Evangelho
Mt
XXII 41 – 46; XXIII 1 - 12
O Messias, filho e Senhor de David
41
Estando os fariseus reunidos, Jesus interrogou-os: 42 «Que pensais vós do
Messias? De quem é filho?» Responderam-lhe: «De David.» 43 Disse-lhes Ele:
«Como é, então, que David, sob a influência do Espírito, lhe chama Senhor,
dizendo: 44 Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que Eu
ponha os teus inimigos por estrado de teus pés’? 45 Ora, se David lhe chama
Senhor, como é seu filho?» 46 E ninguém soube responder-lhe palavra. A partir
de então, ninguém mais se atreveu a interrogá-lo.
Os fariseus
1
Então, Jesus falou assim à multidão e aos seus discípulos: 2 «Os doutores da
Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. 3 Fazei, pois, e observai
tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não
fazem. 4 Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos
outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. 5 Tudo o que fazem é
com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam as filactérias
e alongam as orlas dos seus mantos. 6 Gostam de ocupar o primeiro lugar nos
banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. 7 Gostam das saudações nas
praças públicas e de serem chamados ‘mestres’ pelos homens. 8 Quanto a vós, não
vos deixeis tratar por ‘mestres’, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos
irmãos. 9 E, na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque um só é o vosso ‘Pai’:
aquele que está no Céu. 10 Nem permitais que vos tratem por ‘doutores’, porque
um só é o vosso ‘Doutor’: Cristo. 11 O maior de entre vós será o vosso servo.
12 Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.
Simplicidade
Se
procurarmos uma definição de simplicidade podemos correr o risco de contrariar
o que pretendemos.
Quer dizer que as explicações ou definições
tendem a ser minuciosas, detalhadas ou seja, tudo menos simples.
Ausência de extravagâncias, eufemismos, preconceitos,
dúvidas mais ou menos sérias, obsessão pelo detalhe, por exemplo, tudo isso é a
antítese da simplicidade.
Diria
que, a simplicidade, é um estado interior de clareza de sentimentos e emoções.
Não
tem a ver com passividade nem com alheamento das realidades da vida, própria ou
alheia, mas com uma atitude séria de estabilidade quer do comportamento quer
emocional.
Possivelmente será uma virtude muito difícil
de conquistar e, mais ainda, de manter, porque, de certo modo, vai contra a
tendência natural do homem de interrogar, de apreciar, avaliar algo que se lhe
depara ou é proposto.
A
simplicidade é conduzida, informada, pela consciência, por isso a pessoa
simples tem uma atitude de aceitação naturalmente pacífica.
A partir do momento em que a consciência toma
valores como definidos e propostas vindas de determinadas pessoas como
aceitáveis, a simplicidade tende a dar o “caso” como arrumado, isto é, não se
envolve em lucubrações de nenhuma espécie, questionando esses valores ou
propostas consoante as circunstâncias em que ocorrem.
A Fé
em Deus é – deve ser - sempre simples, isto é, não questiona, não duvida, não
sugere alternativas.
Só nesta medida é que pode ser inteiramente
vivida.
Aliás,
não se justifica a Fé sem seja vivida plena e conscientemente.
Se o
não for, para que serve?
A
simplicidade envolve virtudes como: entre outras, a Constância, a Fidelidade, a
Obediência e a Mansidão.
Mansidão
Uma
virtude e um Fruto do Espírito Santo, a Mansidão, encontra em Jesus Cristo, a
sua personificação completa:
«Tomai
sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para as vossas almas».
A
chave parece estar aqui: «descanso para
as vossas almas!»
Dotado
desta virtude o homem está apto a gozar de uma tranquilidade e serenidade que
lhe dão uma visão completa, detalhada e muito concreta de tudo o que lhe
importa.
Assim, fica dotado de uma capacidade ímpar
para praticar os actos de maior relevo e aceitar pacificamente os desafios mais
exigentes com que possa deparar-se.
No
Sermão da Montanha Jesus Cristo afirma que os mansos possuíram a terra o que pode parecer
um contraste com o que diz a propósito da conquista do Reino de Deus: ()
Possuir
a terra com mansidão e conquistar o Céu com violência!
Como
compreender isto?
A nossa visão humana dir-nos-ia que deveria
ser precisamente o contrário.
Encontramos que, para alcançar o Céu é, de
facto, necessária a violência, entendida como o vencimento do próprio eu, dos
obstáculos que se levantam à passagem dos que desejam progredir nesse caminho,
na luta exigente, contínua, sem descanso que é preciso travar para se conseguir
o objectivo, ao passo que, para entrar na posse de algo terreno, a violência
não conduz a nenhum resultado estável, duradouro, como atestam as constantes
querelas, amiúde violentíssimas, entre homens, países, raças e religiões.
Uma
vitória só é completa e satisfatória quando alcançada com a razão e, nunca, com
a imposição pela força de algo que se pretende conseguir.
O ser
humano, como já se viu, tende para o seu Criador, para Deus e só será feliz,
completamente feliz, quando alcançar este objectivo e, este, sendo atingível
não está ao alcance daqueles que não se empenharem a sério, na sua conquista.
Um
dos principais quesitos para o sucesso desta luta é a humildade de reconhecer
as próprias limitações e defeitos que são obstáculos nesse percurso.