20/01/2007

Lição de vida

Estive lá, em casa do Pedro, ontem à noite.
A Zeca parece uma sombra deformada de uma mulher alta, de constituição atlética...talvez tenha diminuido uns vinte centímetros, move-se com extrema dificuldade, sustenta-se apenas graças a uma espécie de arnês que lhe mantém o tronco, não a prumo, mas possívelmente unido ao resto do frágil corpo.
Mas, a Zeca, não vive no corpo devastado pela doença, vive nos olhos que mantêm o fulgor da ansiedade criativa, da cabeça sempre fervilhando com ideias, projectos, pinturas, exposições, coisas para fazer...muitas coisas para fazer.
Naquelas três horas, ontem à noite, não a ouvi queixar-se uma única vez!
O Pedro, olha para nós, com um olhar sereno e consciente. Sem receio e, estranhamente confiante.
Vim de lá envergonhado por todas as vezes que me queixo de coizitas sem importância.