Perante a resposta de Cristo a quem Lhe perguntava sobre a indissolubilidade do matrimónio, alguém terá dito: «então é melhor não casar» ( ) o que parece uma conclusão lógica se não se tiver em conta a magnitude do acto matrimonial, ou seja, se de facto não se está absolutamente seguro – ou se tem uma certeza razoável – de que o matrimónio celebrado com aquela pessoa determinada é, realmente, o que se deseja, quer e, em consciência deve fazer, então, de facto, é preferível não casar.
Consideremos que a descoberta da vocação seja o matrimónio com o objectivo de constituir uma família – o principal e determinante objectivo – a pessoa tem de ter a noção de que uma vida a dois não congela os anseios, desejos e esforços de melhoria pessoal, antes os torna num objectivo comum, cada um com a sua especificidade mas, evidentemente, numa troca constante e séria de ajudas, apoios e solidariedades nas coisas grandes e nas pequenas de cada dia.
O próprio amor deve evoluir de um sentimento entusiasmante e cheio de promessas para uma certeza estável e comprometida, como se passasse a existir uma terceira pessoa entre os dois.
Porquê? Porque se o amor não gera amor, acaba por definhar e morrer e acaba por quebrar-se o elo que unia os dois seres.
A capacidade de amar não se esgota num acto, nem, sequer, numa vida longa e, não parece que se possa amar muito, muitíssimo ou amar muito pouco ou quase nada.
Ou seja, amar é definitivo, para sempre.
O amor não cresce, aprofunda-se, não se torna em hábito mas sim em algo sempre novo e renovado diariamente.
Por ser algo muito sério é que o carácter tem uma importância determinante.
Mal formado, ou com lacunas, a pessoa está muito afectada e diminuída nessa capacidade de dar e receber que, no fim e ao cabo, é o amor.
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