece que está ausente, desinteressado ou a dormir.
Perante
situações extremas - guerras, cataclismos da natureza, perseguições e
violências de toda a ordem, somos, por vezes, levados a exclamar: Senhor, onde
estás? Dormes? Não Te importas? Este “grito” explica-se, é natural. Somos
humanos e reconhecemos a nossa impotência. Mas, Ele, não, pode tudo, é o Senhor
de tudo. Não Se enfadará com o nosso “grito”, bem ao contrário, actuará com a
urgência que julgar conveniente.
Disseram
em alta voz: «Que tens a ver connosco,
Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?» Por aqui se vê
que o demónio não só sabia quem era Jesus como conhecia o que a Sua vinda à
terra significava: que o domínio, quase discricionário, que exercia sobre a humanidade,
iria terminar com a instauração do Reino de Deus.
O
demónio não tem outro objectivo senão fazer o mal. Ao pedirem a Jesus que os
enviasse para a vara dos porcos, precipitando-se no mar, como que quiseram
demonstrar que os gadarenos não acreditavam em Jesus Cristo, dando maior
importância aos bens materiais que à vida humana. E o Senhor não sabia o que
iria acontecer? Evidentemente que sim, Ele sabe tudo, mas não podia permitir
que acreditassem nele pela confissão do demónio que é o pai da mentira.
Muitos
comentários se têm escrito sobre este trecho do Evangelho. Talvez sem querer,
ficamos algo decepcionados com Jesus ter permitido que os demónios entrassem
nos porcos com o resultado que se sabe. Talvez possamos tirar duas ou três ilacções:
A primeira é a confirmação que o demónio existe o que, muitos, insistem em
negar; A segunda será que Cristo não poderia consentir que acreditassem nele
pelo testemunho do demónio, que é o pai da mentira; A terceira é a completa
inversão de valores do gadarenos que dão mais importância a perda dos porcos
que à recuperação da saúde do seu conterrâneo; E, uma quarta, - talvez a mais
inesperada – é a sua reacção pedindo a Jesus que se afaste do seu território,
sem procurar compreender, sem fazer uma pergunta, se, sequer, considerar o
extraordinário do acontecimento. Preferem, de facto, fechar os olhos e os ouvidos e ignorar o que foi tão patente
perante todos.
Já o
dissemos: O Senhor não podia consentir que a Sua Pessoa: Jesus Cristo fosse
revelada pelo demónio que é o Pai da mentira. O episódio com a vara de porcos
revela claramente a maldade e desprezo do tentador. Fica bem claro que dele só
se pode esperar o mal e o ódio.
(AMA,
2018)
SÃO JOSÉ
REDEMPTORIS
CUSTOS
VI.
PATRONO DA IGREJA DO NOSSO TEMPO
32.
Desejo vivamente que esta evocação da figura de São José renove também em nós o
ritmo da oração que, há um século, o meu Predecessor estabeleceu que lhe fosse
elevada. É fora de dúvida, efetivamente, que esta oração e a própria figura de
São José se revestem de atualidade renovada para a Igreja do nosso tempo, em
relação com o novo Milênio cristão.
O
Concílio Vaticano II procurou sensibilizar-nos novamente a todos para “as
grandes coisas de Deus” e para aquela “economia da salvação” de que São José
foi particularmente ministro. Recomendando-nos, pois, à proteção daquele a quem
o próprio Deus “confiou a guarda dos seus maiores e mais preciosos tesouros”,
aprendamos com ele, ao mesmo tempo, a servir a “economia da salvação”. Que São
José se torne para todos um mestre singular no serviço da missão salvífica de
Cristo, que, na Igreja, compete a cada um e a todos: aos esposos e aos pais, àqueles
que vivem do trabalho das próprias mãos e de todo e qualquer outro trabalho, às
pessoas chamadas para a vida contemplativa e às que são chamadas ao apostolado.
O
homem justo, que trazia em si o patrimônio da Antiga Aliança, foi também
introduzido no “princípio” da nova e eterna Aliança em Jesus Cristo. Que ele
nos indique os caminhos desta Aliança salvífica no limiar do próximo Milênio,
durante o qual deve perdurar e desenvolver-se ulteriormente a “plenitude dos
tempos” própria do mistério inefável da Encarnação do Verbo.
Que
São José obtenha para a Igreja e para o mundo, assim como para cada um de nós,
a bênção do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Dado
em Roma, junto de São Pedro, a 15 de Agosto de 1989, solenidade da Assunção de
Nossa Senhora, décimo primeiro ano de Nosso Pontificado.
João Paulo II
REFLEXÃO
O sofrimento destrói as imagens que nós tantas vezes nos impusemos
- sejam elas a imagem do autor de sucesso ou do devoto tranquilo, da pessoa
serena que está acima de todos, da pessoa espiritual que se sente unida a
Deus. Não devemos procurar o sofrimento. No entanto, ele atravessará recorrentemente
o nosso caminho, muitas vezes, com o sentido de destruir as ilusões que criamos
relativamente à nossa vida e a nós mesmos. Só quando as imagens que nós
próprios criámos estiverem destruídas, é que poderá surgir em nós a imagem
original de Deus e poderemos entrar em contacto com o brilho da nossa alma, que
Ele já nos oferecera aquando do nosso nascimento.
(Anselm Grun, A incompreensível existência de Deus,
Paulinas, p. 42)
SÃO JOSEMARIA – textos
A tristeza é a escória do egoísmo
Que ninguém leia tristeza nem dor na tua cara, quando difundes
pelo ambiente do mundo o aroma do teu sacrifício. Os filhos de Deus têm de ser
sempre semeadores de paz e de alegria. (Sulco, 59)
E se somos filhos de Deus, por que havemos de estar tristes? A
tristeza é a escória do egoísmo. Se queremos viver para Nosso Senhor, não nos
faltará a alegria, mesmo que descubramos os nossos erros e as nossas misérias.
A alegria entra na vida de oração de tal maneira que, a certa altura, não
poderemos deixar de cantar: porque amamos, e cantar é próprio de apaixonados. Se
vivermos assim, realizaremos no mundo uma obra de paz; saberemos tornar amável
aos outros o serviço a Nosso Senhor, porque Deus ama quem dá com alegria O
cristão é uma pessoa igual às outras na sociedade; mas do seu coração
transbordará a alegria de quem se propõe cumprir, com a ajuda constante da
graça, a Vontade do Pai: e não se sente vítima, nem inferiorizado, nem coagido.
Caminha de cabeça erguida, porque é homem e é filho de Deus. A nossa fé dá todo
o seu relevo a estas virtudes, que pessoa alguma deveria deixar de cultivar.
Ninguém pode vencer o cristão em humanidade. Por isso, quem segue Cristo é
capaz – não por mérito próprio, mas pela graça de Nosso Senhor – de comunicar
aos que o rodeiam o que às vezes eles pressentem, embora não consigam
compreender: que a verdadeira felicidade, o verdadeiro serviço ao próximo passa
pelo Coração do Nosso Redentor; perfectus
Deus, perfectus, homo. (Amigos
de Deus, 92–93)