26/02/2017

Leitura espiritual


A CIDADE DE DEUS 

Vol. 1

LIVRO VIII

CAPÍTULO XI

Onde terá Platão adquirido uma compreensão que tanto se aproximou da doutrina cristã.




Alguns, que nos estão unidos pela graça de Cristo, admiram-se quando lêem ou ouvem dizer que Platão teve de Deus concepções que, reconhecem, estão em estreita concordância com a verdade da nossa religião. Por isso alguns têm pensado que, tendo ido Platão ao Egipto, poderia ter ouvido Jeremias, ou lido os seus escritos proféticos durante a viagem. Eu mesmo consignei esta opinião em alguns dos meus livros. Mas um cálculo mais apurado das datas, tais como se contém na história cronológica, mostra que Platão nasceu cerca de cem anos depois da época em que Jeremias profetizou. Com efeito ele viveu oitenta anos; ora do ano da sua morte até àquele em que Ptolomeu, rei do Egipto, pediu à Judeia os livros dos profetas hebreus para os mandar traduzir para seu uso por setenta hebreus que também conheciam o grego, passaram-se cerca de sessenta. Portanto Platão não pôde, no decurso da sua viagem, nem ver Jeremias, morto desde há muito tempo, nem ler as suas Escrituras ainda não traduzidas para grego, língua em que era exímio. A menos, talvez, que, apaixonado estudioso como era, tenha delas tido conhecimento por intérpretes, como aconteceu com as egípcias — sem se tratar duma tradução escrita (insigne favor que, diz-se, mereceu Ptolomeu, ele que, pelo poder da sua realeza, também podia inspirar algum temor); mas sem dúvida que conseguiu, com as suas conversações, tomar conhecimento, na medida do possível, do seu conteúdo.

Alguns indícios parecem autorizar esta hipótese. O livro do Génesis começa assim:

No começo fez Deus o Céu e a Terra. A Terra era invisível e desorganizada. A s trevas estendiam-se sobre o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas [i].
Ora no Timeu, onde trata da formação do mundo, Platão declara que, para esta obra, Deus começou por juntar a terra e o fogo. É manifesto que ele põe o fogo em lugar do céu. Esta concepção tem pois alguma semelhança com o que diz a Escritura:

No começo fez Deus o Céu e a Terra [ii].
Seguidamente diz que os dois elementos intermédios que serviram para associar entre si estes dois elementos extremos, foram a água e o ar. Nisto se viu uma interpretação do que está escrito:

O Espírito de Deus pairava sobre as águas [iii].
Pouco cuidadoso de certo com a maneira por que a Escritura designa habitualmente o Espírito de Deus, como o ar também se chama espírito, parece que se pode imaginar que esta passagem mencionava estes quatro elementos.

Quanto à afirmação de Platão de que filósofo é o que ama a Deus, nada há mais claro nas Escrituras. Mas o que mais me inclina quase a crer que Platão não desconheceu estes livros está nisto: quando Moisés recebeu por um anjo a mensagem de Deus, perguntou pelo nome de quem lhe ordenava que fosse ter com o Povo Hebreu para libertar do Egipto, tendo-lhe sido respondido:

Eu sou quem sou e dirás aos filhos de Israel: O que é manda-me ter convosco [iv].
como se, comparadas Àquele que é realmente, porque é imutável, as criaturas mutáveis não fossem. Platão sustentou isto com tenacidade e recomendou-o com solicitude. Não sei se isto se encontra algures em obras anteriores a Platão, salvo naquela onde se diz:

Eu sou quem sou e dir-lhes-ás: O que é manda-me ter convosco [v].

CAPÍTULO XII

Mesmo os platónicos, apesar da sua justa ideia de um único Deus verdadeiro, acharam que era necessário o culto a vários deuses.

Mas onde quer que seja que Platão tenha aprendido estas verdades, quer tenha sido nos livros dos antepassados quer tenha sido, como diz o Apóstolo:

Porque o que de Deus se pode conhecer está patente. O próprio Deus o manifestou. Desde que o mundo existe, as suas perfeições invisíveis tomaram-se visíveis ao espírito por meio das suas obras, bem como o seu etemo poder e a sua divindade [vi]
creio ter mostrado suficientemente que tinha razão em escolher os platónicos para com eles discutir a questão que nos ocupa da teologia natural: «Será preciso, tendo em vista a felicidade depois da morte, oferecer sacrifícios a um só Deus ou a muitos»?

Se os preferi a todos os outros, foi porque acerca do Deus único que fez o Céu e a Terra, eles lhes estão tanto acima em glória e prestígio quanto mais justas são as suas concepções. Quão preferidos foram aos outros no juízo dos pósteros diz-no-lo o seguinte: Aristóteles, discípulo de Platão, homem de notável engenho embora a Platão inferior no estilo (mas quão superior a tantos outros) fundou a escola dos peripatéticos, assim denominados porque ele tinha o hábito de discutir passeando. Destacando-se pelo brilho da sua fama, conquistou, ainda em vida do seu mestre, muitos discípulos para as suas doutrinas. Mas depois da morte de Platão, Espeusipo, filho de sua irmã, e Xenócrates, seu discípulo predilecto, sucederam-lhe na chefia da escola, que se chamou Academia, e por isso é que a eles e a seus sucessores chamaram académicos. Todavia, os mais célebres filósofos deste tempo que preferiram seguir Platão, não quiseram que os apelidassem de peripatéticos nem de académicos, mas sim de platónicos. Os mais célebres dentre eles são os gregos Plotino, Jâmblico, Porfírio e, nas duas línguas, grega e latina, um platónico notável, o africano Apuleio. Mas todos estes filósofos, outros similares e o próprio Platão acharam que se devia oferecer sacrifícios aos deuses.

CAPÍTULO XIII

Parecer de Platão que definiu os deuses como seres necessariamente bons e amigos dos homens.

Embora em muitos outros pontos importantes estejam em desacordo connosco, neste ponto que acabei de referir, já porque o tópico é relevante, já porque levantei esta questão, começo por lhes perguntar: no seu entender a que deuses convém prestar culto? Aos bons? Aos maus? Ou aos bons e aos maus? Temos a opinião de Platão, segundo a qual todos os deuses são bons, não havendo absolutamente nenhum que seja mau. Donde se conclui que é aos bons que se deve prestar culto: — portanto, é apenas aos deuses que se presta culto, pois não são deuses se não são bons. Se assim é (e seria decoroso pensar outra coisa dos deuses?), desvanece-se a opinião de alguns segundo os quais é preciso apaziguar com sacrifícios os deuses maus para que não nos sejam maléficos, e invocar os deuses bons para que nos prestem auxílio. É que nenhum dos maus é deus. É, pois, aos deuses bons que se deve, como dizem, prestar honras sagradas.

Que deuses são então os que gostam dos jogos cénicos, que exigem que estes façam parte das coisas divinas e que a sua representação se exiba em sua honra? O seu poder mostra que existem; mas esse apego (aos jogos) indica que são maus. A opinião de Platão acerca dos jogos é bem conhecida quando reconhece que os próprios poetas, autores desses poemas tão indignos da majestade e bondade dos deuses, devem ser expulsos da cidade. Que] deuses são então esses que entram em conflito com Platão a propósito dos jogos cénicos? Efectivamente ele não suporta que se desonrem os deuses com crimes inventados; mas os próprios deuses prescrevem que se representem esses crimes em sua honra. Enfim, quando exigiam a instituição desses jogos, reclamando infâmias, praticavam maldades: tiraram a Tito Latínio seu filho e a ele feriram-no de doença porque se opunha às suas ordens; restituíram- -lhe a saúde quando ele se submeteu. Platão, porém, pensa que se não devem temer mesmo que sejam maus e, mantendo com suma constância a força da sua opinião, não hesita em proscrever dum povo sabiamente constituído todas as bagatelas sacrílegas dos poetas, nas quais se comprazem os deuses tornando-se cúmplices das suas máculas. Mas é a este Platão que, como já contei no livro segundo, Labeão coloca na categoria dos semideuses. E este Labeão é da opinião que as divindades más se devem apaziguar com o sangue das vítimas e as orações públicas do mesmo jaez — e as divindades boas com jogos e outros meios de provocar a alegria. Porque ousou então o semideus Platão recusar tão teimosamente, não a semideuses, mas a deuses e mesmo a deuses bons, tais divertimentos lá porque ele os considera infames? Estes deuses, aliás, refutam a opinião de Labeão porque, no caso de Latínio, não se mostram apenas lascivos e brincalhões, mas também cruéis e terríveis. Que os platónicos nos expliquem então tudo isto, pois que, fiéis ao pensamento do Mestre, consideram todos os deuses bons, honestos, associados aos sábios pelas suas virtudes, e julgam que é um sacrilégio ter deles outro conceito. Nós o explicaremos, dizem eles. Pois então ouçamo-los com atenção.




(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Gén. I, 2.
[ii] Ibidem.
[iii] Ibidem.
[iv] Êxodo, III, 14.
[v] Ibidem.
[vi] Rom., 1 , 19 e segs..

Evangelho e comentário

Tempo comum


Evangelho: Mt 6, 24-34

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas. Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de ama­nhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».

Comentário:

A nossa humanidade resiste, de certa forma, a estas recomendações de Jesus.

No fim e ao cabo são recomendações de abandono e confiança na providência de Deus.

Esta nossa tendência para julgarmos saber o que melhor nos convém é obstáculo a esse abandono e a essa confiança e, no entanto, temos provas abundantes que, Ele, nunca nos “falha” nem nos deixa sem o que realmente precisamos.

(ama, comentário sobre Mt 6, 24-34, 2016.11.18)





Quero entregar-me a Ti sem reservas!

Quero entregar-me a Ti sem reservas!

Pedro diz-Lhe: "Senhor, Tu lavares-me os pés, a mim?!". Responde Jesus: "O que Eu faço, não o compreendes agora; entendê-lo-ás depois". Insiste Pedro: "Tu nunca me lavarás os pés!". Replicou Jesus: "Se Eu não te lavar, não terás parte coMigo". Simão Pedro rende-se: "Senhor, não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!". Ao chamamento a uma entrega total, completa, sem vacilações, muitas vezes opomos uma falsa modéstia como a de Pedro... Oxalá fôssemos também homens de coração, como o Apóstolo!...
...Pedro não admite que ninguém ame Jesus mais do que ele. Esse amor leva-o a reagir assim: – Aqui estou! Lava-me as mãos, a cabeça, os pés! Purifica-me de todo, que eu quero entregar-me a Ti sem reservas! (Sulco, 266)

Está completo o tempo, e aproxima-se o Reino de Deus; fazei penitência, e crede no Evangelho [i].

E vinha a Ele todo o povo, e ensinava-o [ii].

Jesus vê aquelas barcas na margem, e sobe para uma delas. Com que naturalidade se mete Jesus na barca de cada um de nós!

Quando te aproximares do Senhor, lembra-te de que Ele está sempre muito perto de ti, dentro de ti: Regnum Dei intra vos est [iii]. No teu coração O encontrarás.

Cristo deve reinar, em primeiro lugar, na nossa alma. Para que Ele reine em mim, preciso da sua graça abundante, pois só assim é que o mais imperceptível pulsar do meu coração, a menor respiração, o olhar menos intenso, a palavra mais corrente, a sensação mais elementar se traduzirão num hossana ao meu Cristo Rei.

Duc in altum – Ao largo! – Repele o pessimismo que te torna cobarde. Et laxate retia vestra in capturam – e lança as redes para pescar.

Devemos, confiar nessas palavras do Senhor: meter-se na barca, pegar nos remos, içar as velas e lançar-nos a esse mar do mundo que Cristo nos deixa em herança.

Et regni ejus non erit finis. – O Seu Reino não terá fim!

Não te dá alegria trabalhar por um reinado assim? (Santo Rosário, mistérios Luminosos: ‘O anúncio do Reino de Deus’)





[i] Mc 1, 15
[ii] Mc 2, 13
[iii] Lc 17, 21

Ele ouve-nos e responde

Ele ouve-nos e responde

"Et in meditatione mea exardescit ignis": e na minha meditação ateia-se o fogo. – Para isso mesmo é que fazes oração: para te tornares uma fogueira, lume vivo, que dê calor e luz. Por isso, quando não souberes ir mais longe, quando sentires que te apagas, se não podes lançar ao fogo troncos olorosos, lança os ramos e a folhagem de pequenas orações vocais, de jaculatórias, que continuem a alimentar a fogueira. – E terás aproveitado o tempo. (Caminho, 92)

Quando efectivamente se quer desafogar o coração, se somos francos e simples, procuramos o conselho de pessoas que nos amam, que nos entendem, isto é, fala-se com o pai, com a mãe, com a mulher, com o marido, com o irmão, com o amigo. Isto já é diálogo, ainda que, frequentemente, não se deseje tanto ouvir como desabafar, contar o que nos acontece. Comecemos por nos comportar assim com Deus, certos de que Ele nos ouve e nos responde; e escutá-lo-emos e abriremos a nossa consciência a uma conversa humilde, para lhe referir confiadamente tudo o que palpita na nossa cabeça e no nosso coração: alegrias, tristezas, esperanças, dissabores, êxitos, fracassos e até os pormenores mais pequenos da nossa jornada, porque já então teremos comprovado que tudo o que é nosso interessa ao nosso Pai Celestial.


Desta maneira, quase sem darmos por isso, avançaremos com passos divinos, fortes e vigorosos, saboreando a íntima convicção de que junto do Senhor também são agradáveis a dor, a abnegação, os sofrimentos. Que fortaleza, para um filho de Deus, saber-se tão perto de seu Pai! Por esta razão, aconteça o que acontecer, estou firme e seguro contigo, meu Senhor e meu Pai, que és a rocha e a fortaleza. (Amigos de Deus, nn. 245–246).

Fátima: Centenário - Oração diária


Oração diária:


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Doutrina – 225

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»

Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?



A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão, Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer, onde Ele quer e sob aspectos diversos.

Tratado da vida de Cristo 149

Questão 52: Da descida de Cristo aos infernos

Em seguida devemos tratar da descida e Cristo aos infernos. E nesta questão discutem-se oito artigos:


Art. 1 — Se Cristo devia descer ao inferno.
Art. 2 — Se Cristo também desceu ao inferno dos condenados.
Art. 3 — Se Cristo esteve todo no inferno.
Art. 4 — Se Cristo se demorou algum tempo no inferno.
Art. 5 — Se Cristo, descendo aos infernos, dele livrou os Santos Patriarcas.
Art. 6 — Se Cristo livrou alguns condenados do inferno.
Art. 7 — Se as crianças mortas no pecado original foram livradas pela descida de Cristo.
Art. 8 — Se Cristo, com a sua descida aos infernos, livrou as almas do purgatório.

Art. 1 — Se Cristo devia descer ao inferno.

O primeiro discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ter descido aos infernos.

1. — Pois, diz Agostinho: Nunca pude encontrar na Escritura a palavra inferno significativa de qualquer bem. Ora, a alma de Cristo não desceu para nenhum mal, porque nem as almas dos justos para nenhum mal desceram. Logo parece que não devia Cristo ter descido aos infernos.

2. Demais. — Descer aos infernos não podia convir a Cristo em razão da natureza divina, absolutamente imutável; mas só lhe podia convir em razão da natureza assumida. Ora, tudo o que Cristo fez ou sofreu, em virtude da natureza assumida, se ordena à salvação humana. E para isso não era necessário que descesse aos infernos; pois, pela sua paixão, que padeceu neste mundo, livrou-nos da culpa da pena, como se disse. Logo, não devia Cristo ter descido aos infernos.

3. Pela morte de Cristo a alma separou-se-lhe do corpo, o qual foi depositado no sepulcro, como se disse. Ora, parece que não foi a sua alma isolada, a que desceu aos infernos. Pois, a alma, sendo incorpórea, não pode mover-se localmente, o que é um movimento material, como o prova Aristóteles; e a descida implica um movimento material. Logo, Cristo não devia ter descido aos infernos.

Mas, em contrário, o Símbolo (dos apóstolos): desceu aos infernos. E o Apóstolo: Quanto a dizer subiu, porque é isto senão porque também antes havia descido aos lugares mais baixos da terra? Comentário de Glosa: isto é, aos infernos.

Cristo devia ter descido ao inferno. — Primeiro, porque veio carregar com a nossa pena, para nos livrar dela, segundo a Escritura: Verdadeiramente ele foi o que tomou sobre si as nossas fraquezas e ele mesmo carregou com as nossas dores. Pois, pelo pecado o homem não somente incorreu na morte do corpo, mas também teve que descer aos infernos. Donde, assim como devia morrer para nos livrar da morte, foi conveniente que descesse aos infernos para nos livrar dessa descida. Por isso diz a Escritura: ó morte, eu serei a tua morte; ó inferno, eu serei a tua mordedura. - Segundo, porque devia, uma vez vencido o diabo pela Paixão, arrebatar-lhe os que tinha encarcerados no inferno, segundo a Escritura: Tu também pelo sangue do teu testamento fizeste sair os teus presos do lago. E o Apóstolo: Despojando os principados e potestades, os trouxe confiadamente. - Terceiro, a fim de, como mostrou o seu poder na terra, nela vivendo e morrendo, assim também mostrasse o seu poder sobre o inferno, visitando-o e iluminando-o. Donde o dizer a Escritura: Levantai, ó príncipes, as vossas portas; isto é, comenta a Glosa, ó príncipes do inferno; deponde o vosso poder, com que até agora detínheis as almas no inferno; e assim, segundo diz o Apóstolo, ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, não só dos que estão nos céus, mas também nos infernos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O nome de infernos exprime o mal da pena e não o da culpa. Por isso Cristo devia descer ao inferno: não que fosse devedor da pena, mas para livrar os que a ela tinham sido entregues.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A Paixão de Cristo foi como que a causa universal da salvação humana, tanto dos vivos como dos mortos. Ora, uma causa universal aplica-se a efeitos particulares por algum meio especial. Donde, assim como a virtude da Paixão de Cristo se aplica aos vivos pelos sacramentos, que nos assemelham a Cristo padecente, assim também se aplicou aos mortos pela descida de Cristo aos infernos. Por isso a Escritura diz assinaladamente: Pelo sangue do teu testamento fizeste sair os teus presos do lago, isto é, pela virtude da tua paixão.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A alma de Cristo não desceu aos infernos por aquele género de movimentos com que se movem os corpos; mas pelo género de movimento com que se movem os anjos, como estabelecemos na Primeira Parte.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Hoy el reto del Amor es caminar

HASTA EL FINAL

Normalmente solemos escuchar alguna charla o música cristiana mientras estamos con trabajos mecánicos, ya que te alimenta y te mantiene en la presencia del Señor.

Ayer por la mañana quise ponerme una charla mientras hacía un trabajo manual. Algo tan sencillo como conectar el MP3 y poner el casco en la oreja se comenzó a complicar por momentos: ¡el MP3 resultó estar sin batería!

Pensando otra alternativa, me llevé un altavoz que me habían regalado, pero, al ir a ponerlo, descubrí que no tenía entrada para cascos, y no quería ponerlo en alto para no molestar a las demás.

Finalmente, decidí coger un reproductor. Lo enchufé pero, al ir a poner los cascos, me di cuenta de que estaban rotos...

Ya medio desesperada por el tiempo que se me había ido con tanta peripecia, pensé en dejarlo. Pero entonces me vio Lety e, intuyendo lo que me ocurría, sacó sus cascos del bolsillo y me preguntó: "¿Quieres utilizar los míos?". Al ponerlos, todo funcionó genial y estuve feliz escuchando la charla.

Muchas veces nos ocurre que dejamos un bien a medias, nos quedamos por el camino sin llegar a completarlo por la cantidad de tropiezos que parece que nos impiden llevarlo a cabo. Eso es lo que pretende el mal: que desesperes a medio camino y tú mismo abandones. Sin embargo, el mal está vencido en la cruz de Cristo, y Él es nuestra esperanza de que siempre hay un paso más que dar. Él es la fuerza que necesitas hoy para no desesperar y dejarlo a medias.

Hoy el reto del Amor es caminar. No abras la puerta a la desesperanza sino a la confianza. Y el fruto que encontrarás será la felicidad.

VIVE DE CRISTO
Año del Señor 2017, Lerma, 11 de enero


Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?