A moralidade pública
20.
Outro desafio prioritário da evangelização é o da moralidade pública. Um dos
obstáculos que com mais iniquidade se opõe ao reinado de Cristo, nas almas e na
sociedade, como um todo, é a onda de sensualidade que invade os costumes, leis,
modas, meios de comunicação, expressões artísticas. Para deter esse ataque
venenoso, além de rezar e convidar a rezar, de reparar e de levar à reparação,
movidos por uma responsabilidade cristã e também humana, havemos de mobilizar
muitas pessoas, católicas ou não, mas homens e mulheres de boa vontade,
instando-os a que sintam a urgência de fazer algo. Sobram os lamentos estéreis,
e muito mais qualquer atitude de indiferença, de se conformar com não fazer
pessoalmente o mal. Pelo contrário, a toda a hora se apresenta o momento
propício de se lançar com mais brio a um apostolado capilar, a uma mudança
radical, começando pela própria vida, o próprio lar, o próprio ambiente
profissional.
Escutemos
o Apóstolo dos gentios, que nos exorta: a que não recebais a graça de Deus em
vão. Pois ele diz: “Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da
salvação”. Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação (2Cor6, 1-2).
Os cristãos devemos proceder com a segurança da fé, precisamente para refazer
tudo o que à nossa volta está em desacordo com a lei de Deus, sem respeitos
humanos, sem medo de que se note a nossa condição de pessoas convictas da nossa
fé. Há valores que não são negociáveis, como repetidamente tem manifestado
Bento XVI: «tutela da vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento da
conceção até à morte natural; reconhecimento e promoção da estrutura natural da
família, como união entre um homem e uma mulher baseada no matrimónio, e a sua
defesa das tentativas de a tornar juridicamente equivalente a formas de uniões
que, na realidade, a danificam e contribuem para a sua desestabilização,
obscurecendo o seu caráter particular e o seu papel social insubstituível; tutela
do direito dos pais de educar os próprios filhos» [34].
O
Papa esclarecia que «estes princípios não são verdades de fé mesmo se recebem
ulterior luz e confirmação da fé. Eles estão inscritos na natureza humana e,
portanto, são comuns a toda a humanidade. A ação da Igreja de os promover não
assume, por conseguinte, um caráter confessional, mas dirige-se a todas as
pessoas, prescindindo da sua filiação religiosa. Ao contrário, esta ação é
tanto mais necessária quanto mais estes princípios forem negados ou mal compreendidos
porque isto constitui uma ofensa contra a verdade da pessoa humana, uma grave
ferida infligida à própria justiça» [35].
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Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
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Notas:
[34]
Bento XVI, Discurso a um grupo de parlamentares da União Europeia, 30-III-2006.
[35]
Bento XVI, Discurso a um grupo de parlamentares da União Europeia, 30-III-2006.