25/12/2016

Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer?

A humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. – Foi Ele que o disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração... e encontrareis paz para as vossas almas". (Caminho, 607)

Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Também eu, instado por esta pergunta, contemplo agora Jesus, deitado numa manjedoura, num lugar que só é próprio para os animais. Onde está, Senhor, a tua realeza: o diadema, a espada, o ceptro? Pertencem-lhe e não os quer; reina envolto em panos. É um rei inerme, que se nos apresenta indefeso; é uma criança. Como não havemos de recordar aquelas palavras do Apóstolo: aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo.

Nosso Senhor encarnou para nos manifestar a vontade do Pai. E começa a instruir-nos estando ainda no berço. Jesus Cristo procura-nos – com uma vocação, que é vocação para a santidade –, a fim de consumarmos com Ele a Redenção. Considerai o seu primeiro ensinamento: temos de co-redimir à custa de triunfar, não sobre o próximo, mas sobre nós mesmos. Tal como Cristo, precisamos de nos aniquilar, de sentir-nos servidores dos outros para os conduzir a Deus.

Onde está o nosso Rei? Não será que Jesus quer reinar, antes de mais, no coração, no teu coração? Por isso se fez menino: quem é capaz de ter o coração fechado para uma criança? Onde está o nosso Rei? Onde está o Cristo que o Espírito Santo procura formar na nossa alma? Cristo não pode estar na soberba, que nos separa de Deus, nem na falta de caridade, que nos isola dos homens. Aí não podemos encontrar Cristo, mas apenas a solidão.

No dia da Epifania, prostrados aos pés de Jesus Menino, diante de um Rei que não ostenta sinais externos de realeza, podeis dizer-lhe: Senhor, expulsa a soberba da minha vida, subjuga o meu amor-próprio, esta minha vontade de afirmação pessoal e de imposição da minha vontade aos outros. Faz com que o fundamento da minha personalidade seja a identificação contigo. (Cristo que passa, 31)


Evangelho e comentário

Tempo do Natal

Evangelho: Jo 1, 1-18

No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

Comentário:

São João dá-nos a exacta compreensão da Pessoa de Jesus Cristo: a Luz!

Mas trevas da morte da alma, do abismo dos desaires e dificuldades da vida corrente, no desânimo das missões por cumprir, na frustração da incapacidade de vencer o nosso orgulho que nos amarra a precon­ceitos e juízos temerários, enfim, na amálgama dos nossos defeitos e fraquezas, das faltas de confiança e coragem, a Luz de Cristo ilumina o nosso caminho, toda a nossa vida.

Seguir essa Luz é o bastante para alcançarmos a felicidade.

(ama, comentário sobre Jo 1, 1-18, 25.12.2000)



Leitura espiritual

Leitura espiritual




A Cidade de Deus 


Vol. 1

CAPÍTULO X

Os santos nada perdem quando perdem as coisas temporais.

…/2
Diz-se que uma prolongada fome matou muitos cristãos.
Também isto converteram em seu proveito os autênticos homens de fé, suportando-a com espírito de religião.
A fome, ao tirar-lhes a vida, como se fora uma enfermidade corporal, libertou-os dos males desta vida. Porém, aos que não matou, ensinou-lhes a viverem mais sobriamente e a jejuarem mais prolongadamente.

CAPÍTULO XI

Fim da vida temporal — longa ou breve.

Muitos foram na verdade os cristãos massacrados.
Muitos foram consumidos em hedionda variedade de muitas mortes. Isto é duro de suportar, mas é comum a todos os que foram gerados para esta vida. Uma coisa sei: ninguém teria morrido se não existisse para morrer um dia.
O fim da vida torna igual a vida longa à vida breve. Efectivamente, de duas coisas que já não existem nem uma é melhor nem a outra é pior; nem uma é mais longa nem a outra é mais breve. Que importa o género de morte que acabará com esta vida — quando ao que morre não se obrigará que morra de novo?
A cada mortal o ameaçam mortes de todos os lados. Nos quotidianos azares desta vida, enquanto durar a incerteza acerca de qual das mortes surgirá, eu pergunto se não será preferível suportar uma morrendo, a ser por todas ameaçado vivendo.
Não ignoro quão depressa preferimos viver longos anos sob o temor de tantas mortes, a morrermos de uma vez e já não temermos diante de nenhuma. Mas uma coisa é o que o sentido carnal, fraco como é, repele por medo — e outra o que a razão, convenientemente esclarecida, convence.
Não deve considerar-se má a morte que uma vida virtuosa precede. Na verdade, o que torna má a morte mais não é que o que à morte se segue. Àqueles que necessariamente hão-de morrer não deve preocupar muito o que acontecerá para que morram, mas antes para onde terão de ir irremediavelmente depois da morte. Os cristãos sabem que foi muito melhor a morte do pobre piedoso entre os cães que o lambiam, do que a do ímpio rico entre púrpuras e linhos. Em que podem então prejudicar aos que viveram sem mácula as formas horríveis de morrer?

CAPÍTULO XII

Mesmo que tenha sido negada sepultura aos corpos humanos — com isso de nada são privados os cristãos.

Tão grande era o montão de cadáveres, que nem os puderam sepultar. A fé autêntica nenhum medo tem disso, pois, tendo presente o que foi predito, — nem as feras devoradoras impedirão a ressurreição dos corpos daqueles de quem nem sequer um dos cabelos se perderá. De maneira nenhuma a Verdade teria dito  
não temais os que matam o corpo mas não podem matar a alma [i], se constituísse obstáculo para a vida futura o quer que fosse que quisessem fazer os inimigos nos corpos dos mortos.
Ninguém haverá tão insensato que sustente que, antes de sermos mortos, não devemos temer os que matam o corpo, mas devemos temer sim os que impedem que se dê sepultura aos cadáveres. Seria então falso o que Cristo disse:
Os que matam o corpo e depois já nada mais lhe podem fazer[ii],
se tivessem alguma coisa de importante a fazer ao cadáver. Longe de nós pensar que é falso o que disse a Verdade. Diz-se que eles realmente algum dano causam quando matam, pois, que o corpo tem sensações ao morrer.
Depois, já nada há a fazer, porque já não há sensibilidade no corpo morto. Na verdade, a terra não cobriu muitos corpos cristãos; mas o que não conseguiram foi expulsar ninguém dos espaços do Céu e da Terra, cheios como estão da presença d’Aquele que sabe onde fará surgir, pela ressurreição, o que Ele mesmo criou. Diz realmente o salmo:
Deixaram os cadáveres dos teus servos em pasto às aves do céu e a came dos teus santos às feras da terra. Derramaram o seu sangue como água à volta de Jerusalém e não havia quem os sepultasse[iii].
Mas estas palavras são mais para vincarem a crueldade dos que tal fizeram do que o infortúnio dos que tal sofreram.
Embora estas coisas pareçam efectivamente duras e cruéis aos olhos dos homens, todavia
preciosa é aos olhos de Deus a morte dos seus santos [iv].
Portanto, tudo isto, ou seja: os cuidados fúnebres, a qualidade da sepultura ou a solenidade das exéquias, constituem mais uma consolação dos vivos do que um alívio dos defuntos. Se ao ímpio serve de proveito uma sepultura de alto preço, ao piedoso tanto faz uma ordinária ou mesmo nenhuma. Brilhantes funerais, aos olhos humanos, prestou a multidão dos seus servidores ao famoso rico purpurado. Mas muito mais brilhantes perante o Senhor ofereceu ao pobre coberto de úlceras o exército dos anjos que não lhe erigiram um túmulo de mármore mas o colocaram no seio de Abraão.

Disto se rirão aqueles contra os quais decidimos defender a Cidade de Deus. Todavia, também os seus filósofos têm mostrado desprezo pelo cuidado com a sua sepultura. E até exércitos inteiros, ao morrerem pela pátria terrena, se não preocuparam com o lugar onde viriam a jazer nem de que feras seriam alimento. A este propósito puderam dizer os poetas com aplauso dos seus leitores:
Quem não tem uma é coberto pelo céu [v].

De forma nenhuma devem insultar os cristãos por causa dos corpos insepultos. A eles foi prometida a reforma da própria carne e de todos os membros, não somente à custa da terra mas ainda do seio mais secreto dos outros elementos em que se tenham convertido os cadáveres ao se desintegrarem. Num instante voltarão à sua integridade.

CAPÍTULO XIII

Porque se devem sepultar os corpos dos santos.

Mas nem por isso se devem desprezar e abandonar os corpos dos defuntos, principalmente os dos justos e dos fiéis dos quais o Espírito se serviu santamente como órgãos e receptáculos de todo o género de boas obras. Se as vestes e o anel dos pais, bem como as coisas deste género, são tanto mais queridos dos descendentes quanto maior tiver sido o afecto para com os pais, de maneira nenhuma se devem desprezar os corpos com os quais mantivemos muito mais familiaridade e intimidade do que com qualquer peça de vestuário que se usa. O corpo é parte natural do homem e de modo nenhum é um ornamento ou instrumento que se usa por fora. Por isso é que os funerais dos antigos justos eram tidos por um dever de piedade: celebravam-se exéquias e concedia-se sepultura. Eles próprios, enquanto vivos, deixavam instruções a seus filhos acerca do sepultamento e da trasladação dos seus corpos.
É louvado Tobias, que, por enterrar os mortos, alcançou, segundo o testemunho de um anjo, merecimento perante Deus. Também o próprio Senhor, que havia de ressuscitar ao terceiro dia, elogia a boa acção da mulher piedosa, — ou seja a de ela ter derramado um precioso unguento sobre os seus membros com vista à sepultura — e recomenda que essa acção seja divulgada como boa. E com louvor são lembrados no Evangelho aqueles que com delicadeza tiraram da cruz o seu corpo, com respeito o amortalharam e sepultaram. Porém estes documentos autorizados não pretendem convencer-nos de que nos cadáveres haja alguma sensibilidade: mas que a divina Providência, à qual agradam estes deveres de piedade porque reafirmam a nossa fé na ressurreição, se interessa também pelos corpos dos mortos. Também aqui nos é dada uma salutar lição: se, perante Deus, nem as obrigações e cuidados dispensados aos membros já sem vida dos homens perecem — quão grande será a recompensa que nos espera pelas esmolas que oferecemos aos que ainda têm vida e sensibilidade!

Há outras disposições que os santos patriarcas quiseram proferir com significado profético acerca da sepultura ou da trasladação dos seus corpos — mas para tratar disso não é este o lugar próprio. Basta o que já dissemos.

Quanto aos bens necessários ao sustento dos vivos, tais como o alimento e o vestuário, se é certo que a sua falta causa grave doença, também é certo que isso não quebra nos bons a fortaleza perante o sofrimento, nem arranca da alma a piedade, mas antes a torna mais fecunda pelo exercício. Quão menos se hão-de sentir infelizes os justos quando lhes faltam com os cuidados que é costume empregarem-se nos funerais e no sepultamento dos corpos dos defuntos — estando eles já em paz nas misteriosas moradas dos santos! Por isso quando, no saque daquela grande Urbe ou na de qualquer outra cidade, faltaram aos cadáveres dos cristãos estes cuidados, não houve culpa dos vivos que os não podiam prestar, nem pena para os mortos que a não podiam sentir [vi].

(cont)
(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] 1 Nolite timere eos qui corpus occidunt, animam autem non possunt occidere.
Mat., X, 28.
[ii] 2 Qui corpus occidunt et postea non habent quod faciant.
Luc., XII, 4
[iii] Posuerunt mortalia servorum tuorum escam volatilihus caeli, cames sanctorum tuorum bestiis terrae; effuderunt sanguinem eorum sicut aquam in circuitu Hierusalem, et non erat qui sepeliret.
Salmo LXXVIII, 2-3.
[iv] 4 Pretiosa in conspectu Domini mors sactorum ejus.
Salmo CXV, 15.
[v] 5 Caelo tegitur, qui non habet umam.
Lucano, Farsália, VII, 819.
[vi] Honras fúnebres.
Os pagãos ligaram às honras fúnebres uma importância exagerada.
Receavam que os mortos voltassem para apoquentar os vivos no caso denão lhes serem prestadas de forma condigna as respectivas honras fúnebres.
Depois deles, também muitos cristãos julgavam que os mortos não se levantariam no último dia ressurgindo, no caso de as suas ossadas terem sido impiamente dispersadas ou de o seu corpo ter ficado insepulto.
Contra estes exageros e a pedido de Paulino de Nola, escreveu Agostinho em 421 o tratado «De cura pro mortuis gerenda», expondo uma doutrina de respeito pelo corpo humano que foi templo de Deus, habitáculo do Espírito Santo e órgão e instrumento da alma para o bem, mas sem esquecer que para o cristão seria indiferente que o corpo tenha sido queimado ou devorado ou inumado.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

I. A IGREJA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 5

Milagres dos Apóstolos

12Entretanto, pela intervenção dos Apóstolos, faziam-se muitos milagres e prodígios no meio do povo. Reuniam-se todos no Pórtico de Salomão 13e, dos restantes, ninguém se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo não cessava de os enaltecer.

14Sempre em maior número, juntavam-se, em massa, homens e mulheres, acreditando no Senhor, 15a tal ponto que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e catres, a fim de que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. 16A multidão vinha também das cidades próximas de Jerusalém, transportando enfermos e atormentados por espíritos malignos, e todos eram curados.



[i] (1,12-6,7)

Graus da perfeição - 16

17 Graus da perfeição


16. Recordar-se sempre de que não se veio senão para ser santo, e, assim, não consentir que reine na alma o que não leve à santidade.


(são joão da cruz, em Pequenos Tratados Espirituais)


(tradução por ama)

Doutrina – 216

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?


Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue, que é derramado...» (Lc 22,19-20). Ele institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.

Tratado da vida de Cristo 140

Questão 50: A morte de Cristo

Art. 2 — Se na morte de Cristo a divindade se separou da carne.

O segundo discute-se assim. — Parece que na morte de Cristo a divindade se separou da carne.

1. — Pois, como refere o Evangelho, o Senhor pendente da cruz exclamou: Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste? O que Ambrósio assim explica: Era o clamor do homem, no momento de morrer, pela separação da divindade; pois, a morte não tendo poder sobre a sua divindade, Cristo não podia morrer senão por ter-se a divindade, que é a vida, separado dele. Donde parece que na morte de Cristo a divindade se lhe separou da carne.

2. Demais. — A remoção do meio separa os extremos. Ora, a divindade está unida à carne mediante a alma, como se estabeleceu. Donde parece que, na morte de Cristo, a alma se separou da sua carne e, por consequência, dela também se separou a divindade.

3. Demais. — Maior é o poder vivificador de Deus que o da alma. Ora, o corpo não podia morrer senão pela separação da alma. Logo, com maior razão, não podia senão pela separação da divindade.

Mas, em contrário, os atributos da natureza humana não se predicam do Filho de Deus senão por causa da união, como se estabeleceu. Ora, do Filho de Deus se atribui o ser sepulto, que convém ao corpo de Cristo depois da morte. Isso o mostra o símbolo da fé, quando diz: O Filho de Deus foi concebido, nasceu da Virgem, sofreu, foi morto e sepultado. Logo, o corpo de Cristo, na morte,  não se separou da sua divindade.

O que Deus concede por graça nunca nos é tirado senão por nossa culpa. Por isso diz o Apóstolo: Os dons e a vocação de Deus são imutáveis. Ora, muito maior é a graça da união, pela qual a divindade se uniu à carne na pessoa de Cristo, que a graça da adopção, pela qual os outros são santificados. E também perdura mais, por natureza, porque essa graça se ordena à união pessoal, ao passo que a graça de adopção se ordena a uma união de certo modo afectiva. E, contudo vemos que a graça de adopção nunca é perdida sem culpa. Ora, Cristo não teve nenhum pecado. Logo, era impossível que se lhe rompesse a união entre a divindade e a carne. Donde, assim como antes da morte, a carne de Cristo estava unida, segundo a pessoa e a hipóstase, ao Verbo de Deus, assim lhe permaneceu unida depois da morte. De modo que não fosse uma a hipóstase do Verbo de Deus e outra a da carne de Cristo, depois da morte, como o diz Damasceno.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O abandono referido não respeita à solução da união pessoal, mas ao facto de Deus Pai o ter exposto à Paixão. Assim, abandonar, no lugar citado, não significa senão proteger contra os perseguidores. — Ou Cristo se dizia abandonado, referindo-se ao pedido em que dizia: Pai, se é possível, passe este cálice de mim, como o expõe Agostinho.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Diz-se que o Verbo de Deus está unido à carne mediante a alma, porque a carne faz parte, por meio da alma, da natureza humana, que o Filho de Deus pretendia assumir. Não, porém, que a alma estivesse unida como um meio termo de ligação. Pois, a carne pertence à natureza humana, em virtude da alma, mesmo depois de separada esta daquela. Porque a carne morta conserva ainda, por ordenação divina, uma certa disposição para a ressurreição. Por isso não desapareceu a união da divindade com a carne.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A alma tem o poder de vivificar, como forma. Donde, enquanto presente ao corpo e com ele unida formalmente, há de ele necessariamente ser vivo. Ora, a divindade não tem a virtude de vivificar formalmente, mas efectivamente; pois, não pode ser a forma do corpo. Donde, não é necessário que, enquanto permanece a união da divindade com a carne esta seja viva; porque Deus não age por necessidade, mas voluntariamente.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão


DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?