A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho:
Mt 22, 41; 23, 12
41 Estando
reunidos os fariseus, Jesus interrogou-os: 42 «Que vos parece do
Cristo? De quem é Ele filho?». Responderam-Lhe: «De David». 43 Jesus
disse-lhes: «Como é, pois, que David Lhe chama Senhor, inspirado pelo Espírito,
dizendo: 44 “Disse o Senhor ao Meu Senhor: Senta-te à Minha direita,
até que Eu ponha os Teus inimigos debaixo dos Teus pés”? 45 Se, pois, David Lhe chama
Senhor, como pode ser seu filho?». 46 Ninguém era capaz de Lhe
responder uma só palavra. E daquele dia em diante ninguém mais ousou
interrogá-l'O.
1 Então,
Jesus falou às multidões e aos Seus discípulos, 2 dizendo: «Sobre a
cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. 3 Observai,
pois, e fazei tudo o que eles vos disserem, mas não imiteis as suas acções,
porque dizem e não fazem. 4 Atam cargas pesadas e impossíveis de
levar, e as põem sobre os ombros dos outros homens, mas nem com um dedo as
querem mover. 5 Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos
homens. Trazem mais largas as filactérias, e mais compridas as franjas dos seus
mantos. 6 Gostam de ter os primeiros lugares nos banquetes, e as
primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 das saudações na praça, e de
serem chamados rabi pelos homens. 8 Mas vós não vos façais chamar
rabis, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. 9 A
ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, O que está nos
céus. 10 Nem façais que vos chamem mestres, porque um só é o vosso
Mestre, Cristo. 11 Quem entre vós for o maior, seja vosso servo. 12
Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
C. I. C. nr. 160 a 209
A LIBERDADE DA FÉ
160.
Para ser humana, «a resposta da fé, dada pelo homem a Deus, deve ser
voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçara fé contra
vontade. Efectivamente, o acto de fé é voluntário por sua própria natureza» (32).
«E certo que Deus chama o homem a servi-Lo em espírito e verdade; mas, se é
verdade que este apelo obriga o homem em consciência, isso não quer dizer que o
constranja [...]. Isto foi evidente, no mais alto grau, em Jesus Cristo» (33).
De facto, Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu
alguém. «Deu testemunho da verdade, mas não a impôs pela força aos seus
contraditores. O seu Reino [...] dilata-se graças ao amor, pelo qual, levantado
na cruz, Cristo atrai a Si todos os homens (34)».
A NECESSIDADE DA FÉ
161.
Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n'Aquele que O
enviou para nos salvar (35). «Porque "sem a fé não é possível
agradar a Deus" (Heb 11, 6) e chegar a partilhar a condição de filhos
seus; ninguém jamais pode justificar-se sem ela e ninguém que não
"persevere nela até ao fim" (Mt 10, 22; 24, 13) poderá alcançar a
vida eterna» (36).
A PERSEVERANÇA NA FÉ
162.
A fé á um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom
inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o
bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse
princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19). Para viver, crescer
e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus;
temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (37); ela deve «agir pela
caridade» (Gl 5, 6) (38), ser sustentada pela esperança (39)
e permanecer enraizada na fé da Igreja.
A FÉ – VIDA ETERNA
INICIADA
163.
A fé faz que saboreemos, como que de antemão, a alegria e a luz da visão beatífica,
termo da nossa caminhada nesta Terra. Então veremos Deus «face a face» (1 Cor
13, 12), «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2). A fé, portanto, é já o princípio da vida
eterna:
«Enquanto,
desde já, contemplamos os benefícios da fé, como reflexo num espelho, é como se
possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante havermos de gozar um
dia» (40).
164.
Por enquanto porém, «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2 Cor 5, 7), e
conhecemos Deus «como num espelho, de maneira confusa, [...] imperfeita» (1
Cor, 13, 12). Luminosa por parte d'Aquele em quem ela crê, a fé é muitas vezes
vivida na obscuridade, e pode ser posta à prova. O mundo em que vivemos parece
muitas vezes bem afastado daquilo que a, fé nos diz: as experiências do mal e
do sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa-Nova, podem
abalar a fé e tornarem-se, em relação a ela, uma tentação.
165.
É então que nos devemos voltar para as testemunhas da fé: Abraão, que
acreditou, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4, 18); a Virgem Maria que,
na «peregrinação da fé» (41), foi até à «noite da fé» (42),
comungando no sofrimento do seu Filho e na noite do seu sepulcro (43);
e tantas outras testemunhas da fé: «envoltos em tamanha nuvem de testemunhas,
devemos desembaraçar-nos de todo o fardo e do pecado que nos cerca, e correr
com constância o risco que nos é proposto, fixando os olhos no guia da nossa
fé, o qual a leva à perfeição» (Heb 12, 1-2).
ARTIGO 2
NÓS CREMOS
166.
A fé é um acto pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se
revela. Mas não é um acto isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como
ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo
se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve
transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da
nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso
crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para
amparar os outros na fé.
167.
«Eu creio» (44): é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada
crente, principalmente por ocasião do Baptismo. «Nós cremos» (45): é
a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais
geral, pela assembleia litúrgica dos crentes. «Eu creio»: é também a Igreja,
nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: «Eu creio»,
«Nós cremos».
I. «Olhai, Senhor, para a
fé da vossa Igreja»
168.
É, antes de mais, a Igreja que crê, e que assim suporta, nutre e sustenta a
minha fé. É primeiro a Igreja que, por toda a parte, confessa o Senhor («Te per
orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia» – «A Santa Igreja anuncia por toda a
terra a glória do vosso nome» – como cantamos no «Te Deum»). Com ela e nela,
também nós somos atraídos e levados a confessar: «Eu creio», «Nós cremos». É da
Igreja que recebemos a fé e a vida nova em Cristo, pelo Baptismo. No Ritual
Romano, o ministro do Baptismo pergunta ao catecúmeno: «Que vens pedir à Igreja
de Deus?» E ele responde: – «A fé». – «Para que te serve a fé?» – «Para
alcançar a vida eterna» (46).
169.
A salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que recebemos a vida
da fé, a Igreja é nossa Mãe. «Cremos que a Igreja é como que a mãe do nosso
novo nascimento, mas não cremos na Igreja como se ela fosse a autora da nossa
salvação» (47). É porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa
fé.
II. A linguagem da fé
170.
Não acreditamos em fórmulas, mas sim nas realidades que as fórmulas exprimem e
que a fé nos permite «tocar». «O acto [de fé] do crente não se detém no
enunciado, mas na realidade [enunciada]» (48). No entanto, é através
das fórmulas da fé que nos aproximamos dessas realidades. As fórmulas
permitem-nos exprimir e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade, assimilá-la
e dela viver cada vez mais.
171.
A Igreja, que é «coluna e apoio da verdade» (1 Tm 3, 15), guarda fielmente a fé
transmitida aos santos de uma vez por todas (49). É ela que guarda a
memória das palavras de Cristo. É ela que transmite, de geração em geração, a
confissão de fé dos Apóstolos. Tal como uma mãe ensina os seus filhos a falar
e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, ensina-nos a
linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na vida da fé.
III. Uma só fé
172.
Desde há séculos, através de tantas línguas, culturas, povos e nações, a Igreja
não cessa de confessar a sua fé única, recebida de um só Senhor, transmitida
por um só Baptismo, enraizada na convicção de que todos os homens têm apenas um
só Deus e Pai (50). Santo Ireneu de Lião, testemunha desta fé,
declara:
173.
«A Igreja, embora dispersa por todo o mundo até aos confins da Terra, tendo
recebido dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé, [...] guarda [esta pregação
e esta fé] com tanto cuidado como se habitasse numa só casa; nela crê de modo
idêntico, como tendo um só coração e uma só alma; prega-a e ensina-a e
transmite-a com voz unânime, como se tivesse uma só boca» (51).
174.
«Através do mundo, as línguas diferem: mas o conteúdo da Tradição é um só e o
mesmo. Nem as Igrejas estabelecidas na Germania têm outra fé ou outra tradição,
nem as que se estabeleceram entre os Iberos ou entre os Celtas, as do Oriente,
do Egipto ou da Líbia, nem as que se fundaram no centro do mundo» (52).
«A mensagem da Igreja é verídica e sólida, porque nela aparece um só e o mesmo
caminho de salvação, em todo o mundo» (53).
175.
Esta fé, «que recebemos da Igreja, guardamo-la nós cuidadosamente, porque sem
cessar, sob a acção do Espírito de Deus, tal como um depósito de grande valor
encerrado num vaso excelente, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso
que a contém» (54).
Resumindo:
176. A fé é uma adesão
pessoal, do homem todo, a Deus que Se revela. Comporta uma adesão da
inteligência e da vontade à Revelação que Deus fez de Si mesmo, pelas suas
acções e palavras.
177. «Crer» tem, pois, uma
dupla referência: à pessoa e à verdade; à verdade, pela confiança na pessoa que
a atesta.
178. Não devermos crer em
mais ninguém senão em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
179. A fé é um dom
sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios
interiores do Espírito Santo.
180. «Crer» é um acto
humano, consciente e livre, que está de acordo com a dignidade da pessoa
humana.
181. «Crer» é um acto
eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é
a Mãe de todos os crentes. «Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tiver a
Igreja por Mãe» (55).
182. «Nós cremos em tudo
quanto está contido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja
propõe à nossa fé como divinamente revelado» (56).
183. A fé é necessária
para a salvação. O próprio Senhor o afirma: «Quem acreditar e for baptizado salvar-se-á,
mas quem não acreditar será condenado» (Mc 16, 16).
184. «A fé é um antegozo
do conhecimento que nos tornará felizes na vida futura» (57).
CREDO
SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS (58)
Creio
em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra; e em Jesus Cristo, seu
único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e
sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos
Céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há-de vir a
julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na
vida eterna.
Ámen
CREDO DE NICEIA – CONSTANTINOPLA
(59)
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito
de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação
desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se
fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi
sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos
Céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória, para
julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim. Creio no Espírito
Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja una,
santa, católica e apostólica. Professo um só Baptismo para remissão dos
pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir.
Ámen.
OS SÍMBOLOS DA FÉ
185.
Quem diz «Creio» afirma: «dou a minha adesão àquilo em que nós cremos». A
comunhão na fé tem necessidade duma linguagem comum da fé, normativa para todos
e a todos unindo na mesma confissão de fé.
186.
Desde a origem, a Igreja apostólica exprimiu e transmitiu a sua própria fé em
fórmulas breves e normativas para todos (60). Mas bem cedo a Igreja
quis também recolher o essencial da sua fé em resumos orgânicos e articulados,
destinados sobretudo aos candidatos ao Baptismo.
«Esta
síntese da fé não foi feita segundo as opiniões humanas: mas recolheu-se de
toda a Escritura o que nela há de mais importante, para apresentar na integra
aquilo e só aquilo que a fé ensina. E, tal como a semente de mostarda contém,
num pequeno grão, numerosos ramos, do mesmo modo este resumo da fé encerra em
algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contido no Antigo e
no Novo Testamento» (62).
187.
A estas sínteses da fé chamamos-lhes «profissões de fé», porque resumem a fé
professada pelos cristãos. Chamamos-lhes «Credo», pelo facto de elas
normalmente começarem pela palavra: «Creio». Igualmente lhes chamamos «símbolos
da fé».
188.
A palavra grega «symbolon» significava a metade dum objecto partido (por
exemplo, um selo), que se apresentava como um sinal de identificação. As duas
partes eram justapostas para verificar a identidade do portador. O «símbolo da
fé» é, pois, um sinal de identificação e de comunhão entre os crentes.
«Symbolon» também significa resumo, colectânea ou sumário. O «símbolo da fé» é
o sumário das principais verdades da fé. Por isso, serve de ponto de referência
primário e fundamental da catequese.
189.
A primeira «profissão de fé» faz-se por ocasião do Baptismo. O «símbolo da fé»
é, antes de mais nada, o símbolo baptismal. E uma vez que o Baptismo é
conferido «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19), as
verdades da fé professadas por ocasião do Baptismo articulam-se segundo a sua
referência às três pessoas da Santíssima Trindade.
190.
O Símbolo divide-se, portanto, em três partes: «na primeira, trata da Primeira
Pessoa divina e da obra admirável da criação: na segunda, da Segunda Pessoa
divina e do mistério da Redenção dos homens; na terceira, da Terceira Pessoa
divina, fonte e princípio da nossa santificação» (63). São estes «os
três capítulos do nosso selo [baptismal]» (64).
191.
O Símbolo «está estruturado em três partes [...] subdivididas em fórmulas
variadas e muito adequadas. Segundo uma comparação frequentemente empregada pelos
Padres, chamamos-lhes artigos. De facto, assim como nos nossos membros há
certas articulações que os distinguem e separam, do mesmo modo, nesta profissão
de fé, foi com razão e propriedade que se deu o nome de artigos às verdades que
devemos crer em particular e de modo distinto» (65). Segundo uma
antiga tradição, já atestada por Santo Ambrósio, é costume enumerar doze
artigos do Credo, simbolizando, com o número dos doze Apóstolos, o conjunto da
fé apostólica (66).
192.
Foram numerosas, ao longo dos séculos, e correspondendo sempre às necessidades
das diferentes épocas, as profissões ou símbolos da fé: os símbolos das
diferentes Igrejas apostólicas e antigas (67), o símbolo
«Quicumque», chamado de Santo Atanásio (68), as profissões de fé de
certos concílios (Toledo (69); Latrão (70): Lião (71)
Trento (72) ou de certos papas, como a «Fides Damasi» (73)
ou o «Credo do Povo de Deus», de Paulo VI (1968) (74).
193.
Nenhum dos símbolos dos diferentes períodos da vida da Igreja pode ser
considerado ultrapassado ou inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar
hoje a fé de sempre, através dos diversos resumos que dela se fizeram.
Entre
todos os símbolos da fé, há dois que têm um lugar muito especial na vida da
Igreja:
194.
O Símbolo dos Apóstolos, assim chamado porque se considera, com justa razão, o
resumo fiel da fé dos Apóstolos. É o antigo símbolo baptismal da Igreja de
Roma. A sua grande autoridade vem-lhe deste facto: «É o símbolo adoptado pela
Igreja romana, aquela em que Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua
cátedra, e para a qual ele trouxe a expressão da fé comum» (75).
195.
O Símbolo dito de Niceia-Constantinopla deve a sua grande autoridade ao facto
de ser proveniente desses dois primeiros concílios ecuménicos (dos anos de 325
e 381). Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e
do Ocidente.
196.
A exposição da fé, que vamos fazer, seguirá o Símbolo dos Apóstolos, que
constitui, por assim dizer, «o mais antigo catecismo romano». Entretanto, a
nossa exposição será completada por constantes referências ao Símbolo
Niceno-Constantinopolitano, muitas vezes mais explícito e pormenorizado.
197.
Como no dia do nosso Baptismo, quando toda a nossa vida foi confiada «a esta
regra de doutrina» (Rm 6, 17), acolhemos o Símbolo da nossa fé que dá a vida.
Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito
Santo. E é também entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé
e em cujo seio nós acreditamos:
«Este
Símbolo é o selo espiritual [...], é a meditação do nosso coração e a sentinela
sempre presente; é, sem dúvida, o tesouro da nossa alma» (76).
CREIO
EM DEUS PAI
198.
A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é «o Primeiro e o Último»
(Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o
Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa
pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento
de todas as obras de Deus.
ARTIGO 1
«CREIO EM DEUS PAI
TODO-PODEROSO CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»
PARÁGRAFO 1
CREIO EM DEUS
199.
«Creio em Deus»: é esta a primeira afirmação da profissão de fé e também a mais
fundamental. Todo o Símbolo fala de Deus; ao falar também do homem e do mundo,
fá-lo em relação a Deus. Os artigos do Credo dependem todos do primeiro, do
mesmo modo que todos os mandamentos são uma explicitação do primeiro. Os outros
artigos fazem-nos conhecer melhor a Deus, tal como Ele progressivamente Se
revelou aos homens. «Os fiéis professam, antes de mais nada, crer em Deus» (77).
I. «Creio em um só Deus»
200.
É com estas palavras que começa o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. A
confissão da unicidade de Deus, que radica na Revelação divina da Antiga
Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus e tão fundamental
como ela. Deus é único; não há senão um só Deus: «A fé cristã crê e professa
que há um só Deus, por natureza, por substância e por essência» (78).
201.
A Israel, seu povo eleito, Deus revelou-Se como sendo único: «Escuta, Israel! O
Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu
coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). Por meio
dos profetas, Deus faz apelo a Israel e a todas as nações para que se voltem
para Ele, o Único: «Voltai-vos para Mim, e sereis salvos, todos os confins da
terra, porque Eu sou Deus e não há outro [...] Diante de Mim se hão-de dobrar
todos os joelhos, em Meu nome hão-de jurar todas as línguas. E dirão: "Só
no Senhor existem a justiça e o poder"» (Is 45, 22-24) (79).
202.
O próprio Jesus confirma que Deus é «o único Senhor», e que é necessário amá-Lo
«com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as
forças» (80). Ao mesmo tempo, dá a entender que Ele próprio é «o
Senhor» (81). Confessar que «Jesus é o Senhor» é próprio da fé
cristã. Isso não vai contra a fé num Deus Único. Do mesmo modo, crer no
Espírito Santo, «que é Senhor e dá a Vida», não introduz qualquer espécie de
divisão no Deus único:
«Nós
acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro,
imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável. Pai e Filho e
Espírito Santo: três Pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou
natureza absolutamente simples» (82).
II. Deus revela o seu nome
203.
Deus revelou-Se ao seu povo Israel, dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome
exprime a essência, a identidade da pessoa e o sentido da sua vida. Deus tem um
nome. Não é uma força anónima. Dizer o seu nome é dar-Se a conhecer aos outros;
é, de certo modo, entregar-Se a Si próprio, tornando-Se acessível, capaz de ser
conhecido mais intimamente e de ser invocado pessoalmente.
204.
Deus revelou-Se progressivamente e sob diversos nomes ao seu povo; mas foi a
revelação do nome divino feita a Moisés na teofania da sarça-ardente, no limiar
do êxodo e da Aliança do Sinai, que se impôs como sendo a revelação
fundamental, tanto para a Antiga como para a Nova Aliança.
O DEUS VIVO
205.
Do meio duma sarça que arde sem se consumir, Deus chama por Moisés. E diz-lhe:
«Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob»
(Ex 3, 6). Deus é o Deus dos antepassados, Aquele que tinha chamado e guiado os
patriarcas nas suas peregrinações. É o Deus fiel e compassivo, que se lembra
deles e das promessas que lhes fez. Ele vem para libertar da escravidão os seus
descendentes. É o Deus que, para além do espaço e do tempo, pode e quer
fazê-lo, e empenhará a Sua omnipotência na concretização deste desígnio.
«EU SOU AQUELE QUE SOU»
Moisés
disse a Deus: «Vou então procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: " O
Deus de vossos pais enviou-me a vós". Mas se me perguntarem qual é o seu
nome, que hei-de responder-lhes? Deus disse a Moisés: «Eu sou Aquele que sou».
E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: Aquele que tem por nome
"Eu sou" é que me enviou a vós [...] ... Será este o meu nome para
sempre, nome que ficará de memória para todas as gerações» (Ex 3, 13-15).
206.
Ao revelar o seu nome misterioso de YHWH, «Eu sou Aquele que É», ou «Eu sou
Aquele que Sou», ou ainda «Eu sou quem Eu sou», Deus diz Quem é e com que nome
deve ser chamado. Este nome divino é misterioso, tal como Deus é mistério. E,
ao mesmo tempo, um nome revelado e como que a recusa dum nome. É assim que Deus
exprime melhor o que Ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos
compreender ou dizer: Ele é o «Deus escondido» (Is 45, 15), o seu nome é
inefável (83), e é o Deus que Se faz próximo dos homens.
207.
Ao revelar o seu nome, Deus revela ao mesmo tempo a sua fidelidade, que é de
sempre e para sempre, válida tanto para o passado («Eu sou o Deus de teu pai» –
Ex 3, 6), como para o futuro («Eu estarei contigo» – Ex 3, 12). Deus, que
revela o seu nome como sendo «Eu sou», revela-Se como o Deus que está sempre
presente junto do seu povo para o salvar.
208.
Perante a presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre a sua
pequenez. Diante da sarça ardente, Moisés descalça as sandálias e cobre o rosto
face à santidade divina (84). Ante a glória do Deus três vezes
santo, Isaías exclama: «Ai de mim, que estou perdido, pois sou um homem de
lábios impuros» (Is 6, 5). Perante os sinais divinos realizados por Jesus.
Pedro exclama: «Afasta-Te de mim, Senhor, porque eu sou um pecador» (Lc 5, 8).
Mas porque Deus é santo, pode perdoar ao homem que se descobre pecador diante
d'Ele: «Não deixarei arder a minha indignação [...]. É que Eu sou Deus, e não
homem, o Santo que está no meio de vós» (Os 11, 9). E o apóstolo João dirá
também: «Tranquilizaremos diante d'Ele, o nosso coração, se o nosso coração
vier a acusar-nos. Pois Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as
coisas» (1 Jo 3, 19-20).
209.
Por respeito pela santidade de Deus, o povo de Israel não pronuncia o seu nome.
Na leitura da Sagrada Escritura, o nome revelado é substituído pelo título
divino de «Senhor» («Adonai», em grego «Kyrios»). É sob este título que será
aclamada a divindade de Jesus: «Jesus é o Senhor».
_____________________________
Notas:
32.
II Concílio Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 10: AAS 58 (1966) 936; cf. CIC
cân. 748 § 2.
33.
II Concílio Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 11: AAS 58 (1966) 936.
34.
II Concílio Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 11: AAS 58 (1966) 937.
35.
Cf. Mc 16, 16; Jo 3, 36: 6, 40: etc.
36.
I Concílio Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c 3: DS 3012; cf. Concílio de
Trento, Sess. 6ª, Decretum de iustiftcatione, c. 8: DS 1532.
37. Cf. Mc 9, 24; Lc 17, 5: 22,
32.
38. Cf. Tg 2, 14-26.
39. Cf. Rm 15, 13.
40.
São Basílio Magno, Liber de Spiritu Sancto, 15, 36: SC 17bis. 370 (PG 32, 132);
cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologiae II-II, q. 4, a. I. c: Ed. Leon. 8.
44.
41.
Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 58: AAS 57 (1965) 61.
42.
João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 17: AAS 79 (1987) 381.
43.
João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater,
18: AAS 79 (1987) 382-383.
44.
Símbolo dos Apóstolos: DS 30.
45.
Símbolo Niceno-Constantinopolitano: DS 150 (no original grego).
46.
Iniciação cristã dos adultos, 75. 2ª edição, Gráfica de Coimbra 1996. p. 48:
Ibid., 247, p. 153.
47.
Fausto de Riez, De Spiritu sancto 1, 2: CSEL 21, 104 (l, 1: PL 62.11).
48.
São Tomás de Aquino, Summa theologiae 11-II, q. I. a. 2. ad 2: Ed Leon. 8. 11.
49.
Cf. Jd 3.
50.
Cf. Ef 4, 4-6.
51.
Santo Ireneu de Lião, Adversus haereses I. 10, 1-2: SC 264, 154-158 (PG 7,
550-551).
52.
Santo Ireneu de Lião, Adversus haereses
I. 10. 2: SC 264, 158-160 (PG 7, 531-534).
53.
Santo Ireneu de Lião, Adversus haereses
V, 20. 1: SC 153, 254-256 (PG 7, 1177).
54.
Santo Ireneu de Lião, Adversus haereses
III. 24, 1: SC 211, 472 (PG 7, 966).
55.
São Cipriano de Cartago, Ecclesiae catholicae unitate, 6: CCL 3. 253 (PL 4.
519).
56.
Paulo VI, Sollemnis Professio fidei [Credo do Povo de Deus], 20: AAS 60 (1968)
441.
57.
São Tomás de Aquino, Compendium theologiae, 1, 2: Ed. Leon. 42. 83., 1, 2.
58.
DS 30.
59.
DS 150.
60.
Cf. Rm 10, 9; 1 Cor 15, 3-5; etc.
61. São Cirilo de Jerusalém, Catechese
illuminandorum 5, 12: Opera, v. 1. ed. G. C. Reischl (Monaci 1848), p. 150 (PG 33. 521-524).
62. Cat Rom I, I, 4. p. 20.
63. Santo Ireneo, Demonstratio
apostolicae praedicationis, 100: SC 62. 170.
64. Cat Rom I. 1, 4. p. 20.
65. Cf. Santo Ambrósio10, Explanatio
Symboli, 8: CSEL 73, 10-11 (PL 17. 1196).
66. Cf. Symbola fidei ab Ecclesia
antiqua recepta: DS 1-64.
67. Cf. DS 75-76.
68. XI Concílio de Toledo: DS 525-541.
69. IV Concílio de Latrão: DS 800-802.
70. II Concílio de Lião: DS 851-861.
71. Professio ftdei Tridentina: DS
1862-1870.
72. Cf. DS 71-72.
73. Sollemnis Professio fidei: AAS 60
(1968) 433-445.
74. Santo Ambrósio, Explanatio
Symboli, 7: CSEL 73. 10 (PL 17, 1196).
75. Santo Ambrósio, Explanatio
Symboli, 7: CSEL 73. 3 (PL 17, 1193).
76.
Cat Rom I. 2, 6, p. 23.
77.
Cat Rom I. 2, 8, p. 26.
78.
Cf. Fl 2, 10-11.
79.
Cf. Mc 12, 29-30.
80.
Cf. Mc 12, 29-30.
81.
Cf. Mc 12, 35-37.
82. IV Concílio de Latrão, Cap. 1. De
fide catholica: DS 800.
83. Cf. Jz 13, 1.
84. Cf. Ex 3, 5-6.
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