07/09/2016

Senhor, socorre-me.

Sinais inequívocos da verdadeira Cruz de Cristo: a serenidade, um profundo sentimento de paz, um amor disposto a qualquer sacrifício, uma eficácia grande, que dimana do próprio Lado de Jesus, e sempre – de modo evidente – a alegria: uma alegria que procede de saber que, quem se entrega de verdade, está junto da Cruz e, por conseguinte, junto de Nosso Senhor. (Forja, 772)

Aconselharei a quem quiser aprender com a experiência de um pobre sacerdote que não pretende falar senão de Deus, que, quando a carne tentar recobrar os seus foros perdidos, ou a soberba – que é pior – se revoltar e se encabritar, correr a abrigar-se nessas divinas fendas abertas no Corpo de Cristo pelos cravos que O seguraram à Cruz e pela lança que atravessou o Seu peito. Vamos como nos comover mais; derramemos nas Chagas de Nosso Senhor todo esse amor humano... e esse amor divino. Que isto é desejar a união, sentir-se irmão de Cristo, ser seu consanguíneo, filho da mesma Mãe, porque foi Ela que nos levou até Jesus.

Afã de adoração, ânsias de desagravo com sossegada suavidade e com sofrimento. Far-se-á vida na nossa vida a afirmação de Jesus: aquele que não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. E Nosso Senhor manifesta-se-nos cada vez mais exigente, pede-nos reparação e penitência, até nos fazer experimentar o fervoroso desejo de querer viver para Deus, pregado na cruz juntamente com Cristo. Mas guardamos este tesouro em vasos de barro frágil e quebradiço, para que se reconheça que a grandeza do poder que se vê em nós é de Deus e não nossa.

Vemo-nos acossados por toda a espécie de atribulações e nem por isso perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apuros, mas não desesperados, ou sem recursos; somos perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não inteiramente perdidos: trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus.


Parece-nos, além disso, que Nosso Senhor não nos escuta, que andamos enganados, que só se ouve o monólogo da nossa voz. Encontramo-nos como se não tivéssemos apoio na terra e fossemos abandonados pelo Céu. No entanto, é verdadeiro e prático o nosso horror ao pecado, mesmo ao pecado venial. Com a obstinação da Cananeia, prostramo-nos rendidamente como ela, que O adorou, implorando: Senhor, socorre-me. E desaparece a obscuridade, superada pela luz do Amor. (Amigos de Deus, nn. 303–304)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 6, 20-26

17 Descendo com eles, parou numa planície. Estava lá um grande número dos Seus discípulos e uma grande multidão de povo de toda a Judeia, de Jerusalém, do litoral de Tiro e de Sidónia,
20 Levantando os olhos para os Seus discípulos, dizia: «Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21 Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados os que agora chorais, porque haveis de rir. 22 Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos repelirem, vos carregarem de injúrias e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrai-vos nesse dia e exultai, porque será grande a vossa recompensa no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas. 24 «Mas, ai de vós, os ricos, porque tendes já a vossa consolação. 25 Ai de vós os que estais saciados, porque vireis a ter fome. Ai de vós os que agora rides, porque gemereis e chorareis. 26 Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem, porque assim faziam aos falsos profetas os pais deles.

Comentário:

Este conhecido discurso de Jesus deve ter sido um bálsamo para a multidão reunida à sua volta naquele monte.

Todos se vêm nele referidos, os que precisam e os que têm, os satisfeitos e os que buscam a perfeição.

E nós?

Como recebemos estas Bem-aventuranças? Com a fé e a confiança que depositamos no Senhor?

Com ardentes desejos de se e fazer como Ele quer e deseja?

Queremos de facto ser bem-aventurados, isto é, Santos?

(ama, comentário sobre LC 6 20-26, 2015.09.09)








Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Doutrina – 200

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3, 3)


Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt 3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso baptismo.

Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá

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É necessário, portanto, que a nossa fé seja viva, que nos leve realmente a crer em Deus e a manter um constante diálogo com Ele.
A vida cristã deve ser vida de oração constante, procurando nós estar na presença do Senhor da manhã até à noite e da noite até à manhã. O cristão nunca é um homem solitário, posto que vive numa conversa contínua com Deus, que está junto de nós e nos Céus.

Sine intermissione orate, manda o Apóstolo - orai sem interrupção.
E, recordando esse preceito apostólico, escreve Clemente de Alexandria: Manda-se-nos louvar e honrar o Verbo, a quem conhecemos como salvador e rei; e por Ele o Pai, não em dias escolhidos, como fazem alguns, mas constantemente, ao longo de toda a vida, e de todos os modos possíveis.

No meio das ocupações de cada jornada, no momento de vencer a tendência para o egoísmo, ao sentir a alegria da amizade com os outros homens, em todos esses instantes o cristão deve reencontrar Deus. Por Cristo e no Espírito Santo, o cristão tem acesso à intimidade de Deus Pai, e percorre o seu caminho buscando esse reino, que não é deste mundo, mas que neste mundo se inicia e prepara.

É preciso privar com Cristo na palavra e no Pão, na Eucaristia e na Oração.
Tratá-Lo como se trata com um amigo, com um ser real e vivo como Cristo é, porque ressuscitou.
Cristo, lemos na epístola aos Hebreus, como permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno.
Por isso, pode salvar perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder em seu favor.

Cristo, Cristo ressuscitado, é o companheiro, o Amigo.
Um companheiro que se deixa ver só entre sombras, mas cuja realidade enche toda a nossa vida, e que nos faz desejar a sua companhia definitiva.
O Espírito e a Esposa dizem: Vem/
E aquele que ouve, diga: Vem!
Que aquele que tenha sede, venha! Que aquele que O deseja, receba gratuitamente a água da vida...
O que dá testemunho destas coisas diz: Sim, Eu venho em breve. Assim seja. Vem, Senhor Jesus!.

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A liturgia põe, mais uma vez, diante dos nossos olhos, o último dos mistérios da vida de Jesus Cristo entre os homens: a sua Ascensão aos Céus.
Desde o seu nascimento em Belém já aconteceram muitas coisas: encontrámo-lO no berço, adorado por pastores e reis; contermplámo-lO nos longos anos de trabalho silencioso em Nazaré; acompanhámo-lO através das terras da Palestina, pregando aos homens o reino de Deus e fazendo bem a todos.
E mais tarde, nos dias da sua Paixão, sofremos ao presenciarmos como O acusavam, com que furor O maltratavam e com que ódio O crucificavam.

À dor, seguiu-se a alegria luminosa da Ressurreição.
Que fundamento tão claro e firme para a nossa fé! Já não deveríamos duvidar.
Mas talvez, como os Apóstolos, sejamos ainda fracos e neste dia da Ascensão perguntemos a Cristo: É agora que vais restaurar o reino de Israel?; será agora que vão desaparecer definitivamente todas as nossas perplexidades e todas as nossas misérias?

O Senhor responde-nos subindo aos céus.
Tal como os Apóstolos, ficamos meio admirados, meio tristes ao ver que nos deixa.
Não é fácil, na realidade, acostumar-se à ausência física de Jesus. Comove-me recordar que, num gesto magnífico de amor, Se foi embora e ficou: foi para o Céu e entrega-Se-nos como alimento na Hóstia Santa.
Sentimos, no entanto, a falta da sua palavra humana, do seu modo de actuar, de olhar, de sorrir, de fazer o bem.
Gostaríamos de voltar a vê-Lo de perto, quando se senta à beira do poço, cansado da dureza do caminho, quando chora por Lázaro, quando reza durante longo tempo, quando se compadece da multidão!

Sempre me pareceu lógico - e me encheu de alegria - que a Santíssima Humanidade de Jesus Cristo subisse à glória do Pai, mas penso também que esta tristeza, própria do dia da Ascensão, é uma prova do amor que sentimos por Jesus, Senhor Nosso.
Ele, sendo perfeito Deus, fez-Se homem, perfeito homem, carne da nossa carne e sangue do nosso sangue, mas separou-Se de nós para ir para o Céu. Como não havemos de sentir a sua falta?

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Intimidade com Jesus Cristo no Pão e na Palavra

Se soubermos contemplar o mistério de Cristo, se nos esforçarmos por vê-lo com olhos limpos, aperceber-nos-emos que também agora é possível aproximar-nos intimamente de Jesus, em corpo e alma. Cristo assinalou-nos claramente o caminho: pelo Pão e pela Palavra, alimentando-nos com a Eucaristia e conhecendo e cumprindo o que veio ensinar-nos, ao mesmo tempo que conversamos com Ele na oração.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
Aquele que conhece os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.

Não são meras promessas.
São o que há de mais profundo, a realidade de uma vida autêntica: a vida da graça, que nos leva a relacionar-nos íntima, pessoal e directamente com Deus.
Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu observei os preceitos do meu Pai, e permaneço no seu amor.
Esta afirmação de Jesus, no discurso da última ceia, é o melhor preâmbulo para o dia da Ascensão.
Cristo sabia que era preciso ir-se embora, porque, dum modo misterioso que nunca conseguiremos compreender, depois da Ascensão iria chegar - numa nova efusão do Amor divino - a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: mas eu digo-vos a verdade: a vós convém que eu vá, porque se eu não for, não virá a vós o Paráclito; mas, se for, eu vo-lo enviarei.

Foi-se embora e enviou-nos o Espírito Santo, que rege e santifica a nossa alma.
Ao actuar em nós, o Paráclito confirma o que Cristo nos anunciava: que somos filhos de Deus; que não recebemos o espírito de escravidão para actuarmos ainda com temor, mas recebemos o espírito de adopção de filhos, mercê do qual clamamos, dizendo: Abba, Pai!

Compreendeis?
É a acção trinitária nas nossas almas.
Todo o cristão tem acesso a esta inabitação de Deus no mais íntimo do seu ser, se corresponde à graça que nos leva a unir-nos com Cristo no Pão e na Palavra, na Sagrada Hóstia e na oração.
A Igreja põe à nossa consideração diariamente a realidade do Pão vivo e dedica-lhe duas grandes festas do ano litúrgico: a da Quinta-Feira Santa e a do Corpo de Deus.
Neste dia da Ascensão, vamos deter-nos na forma de conviver e de nos relacionarmos com Jesus, escutando atentamente a sua Palavra.

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Vida de oração

Uma oração ao Deus da minha vida.
Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de oração.
Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona logo a seguir.
O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite.
Pela manhã penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso.
Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite.
Mais ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.

Recordai o que de Jesus nos narram os Evangelhos.
Às vezes, passava a noite inteira ocupado em colóquio íntimo com o Pai.
Como cativou os primeiros discípulos a figura de Cristo em oração! Depois de contemplarem essa atitude constante do Mestre pediram-Lhe: Domine, doce nos orare, Senhor, ensina-nos a orar assim.

São Paulo - orationi instantes, na oração contínua, escreve - difunde por toda a parte o exemplo vivo de Cristo.
E S. Lucas, com uma pincelada, retrata a maneira de actuar dos primeiros fiéis: Animados de um mesmo espírito, perseveravam juntos em oração.

A têmpera do bom cristão adquire-se, com a graça, na forja da oração.
E este alimento da oração, por ser vida, não se desenvolve através de um caminho único.
O coração desafogar-se-á habitualmente com palavras, nas orações vocais que nos ensinaram o próprio Deus, Pai Nosso, ou os seus Anjos, Avé Maria.
Outras vezes utilizaremos orações apuradas pelo tempo, nas quais se verteu a piedade de milhões de irmãos na fé: as da liturgia - lex orandi -; as que nasceram da paixão de um coração enamorado, como tantas antífonas marianas: Sub tuum praesidium..., Memorare..., Salve Regina...

Noutras ocasiões serão suficientes duas ou três expressões, lançadas ao Senhor como se fossem setas, iaculata: jaculatórias, que aprendemos na leitura atenta da história de Cristo:
Domine, si vis, potes me mundare, Senhor, se quiseres podes curar-me;
Domine, tu omnia nosti, tu scis qui amo te, Senhor tu sabes tudo, tu sabes que te amo;
Credo, Domine, sed adjuva incredulitatem meam, creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade, fortalece a minha fé;
Domine, non sum dignus, Senhor, não sou digno!;
Dominus meus et Deus meus, Senhor meu e Deus meu!
Ou outras frases, breves e afectuosas, que brotam do fervor íntimo da alma e correspondem a uma circunstância concreta.

A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus.
São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera - tão só! - desde há vinte séculos.
A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade.
Uma meditação que contribui a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária.

Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo louvor a Deus.
Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas acções - inclusivamente as mais pequenas - encher-se-ão de eficácia espiritual.

Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta com o Senhor - e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados - a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenhasse nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus.

A partir da vida de oração podemos compreender um outro tema que nos propõe a festa de hoje: o apostolado, pôr em prática os ensinamentos de Jesus, transmitidos aos seus pouco antes de subir aos céus: servir-me-eis de testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria e até às extremidades da terra.


(cont)